REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10864124
Taanni Cajueiro Andrade1
RESUMO
As percepções sobre os processos de aprendizagem têm mudado bastante ao longo dos anos. No cenário acelerado em que vivemos, mais do que nunca se percebe a necessidade de que os indivíduos atualizem constantemente seus conhecimentos e habilidades, adotando um processo mais longo e detalhado de desenvolvimento pessoal e profissional. A pedagogia, as práticas de ensino e as estruturas escolares, no entanto, não têm se desenvolvido com mesma velocidade. Essas discrepâncias entre o que a escola ensina e o que se encara no mercado de trabalho são reflexo de um sistema educacional ainda engessado, que não possibilita ao aluno a capacidade de aprender em todos os níveis de saberes, sejam individuais ou coletivizados, mas que estão dando os primeiros passos na compreensão da importância do Coaching e Mentoring na Gestão de Pessoas na esfera educacional para alunos e professores. O papel de desenvolvedor e orientador do Coach popularizou-se no século XXI. Coaching é o processo de aceleração de resultados a partir do aperfeiçoamento de competência e habilidades, enquanto o Mentoring explica-se pela relação de aprendizagem, onde um profissional mais experiente compartilha conhecimento e experiência com outros dispostos e prontos a se beneficiarem dessa troca – mais comumente jovens que estão iniciando no mercado de trabalho ou em uma empresa – experiências e conhecimentos, no sentido de dar-lhes orientações e conselhos para o desenvolvimento de suas carreiras. O autoconhecimento é crucial na busca do autodesenvolvimento, e os exercícios e dinâmicas para forni-lo devem começar no ambiente educacional. Nos falta, precisamente, uma cultura que impulsione o jovem a se recriar dentro da sua realidade, a cultivar competências e habilidades desde a base, e que perpetue a ideia de consistência na aprendizagem e evolução pessoal e profissional.
Palavras-chave: Coaching; Mentoring; Autoconhecimento; Autodesenvolvimento; Ambiente educacional; Mercado de trabalho.
ABSTRACT
The perceptions of learning processes have changed a lot throughout the years. Against this fast-paced backdrop as never before we have faced the need to constantly adjust and upgrade our knowledge, as much as our skills, embodying a long-running and more detailed process of the professional and personal development. Teaching, pedagogical practices, and educational structures, on the other hand, have not evolved at the same rate. The imbalances we spot between what the schools have been teaching us and the reality on the job market reflect an ossified educational system, which ceases the student’s ability in learning at all degrees of knowledge, whether individual or collectivized. Nevertheless, this same system appears to be taking its first steps towards the understanding of the importance of Coaching and Mentoring in People Management in the educational sphere for students and teachers. The role of Coach’s developer and advisor became popular in the 21st century. Coaching is the process of accelerating results from the improvement of competences and skills, while Mentoring is explained by the learning relationship between an experienced professional, who shares their knowledge and experience with others who are equally willing and ready to benefit from this exchange in order to give them guidance and advice for the development of their careers. Self-knowledge is crucial in the pursuit of self-development and the exercises and dynamics to provide it must begin in the educational environment. We lack, precisely, a culture that impels young people to recreate themselves within their reality, to cultivate competences and skills from the bottom, and that perpetuates the idea of consistency in learning and personal and professional evolution.
Keywords: Coaching; Mentoring; Self knowledge; Self development; Educational environment; Job market.
1. INTRODUÇÃO
Atualmente, existe uma vasta gama de opções no que se refere ao quesito acadêmico e profissional, proporcionando ao jovem uma pressão e uma cobrança cada vez maior por todas as suas escolhas, estabelecendo um nível de exigência cada vez mais alto. Por este motivo, além de gerar dúvida entre as muitas opções, existe o medo de fazer a escolha “errada” e ter esta consciência tarde demais.
No Brasil, não há uma cultura que auxilie o jovem a empreender e se desenvolver pessoal e profissionalmente, o que influencia diretamente na distância que se cria entre quem se parece ser e quem se é de fato. Para fazer uma escolha profissional coesa e honesta é importante fazer um exame das próprias competências, o reconhecimento das próprias capacidades e limitações.
