ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

NURSING CARE IN CHRONIC NON-COMMUNICABLE DISEASES IN PRIMARY HEALTH CARE

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202510191310


Fernanda Carneiro Antunes1
Cristieli Lima da Silva1
Donizete Cassimiro Dias1
Eldya Flávia Ramos2


RESUMO

As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) representam uma das principais causas de morbimortalidade no Brasil, com impacto expressivo na qualidade de vida e nos sistemas de saúde. Este estudo teve como objetivo discutir, por meio de uma revisão integrativa da literatura, a atuação do enfermeiro na atenção a pacientes com DCNT na Atenção Primária à Saúde (APS). A pesquisa foi realizada em bases de dados reconhecidas, incluindo SciELO, BVS, CAPES e Google Acadêmico, com recorte temporal de 2020 a 2025. Após análise de 159 artigos, foram selecionados 10 estudos que atenderam aos critérios de inclusão. Os resultados demonstraram a centralidade do enfermeiro no cuidado às pessoas com DCNT, especialmente por meio de ações educativas, visitas domiciliares, monitoramento clínico e promoção do autocuidado. Observou-se a relevância da educação em saúde, do uso de tecnologias e da integração entre os níveis de atenção para o sucesso das estratégias de enfrentamento dessas doenças. Conclui-se que o fortalecimento da enfermagem na APS, aliado a políticas públicas de valorização e capacitação contínua, é essencial para a efetividade do cuidado e a melhoria dos indicadores de saúde.

Palavras-chave: Doenças crônicas; Enfermagem; Atenção Primária à Saúde; Qualidade de vida; Educação em saúde.

ABSTRACT

Non-Communicable Chronic Diseases (NCDs) are among the leading causes of morbidity and mortality in Brazil, significantly affecting quality of life and overburdening the healthcare system. This study aimed to discuss, through an integrative literature review, the role of nurses in caring for patients with NCDs within Primary Health Care (PHC). The research was conducted in well-established databases such as SciELO, BVS, CAPES, and Google Scholar, covering studies published between 2020 and 2025. Out of 159 initially identified articles, 10 were selected based on inclusion criteria. The findings highlighted the central role of nurses in managing NCDs, particularly through health education, home visits, clinical monitoring, and the promotion of self-care. The study underscored the importance of health education, the use of technologies, and care integration across healthcare levels for the successful management of these conditions. It is concluded that strengthening the role of nurses in PHC, supported by public policies focused on professional development and ongoing training, is vital for effective care and improved health outcomes.

Keywords: Chronic diseases; Nursing; Primary Health Care; Quality of life; Health education.

1 INTRODUÇÃO

As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) constituem um grupo de enfermidades que se caracterizam por sua longa duração e evolução lenta. Essas doenças possuem múltiplas causas e fatores de risco, não são contagiosas e podem acarretar incapacidades funcionais relevantes (BORDONI et al., 2024). Diferentemente das doenças transmissíveis, as DCNT não se espalham de uma pessoa para outra, mas estão intimamente associadas a fatores de risco comportamentais, genéticos e ambientais que desempenham papéis cruciais no seu surgimento e desenvolvimento (SILVA et al., 2021).

Conforme a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), as DCNT incluem condições como hipertensão, diabetes, doenças respiratórias crônicas e certos tipos de câncer, todas associadas a fatores de risco que podem ser modificados, como o tabagismo, o consumo excessivo de álcool, uma alimentação inadequada e a falta de atividade física. Muitas vezes, essas doenças são adquiridas ao longo da vida e estão ligadas a modos de vida que, conjuntamente, prejudicam a qualidade de vida e elevam a morbidade e mortalidade (OMS, 2021).

As DCNT são reconhecidas como as principais causas de morte em nível global, representando uma preocupação significativa para a saúde pública. Em 2019, o Brasil registrou 738.371 óbitos decorrentes de DCNT, dos quais 41,8% (n=308.511) foram classificados como mortes prematuras, ocorrendo entre as idades de 30 a 69 anos, correspondendo a uma taxa padronizada de 275,5 óbitos prematuros por 100 mil habitantes. Ao se analisar o período de 2000 a 2019, observa-se uma diminuição da proporção de óbitos prematuros dentro do total de óbitos por DCNT, que caiu de 47,4% para 41,8% em 2019. Apesar dessa redução, o percentual permanece elevado (FELICIANO, VILLELA, OLIVEIRA, 2023).

