AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E A INCLUSÃO DO ALUNO AUTISTA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10041905


Danilaura Gama dos Santos¹
Michele Sousa Santana²
Profª Drª. Gisele Silva Lira de Resende³


RESUMO

Este artigo apresenta resultados de uma pesquisa sobre as práticas pedagógicas do professor da rede pública de ensino, procurando observar se as mesmas contribuem para a inclusão do aluno autista dentro da sala de aula regular. A pesquisa qualitativa foi  de grande importância, bem como a pesquisa bibliográfica e de campo. A fundamentação teórica se baseou-se nos seguintes autores Orrú (2012), Figueira (2011) e Declaração de Salamanca (1994), que contribuíram para uma reflexão pedagógica, acerca da Educação Inclusiva, que é direito de todos. Com a hipótese inicial: As práticas pedagógicas usadas pelos professores, não são planejadas considerando as individualidades do aluno autista, desse mode. Conclui-se as metodologias adotadas em sala de aula, da escola campo, não são satisfatórias, uma vez que não houve planejamento especifico e diferenciado para a criança que apresenta o autismo. Sendo assim, a inclusão não foi efetivada.

PALAVRAS-CHAVE: Inclusão. Autismo. Práticas Pedagógica. Formação Continuada.

1. INTRODUÇÃO

A inclusão de pessoas com NEE (Necessidades Educativas Especiais), em escolas da rede regular de ensino, tem por objetivo maior  promover a qualidade de ensino igualitário para todos. È o professor deve estar preparado para atender essas crianças em seus vários níveis de dificuldades, de acordo com as especificidades de cada aluno, dentro do contexto escolar. Mas, infelizmente, não é necessariamente o que está acontecendo. A demanda de inclusão chegou às escolas, mas os professores não estão preparados para atuar, no atendimento a esses alunos. Devem buscarem capacitação a fim de atender a todos os alunos sejam com NEE ou não.

Diante dessa realidade, entende-se que essa inclusão pode não ocorrer de forma adequada, se as praticas pedagógicas utilizadas pelos professores não forem desenvolvidas para especificidade de cada aluno. Onde as mesmas devem ser preparar diariamente para lidar com as diferenças. Para a efetivação da inclusão toda a comunidade escolar deve estar envolvida, planejando ações para serem desenvolvidas coletivamente.

A inclusão é lei, e cada vez mais é possível ver crianças com autismo em salas de aula da rede regular. Para garantir a permanência e os direitos desses alunos em salas regulares, está garantido na Constituição Federal, mais precisamente no artigo 205, direitos estão garantidos, para que seu desenvolvimento e convívio social ocorra. Após alguns anos foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff, em 27 de dezembro de 2012, a Lei nº 12.764, voltada especificamente para criança autista. Para os efeitos desta Lei, a pessoa com transtorno do espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais. 

Além disso, esses direitos estão garantidos também, na Declaração de Salamanca (1994) e no Estatuto da Pessoa com Deficiência(2015).

Com isso o aluno que possui Autismo, por apresentar atraso no seu desenvolvimento, que compromete principalmente sua comunicação e socialização, necessita de professores com preparação adequada, a fim de que atenda suas peculiaridades.

Para que a inclusão dessa criança ocorra é importante que o professor entenda a necessidade desse aluno, suas especificidades sempre buscando preparo para desenvolver métodos, adequados ao desenvolvimento de sua aprendizagem e convívio social, dentro do contexto escolar.

Diante dessas interrogativas buscou-se refletir: As práticas pedagógicas do professor da escola pública contribuem para a inclusão do aluno autista na sala de aula regular?

Acredita-se que as práticas pedagógicas dos professores da escola da rede pública, não são planejadas de acordo com a necessidade do aluno autista, não levando em consideração seu grau de dificuldade, com isso não proporciona oportunidades para que o mesmo seja incluso na sala regular.

Nesse sentido, o estudo tem como objetivo, compreender se as práticas pedagógicas adotadas por professores proporcionam a inclusão do aluno autista em sala de aula regular.

Este trabalho possui natureza básica, com objetivos exploratórios e abordagem qualitativa, na qual analisa as práticas pedagógicas. A pesquisa bibliográfica fundamentada, a partir das obras de Kanner (1943), Wing e Gould(1979) e Ferreira (1994), entre outros. A pesquisa campo será realizada em uma escola da rede municipal de Barra do Garças – MT, por meio de observação e entrevista com o professor que atenda o aluno autista em uma sala de pré II.

