REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202410152331
Leidiane Aparecida dos Santos; Elenice Maria dos Santos do Carmo; Rosnele Córdova Armstrong Maciel; João Evânio Araújo; Edson José Pinheiro; Renata Cristina Pilotti Aimone; Ueudison Alves Guimarães.
RESUMO
Nos últimos anos, a crescente ênfase na formação e atuação dos professores tem revelado a urgência de ações críticas e necessárias. A expansão vertiginosa das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no campo educacional não só evidencia, mas acirra o despreparo generalizado de muitos docentes frente às novas possibilidades que essas tecnologias introduzem nas práticas pedagógicas. Este estudo propõe uma reflexão aprofundada sobre o impacto das tecnologias digitais na prática pedagógica dos professores, focalizando as inovações pedagógicas que emergem das práticas de sala de aula. A pesquisa bibliográfica empreendida para fundamentar este estudo revela que os professores reconhecem a necessidade premente de cursos de formação que não apenas proporcionem vivências técnicas, mas que também desenvolvam as dimensões pedagógicas de forma integrada. Desse modo, exige-se que os professores dominem o conteúdo curricular e realizem uma apropriação crítica das TICs, visando promover transformações qualitativas nas práticas pedagógicas. Essa integração possibilita a combinação das atividades pedagógicas com as tecnologias digitais, promovendo não apenas a criatividade e a autonomia dos alunos, mas também incentivando uma reflexão mais profunda sobre a dinâmica da aprendizagem. Todavia, ao estabelecer essa sintonia entre o conhecimento curricular e as TICs, os docentes podem fomentar um ambiente educacional que realmente aproveite o potencial das novas tecnologias para enriquecer e diversificar o processo de ensino-aprendizagem.
Palavras-Chave: Práticas pedagógicas. Tecnologia. Ambiente Escolar.
ABSTRACT
In recent years, the growing emphasis on teacher training and performance has revealed the urgency of critical and necessary actions. The rapid expansion of Information and Communication Technologies (ICTs) in the educational field not only highlights, but also intensifies, the widespread lack of preparation of many teachers in the face of the new possibilities that these technologies introduce into pedagogical practices. This study proposes an in-depth reflection on the impact of digital technologies on teachers’ pedagogical practices, focusing on pedagogical innovations that emerge from classroom practices. The bibliographic research undertaken to support this study reveals that teachers recognize the pressing need for training courses that not only provide technical experiences, but also develop pedagogical dimensions in an integrated manner. Thus, teachers are required to master the curricular content and carry out a critical appropriation of ICTs, aiming to promote qualitative transformations in pedagogical practices. This integration makes it possible to combine pedagogical activities with digital technologies, promoting not only creativity and autonomy among students, but also encouraging deeper reflection on the dynamics of learning. However, by establishing this harmony between curricular knowledge and ICTs, teachers can foster an educational environment that truly takes advantage of the potential of new technologies to enrich and diversify the teaching-learning process.
Palavras-Chave: Pedagogical practices. Technology. School environment.
1 INTRODUÇÃO
Recentemente, tem se tornado evidente, através de intensos debates e reflexões, a necessidade urgente e imprescindível de fortalecer a formação e atuação dos professores no emergente panorama da Sociedade em Rede ou Sociedade Informacional, conforme definido por Aranha (1996). Com o vertiginoso avanço tecnológico, o despreparo dos docentes para as novas possibilidades que emergem com a integração das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) na Educação é uma realidade inegável.
Os cursos de formação inicial frequentemente falham em equipar adequadamente os futuros educadores para o uso dessas tecnologias, um déficit notável que, segundo Costa (2003), ressalta a grande importância da formação continuada. Costa argumenta que a formação de professores deve ser compreendida como um processo contínuo e dinâmico, que abarca o desenvolvimento pessoal, profissional e organizacional, e está profundamente entrelaçada com a experiência prática e a reflexão crítica.
O desafio que os profissionais de educação enfrentam é manter-se continuamente atualizados sobre as novas metodologias de ensino e desenvolver práticas pedagógicas eficientes, uma vez que constroem e enriquecem sua formação no exercício da função docente.
Para Fernandes (2004) é crucial, no contexto contemporâneo, compreender a necessidade da formação continuada de professores, concebida como um processo de aprendizado ao longo da vida. Esse movimento de transformação e aquisição de saberes é essencial para enfrentar os novos tempos e renovar as práticas pedagógicas.