Além de serem responsáveis pela maior parte das mortes em todo o mundo, as DCNT apresentam um desenvolvimento gradual que pode durar meses ou se perpetuar por toda a vida, tornando-se fatores críticos para o surgimento de incapacidades significativas (BORDONI et al., 2024). As repercussões dessas doenças, incluindo mortes prematuras, incapacidades, internações e tratamentos, geram um peso financeiro considerável para indivíduos, famílias e comunidades, além de representarem um desafio significativo para o governo. Assim, as DCNT constituem um dos principais obstáculos à saúde pública global, devido à sua alta contribuição para morbidade e mortalidade (CARMO et al., 2021).

Em face da gravidade das DCNT, a atenção básica à saúde se posiciona como um pilar essencial no combate a essas condições. A atenção primária à saúde (APS), que serve como a principal porta de entrada para o sistema de saúde brasileiro – Sistema Único de Saúde (SUS) –, tem sido objeto de intensos debates no que se refere à estratégia de trabalho para lidar com as DCNT. Isso se deve ao seu potencial para identificar riscos à saúde, proporcionar educação e orientação comunitária, e oferecer um cuidado integral e centrado na família. No Brasil, a APS é estruturalmente organizada em equipes multiprofissionais, com prioridade para as equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) (OLIVEIRA, SOUZA e MORAIS, 2020; DRAEGER et al., 2022).

Dentro da equipe multiprofissional da APS, o enfermeiro desempenha um papel fundamental, suas práticas sendo alicerçadas em duas vertentes: as gerenciais e as assistenciais. É por meio das atividades assistenciais que se destacam as ações de educação em saúde, como as iniciativas de educação popular, que são realizadas durante as consultas e atividades educativas coletivas (DUARTE et al., 2024). A relevância do enfermeiro na ESF é notória, especialmente no que tange ao cuidado com pacientes que apresentam DCNT. O aumento da prevalência dessas doenças exige uma nova abordagem que priorize a promoção da saúde, visando evitar complicações e melhorar a qualidade de vida dos pacientes (DRAEGER et al., 2022).

Dada a alta incidência e o significativo impacto das DCNT na saúde pública, o papel da enfermagem é crucial na diminuição da morbidade e mortalidade associadas a essas condições. Portanto, o presente estudo tem como objetivo discutir o que a literatura revela sobre a atuação do enfermeiro no atendimento a pacientes com Doenças Crônicas Não Transmissíveis na Atenção Primária, reconhecendo a importância desses profissionais na promoção, proteção e recuperação da saúde dos indivíduos afetados.

2 METODOLOGIA

O presente estudo se caracteriza como uma revisão integrativa da literatura, de natureza descritiva e exploratória, com o intuito de descrever, discutir e analisar as publicações existentes acerca da assistência de enfermagem na abordagem das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS). Essa abordagem metodológica é pertinente, pois permite a reunião e a integração das contribuições de diversos autores, considerando suas experiências, perspectivas e contextos sobre o tema em questão. É fundamental destacar que, em função do caráter desta pesquisa, a obtenção de parecer do Comitê de Ética não foi necessária.

A pesquisa teve início com a seleção de bases de dados amplamente reconhecidas, como a Scientific Electronic Library Online (SciELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), CAPES Periódicos e Google Acadêmico. Foi realizada uma busca direcionada a artigos científicos publicados entre 2020 e 2025. O recorte temporal compreendido entre os anos de 2020 a 2025 foi definido com o objetivo de contemplar a produção científica mais recente sobre a atuação da enfermagem no enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) na Atenção Primária à Saúde (APS). Esse período abrange transformações significativas no sistema de saúde, impulsionadas principalmente pelos impactos da pandemia de COVID-19, que redesenhou práticas assistenciais, acelerou a incorporação de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) e evidenciou ainda mais a importância das equipes de saúde da família no cuidado longitudinal de condições crônicas.

Além disso, a escolha desse intervalo permite analisar como as políticas públicas e diretrizes recentes — como a atualização do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT (2021–2030) — têm repercutido nas práticas de enfermagem. Dessa forma, priorizou-se a seleção de estudos que dialogam com os desafios e avanços contemporâneos da APS, garantindo maior atualidade, aplicabilidade e relevância dos achados para o cenário brasileiro atual.