Nesse sentido entende-se como adequado o método dedutivo, pois faz uso da dedução para obter conclusão a respeito de determinadas dúvidas.

Discorre-se nesse estudo as características da criança que possui autismo, seu comportamento e desenvolvimento na escola, bem acerca das práticas pedagógicas do professor que o atende levando em consideração o grau de dificuldade de cada aluno.

Diante disso cabe ao professor, juntamente com a escola, desenvolver oportunidades dentro de todo o ambiente escolar, favorecendo ao aluno autista. Conviver com outras crianças.  Ampliando possibilidades para sua interação, comunicação e convívio, auxiliando o aluno autista na superação de barreiras, que o mesmo encontra diante de suas especificidades. 

2. BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

Inicialmente a Educação Especial é marcada pela negligência na era pré-cristã onde não havia atendimento nenhum às pessoas com NEE (Necessidade Educativa Especial). Naquela época as pessoas com algum tipo de deficiência eram perseguidas por conta de suas condições diferenciadas.

 Já nos séculos XVIII e XIX na fase de institucionalização, as pessoas com NEE eram segregadas e protegidas em instituições residenciais. Já no fim do século XIX foram desenvolvidas escolas especiais, dentro das escolas públicas com o intuito de oferecer a pessoa com NEE uma educação a parte, que se fundamentava na perspectiva de que a criança com NEE deveria ser educada até o limite de sua capacidade. Por volta do século XX percebe-se um movimento de integração das pessoas que apresentavam alguma deficiência, com o objetivo somente de integrá-los no ambiente escolar, não levando em consideração o grau de dificuldade de cada indivíduo.

De acordo com Mendes, “a defesa das possibilidades ilimitadas do indivíduo e a crença de que a educação poderia fazer uma diferença significativa no desenvolvimento e na vida das pessoas aparecem no movimento filosófico posterior a Revolução Francesa”. (MENDES,1995, p. 11)

A história da Educação Especial no Brasil tem como marcos fundamentais a criação do Instituto dos Meninos Cegos (hoje Instituto Benjamin Constant) em 1854, e do Instituto dos Surdos – Mudos (hoje, Instituto Nacional de Educação de Surdos- INES) em 1857, Ambos na cidade do Rio de Janeiro, criados por iniciativa do governo imperial. (JANUZZI, 1992; BUENO,1993; MAZZOTTA,1996). 

A Fundação desses institutos foi uma grande conquista para as pessoas que necessitavam do atendimento á educação, todavia, a educação especial foi caracterizada por ações isoladas, somente para deficientes visuais e auditivos e, em pequena quantidade aos deficientes físicos. Já os deficientes mentais pode-se dizer que quase não se teve atendimento. Mazzota, afirma que, “sob o título de educação de deficientes, encontram-se registros de atendimentos ou atenção com vários sentidos: abrigo, assistência, terapia…daí deve revestir-se de extremo cuidado a seleção de medidas e ações educacionais destinadas aos deficientes (MAZZOTA, 1996, p. 17)

Foi nos anos 50, que o atendimento educacional as pessoas que apresentavam deficiência foi assumido pelo Governo Federal, em âmbito nacional, com criação de campanhas, especificamente, voltadas para esta classe. Garantido as pessoas com NEE ou deficiência o direito a educação igualitária.

2.1. ENTENDENDO A EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Durante anos as pessoas com deficiência ou NEE (Necessidades educativas Especiais), eram excluídas por suas diferenças, e pelo seu processo de aprendizagem.  Devido essa exclusão também por parte do poder público, os familiares dessas crianças foram em busca de normas e leis que as amparassem.