Para Arenaz (1995), a escola deve ser um ambiente de transformação, e as ferramentas tecnológicas não podem ser negligenciadas na prática pedagógica. Os professores devem superar os desafios impostos pela era digital, reconhecendo-a como uma nova maneira de lidar com o conhecimento, bem como enfrentando criteriosamente os recursos eletrônicos como ferramentas, buscando construir processos metodológicos que tornem a aprendizagem mais significativa.
Gadotti (2003) elucida que o paradigma da era digital, inserido na sociedade da informação, direciona-se para uma prática docente fundamentada na construção tanto individual quanto coletiva do conhecimento, permitindo que o professor transcenda barreiras, mesmo dentro do ambiente de sala de aula. Uma das formas de atingir tal objetivo é desenvolver estratégias que possibilitem aos alunos acessarem informações disponíveis no vasto universo da sociedade do conhecimento, utilizando a informática como um instrumento essencial da prática pedagógica. Para tanto, espera-se que o educador esteja consciente de que a lógica do consumo não deve suplantar a lógica da produção do conhecimento.
Além disso, o autor ressalta que, para que o aluno possa “aprender a aprender,” a prática pedagógica deve desafiá-los a buscar uma formação humana, crítica e competente, fundamentada em uma visão holística, com uma abordagem progressista, e integrando o ensino com a pesquisa.
As tecnologias de comunicação e informação permeiam a sociedade, e a escola não pode negligenciá-las. Dentro das políticas educacionais voltadas para a inclusão tecnológica, destaca-se a necessidade de formação continuada no âmbito das novas tecnologias. Essa formação visa capacitar os professores a desenvolverem uma visão crítica e a implementar atividades significativas com o uso dessas tecnologias em sala de aula, promovendo uma inovação constante em suas práticas pedagógicas.
2 METODOLOGIA
A metodologia empregada para investigar as práticas pedagógicas e as repercussões da aplicabilidade das tecnologias é de natureza bibliográfica. Inicialmente, foi conduzida uma revisão extensa da literatura, abrangendo livros, artigos científicos, teses e dissertações que tratam do uso de tecnologias na educação. Este levantamento possibilitou a identificação e análise das principais teorias, conceitos e modelos pedagógicos relacionados à integração das tecnologias no ambiente escolar. A seleção rigorosa das fontes incluiu estudos tanto nacionais quanto internacionais, oferecendo uma perspectiva ampla e diversificada sobre o tema.
A análise dos dados coletados na revisão bibliográfica foi conduzida de maneira sistemática, empregando técnicas de análise de conteúdo para detectar padrões, tendências e lacunas na literatura vigente. Os estudos foram minuciosamente categorizados de acordo com seus enfoques, tais como os benefícios e desafios da tecnologia na educação, estratégias pedagógicas inovadoras, e impactos no desempenho e engajamento dos alunos. A abordagem metodológica possibilitou a construção de um quadro teórico robusto e contemporâneo sobre as práticas pedagógicas mediadas pela tecnologia, fornecendo subsídios imprescindíveis para futuras pesquisas e práticas educativas.
3 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
Abordar a prática pedagógica, segundo Moraes e Lira (2002) exige considerá-la sob referências que posicionem os aprendizes no epicentro da ação educativa, engajem com situações-problema, promovam a reconstrução do conhecimento e eduquem para a cidadania. No entanto, é de extrema importância delinear o contexto específico de Prática Pedagógica ao qual nos referimos neste estudo.
De acordo com a perspectiva teórico-epistemológica adotada, a Prática Pedagógica pode assumir uma miríade de sentidos e significados, conforme elucidado por Valente (2003). Entre essas perspectivas, destacamos a Positivista, a Interpretativa e a Histórico-crítica ou Dialética. Cada uma dessas abordagens oferece um prisma radicalmente distinto para a análise e implementação das práticas pedagógicas, proporcionando um quadro multifacetado e complexo para o desenvolvimento educacional. Essa diversidade de perspectivas enriquece a compreensão e aplicação da prática pedagógica, transformando-a em um campo de constante inovação e reavaliação crítica, rompendo com as tradições e estabelecendo novas fronteiras no cenário educacional.