Neste contexto, as instituições que e se alocam em movimento de transformação e buscam descobrir como aperfeiçoar nos alunos o comprometimento e a capacidade de aprender em todos os níveis, tanto de saberes individuais quanto saberes coletivizados, compreenderam a importância do Coaching e do Mentonring na Gestão de Pessoas, na esfera educacional, no que tange tanto o alunado quanto os docentes.
Assim, como objetivo geral este trabalho visa, apresentar um estudo sobre a importância do coaching e mentoring na gestão de pessoas, no âmbito educacional. De forma específica, busca: a) levantar conceitos sobre coaching e mentoring para se entender o processo, bem como as técnicas de cada um; b) identificar aspectos importantes para o desenvolvimento pessoal e profissional no âmbito educacional; e c) buscar implementar um novo conceito dentro da esfera educacional a fim de aumentar o nível do desenvolvimento do alunado, bem como melhorar o padrão educacional da instituição.
É importante ressaltar que, hoje em dia é muito comum encontrar pessoas externando sua frustração e desorientação por não se conhecerem o suficiente e, consequentemente não saberem como chegar ao lugar desejado. As decisões diárias constroem o futuro. Portanto, qualquer instituição de ensino que compreenda de fato a importância dessa construção, saberá que esse processo tem início ainda muito cedo na vida de uma pessoa, e que a mesma pode e deve contribuir para o sucesso dessa construção.
O processo de Coaching acelera os resultados no que diz respeito ao desenvolvimento de competências e habilidades para o alcance de resultados planejados, sendo alcançados com êxito. O Mentoring por sua vez, embora tenha também um viés pessoal, dará ênfase à vida profissional do mentorado, ajudando-o com os desafios que possam atrapalhar o seu sucesso. Ambas modalidades possuem características bastante distintas, e combiná-las muitas vezes é a melhor forma de conseguir excelentes resultados.
A cultura brasileira impulsiona o jovem, ao finalizar o ensino médio, dar início a sua vida acadêmica. Mas, muitas vezes ele não possui o autoconhecimento e o autodesenvolvimento necessários para seguir por este caminho, tornando-se então um adulto frustrado pessoal e profissionalmente. Há uma preocupação muito grande em habilitar pessoas para determinadas funções para o mercado de trabalho, porém, fala-se muito pouco, ou quase nada, no desenvolvimento do indivíduo como um todo.
Assim sendo, é de suma importância atentar-se para o valor que tem um profissional de Coaching e Mentoring atuando de forma direta e prática no ambiente educacional, na busca pela potencialização do ser humano como um todo, e não apenas em partes isoladas.
E para que os objetivos sejam atingidos, foram desenvolvidas pesquisas exploratórias, bibliográficas, em livros, artigos e demais materiais que abordam o tema objeto de estudo.
2. DESENVOLVIMENTO
O IBC – Instituto Brasileiro de Coaching, define Coaching como um processo de aceleração de resultados que consiste no desenvolvimento de competências e habilidades para o alcance de resultados planejados, que para serem alcançados com êxito necessitam de: empenho, foco e ações efetivas por parte do cliente – coachee. O responsável por conduzir esse processo é denominado Coach que, na tradução literal, significa treinador. (EQUIPE IBC, 2020?).
No século XVI, na Europa, havia um profissional que dispunha de uma ferramenta – charrete – que dominava o caminho e suas dificuldades, que conhecia os destinos e sabia como chegar. No século XVIII, na Inglaterra, o termo coach passa a ser utilizado na Universidade de Oxford como gíria de “tutor particular”, aquele que conduz e prepara os estudantes em sua jornada de aprendizado. Nascendo então oficialmente a arte de desenvolver e orientar pessoas.
No século XX, expandiu, voltando-se para a parte executiva e de negócios, sendo utilizado apenas por grandes e poderosas empresas, nas décadas de 1980 e 1990. No século XXI, o coaching se atualizou e se popularizou. E, como sendo um processo de equipar pessoas com as ferramentas e o conhecimento de que precisam para se desenvolverem e se tornarem mais efetivas e eficazes, o coaching atua com três pilares: 1. Tirar a pessoa do ponto A e a direcionar até o ponto B; 2. Auxiliar na tomada de decisões; e 3. Quebrar as crenças limitantes. (BRUNET, 2017).