Após vários debates, vieram a entender que o desenvolvimento do indivíduo se dá por meio do convívio social, e que toda e qualquer criança, com deficiência ou não, tem direito a educação. Com isso foram criadas várias leis que amparam essas crianças para que tenham o direito a educação garantido independente do seu estado físico, intelectual, social, emocional entre outros. Proporcionando oportunidades igualitárias, e sucesso no desenvolvimento escolar.  De acordo com a Declaração de Salamanca (1994) a educação inclusiva é:

O princípio fundamental das escolas inclusivas consiste em todos os alunos aprenderem juntos, sempre que possível, independente das dificuldades ou diferenças que apresentem. Estas  escolas devem reconhecer e satisfazer as necessidades diversas dos seus alunos, adaptando-se aos vários estilos e ritmos  de aprendizagem, de modo a garantir um bom nível de educação para todos, através de currículos adequados, de uma boa organização escolar, de estratégias pedagógicas, de utilização de recursos e de uma cooperação com as respectivas comunidades. È preciso portanto, um conjunto de apoios e de serviços para satisfazer o conjunto de necessidades especiais  dentro da escola.(DECLARAÇÃO DE SALAMANCA 1994: p. 11-12)

Com isso entende-se que educação inclusiva desenvolve praticas pedagógicas que reconheçam o grau de dificuldade de cada criança, promovendo sua inclusão, não somente sua integração, o que geralmente acontece dentro das salas de aula. O aluno está somente integrado naquele ambiente, mas sem a preocupação de favorecer a igualdade as oportunidades, e valorização dos seus conhecimentos.

Nesse sentido, César escreve:

Escola Inclusiva é onde se celebra a diversidade, encarando-a como uma riqueza e não algo a se evitar, em que as complementaridades das características de cada um, permite avançar , em vez de serem vistas como ameaçadoras, como um perigo que põe em risco a nossa própria integridade, apenas porque ela é culturalmente diversa da do outro, que temo como parceiro social. (CÉSAR, 2003, p. 119).

Para que isso ocorra é preciso que tanto a escola como professores estejam capacitados para receber esses alunos, e se cumpram os objetivos que estão amparados em lei, bem como na Constituição Federal, artigo 205, que garante direito educacional a todos. 

Segundo Thomas, Walker e Webb (1998), define uma escola inclusiva, uma escola que: Reflete a comunidade como um todo; os seus membros são abertos, positivos e diversificados; não seleciona, não exclui, não rejeita; não tem barreiras, acessível a todos em termos físicos e educativos (currículo, apoio e métodos de comunicação), trabalha com, não é competitiva, pratica a democracia e a equidade.

Com isso, na educação inclusiva serão encontradas diversas formas de dificuldade cabe ao professor adaptar suas práticas pedagógicas com as necessidades de cada aluno, motivando seu interesse em aprender participando. Essas leis (Declaração de Salamanca, Constituição Federal, a Lei 12.764, entre outras), vieram para garantir o direito do aluno autista a ter um ensino de qualidade promovendo sua inclusão.

Direito garantido ao aluno com TDG (Transtorno Global do Desenvolvimento) por apresentarem dificuldades na atenção, concentração e alguns casos na coordenação motora, o (AEE) Atendimento Educacional Especializado, que ocorre na sala de recursos, com professores capacitados a atender as especificidades desses alunos, onde o atendimento é de ordem pedagógica.

De acordo com SEDF (2010, p. 21) o atendimento na sala de recursos ocorre no contra turno do aluno, por ser um atendimento de caráter complementar e suplementar. No que se refere á complementar quer dizer que o apoio vem ao encontro das necessidades dos alunos com TGD e o suplementar contemplam especificamente os alunos classificados com altas habilidades.

Sua realização deve ocorrer na escola que o aluno estuda, ou em instituições que possuíam esse atendimento, tenha também o professor especializado, sua função é de identificar, elaborar e criar metodologias para que as dificuldades apresentadas por esses alunos sejam superadas, e seu processo de ensino aprendizagem ocorra.

A efetivação da prática educacional inclusiva, não será garantida apenas por meio de leis, decretos, portarias que obriguem as instituições de ensino regulares a aceitarem os alunos com NEE, cabe a escola juntamente com o professor conscientizar e buscar capacitação necessária para o atendimento deste aluno. Neste momento será constatado quem realmente é educador de verdade, não irá se acomodar, se conscientizará para o desafio que existe em sala de aula, buscando capacitação necessária para o atendimento deste aluno.

2.2. AUTISMO, DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS 

Autismo é uma palavra de origem grega (autós) que significa por si mesma. Um termo usado, dentro da psiquiatria para denominar comportamentos humanos que se centralizam em si mesmos, voltados para o próprio indivíduo.  Suas dificuldades no contato com outras pessoas, alteração na linguagem entre outros sintomas os levam a grandes problemas de convívio.  (KANNER,1943)

Na década de 40, Léo Kanner, um psiquiatra austríaco, residente nos Estados Unidos, dedicou-se ao estudo e a pesquisa de crianças que apresentavam comportamentos estranhos e peculiares (Repetição de gestos amaneirados, permanência em posições estranhas, que fazem parte de um dos sintomas não essenciais da esquizofrenia), e outros sintomas aliados a uma imensa dificuldade no estabelecimento das relações interpessoais.