Lévy (1993) ressalta que a perspectiva Positivista retrata a existência de uma realidade singular que pode ser dissecada em partes manipuláveis de forma independente. Dessa maneira, considera-se válido apenas o conhecimento fundamentado na realidade conforme é captado pelos nossos sentidos. Assim, esse enfoque sustenta que os princípios e teorias podem orientar tanto o desenvolvimento de técnicas de ensino quanto a resolução de problemas relacionados à disciplina, ao controle da sala de aula, à motivação e à avaliação.
Nesse sentido, a prática pedagógica, dentro da perspectiva Positivista, é percebida como o resultado da aplicação meticulosa de conhecimentos teóricos, oriundos de diversas disciplinas científicas, na resolução de problemas, traçando um percurso que vai da concepção à execução, dos postulados teóricos à prática concreta. Esse modelo mapeia um trajeto preciso, onde a teoria se transforma em ação tangível, estabelecendo uma conexão inquebrantável entre os princípios abstratos e a aplicação prática, rompendo com a inércia tradicional e inaugurando novas possibilidades educacionais.
Em contrapartida, na perspectiva Interpretativa, Libâneo (2004) afirma que a realidade é uma construção social elaborada pelo ser humano, ao atribuir significados profundos e dinâmicos aos objetos, situações e experiências vividas. Sob essa ótica, a prática pedagógica se metamorfoseia conforme se altera a compreensão que se tem dela.
Essa renovada compreensão permite ao indivíduo reavaliar crenças e atitudes profundamente enraizadas, capacitando-o a exercer uma influência prática transformadora. Assim, a relação entre teoria e prática é concebida como uma troca bidirecional: a deliberação prática é moldada não apenas pelas ideias abstratas, mas também pelas exigências concretas de cada situação, onde o julgamento crítico e a mediação dos critérios do ator são invariavelmente indispensáveis.
Nesse contexto, a prática pedagógica é compreendida como o produto de um processo que se origina na própria prática, sendo simultaneamente informado pela teoria e pelas circunstâncias específicas vivenciadas pelo agente.
Levando em consideração um olhar voltado para a abordagem histórico-crítico ou dialético, a realidade é concebida como uma totalidade concreta, um todo dinâmico que possui sua própria estrutura, desenvolvendo-se e recriando-se continuamente. Todos os fenômenos e acontecimentos percebidos pelo ser humano são partes integrantes dessa totalidade, mesmo que não sejam percebidos explicitamente. Como a realidade não é transparente, compreendê-la exige uma captação interna, mergulhando em seus processos intrínsecos e suas múltiplas relações complexas.
Nesse ponto de vista, a prática pedagógica é vista como uma prática social determinada por interesses, motivações e intencionalidades, bem como pelo grau de consciência de seus atores, pela visão de mundo que os orienta, pelo contexto em que essa prática ocorre e pelas necessidades e possibilidades inerentes aos atores e à própria realidade em que se situam.
Diante de todas essas considerações, Veiga (1996) afirma que a prática pedagógica deve ser entendida como uma prática social intrinsecamente complexa, que se desenvolve em diversos espaços e tempos escolares, especialmente no cotidiano da sala de aula, onde a interação entre professor, aluno e conhecimento é mediada.
Essa prática está intrinsecamente ligada a diversos elementos, incluindo as experiências, a corporeidade, a formação, as condições de trabalho e as escolhas profissionais do professor; as experiências, a formação e as ações dos demais profissionais da escola; a idade, a corporeidade e a condição sociocultural dos alunos; o currículo; o projeto político-pedagógico da escola; as condições materiais e a organização do espaço escolar; a comunidade em que a escola está inserida e as condições locais.
A Prática Pedagógica é forjada no cotidiano do professor, abrangendo tanto ações práticas mecânicas e repetitivas quanto explosões de criatividade. Essas práticas traçam o caminho para que o professor se engaje na reflexão sobre a dimensão criativa de sua atividade, ou seja, contemple a práxis no campo teórico. É nesse terreno fértil que a inovação pedagógica brota, transformando a rotina educacional em um laboratório de experimentação contínua, onde teoria e prática se entrelaçam em uma dança perpétua de construção e reconstrução do conhecimento.
Encarando a prática pedagógica como uma práxis, ela integra concepção e ação, ambas direcionadas para a transformação radical da realidade, instaurando uma unidade indestrutível entre teoria e prática. Nesse contexto, a prática e a reflexão sobre ela se entrelaçam como elementos indissociáveis do próprio fazer pedagógico, desencadeando um movimento incessante de construção e reconstrução, emergindo das experiências vividas pelos sujeitos e constituindo um elemento vital para a metamorfose da realidade.