O Mentoring por sua vez, é uma espécie de tutoria em que um profissional, mais experiente, orienta e compartilha com profissionais mais jovens, que estão iniciando no mercado de trabalho ou em uma empresa, experiências e conhecimentos, no sentido de dar-lhes orientações e conselhos para o desenvolvimento de suas carreiras.
No final do século XVII, Fénelon (LCM TREINAMENTO, 2020?), ajudou a desenvolver o conceito de mentoring como sendo o que prepara uma pessoa para galgar posições profissionais elevadas. Ainda que tenham também um viés mais pessoal, os preceitos do Mentoring são focados na vida profissional do mentorado, auxiliando-o com os principais desafios que podem atrapalhar o almejado sucesso. Isso faz com que essa metodologia seja aplicada principalmente em casos mais específicos, diferenciando-se do Coaching, que tem uma abordagem mais abrangente.
O Mentoring oferece vantagens como, desenvolver habilidades e competências que, talvez, de modo natural levariam muito tempo para serem desenvolvidas; adquirir conhecimentos direcionados para a área de atuação profissional do mentorado; e receber feedbacks assertivos de alguém que já chegou aonde o mentorado deseja chegar.
O profissional que domina as competências de Coaching e Mentoring tem à sua disposição uma gama de ferramentas para conseguir trazer à tona o melhor dos seus clientes. E o domínio das duas abordagens permite que o Coach/Mentor consiga fazer com que o coachee/mentorado encontre as respostas com maior facilidade. (EQUIPE IBC, 2020?)
De acordo com Abraham Maslow (2019?), “O que é necessário para mudar uma pessoa é mudar sua consciência de si mesma.”. Jean-Paul Sartre (2019?), disse que, “Um homem não é outra coisa senão o que faz de si mesmo.”. O ser humano é construído consciente ou inconscientemente, intencional ou involuntariamente por experiências, pessoas, sugestões, contrariedades e habilidades naturais. E, sem saber o ponto A, não é possível traçar uma rota até o ponto B. (BRUNET, 2019). Talmude (2019?), afirmou, “Não vemos o mundo como ele é, e sim como nós somos.”.
Há uma necessidade profunda de um autoconhecimento na busca do autodesenvolvimento. E, mais do que uma preparação para a construção de uma carreira, o ambiente educacional deve ser um agente transformador, com o poder de potencializar o indivíduo como um todo e prepara-lo para a vida e não apenas para cumprir uma função e ocupar um espaço no mercado de trabalho. Mas, no Brasil, ainda não se tem uma cultura que ajude o jovem a empreender no momento da escolha profissional e ao mesmo tempo se desenvolva dentro da sua própria realidade, de suas próprias competências e habilidades, influenciando diretamente na distância que se cria entre quem se parece ser e quem se é de fato.
Em pleno século XXI, na Era da Informação, ainda há uma premissa de que os estudos terminam. Primeiro estuda e depois trabalha. Basicamente, são quase duas décadas de estudo para quatro décadas de trabalho. E, estudar prepara a pessoa para o mercado de trabalho, frase bastante difundida até hoje pelas gerações passadas. O problema dessa lógica é que o mercado para o qual a maioria se preparou, é diferente do mercado que irão encarar. O mundo está mudando muito rápido e cada vez mais acelerado. O que foi estudado ontem, muitas vezes não serve para amanhã.
De acordo com Murilo Gun (2020), Palestrante, Professor de Criatividade e Fundador da Keep Learning School, “A vida é como entrar numa esteira rolante, onde não fazer nada ao entrar nela, certamente lhe leva para trás. É preciso andar mais rápido do que ela, para evoluir.”. Gun faz uma comparação entre a fórmula da velocidade, estudada nas aulas de física, Vm = ∆S/ ∆T (variação de espaço sobre a variação de tempo), e a fórmula da Evolução, E= ∆A/ ∆M (variação de aprendizagem sobre a variação de mudança do mundo). Ele explica que, se o ritmo de aprendizagem for igual ou inferior ao ritmo de mudança do mundo, a pessoa irá involuir. A dificuldade de evolução no mundo atual, segundo ele, é a abundância de informações existentes hoje em dia, tendo em vista a escassez de informações em épocas passadas.