Kanner ao descrever e definir o conceito de autismo valorizou o viés da impossibilidade de comunicação, de linguagem e mesmo de estabelecer contatos afetivos. Ao enfatizar os aspectos da fala, esse autor passou a despovoar e esvaziar a interioridade de tais sujeitos, isolando-os do mundo externo. Contudo, o próprio Kanner no exercício de sua prática clínica, junto a pacientes “autistas”, se viu envolvido em contradições, que podem serem observados quando afirma que:

O vocabulário incrível das crianças que adquiriram a linguagem, a excelente memória para acontecimentos ocorridos há vários anos, a fenomenal capacidade de decorar poemas e nomes e lembrar-se precisamente de seqüências e esquemas complexos, testemunham uma boa inteligência no sentido comumente aceito deste termo (KANNER, 1943, p. 247-248).

O autismo infantil precoce é definido em dois níveis, o autismo e transtorno do espectro autista. O transtorno do espectro autista de acordo com Wing e Gould(1979) apresenta-se em diferentes graus, não uma categoria única. Wing e Gould Deram origem ao termo espectro autista ao estudarem a incidência de dificuldades na reciprocidade social, perceberam que essas crianças também apresentavam os sintomas principais do autismo, mas com um grau menor tanto na comunicação, interação. (O que permitiu atenção e ajuda a um maior numero de crianças).

Já o autismo clássico de acordo com estudiosos é um transtorno que afeta principalmente as áreas de comunicação, interação, comportamento focalizado e repetitivo e a perda de contato com a realidade. O comprometimento destas áreas surgem antes dos três anos de vida da criança, o que em alguns casos não é percebido, ou os pais não aceitam. E quando detectado na escola, a criança é  encaminhada para o profissional competente, para que o mesmo tenha o diagnóstico, terá o acompanhamento correto. Nos casos em que os pais não admitem, a criança fica prejudicada por não fazer o uso correto dos medicamentos (se for o caso) e acompanhamento adequado para seu desenvolvimento.

2.3. INCLUSÃO DA CRIANÇA AUTISTA NO CONTEXTO ESCOLAR

Compreende- se, que muito há de ser feito para que a escola e o professor atenda de forma inclusiva uma criança com autismo. A escola ainda não é modelo de inclusão, na maioria dos casos os professores não buscam nem entender o que é o autismo e as especificidades de cada criança. A tarefa de inclusão não é fácil, e é dever de toda comunidade escolar. De acordo com o estatuto da pessoa com deficiência é necessário garantir, assegurar e promover condições de igualdades para todos, a fim de que a mesma atinja e mantenha o nível adequado de aprendizagem de acordo com suas características. Para isso entende- se que:

O Poder Público, em todos os níveis de modalidades de ensino, assegurar, criar, desenvolver, implementar e incentivar:

I – A convivência escolar num sistema educacional inclusivo;

III – ações e programas que garantam a acessibilidade plena, o atendimento educacional especializado e o combate a discriminação. (Estatuto da Pessoa com Deficiência)

A partir desses estudos percebe-se que a inclusão de uma criança com autismo não e tarefa fácil, e nem impossível. Cabe ao professor criar métodos para que esse aluno não se sinta excluído dentro da sala de aula, planejar e se necessário fazer modificações em suas metodologias de acordo com o grau de dificuldade de cada um, buscar alternativas que desperte o interesse e a curiosidade, trabalhando com diversos materiais, como jogos, brinquedos, atividades, organização diferente da rotina e espaço da sala de aula.