Para essa busca, utilizou-se uma combinação de palavras-chave abrangentes, conforme indicadas nos Descritores em Saúde (DeCS): “Doenças crônicas”, “Doenças Crônicas não Transmissíveis” e “Cuidados de enfermagem”. Para otimizar as investigações, foram aplicados operadores booleanos como AND, OR e NOT.

No total, foram identificados 159 artigos relevantes ao tema. Após leitura dos resumos, e através de uma seleção rigorosa, apenas 40 textos foram escolhidos para uma leitura detalhada, o que culminou na seleção final de 10 artigos que se destacaram por sua relevância significativa. Os critérios de inclusão consistiram na exigência de que os artigos fossem completos e relevantes, publicados em português ou inglês e que abordassem a temática das DCNT e os cuidados de enfermagem. Em contrapartida, foram excluídos artigos que não disponibilizavam o texto completo, limitando-se a resumos, assim como aquelas publicações com mais de cinco anos de pesquisa.

Para sistematizar as informações coletadas, foi elaborada uma tabela que compila os seguintes dados: os nomes dos autores, o título dos artigos, os objetivos e os desfechos dos estudos. Essa organização visa facilitar uma compreensão abrangente das práticas e dos desafios enfrentados por profissionais de enfermagem no cuidado a pacientes com doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Ao final, a metodologia adotada no presente estudo busca não apenas contribuir para o aprimoramento das práticas em saúde, mas também promover um cuidado mais efetivo e humanizado aos pacientes.

3 RESULTADOS

A amostra final foi composta por 10 estudos, conforme demonstrado na Tabela 1. Observou-se predominância de publicações em português (7 estudos – 70%), seguidas por publicações em inglês (3 – 30%). Em relação às plataformas utilizadas para a coleta dos artigos, houve destaque para o Google Acadêmico, com 4 estudos (40%), seguido da CAPES (2 – 20%), BVS, Scielo e Revistas Científicas, cada uma com 2 estudos (20%).

Quanto à procedência geográfica, a maioria dos estudos foi conduzida no Brasil (7 – 70%), abrangendo os estados da Bahia, Rio Grande do Sul, Alagoas, Maranhão, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. Os demais estudos foram realizados no Irã, Bangladesh e Gana, representando, cada um, 10% da amostra.

No que se refere à abordagem metodológica, notou-se uma variedade de delineamentos. Estudos qualitativos (4 – 40%) e estudos de caso (2 – 20%) foram os mais recorrentes, seguidos de estudo transversal (2 – 20%), estudo de intervenção (1 – 10%) e revisão integrativa (1 – 10%). A diversidade metodológica evidencia o interesse crescente por múltiplas abordagens na investigação da atuação da enfermagem frente às Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT).

A seguir, são apresentados os principais objetivos e desfechos de cada estudo na Tabela 1.

Tabela 1 – Objetivos e desfechos dos estudos incluídos, 2025.

Fonte: Própria dos autores, 2025.

Observou-se que a maior parte dos estudos analisados enfatiza o papel central do enfermeiro na promoção da saúde, prevenção e monitoramento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) na Atenção Primária à Saúde. As intervenções mais recorrentes envolvem ações educativas, visitas domiciliares, utilização de tecnologias da informação e o fortalecimento do vínculo com a comunidade. Destaca-se ainda uma valorização crescente da abordagem multiprofissional, embora a literatura revisada ainda concentre o foco predominantemente na atuação do enfermeiro, com menor detalhamento sobre a articulação com outros profissionais da saúde.

Por outro lado, identificou-se uma lacuna na abordagem de aspectos socioculturais e interseccionais que influenciam o cuidado em saúde, como raça, gênero, escolaridade e contexto territorial. Poucos estudos analisaram de forma aprofundada as especificidades de populações vulneráveis, como indígenas, quilombolas ou pessoas em situação de rua, o que limita a aplicabilidade universal das estratégias discutidas. Também se observa a ausência de avaliações de impacto de longo prazo das intervenções realizadas, bem como a escassez de estudos que mensurem indicadores concretos de qualidade de vida, controle clínico das DCNT ou adesão terapêutica. Tais lacunas sugerem a necessidade de investigações mais amplas e metodologicamente rigorosas, que possam subsidiar ações mais efetivas e equitativas no contexto da APS.