Dessa maneira, Delors (2006) explica que a prática pedagógica não só manifesta o saber docente, mas também se configura como uma fonte inesgotável de desenvolvimento da teoria pedagógica. Ao exercer a docência, fundamentado em suas experiências e aprendizagens, o docente enfrenta desafios cotidianos tanto pequenos quanto grandiosos que o impulsionam a construir e reconstruir novos saberes, engajando-se num processo perpétuo de fazer e refazer. Tal dinâmica evidencia a prática pedagógica como um campo fértil e explosivo de inovação e evolução educacional.
Assim, observa-se uma atenção particular e intensa, frequentemente o foco de inúmeras pesquisas, voltada à prática pedagógica nas análises dos sistemas e projetos educacionais. Esse modelo visa valorizar profundamente tanto as análises macro quanto micro da escola, destacando a prática pedagógica como um campo dinâmico e repleto de potencial para transformações significativas e impactantes no cenário educacional.
4 TECNOLOGIA EM SALA DE AULA
Em cada momento histórico, o termo “Inovação” ressoa com a conotação de novidade, ruptura e dinamismo. Atualmente, essa expressão é amplamente utilizada no contexto pedagógico, especialmente em relação direta com as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Para decifrar seus múltiplos significados, começamos por sua etimologia. Derivado do latim, “Inovação” significa “renovação”. O prefixo “in-” denota ingresso, um movimento de introdução, sugerindo a introdução de novidade. No termo latino “innovatìo,” implica fazer algo novo, executar de uma forma não antes realizada, uma ideia capturada com precisão pelo dicionário Houaiss.
Diante disso, ao associarmos esse significado às inovações educativas, consideramos que tais propostas pedagógicas trarão uma enxurrada de novidades ao processo educativo, visto que elas não somente introduzirão novos métodos e abordagens, mas também romperão com os paradigmas tradicionais, injetando um dinamismo transformador e revolucionário no cenário educacional.
Nesse debate, entendemos por meio das ponderações de Costa et al (1998) que as inovações educativas possuem múltiplas expressões, variando conforme quem as promove, quem as implementa e quem recebe seus efeitos. Dessa forma, elas se concretizam pelo reconhecimento de formas alternativas de saberes e experiências, nas quais se entrelaçam objetividade e subjetividade, senso comum e ciência, teoria e prática. Essas inovações anulam dicotomias e buscam gerar novos conhecimentos por meio de novas práticas, caracterizando-se como um processo dinâmico e em constante movimento.
Cabe destacar que a inovação está intrinsecamente ligada ao fator tempo, pois o que hoje consideramos inovador, amanhã pode não ser mais. Portanto, ao abordar a inovação no sistema educativo, surge a questão: o que realmente é inovação? É fundamental explicitar o conceito a partir de um referencial teórico, dada a vasta abrangência do tema.
Neste estudo, associamos o contexto previamente mencionado ao fazer pedagógico, ou seja, às práticas pedagógicas do professor na sala de aula com o uso das tecnologias digitais. Assim, é imprescindível entender a inovação nas práticas pedagógicas à luz das reflexões apresentadas por Costa et al (1998), que afirma que as práticas inovadoras não apenas rompem com métodos tradicionais, mas também integram tecnologias digitais de maneira que transforma radicalmente o processo educativo, promovendo uma verdadeira revolução no ambiente de aprendizagem.
Conceber a inovação como algo abstrato é perder de vista que ela se materializa em um contexto histórico e social, sendo essencialmente um processo humano. A inovação se manifesta em um local, tempo e circunstância específicos, como um produto da ação humana sobre o ambiente ou meio social. Não obstante, elucida-se que compreender a inovação nesses termos nos leva a perceber que ela não ocorre no vazio, contrariando algumas concepções que tentam nos convencer de que a inovação é simplesmente a introdução do “novo” dentro de um sistema para gerar mudanças e reformas, independentemente do significado que esse processo assume no contexto que o abriga e nos sujeitos que o interpretam.
Para esses autores, as práticas pedagógicas como processos de inovação buscam novas alternativas, e, de alguma forma, podem se tornar importantes marcos para a construção de outras possibilidades, uma vez que elas rompem com o convencional, introduzem transformações profundas e reconfiguram o cenário educacional, estabelecendo novas dinâmicas de aprendizado e interação que desafiam e superam as limitações tradicionais.