Em uma de suas palestras, Gun apresenta uma ferramenta que ele chama de “cinto de utilidades”, que nada mais é do que uma série de habilidades que todo ser humano deveria praticar e potencializar, independente da profissão que decidir seguir, como: oratória, negociação, leitura dinâmica, memorização, empatia, criatividade, gestão de emoções, gestão do tempo, produtividade, entre tantas outras. “Nada disso é aprendido na escola. Na escola aprendemos as respostas para os problemas, mas não aprendemos a arte de resolver problemas. O que é muito mais genérico e aplicável do que saber respostas prontas.“. Diz Murilo, e complementa, “Na escola, foca-se apenas em informação, o que fazia muito sentido antes da era da informação. Agora perdeu o sentido decorar uma série de coisas. Lá, todos recebem o mesmo conteúdo, na mesma velocidade, no mesmo ritmo, e são testados iguaizinhos nesta esteira. Recebem um monte de informações, que na era da informação está abundante, e não desenvolvem habilidades. A base do ambiente acadêmico é focada em inteligência lógica e matemática, pois era o que era necessário no modelo industrial. “. (GUN, 2020. Informação verbal).
O profissional do século XX, do modelo industrial, é unidimensional e sua visão é segmentada. Pode-se dizer que o modelo de educação atual é industrial e antiquado, funcionando como uma linha de montagem segmentada, onde se aprende física separado de educação física, por exemplo, sem se perceber que uma está conectada a outra. Ou seja, um modelo unidimensional, onde o jovem se sente pressionado a escolher uma profissão para seguir o resto da vida, na qual possivelmente se aprenderá coisas que estão desconectadas da realidade do mercado e que ficarão defasadas muito rápido. (ATHANÁZIO, 2020. Informação verbal).
É possível que as Graduações, Pós-graduações, MBAs, Mestrados e Doutorados, estejam reproduzindo este modelo educacional das escolas, sem levar em consideração a individualização do processo de aprendizagem. A resposta a esse sistema, são pessoas e profissionais frustrados e despreparados que foram ensinados a replicar. E, nesse caso, como em toda réplica, sem o autoconhecimento necessário, sem a busca por desenvolver habilidades aplicáveis a todas as áreas da vida, independente da escolha da profissão, faltaria o ingrediente principal, a essência, que é o “ser você”. O propósito do ser humano é descobrir quem se é de fato, e ser bem-sucedido nisso.
Entender é diferente de aprender. Muitos entenderam algo em sala de aula, apenas para responder algumas questões e ser aprovado, mas nunca aprenderam na verdade. “Aprender é escrever no cérebro”, já dizia o professor Piazzi (2017?). O entender é coletivo, mas o aprender é individual. Aprender é nunca mais esquecer. (BRUNET, 2017).
Na Bíblia, livro milenar de sabedoria incomparável e que transmite conhecimento e informações estratégicas para o dia a dia, Deus disse, “Meu povo foi destruído por falta de conhecimento.” (Oseias 4:6). Aprender é o processo de adquirir conhecimento, bem como a forma de aplicá-lo.
A aprendizagem é um processo eterno de construção e reconstrução de profissionais, visto que todos estão constantemente aprendendo, e que aprender ao seu próprio modo é uma estratégia que coloca o indivíduo em um ritmo bem acima do mercado, já que não existem muitos profissionais que fazem esse processo. O mercado precisa de profissionais atualizados, mas o ritmo de atualização ainda é o ritmo industrial da cultura educacional brasileira. (ATHANÁZIO, 2020).
O professor de psicologia na Universidade Harvard, Howard Gardner, ficou conhecido na área educacional sobretudo por causa de sua teoria sobre as inteligências múltiplas. Na Pós-Graduação pesquisou sobre a Inteligência lógico-matemática, defendida por Jean Piaget. Nessa perspectiva, já se mostrava interessado pelo tema das inteligências múltiplas, que seria sua tese mais adiante.