4  DISCUSSÃO

Na contemporaneidade, as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) configuram- se como um dos principais desafios da saúde pública, em virtude de seu crescimento progressivo nas últimas décadas. Essas doenças representam a maior carga de morbimortalidade no Brasil, promovendo mudanças significativas no perfil sociodemográfico e clínico da população atendida na Atenção Primária à Saúde (APS) (BRASIL, 2021). Entre as principais causas de óbitos estão as doenças cardiovasculares, respiratórias crônicas, neoplasias e diabetes mellitus, cujos fatores de risco envolvem predisposição genética, idade, sexo e, sobretudo, comportamentos modificáveis, como sedentarismo, má alimentação, tabagismo, obesidade e consumo excessivo de álcool (PASQUETTI, 2021).

As DCNTs vitimam cerca de 50% da população adulta brasileira e impactam de forma mais severa as populações vulneráveis, que apresentam maior exposição aos fatores de risco e menor acesso às informações e aos serviços de saúde. Essa realidade contribui para o aumento das limitações físicas, perda de autonomia e prejuízo à qualidade de vida, além de gerar uma sobrecarga nos serviços públicos de saúde (BRASIL, 2021).

Nesse sentido, o Ministério da Saúde (MS) estima que aproximadamente 57,4 milhões de brasileiros convivem com pelo menos uma DCNT. Isso reforça a importância de estratégias voltadas à identificação precoce e ao cuidado integral na APS, reconhecida como a principal porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS) (PASQUETTI, 2021). A hipertensão arterial sistêmica, por exemplo, destaca-se como uma das DCNTs mais prevalentes entre os indivíduos acompanhados em unidades de saúde (DUARTE; SANTOS; MACHADO, 2024).

Determinantes sociais como desigualdades econômicas, baixa escolaridade e acesso precário à informação e aos serviços contribuem significativamente para o surgimento e agravamento das DCNTs. Esses fatores impactam grupos historicamente marginalizados, como a população quilombola. Em estudo realizado no semiárido baiano, identificou-se alta prevalência de hipertensão arterial, doenças cardíacas e diabetes nessa população, com fatores associados como idade avançada, moradia precária, ausência de uso de medicamentos e baixa procura por serviços de saúde (CARMO et al., 2021).

Além dos impactos clínicos, as DCNTs afetam diretamente a qualidade de vida (QV) dos indivíduos. Por apresentarem progressão lenta e, muitas vezes, sem perspectiva de cura, essas doenças comprometem tanto a saúde física quanto a emocional dos portadores (PASQUETTI, 2021). Estudo realizado em uma Unidade de Saúde da Família (USF) do município de Itabuna, na Bahia, evidenciou que a QV foi mais preservada entre mulheres, indivíduos com melhores condições socioeconômicas, maior escolaridade e com companheiro fixo. Em contrapartida, aqueles com menor renda e diagnóstico simultâneo de hipertensão e outras DCNTs relataram pior percepção de qualidade de vida (DUARTE; SANTOS; MACHADO, 2024).

Os portadores de DCNT frequentemente classificam sua QV como insatisfatória, especialmente no domínio físico, em virtude das limitações funcionais, perda de autonomia e presença de comorbidades. Além disso, o afastamento precoce do trabalho, sobretudo entre os que recebem auxílio-doença, prejudica as relações sociais e contribui para o isolamento, intensificando o impacto das DCNTs no bem-estar geral (PASQUETTI, 2021).

Como forma de enfrentamento às DCNTs, destaca-se o “Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Brasil – 2011-2022”, que prioriza políticas públicas integradas de promoção da saúde, prevenção e cuidado contínuo, com a APS como eixo central dessas estratégias (OLIVEIRA et al., 2020). A promoção de hábitos saudáveis, como alimentação balanceada, atividade física regular e cessação do tabagismo, é um dos pilares fundamentais para reduzir o avanço dessas doenças (BRASIL, 2021).