A aprendizagem é entendida como mudança comportamental e onde se postula que o conhecimento da realidade está dado, independente do sujeito, e a ele por meio de sentidos, na ocorrência das experiências individuais, sendo papel da educação o desenvolvimento das habilidades, as atitudes e transmissão de conhecimentos (…) Estas são práticas que se fundamentam no positivismo funcionalista e este tem sido predominante na orientação das escolas formadoras de recursos humanos para a educação especial.(FERREIRA,1994, p.6)

Independentemente de suas especificidades não rotular o aluno. Entender que não é apenas um espectador. E sim, um participante ativo na construção do seu conhecimento. O bom professor busca, faz, cria e não deixa jamais uma criança chegar ao seu fracasso escolar, independentemente de suas condições físicas ou mentais. O papel do professor e promover a inclusão, procurando desenvolver as habilidades da criança, transmitir conhecimento.

A relação professor – aluno também e chave fundamental para que aconteça o desenvolvimento do aluno, o professor deve transmitir confiança, para que o aluno se sinta à vontade para realizar as tarefas tornando esse momento prazeroso. O professor deve se envolver mais com seus alunos, criando laços de amizade, buscar meios de entende-los, em momento algum a criança deve se sentir diferente ou excluído, o professor é o facilitador da aprendizagem, deve estar sempre um passo à frente, sempre com uma carta na manga, estimulando esse aluno, para que ultrapasse suas barreiras.

2.4.  CAPACITAÇÃO DOS PROFESSORES E A INCLUSÃO DOS ALUNOS AUTISTAS

A necessidade de capacitação dos professores, para trabalhar a inclusão dos alunos com autismo, na rede regular de ensino tem como objetivo, mostrar a importância dessa preparação para que o professor possa atuar de maneira correta, adotando suas metodologias as diferenças e necessidades individuais.

Sabe-se que grande parte dos professores, não estão preparados para lidar com esses alunos, de acordo com Lanier (1984) não buscam por essa capacitação, quem sofre com esse despreparo são os alunos, e as novas exigências imposta pela educação inclusiva tem como objetivo maior, fazer com que o professor, busque essa capacitação.

Nesse sentido, os professores possuem um amplo conhecimentos e habilidades especializadas que adquirem durante um prolongado (se aceitamos a formação como desenvolvimento durante toda a vida profissional) período de formação(…) (Lanier, 1984)

Segundo Caldas Aulete, (1995) formação significa “ação e efeito de formar, ato de formar, desenvolver-se”. Diante disso a formação de um educador, é um processo que irá acompanha-lo por toda vida. Aprendendo sempre, inovando suas metodologias, por isso a importância da formação continuada, onde o capacitação não acaba com a conclusão acadêmica, nesse momento está apenas começando. Os alunos dependem de um professor compromissado e com formação contínua, seja capaz de colocar em prática suas técnicas.  

O desenvolvimento de técnicas e dos instrumentos pedagógicos, tem como necessidade assegurar a reprodução das normas e dos valores próprios da profissão docente, estão na origem da institucionalização de uma formação especializada e longa, características que sempre estará presente neste processo. (NÓVOA, 1995, p. 25)

Diante disso vale ressaltar a importância dessa formação para que os professores não encontrem tanta dificuldade para atender esses alunos, com isso estará adaptado para atuar de forma competente para inclui-los nos vários níveis de ensino.

O principal foco da formação continuada é garantir que o educador esteja sempre se atualizando, colocar em prática tudo que está sendo cobrado pela sociedade, está atendo as mudanças, garantido a todos uma escolarização de qualidade, diante disso, vale ressaltar que é dever da escola assegurar aos professores a capacitação necessária para se prepararem no atendimento a essas crianças.

A própria LDB reconhece a importância desse pré- requisito para a inclusão, ao estabelecer, em seu artigo 59 que:

Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:

[…] III –  Professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns. (BRASIL, 2010)

Com isso torna-se indispensável a preparação do professor, para que atenda esses alunos de forma adequada, e que essa capacitação seja continua, o professor que queira realmente fazer uma educação inclusiva, precisará se preparar sempre, para saber lidar com a diversidade e diferença de todas as crianças, cabe a ele observar e preparar práticas pedagógicas para que o ensino aprendizagem desses alunos os possibilite aprender, de forma igualitária para a efetivação da inclusão.

2.5. AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DO PROFESSOR DA ESCOLA PÚBLICA CONTRIBUEM PARA A INCLUSÃO DO ALUNO AUTISTA DENTRO DA SALA DE AULA?

A pesquisa campo, foi realizada na turma do 3º ano do Ensino Fundamental em outubro do ano de 2016 numa escola da rede pública municipal na cidade de Barra do Garças-MT, que contava com um aluno Autista.