Gardner, muito dedicado às artes e à música, e imerso em um mundo que manifesta atividades estéticas e de comunicação com grande força, começou a supor que as aptidões intelectuais humanas não eram tudo o que uma pessoa precisava ter. Ou seja, o seu QI (Quociente de Inteligência, que mede o conhecimento cognitivo e lógico-matemático de uma pessoa) não era suficiente para medir suas reais competências e habilidades. Dentro desse contexto, ele desenvolveu a ideia de que cada um de nós temos um número de faculdades mentais que são relativas, ou seja, todos somos diferentes. Atraído por essa área de estudo, Gardner recebeu influências do trabalho do norte-americano Robert Sterberg, que estudou as variações do conceito de inteligência inserido em diversas culturas. (LIV – Laboratório Inteligência de Vida , 2018)
Em seus primeiros estudos sobre inteligência humana Gardner levou em consideração a inteligência dos gênios, depois, a das pessoas com lesões ou disfunções cerebrais. Dessa forma, ele formulou hipóteses sobre habilidades individuais e qual região do cérebro reagia a tipos diferentes de estímulos, dentre diversos outros estudos feitos por ele. Gardner (2018), concluiu então que a inteligência humana estaria dividida da seguinte maneira:
- Inteligência Lógico-Matemática – referente à capacidade de realizações operacionais de uma pessoa. Ou seja, operações numéricas e dedutivas;
- Inteligência Linguística – está diretamente relacionada à habilidade de aprender idiomas variados, e à capacidade de usar a fala e a escrita para um fim, como a comunicação interpessoal;
- Inteligência Espacial – relacionada à capacidade de compreensão, reconhecimento e manipulação de situações que estejam considerando a visão como fator determinante;
- Inteligência Físico-Cinestésica – é possível entendê-la como uma “inteligência corporal”. Está relacionada à capacidade de utilizar os movimentos corporais para resolução de algo. Vai desde montar um brinquedo até contribuir na construção de um carro ou uma casa;
- Inteligência Interpessoal – está ligada ao entendimento das intenções e desejos das pessoas. Reflexo direto na relação social do indivíduo em grupo;
- Inteligência Intrapessoal – diretamente ligada ao desenvolvimento de uma compreensão de si. Essa é a inteligência que é trabalhada para se conhecer e poder agir para alcançar objetivos pessoais;
- Inteligência Musical – Aptidão por compor, tocar ou estar inserido no universo dos padrões musicais. É o que muitos chamam de talento musical.;
- Inteligência Natural – aquela que está relacionada ao reconhecimento e classificação de uma espécie da natureza;
- Inteligência Existencial – ligada a reflexão sobre temas que estão presentes na nossa vida.
No artigo publicado originalmente no jornal americano The Washington Post em 2013, escrito por Gardner, ele alega que acredita que a Teoria das Inteligências Múltiplas funciona como se fosse um computador para todos os fins, e que esse computador determina quão boa será a performance do indivíduo em cada setor da sua vida. Nesse contexto, as inteligências múltiplas são interfaces que abrangem informações linguísticas, informações espaciais, informações musicais, informações sobre outras pessoas, e assim por diante.
A partir do seu trabalho, instituições de educação de todo o mundo começaram a refletir sobre suas metodologias de ensino. Muitas dessas escolas têm aplicado procedimentos educacionais que estimulam todas as áreas potenciais de seus alunos, visando desenvolver os aspectos cognitivos e também socioemocionais.
A partir da compreensão da existência de Inteligências Múltiplas, diversas escolas têm pensado em atividades que vão além de aprender matemática, química, português, etc. Com uma forma de ensino que leva em consideração muito mais do que testes de QI, os alunos conseguem desenvolver suas diferentes inteligências e descobrir quais são suas aptidões.
Estimular que as pessoas consigam resolver problemas usando suas diferentes inteligências é uma das principais contribuições dessa teoria. Toda essa reflexão está diretamente relacionada à melhora da vida social e emocional entre as pessoas, relacionada à melhora da convivência consigo mesmo.
Em síntese, o trabalho de Howard Gardner promoveu uma visão completa do indivíduo. Visão na qual cada pessoa consegue perceber-se como inteiro da sua maneira, dentro e fora salas de aula. (THE WASHINGTON, 2013 apud INTELIGÊNCIA DE VIDA, PROJETO LIV, 2018)
Outro aspecto importante para o desenvolvimento pessoal e profissional no âmbito educacional é, examinar e compreender o comportamento do indivíduo. Alguns teóricos conceituados, como o filósofo grego, Aristóteles (384-322 a.C.), Hipócrates, chamado o pai da medicina Ocidental (370 a.C.), Carl Gustav Jung (1875 – 1961), e William Moulton Martson (1893 – 1947), percorreram um longo caminho estudando, modificando e desenvolvendo ferramentas para mapear e compreender o comportamento humano.