No entanto, embora a Estratégia Saúde da Família (ESF) seja o principal modelo de atuação da APS no Brasil, ainda existem limitações em sua capacidade de ofertar cuidado integral e resolutivo diante da crescente demanda imposta pelas DCNTs (OLIVEIRA et al., 2020). A criação de redes de atenção à saúde e protocolos assistenciais integrados entre os níveis primário, secundário e terciário é fundamental para garantir a continuidade do cuidado, reduzir a fragmentação dos serviços e ampliar os resultados em saúde (BRASIL, 2022).

Outro ponto essencial é a capacitação contínua dos profissionais da APS, principalmente os enfermeiros, para que possam desenvolver planos de cuidado baseados em evidências e adequados às especificidades socioculturais dos usuários (SOUSA et al., 2021). Equipes multiprofissionais bem preparadas, uso de tecnologias da informação, como os prontuários eletrônicos, e ações educativas comunitárias são estratégias eficazes no monitoramento, controle e prevenção das DCNTs (FIGUEIREDO et al., 2022; SANTOS et al., 2023; SOARES et al., 2021).

As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), quando integradas de forma estratégica na APS, também contribuem significativamente para o empoderamento dos pacientes, permitindo maior adesão ao tratamento e autocuidado, além de facilitar o acompanhamento clínico e a detecção precoce de complicações (OLIVEIRA et al., 2024).

Nesse contexto, os projetos de extensão universitária exercem papel estratégico no enfrentamento das DCNTs, pois ampliam o alcance das ações de promoção, prevenção e controle dessas doenças, especialmente em populações vulneráveis. Durante o projeto de extensão desenvolvido entre os anos de 2022 e 2023, discentes do curso de enfermagem realizaram aferição de pressão arterial, glicemia capilar e orientações em saúde para adultos e idosos de ambos os sexos. Tais ações impactaram positivamente na qualidade de vida dos participantes, ao mesmo tempo em que contribuíram para a formação acadêmica e o desenvolvimento do raciocínio clínico dos futuros profissionais de saúde (LIMA, 2023). Essa experiência reforça a importância da qualificação contínua das equipes de saúde, especialmente dos enfermeiros, cuja atuação na Atenção Primária à Saúde se mostra essencial para o manejo eficaz das DCNTs e para a consolidação de práticas integradas de cuidado.

4.1 Papel do Enfermeiro Para Prevenção de Doenças Crônicas Não Transmissíveis na Atenção Primária à Saúde

Dentre os profissionais que compõem a equipe multiprofissional, o enfermeiro tem suas práticas fundamentadas em dois pilares: nas atividades gerenciais e assistenciais. É por meio da atividade assistencial que se evidenciam ações de maior impacto no desenvolvimento de práticas de educação em saúde, como a educação popular em saúde, presentes nas consultas e nas atividades educativas coletivas. Assim, a atuação do enfermeiro representa uma prerrogativa de grande valia para o indivíduo, a família e a comunidade, ao implementar intervenções que previnem a instalação das DCNT e possíveis complicações, promovendo a qualidade de vida sob uma perspectiva de atenção integral (BECKER, R., 2020).

Na Atenção Primária à Saúde (APS), os enfermeiros desempenham uma função central na prevenção das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) e na promoção da qualidade de vida dos pacientes. Com atuação focada no cuidado integral, os enfermeiros realizam intervenções clínicas, promovem a educação em saúde e incentivam comportamentos saudáveis essenciais para o manejo das DCNT (DUARTE; SANTOS; MACHADO, 2024).

A detecção precoce de fatores de risco, como hipertensão e diabetes, constitui uma das principais responsabilidades do enfermeiro. Por meio de triagens regulares, orientações e monitorização contínua, o enfermeiro ajusta o tratamento conforme necessário, reduzindo o impacto das doenças. As visitas domiciliares são destacadas como estratégia eficaz para compreender o contexto social e familiar dos pacientes, favorecendo orientações personalizadas e maior adesão ao tratamento (PEREIRA ET AL., 2021).

Nesse cenário, a enfermeira assume papel protagonista na Estratégia de Saúde da Família (ESF), com ações voltadas à educação, promoção, prevenção, humanização e vínculo com a comunidade. Essas práticas são fundamentais no enfrentamento das DCNT, pois impactam positivamente a qualidade de vida individual, familiar e coletiva. As DCNT, por sua vez, representam um dos principais problemas de saúde pública, implicando em prejuízos ao bem-estar e em altos custos financeiros (DUARTE; SANTOS; MACHADO, 2024).