Inicialmente, foi entregue um termo de consentimento responsável, solicitando a autorização para realização da pesquisa, e também divulgação dos resultados obtidos. Para tanto, foi assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. (Anexo 1)

Durante a observação, percebeu-se que o aluno tem uma convivência tranquila com os colegas de sala, mas essa convivência acontece mais durante o recreio, dentro de sala a professora o deixa no cantinho da sala, ao fundo, enquanto os outros desenvolvem as atividades propostas. 

Observou-se que a afetividade entre professor-aluno não é boa. Durante as aulas todos os alunos, desenvolvem o mesmo exercício proposto por ela, enquanto o aluno autista, sempre fica resolvendo contas matemáticas com tampinhas, cobrindo pontilhando ou pintando desenho impresso, que são exercícios designados a ele pela professora. Perguntado a ela o porquê dele desenvolver apenas esses exercícios, a mesma disse que está trabalhando sua coordenação motora, que nunca melhora No intervalo sua interação com seus colegas é total, brincam de todos os tipos de brincadeiras.

Durante a observação não foi notado nenhuma forma de metodologia diferenciada, usada com esse aluno, as tarefas eram iguais, a única alteração que as operações alternavam de adição e subtração, as pinturas impressas as vezes eram com lápis de cor outras com tintas guache sem pinceis, pintava com a ponta dos dedos, os pontilhados as vezes eram letras e em outras vezes números.

[…] se pode aprender de muitas maneiras, inclusive mediante ao ensino. Estratégias de aprendizagem são, pois, “a estruturação de funções e recursos cognitivos, afetivos ou psicomotores que o indivíduo leva a cabo nos processos de cumprimento de objetivos de aprendizagem. […] Se o professor não dispõe de habilidades de pensamento, se não sabe “aprender a aprender”, se é incapaz de organizar e regular suas próprias atividades de aprendizagem, será impossível ajudar os alunos a potencializarem suas capacidades cognitivas. (LIBÂNEO,1998, p.36).

O aluno é completamente independente, vai ao banheiro, toma água, come seu lanche sozinho, tem uma leve dificuldade para andar. Seu comportamento varia, permanece em sala de aula sentado, mas também sai bastante da sala, fica andando no corredor de um lado pro outro, a todo momento fica apertando seus dedos, notou-se que sua inquietação é maior quando está tentando resolver algum exercício, vai pedir ajuda a professora e ela em voz alta diz a ele que não pode ficar dando atenção somente pra ele, pois a sala esta cheia e ela tem mais alunos pra atender, isso ela diz pra ele o tempo todo, sempre que a procura por não está dando conta de resolver suas tarefas.

Dorme em sala de aula, segundo a professora que o aluno toma remédio forte, e por isso tem que dormir, ele deita no chão da sala em cima de sua própria blusa de frio apenas, quando isso acontece a professora diz que sobra tempo pra fazer mais coisas, pois ela com a sala cheia e ainda com aquele aluno, sobrecarrega demais.

Conforme entrevista realizada com a professora, ela relata ter 21 alunos dentro de sua de aula, o que dificulta para a mesma incluir o aluno autista.

“As dificuldades encontradas são tantas, mas uso todos os métodos para que ele possa se sentir incluso junto as colegas, e com isso tenho bons resultados”, conforme trecho da fala da professora entrevistada.

Relata que as dificuldades encontradas são tantas, mas que usa de todos os métodos para que ele possa se sentir incluso junto aos colegas, e com isso tendo bons resultados, embora tenha relatado isso na entrevista, durante os dias de observação isso não foi percebido, em nenhum momento ela utilizou metodologias diferenciadas, para que o aluno desenvolvesse sua aprendizagem.

A mesma possui 10 anos de sala de aula, e quando perguntada como lida com as dificuldades encontradas para atender toda a sala e o aluno autista, a mesma responde que 

Tem que ser muito paciente com todos, porque tem dias, que o aluno autista não consegue fazer nada, daí ela deixa ele quieto, logo ele vem procurar ela, e com isso o seu aprendizado está acontecendo gradativamente. 