Nesse contexto, Bernal (2008) elucida que a inovação é percebida como uma experiência pessoal que adquire um significado singular na prática, já que permite estabelecer conexões significativas entre diversos saberes; instiga inquietações nos indivíduos; facilita e provoca a compreensão do que confere sentido ao conhecimento. A inovação é intrinsecamente conflituosa e cria um constante foco de agitação intelectual, catalisando um ambiente de permanente efervescência cognitiva.
Diversos autores entendem que as inovações representam uma ruptura paradigmática. Por exemplo, Lévy (1993) considera inovador o reconhecimento dos impasses da prática pedagógica como uma oportunidade reflexiva e de problematização da ação docente. Quando se busca uma pedagogia do consenso, fundamentada em soluções prescritivas, incluir a dúvida e a insegurança como elementos essenciais no processo de decisão profissional representa um significativo avanço para os professores rumo a uma verdadeira ruptura paradigmática.
Para o autor supracitado, a inovação na educação é um conceito de caráter histórico-social, marcado por uma atitude epistemológica que transcende as regularidades propostas pela modernidade, a qual se caracterizada por experiências inovadoras que rompem radicalmente com a forma tradicional de ensinar e aprender. Essa perspectiva busca compreender o conhecimento a partir de uma abordagem epistemológica que problematiza os procedimentos acadêmicos ancorados nos princípios positivistas da ciência moderna.
A gestão participativa, em que todos os sujeitos estão imersos na experiência desde a concepção até a análise dos resultados, representa uma quebra radical com a estrutura vertical de poder, responsabilizando coletivamente o processo de ensino e aprendizagem pelas propostas formuladas.
De forma alguma o professor abdica de seu papel profissional; ao contrário, ele mantém sua responsabilidade na condução do processo, mas compartilha com os estudantes as decisões sobre os percursos e critérios adotados para definir a intensidade das atividades, ao mesmo tempo que acolhe sugestões sobre os rumos do trabalho desenvolvido. Esse modelo de gestão dinamiza e reconfigura a tradicional hierarquia educacional, fomentando um ambiente de colaboração e inovação.
Segundo Serpa (1998) a formação do professor é uma demanda incessante, e torna-se cada vez mais evidente que a formação inicial é insuficiente para enfrentar os desafios cotidianos do docente. O autor também enfatiza que, embora a formação ao longo da vida seja uma exigência em qualquer campo profissional, essa necessidade é ainda mais premente no caso dos professores.
Atualmente, vivemos uma nova realidade onde todas essas tendências nos levam a acreditar que a Internet e a educação a distância serão poderosas aliadas nas atividades escolares, formando grupos colaborativos de aprendizagem. Os ambientes virtuais, que integram e tornam possível essa conexão, precisam ser plenamente compreendidos para potencializar a comunicação, o conhecimento multidisciplinar, a docência, a aprendizagem e a avaliação formativa. Essa prática pedagógica deve estar em perfeita sintonia com as novas formas de ensinar e aprender na contemporaneidade. É fascinante observar como esses ambientes se tornaram muito mais acessíveis e fáceis de operar, revolucionando o cenário educacional.
Desse modo, Moraes e Lira (2002) afirma ser vital que os alunos adquiram autonomia sobre suas próprias aprendizagens, sejam capazes de administrar seus tempos de estudo, saibam selecionar os conteúdos que mais lhes interessam e participem ativamente das atividades, independentemente do fuso horário em que se encontrem.
Dessa forma, entende-se que a verdadeira revolução no ensino não reside apenas no uso intensivo do computador e da internet em sala de aula ou em atividades a distância. Por conta disso, espera-se que sejam estabelecidas novas experiências pedagógicas nas quais as TICs sejam utilizadas em processos cooperativos de aprendizagem, valorizando o diálogo e a participação contínua de todos os envolvidos no processo.
É absolutamente relevante o papel do professor nesse novo cenário, atuando como facilitador e mediador da aprendizagem em contextos virtuais, sendo que esse profissional deve buscar estratégias e práticas pedagógicas que capacitem os alunos a adquirirem novas competências relacionadas à pesquisa, gerenciamento de estudos e à seleção e organização de informações.