Entretanto, muitos pacientes interrompem o tratamento, dificultando o acompanhamento e contribuindo para o agravamento das DCNT. Para que o cuidado seja eficaz, é necessário compreender as atitudes, valores e práticas populares dos pacientes, que muitas vezes diferem da visão dos profissionais. Assim, o cuidado deve ser acolhedor e integral, considerando os determinantes sociais da saúde como elementos centrais na prática do enfermeiro (LEITE, 2020; DUARTE; SANTOS; MACHADO, 2024).

A educação em saúde, por meio de oficinas, grupos de apoio e palestras, é um dos pilares da atuação do enfermeiro. Essas ações promovem a conscientização sobre hábitos saudáveis e capacitam os pacientes a se tornarem agentes ativos no manejo de sua saúde (DRAEGER, et al., 2022). Além disso, o enfermeiro exerce papel relevante na coordenação do cuidado, integrando-se à equipe multiprofissional para assegurar um tratamento eficaz, contínuo e adaptado às necessidades do paciente (BECKER R., 2020).

A valorização da atuação do enfermeiro, com investimento em formação continuada e melhores condições de trabalho, é crucial para o controle das DCNT. A inclusão desses profissionais nas decisões políticas amplia a capacidade de resposta do sistema de saúde (DRAEGER et al., 2022).

O perfil dos pacientes adultos com DCNT revela predominância entre indivíduos de 50 a 70 anos, frequentemente com comorbidades como a obesidade, o que torna necessário um cuidado integrado e multidisciplinar (PASQUETTI et al., 2021). Nessa perspectiva, o enfermeiro se destaca por sua atuação direta na promoção da saúde, educação, avaliação contínua e incentivo ao autocuidado (DRAEGER et al., 2022).

Durante a assistência, o enfermeiro fornece suporte emocional, orienta sobre a medicação, realiza ações preventivas e garante a continuidade do cuidado por meio do acompanhamento individualizado (NOGUEIRA; PACHÚ, 2022). Diante da natureza prolongada das DCNT, estratégias educativas são indispensáveis para promover a adesão ao tratamento (FELICIANO; VILLELA; OLIVEIRA, 2023).

A prática do enfermeiro evidencia uma assistência centrada no indivíduo, com protagonismo na coordenação do cuidado e integração entre serviços (SOUSA et al., 2021). Sua inserção no enfrentamento das DCNT revela-se estratégica, sobretudo pela capacidade de articular ações nos diferentes níveis de atenção.

Intervenções como educação em saúde, visitas domiciliares, consultas de enfermagem, planos de cuidado e automonitoramento se mostram eficazes. Programas como o “Hiperdia” possibilitam o acompanhamento qualificado de pessoas com hipertensão e diabetes, integrando ações individuais e coletivas (DRAEGER et al., 2022). No entanto, desafios como alta demanda e sobrecarga de funções comprometem, por vezes, a efetividade do acompanhamento.

O uso de protocolos padronizados, manuais e cadernos do Ministério da Saúde é uma estratégia que contribui para a sistematização da prática e comunicação entre processos de cuidado (DRAEGER et al., 2022; BORDONI, BORGES., 2024).

Além disso, os enfermeiros são os principais provedores de cuidado no enfrentamento das DCNT, sendo agentes fundamentais na detecção, prevenção e educação da população. Sua abordagem holística considera os determinantes sociais da saúde e promove o empoderamento dos pacientes por meio da alfabetização em saúde e apoio à autogestão (ZAREI et al., 2022).

É importante destacar que os próprios profissionais de saúde também estão expostos aos fatores de risco para DCNT. Estudo realizado em Bangladesh mostrou alta prevalência de sedentarismo, dieta inadequada e consumo excessivo de sal entre profissionais, especialmente enfermeiros, o que evidencia a necessidade de estratégias de autocuidado voltadas a esses trabalhadores (FARUQUE et al., 2021).