Outra questão abordada na entrevista, foi a questão de como acontece na prática a realização dos métodos que ela usa para incluir o autista, ela relatou que trabalha com ele através do concreto, isso chama a atenção dele, e que quando ele consegue resolver alguma atividade, a felicidade dele e enorme. Embora a professora tenha relatado isso, não foi observado, nenhuma atividade diferenciada, sempre as mesmas, o aluno durante o estágio não conseguiu resolver nenhuma das atividades, nem mesmo as pontilhadas, não mostrava interesse pelas atividades, chegando a falar que já estava cansando daqueles pontinhos, não é agressivo, possui algumas dificuldades, esquece facilmente do que foi pedido, não fica concentrado por muito tempo.

Dessa forma, pode-se observar que as práticas pedagógicas da professora, para promover essa inclusão não ocorre, como ela relatou em entrevista. Na observação foi notado ao contrário, pra ela, ele estar presente na sala de aula regular já é inclusão, e quanto as atividades acontece da forma relatada, sempre as mesmas, não proporcionando oportunidades para o seu desenvolvimento, como a sala é cheia qualquer coisa que ele faça pra ela já é um avanço, se não quiser fazer o exercício por ela tudo bem. Inclusão é lei e deve acontecer de forma correta, onde o aluno aprenda, de acordo com seu grau de dificuldade e cabe ao professor desenvolver maneiras e criar estratégias para que isso ocorra.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Inicialmente a Educação Especial é marcada pela negligência, na era pré-cristã, onde pessoas com NEE (Necessidades Educativas Especiais) não tinham nenhum atendimento, por conta de suas condições diferenciadas eram perseguidos. Durante anos foi assim, devido suas diferenças, não somente nas escolas, pela população mas também por parte do poder público.

Diante disso, os familiares dessas crianças foram em busca de normas e leis que as amparassem. Após vários debates, entenderam que o desenvolvimento do indivíduo acontece por meio do convívio social e que toda e qualquer criança tem direito a educação, independente do seu estado físico, intelectual, social, emocional entre outros.

A criança autista por apresentar dificuldade na fala, convívio social, alterações na linguagem, tem maior dificuldade de ser inclusa na sala de aula regular, onde as práticas pedagógicas planejadas de acordo com suas especificidades, são necessárias para garantirem sua inclusão.

A hipótese inicial foi alcançada, pois, é possível afirmar que as metodologias da professora da Rede Municipal de Ensino, não são planejadas de maneira diferenciada, o objetivo maior obteve êxito, por não ocorrer a inclusão do aluno autista.

Independente de seus comportamentos e características nota-se que a criança autista apresenta grande dificuldade na comunicação, linguagem e contato afetivo. Considerando os déficits, que a criança autista apresenta, seu direito a educação é assegurado por lei, sua inclusão na sala de aula regular deve ocorrer de forma correta.  

A realização desta  pesquisa evidencia que o professor deve estar sempre buscando se preparar, entender e compreender o que realmente e necessário fazer para promover a inclusão, estar preparado para os desafios e realidade de nossa sociedade,  torna-se indispensável  essa preparação,   a formação continuada será de grande ajuda na preparação do professor que estará preparado para lidar com as diferenças,  suas práticas pedagógicas serão desenvolvidas de forma correta, de acordo com a especificidade de cada aluno,  garantindo a inclusão que são garantidos por lei. 

A escola é o espaço que favorece a essas crianças a oportunidade de convivência com o outro, essa convivência supera as dificuldades, criando oportunidades para conviver com a diferença do outro. Com isso é necessário e não menos importante que a escola promova a formação continuada de acordo com a realidade e necessidade do professor, com isso toda a comunidade escolar só tem a ganhar.

4. REFERÊNCIAS 

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_______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: < https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>. Acesso em: 10 nov. 2016.

________.Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a lei brasileira de inclusão da pessoas com deficiência. Estatuto da Pessoa com Deficiência. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm>. Acesso em 10 nov. 2016.

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¹Acadêmica  E-mail: danilauragama@hotmail.com

²Acadêmica do VIIIº semestre do Curso de Pedagogia da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais Aplicadas do Araguaia – FACISA. E-mail: michele_santana23@hotmail.com

³Doutora em Educação (UCLV/UFBA), com Pós doutorado em Educação E Saúde (UFMT). Bacharel em Serviço Social e Licenciada em Pedagogia. Professora nos Curso de Direito e de Pedagogia. Pesquisadora no Núcleo de Iniciação Científica, na linha – Direitos Humanos e Cidadania, da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais Aplicadas do Araguaia – FACISA. E-mail: giselelira@hotmail.com