A Internet, como ferramenta, pode cumprir uma função profundamente criativa e construtiva no processo educativo. Para tanto, torna-se necessário que se possa usar a criatividade, arriscar e planejar, impulsionando todos os esforços e inovações na busca por uma educação de alta qualidade, mediante um modelo de ensino audacioso e inovador, onde cada ação é uma tentativa de romper com as práticas tradicionais e estabelecer novos paradigmas educacionais.
Demo (2003) revela que, na maioria das escolas, a implantação da informática não dedica a devida importância à inclusão digital dos professores. A discussão crítica sobre esse ponto tem ganhado destaque apenas nos trabalhos científicos mais recentes.
A autor defende enfaticamente a necessidade de uma formação de professores que vá além da mera instrumentalização das tecnologias, promovendo uma apropriação crítica que permita a incorporação efetiva dessas tecnologias em suas práticas docentes. Assim, acredita-se que somente quando começarmos a utilizar as TICs em nossa prática pedagógica de maneira coerente com os objetivos de aprendizagem e as suas potencialidades pedagógicas, poderemos afirmar que estamos realmente inovando no campo pedagógico.
Ressalta-se que esse processo exige uma reconfiguração radical da abordagem educacional, onde a inovação não é apenas uma palavra de ordem, mas um princípio norteador que transforma profundamente a prática docente e o ambiente de aprendizagem.
Costa (2003) enfatiza que educar é colaborar para que professores e alunos nas escolas transformem suas vidas em processos contínuos e incessantes de aprendizagem. Essa colaboração deve capacitar os alunos a construírem sua própria identidade, a desenvolver habilidades de compreensão, emoção e comunicação que lhes permitam encontrar e conquistar seus espaços pessoais, sociais e profissionais, uma vez que o objetivo é formar cidadãos críticos, engajados e produtivos.
Por essa ótica, Lévy (2003) complementa que é fundamental integrar as TIC de maneira eficaz no processo de aprendizagem para que possam apoiar e complementar as práticas desenvolvidas nas aulas, já que todos desejamos o sucesso escolar dos alunos, a crescente motivação, a inovação educativa, a acessibilidade e a utilização das TIC para fins pedagógicos.
As escolas em Portugal estão sendo equipadas tecnologicamente, mas de que adianta todo esse equipamento se os professores não responderem ao desafio da modernização e se os alunos utilizarem as TIC para fins indesejados? Portanto, é imprescindível que os professores enxerguem as novas ferramentas tecnológicas como aliadas na árdua tarefa de motivar, cativar e orientar os alunos no caminho do conhecimento.
Não se acredita que, de maneira competente e com foco na prática do professor, o uso da tecnologia resulte na supervalorização da operacionalização tecnológica em detrimento dos aspectos pedagógicos. Todavia, mostra-se essencial que, ao optar por trabalhar com determinada tecnologia, o professor esteja plenamente consciente da necessidade de dominá-la tanto técnica quanto pedagogicamente, considerando a importância da formação continuada para suprir as deficiências da formação inicial e garantir uma integração efetiva e enriquecedora das tecnologias no ambiente educacional.
Não é tarefa fácil implementar uma formação em serviço, mas essa modalidade de formação é absolutamente necessária na busca incessante por uma educação de qualidade. Desse modo, elucida-se que a importância dessa formação vai além de ensinar; ela visa integrar ensino e vida, conhecimento e ética, reflexão e ação, promovendo uma visão de totalidade. Para tanto, torna-se imprescindível que os educadores busquem incansavelmente caminhos para aprimorar suas práticas pedagógicas, navegando através das complexidades e desafios do ambiente educacional contemporâneo com determinação e inovação.
5 DISCUSSÕES
As discussões sobre as práticas pedagógicas à luz das repercussões da aplicabilidade das tecnologias revelam uma série de percepções intensas e desafios monumentais, pois a integração das tecnologias no ambiente educacional é amplamente aclamada como um fator revolucionário para o ensino e a aprendizagem.
Diversos estudos enfatizam que o uso de ferramentas digitais pode transformar a experiência educacional, promovendo um engajamento sem precedentes dos alunos, facilitando o acesso a uma vasta gama de informações e permitindo uma personalização do ensino nunca imaginada.
Contudo, é evidente que a simples introdução de tecnologia não garante automaticamente esses benefícios, uma vez que a eficácia da aplicação tecnológica depende fortemente da formação adequada dos professores, da disponibilidade de recursos e da adaptação das metodologias pedagógicas tradicionais para incorporar essas novas ferramentas de forma eficaz e significativa.