Entende-se por comportamento tudo aquilo que se percebe como reações, em relação ao ambiente que os cerca. É preciso ter em mente, que apesar da influência de fatores externos que o comportamento sofre, também existe a influência de fatores internos e ela é bem presente. O comportamento sofre influências ambientais e biológicas. As origens desse comportamento são diversas e envolvem tanto predisposições biológicas, quanto a história individual e cultural de cada um. (PLATAFORMA SÓLIDES, 2020).
Na busca pelo desenvolvimento e com o intuito de mapear o perfil comportamental do indivíduo, foram criadas ferramentas poderosas como o DISC, do Dr. William Moulton Martson. Ele desenvolveu este modelo através de pesquisas que incluíam instrumentos estatísticos, inclusive conhecimentos da biofísica. (AMZ PROFILER, 2019).
Para Martson, existem quatro tipos básicos de comportamentos previsíveis observados nas pessoas e tais respostas comportamentais ocorrem a partir da combinação de duas dimensões: Interna (referente à percepção do poder pessoal no ambiente), e outra Externa (percepção da favorabilidade do ambiente). Como resultantes desta matriz foram encontrados os seguintes fatores: Dominância, relativo a como a pessoa lida com problemas e desafios; Influência, relativo a como a pessoa lida com pessoas e influências dos outros; Estabilidade, relativo a como a pessoa lida com mudanças e seu ritmo; e Conformidade, relativo a como a pessoa lida com regras e procedimentos estabelecidos por outros. (AMZ PROFILER, 2019).
Muito conhecida e utilizada por profissionais que trabalham com gestão de pessoas e desenvolvimento humano, a Metodologia DISC tem como base a identificação de traços comportamentais predominantes em cada indivíduo. A lógica é que, se sabemos as principais tendências de comportamento de uma pessoa, temos mais embasamento para tomar decisões e fazer análises. (PLATAFORMA SÓLIDES, 2020).
Desta forma, a Metodologia DISC possibilita, além de assertividade na gestão e desenvolvimento de pessoas, uma análise mais justa do ser humano. Cada um é avaliado de acordo com os perfis predominantes e nenhum é melhor que outro. Há perfis mais adequados para determinadas funções ou com mais facilidade para desenvolver certas características e habilidades, mas sem determinismo ou juízo de valor. Além disso, analisar o comportamento ajuda a eliminar vieses externos. (PLATAFORMA SÓLIDES, 2020).
Uma nova ferramenta para mapeamento de perfil comportamental também, é o Profiler, da plataforma Sólides. Esta, baseou sua pesquisa na metodologia DISC, do Dr. William, bem como em outros filósofos conceituados. Nos estudos realizados pelo Profiler, foram detectados quatro perfis comportamentais, são eles:
- Comunicador – a pessoa comunicativa e geralmente dotada de grande carisma e poder de persuasão. Mostra-se sempre entusiasmado com projetos e novidades, tende a ser muito otimista e relaciona-se com facilidade;
- Executor – dotado de extrema autoconfiança, esse tipo de profissional é dominante e, em casos extremos, pode ser autoritário e ditatorial. Aceita e se dá bem com desafios e dificuldades, possui senso de competitividade extremo e costuma ser corajoso em suas posturas e ao defender seus pontos de vista;
- Planejador – são pessoas estáveis e pacientes, de ritmo constante e alto grau de conservadorismo. Dificilmente entram em pânico, mas têm uma pequena capacidade de improviso;
- Analista – detalhista e meticuloso, o analista é organizado, responsável e altamente conservador, sendo hábil ao controlar processos e rotinas repetitivas.
A singularidade de cada pessoa, no Profiler, pode ser compreendida a partir da ideia de que cada sujeito é composto por um ou dois estilos principais de comportamento que se destacam frente aos demais. Assim, essas intensidades são combinadas com as intensidades dos demais fatores externos, definindo então um estilo de comportamento geral. (AMZ PROFILER, 2019).
Cada um dos padrões comportamentais tem um valor único em termos de características gerais, motivações, contribuições para a equipe e para a organização. Não há um melhor que o outro. As tendências de cada padrão podem ser funcionais ou disfuncionais dependendo da intensidade de uso dos comportamentos e dos requisitos específicos do ambiente/desafio em questão. (AMZ PROFILER, 2019).