Dessa forma, ao analisar a complexidade das Doenças Crônicas Não Transmissíveis no contexto da Atenção Primária à Saúde, evidencia-se que o enfrentamento eficaz dessas condições depende de uma abordagem integrada, contínua e centrada nas necessidades do indivíduo. O enfermeiro, enquanto agente estratégico nesse processo, demonstra ser peça fundamental na promoção da saúde, prevenção de agravos, fortalecimento do autocuidado e coordenação do cuidado em rede. Reconhecer as potencialidades e os desafios presentes nesse cenário é essencial para subsidiar ações e políticas que promovam um sistema de saúde mais equitativo, resolutivo e orientado para a qualidade de vida da população. Com base nessa análise, a seguir são apresentadas as considerações finais deste estudo.

4.1  Limitações dos Estudos Analisados

Embora a literatura revisada ofereça contribuições significativas para a compreensão do papel da enfermagem na atenção às Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), algumas limitações metodológicas merecem destaque. Grande parte dos estudos apresenta delineamentos descritivos ou de revisão integrativa, com amostragens reduzidas e recortes geográficos específicos, o que dificulta a generalização dos achados. Além disso, há escassez de estudos longitudinais que avaliem os efeitos de intervenções da enfermagem no longo prazo, especialmente no que tange à adesão ao tratamento, redução de complicações e melhora da qualidade de vida dos pacientes. Muitos trabalhos também se apoiam fortemente em dados autorreferidos, sujeitos a viés de memória ou omissão. Outro ponto observado é a limitada abordagem interseccional nos estudos, deixando de considerar como fatores como raça, gênero e classe social influenciam no cuidado das DCNT na Atenção Primária à Saúde. Portanto, destaca-se a necessidade de investigações futuras com metodologias robustas, incluindo ensaios clínicos randomizados, estudos multicêntricos e abordagens qualitativas aprofundadas que considerem a complexidade sociocultural dos contextos atendidos. Essa ampliação metodológica poderá fornecer evidências mais sólidas para subsidiar políticas públicas e práticas profissionais mais eficazes no enfrentamento das DCNT no Brasil.

5 CONCLUSÃO

Diante do cenário crescente das Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Brasil, a atuação do enfermeiro na Atenção Primária à Saúde se destaca como um pilar essencial para a prevenção, controle e promoção da qualidade de vida da população. A abordagem holística adotada por esses profissionais, aliando conhecimento técnico, habilidade clínica e empatia, permite uma assistência individualizada e eficaz, especialmente em contextos de vulnerabilidade social.

As visitas domiciliares, o acolhimento e as práticas educativas configuram estratégias fundamentais que ampliam o acesso, fortalecem o vínculo com a comunidade e promovem a autonomia dos pacientes no manejo de sua própria saúde. Ao considerar os determinantes sociais, culturais e econômicos, o cuidado prestado pelo enfermeiro ultrapassa os limites biomédicos e contribui para a construção de um sistema de saúde mais equitativo e resolutivo. Nesse sentido, torna-se imprescindível o fortalecimento das políticas públicas que reconheçam o protagonismo da enfermagem na APS. Investimentos em formação continuada, infraestrutura e valorização profissional são determinantes para potencializar os resultados das ações voltadas ao enfrentamento das DCNT.

Consolidar o papel do enfermeiro como agente transformador no contexto das doenças crônicas é fundamental para o amadurecimento dos sistemas de saúde e para a promoção de uma sociedade mais saudável, consciente e justa. Para tanto, é necessário que pesquisas futuras explorem a efetividade das intervenções de enfermagem em diferentes contextos regionais, assim como se faz urgente o aumento de investimentos públicos que garantam condições adequadas de trabalho, acesso equitativo à saúde e sustentabilidade das práticas de cuidado na APS.

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1 Discente do Curso Superior de Enfermagem da FANORTE – Instituição de Ensino Superior de Cacoal. E-mail: fernandacarneiro.ant@gmail.com
1 Discente do Curso Superior de Enfermagem da FANORTE – Instituição de Ensino Superior de Cacoal e-mail: limacristiele2@gmail.com
1 Discente do Curso Superior de Enfermagem da FANORTE – Instituição de Ensino Superior de Cacoal e-mail: donizetedias408@gmail.com
2 Docente do Curso Superior de Enfermagem da FANORTE Campus Cacoal. Mestre em Terapia Intensiva SOBRATI. e-mail: eldyaflavia@hotmail.com