Por outro lado, as discussões também apontam para desafios significativos que devem ser enfrentados para que a tecnologia possa ser plenamente integrada nas práticas pedagógicas. Assim sendo, revela-se que entre os principais obstáculos estão a resistência à mudança por parte de alguns educadores, a desigualdade no acesso às tecnologias entre diferentes regiões e instituições, e a necessidade de desenvolver competências digitais tanto para professores quanto para alunos.
Além disso, a sobrecarga de informações e a distração potencial que as tecnologias podem causar são preocupações legítimas que precisam ser cuidadosamente gerenciadas. Logo, enquanto a aplicabilidade das tecnologias na educação apresenta inúmeras oportunidades para inovação e melhoria das práticas pedagógicas, também requer uma abordagem estratégica e reflexiva para superar os desafios e maximizar seus benefícios.
6 CONCLUSÃO
Ao levantar discussões e reflexões, constatou-se a urgência de ações decisivas e essenciais, destacando a formação e atuação do professor como elementos cruciais. Com o avanço tecnológico em ritmo acelerado, torna-se inegável o despreparo significativo dos docentes frente às novas possibilidades pedagógicas proporcionadas pelas Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação.
Os esforços investidos focaram-se em analisar as inovações na prática pedagógica de professores com o uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação na sala de aula. Nesse sentido, os resultados revelaram que os professores reconheceram a necessidade premente de cursos de formação que permitissem ao docente vivenciar experiências capazes de desenvolver simultaneamente suas capacidades técnicas e, sobretudo, pedagógicas.
Desse modo, demanda-se que os professores dominem o conteúdo curricular e, assim, apropriem-se criticamente das Tecnologias Digitais, instaurando diferenças qualitativas nas práticas pedagógicas. Dessa forma, a integração das atividades pedagógicas com as tecnologias se torna viável, estimulando a criatividade, a autonomia e a reflexão dos alunos diante da dinâmica da aprendizagem, sendo que ela não só transforma o ambiente educacional, mas também revoluciona a maneira como o conhecimento é adquirido e aplicado, fomentando uma cultura de inovação e pensamento crítico.
A simples introdução de tecnologias nas escolas não assegura em absoluto transformações significativas, tampouco treinamentos superficiais para seu manejo, por isso, exige-se que se ofereçam cursos de formação robustos que proporcionem aos professores experiências imersivas capazes de potencializar suas competências técnicas e, primordialmente, suas habilidades pedagógicas.
Cabe aos professores dominarem o conteúdo curricular e, assim, apropriar-se criticamente das tecnologias da informação e comunicação, instaurando mudanças qualitativas nas práticas pedagógicas. Dessa forma, a integração das atividades pedagógicas com as tecnologias torna-se viável, estimulando a criatividade, a autonomia e a reflexão dos alunos na dinâmica da aprendizagem.
Práticas inovadoras significam reimaginar as práticas de ensino, inventando novos usos para as tecnologias disponíveis e utilizando instrumentos e ferramentas alternativos para superar a indisponibilidade das TICs. O uso dos instrumentos tecnológicos é incompatível com a visão tradicional da educação – centralizada no docente e que vê a memorização como a forma mais adequada de aprendizagem.
Essa transformação radical desafia os paradigmas estabelecidos, propondo um cenário educacional onde a inovação tecnológica e a prática pedagógica se fundem para criar um ambiente de aprendizado dinâmico e revolucionário.
Assim, evidencia-se a necessidade urgente de novas pesquisas que investiguem o uso das tecnologias na educação, abrangendo todos os níveis e modalidades, com um foco especial na educação presencial, que não se baseia essencialmente no uso das tecnologias como a EaD.
Destaca-se também a importância de aprimorar a qualidade dos investimentos, especialmente por parte do poder público, nas novas tecnologias. Como constatado na pesquisa, o problema muitas vezes não reside na existência ou ausência dos equipamentos, mas no uso que se faz deles.
Levando em consideração essa trajetória discursiva, mostra-se imprescindível que os investimentos não apenas forneçam os recursos tecnológicos necessários, mas também garantam a capacitação adequada para que esses recursos sejam utilizados de maneira eficaz e transformadora. Somente assim poderemos ver uma verdadeira revolução educacional, onde a tecnologia é integrada de forma inteligente e estratégica, potencializando o aprendizado e preparando os alunos para os desafios do século XXI.
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