Na esfera educacional, esta separação em grupos serve como ferramenta de gestão e manejo não apenas em benefício da produtividade da instituição, mas também de modo a criar métodos e dinâmicas de colaboração e aprendizagem mais eficazes entre o alunado e os docentes. Uma vez que todos estiverem em seus grupos, é mais fácil entender como cada perfil pode ser usado em seus pontos mais fortes, e também de modo a equilibrar compensando fraquezas de perfis distintos, sem perder o rumo da produtividade e da excelência na aprendizagem.
Direção é mais importante do que velocidade e, o autoconhecimento norteia, dá comprometimento e clareza a vida. O autor Johann Wolfgang von Goethe disse em uma de suas obras, “Enquanto não estivermos comprometidos poderá haver hesitação, a possibilidade de recuar e, sempre, a ineficácia.”. (AMZ PROFILER, 2019?).
De forma simplificada, é possível dizer que o mapeamento de perfil comportamental é uma importante estratégia para conseguir identificar as competências relacionadas às atitudes das pessoas, ou seja, é possível detectar suas aptidões e, ainda, como elas reagem diante de distintas situações. A aplicação dessa metodologia garante mais assertividade para as estratégias da instituição, impactando positivamente em todas as áreas. Implementar este novo conceito no âmbito educacional pode aumentar o nível do desenvolvimento do alunado, e melhorar o padrão educacional da instituição.
3. CONCLUSÃO
A instituição de ensino que compreende o processo de construção de uma pessoa como parte de um todo, e respeita o aprender de maneira individual, levando em consideração o ritmo, os interesses e habilidades de cada um, se aloca como agente de transformação aperfeiçoando nos alunos o comprometimento e a capacidade de aprender em todos os níveis, tanto de saberes individuais quanto saberes coletivizados.
Aprender precisa ser um prazer, não uma obrigação. Portando, ter profissionais de Coaching e Mentoring, no ambiente educacional, capazes de desindustrializar outros profissionais, modelos e sistemas, e coloca-los no ritmo do século XXI, é uma metodologia prática, direta, e uma estratégia poderosa que pode colocar quaisquer instituições de ensino/aprendizagem em um ritmo muito acima do mercado.
O mundo caminha para isso. Nesse sentido, as pessoas e tudo o que elas carregam, tudo que representam de uma forma única, são as ferramentas, a clareza e o comprometimento são os meios, e a excelência é o produto final.
BIBLIOGRAFIA
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BRUNET, Tiago. Rumo ao lugar desejado: Os segredos do desenvolvimento pessoal. São Paulo, Editora Vida, 2017.
BRUNET, Tiago. Descubra o seu destino: As chaves que abrem as portas para o seu futuro. São Paulo, Editora Planeta do Brasil LTDA, 2019
PEREIRA, Talitha. Deixe-me apresentar você: Descubra sua verdadeira identidade. São Paulo, Editora Vida, 2019.
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LCM TREINAMENTO. Coaching: sua história, o que é e o que não é. [S.I.] [2020?].Disponível em: https://lcmtreinamento.com.br/coaching-sua-historia-o-que-e-e-o-que-nao-e/
MOGGI, Jair. Mentoring: Aprendiz Real. [S.I.], [2020? ].Disponível em:https://www.adigodesenvolvimento.com.br/mentoring-aprendiz-real/
SÓLIDES. Os quatro tipos de perfis profissionais dentro de sua empresa. [S.I.] 2020.Disponível em: https://www.adigodesenvolvimento.com.br/mentoring-aprendiz-real/SÓLIDES. O que é o Profiler. [S.I.] 2020.Disponível em: https://solides.com.br/produtos/profiler/
THE WASHINGTON. Multiple Intelligences Are Not Learning Styles. apudINTELIGÊNCIA DE VIDA. Quem é Howard Gardner e o que é Teoria das Inteligências Múltiplas. [S.I.], 2018.Disponível em: https://www.inteligenciadevida.com.br/pt/conteudo/quem-e-howard-gardner-especialistas-em-educacao/
1UNIT – Universidade Tiradentes –
Aracaju – SE
Orientador Prof. Me. Mário Eugênio Paula de Lima – UNIT – Universidade Tiradentes –
Aracaju – SE