ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA: AMBEV  

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202507031111


Ludmila Ferreira1; Enzo Carpinetti; João Marcelo; Lucas Marini; Maria Luiza; Michel Brigagão; Pedro Fellip; Ryan Christian; Orientador Prof. Me. Rodolfo Neves Rosa


Resumo  

O presente artigo tem como objetivo realizar uma análise econômico-financeira da Ambev S.A.,  uma das maiores companhias do setor de bebidas da América Latina. Para isso, foram utilizadas  metodologias de pesquisa documental e bibliográfica, fundamentadas na coleta e interpretação de  dados extraídos de relatórios financeiros da própria empresa e de publicações acadêmicas. A  pesquisa contemplou a análise da estrutura societária, composição acionária, governança  corporativa, e os principais indicadores financeiros e de mercado da companhia nos anos de 2023  e 2024. Os resultados evidenciam que, apesar de um cenário desafiador no mercado de cervejas  no Brasil, a Ambev manteve desempenho positivo, superando expectativas de lucro e reforçando  sua política de distribuição de dividendos. A análise também destacou o impacto de fatores  econômicos externos na volatilidade de suas ações e os desafios estratégicos enfrentados pela  organização para manter sua competitividade no mercado.  

Palavras-chave: Análise Financeira; Ambev; Mercado de Capitais; Governança Corporativa;  Desempenho Empresarial.  

Abstract  

This article aims to carry out an economic and financial analysis of Ambev S.A., one of the largest  beverage companies in Latin America. Documentary and bibliographic research methodologies  were used, based on the collection and interpretation of data extracted from the company’s  financial reports and academic publications. The study covered the analysis of the corporate  structure, shareholder composition, corporate governance, and the company’s main financial and  market indicators for the years 2023 and 2024. The results show that, despite a challenging  scenario in the Brazilian beer market, Ambev maintained positive performance, exceeding profit  expectations and reinforcing its dividend distribution policy. The analysis also highlighted the  impact of external economic factors on the volatility of its shares and the strategic challenges faced  by the company to remain competitive in the market. 

Keywords: Financial Analysis; Ambev; Capital Markets; Corporate Governance; Business Performance.  

Introdução  

A análise econômico-financeira de uma empresa é uma ferramenta essencial para avaliar  sua capacidade de gerar resultados, administrar recursos e manter sua competitividade no  mercado. No contexto empresarial brasileiro, a Ambev S.A. se destaca como uma das maiores e  mais tradicionais companhias do setor de bebidas, atuando de forma consolidada em diversos  segmentos e países. Formada a partir da fusão das tradicionais cervejarias Brahma e Antarctica, a  Ambev ampliou sua presença no mercado internacional e diversificou seu portfólio, consolidando se como uma marca de referência no setor. 

Este artigo tem como proposta apresentar uma análise detalhada da situação econômico financeira da Ambev, utilizando como base os dados financeiros divulgados pela própria empresa  nos anos de 2023 e 2024. Além disso, busca-se compreender como fatores econômicos, políticos  e estratégicos influenciaram a performance da companhia e as oscilações de suas ações na Bolsa  de Valores brasileira (B3). Por meio da pesquisa documental e bibliográfica, o estudo também  examina aspectos como a estrutura acionária, o modelo de governança corporativa e os principais  indicadores financeiros da empresa, contextualizando-os frente ao cenário atual do mercado de  bebidas.  

A relevância desta pesquisa reside na importância da Ambev como referência de gestão e  liderança de mercado, servindo como estudo de caso para a análise de desempenho de grandes  organizações no Brasil. Ao investigar a trajetória recente da companhia, suas decisões  estratégicas e resultados financeiros, espera-se contribuir para a compreensão do funcionamento  do mercado de capitais e da gestão corporativa de grandes empresas brasileiras.  

1. ESTUDO SOBRE A EMPRESA AMBEV: MERCADO, FINANÇAS E INOVAÇÃO  

A Ambev (Companhia de Bebidas das Américas) é uma das maiores empresas do setor de  bebidas da América Latina, resultado da fusão entre duas tradicionais cervejarias brasileiras: a  Brahma (fundada em 1888) e a Antarctica (fundada em 1885). Constituída oficialmente em 1998  como Aditus Participações S.A., tornou-se Ambev após a união das duas marcas, aprovada pelo  CADE em 2000.  

Atualmente, a empresa é uma sociedade anônima de capital aberto e atua principalmente  no setor de cervejas, sendo líder em diversos mercados com marcas como Skol, Brahma,  Antarctica, Quilmes, Labatt e Presidente. Além disso, opera também no setor de bebidas não  alcoólicas por meio de marcas próprias, como Guaraná Antarctica e Fusion, e por meio de  parceria com a PepsiCo, com exclusividade na produção e distribuição de bebidas como Pepsi,  Gatorade, H2OH! e Lipton Ice Tea no Brasil.  

A expansão internacional da Ambev começou em 1994 e se consolidou nos anos  seguintes com aquisições em países da América Latina, Caribe e Canadá. Hoje, a empresa  possui operações em 18 países. Ao longo dos anos, a Ambev também investiu em marcas  artesanais, como Wäls (MG) e Colorado (SP), e diversificou seu portfólio com produtos como os  sucos “Do Bem” e a joint venture B.Blend, de bebidas em cápsula.  

1.1 Missão, visão, valores  

Segundo Machado (2009) Várias pesquisas e estudos evidenciam a necessidade de  envolver e engajar as pessoas, de se criar uma visão compartilhada por todos os colaboradores  quanto ao futuro desejado pelas organizações.   

Sendo assim, a missão, visão e valores são três elementos que fortalecem a cultura  corporativa, diferenciam a empresa do mercado e aumentam a sua credibilidade, tanto  internamente quando externamente. Esses fatores são fundamentais para a Ambev, pois serve  como o guia estratégico que orienta as decisões e a cultura organizacional da empresa.  

Missão: Transformar o dia a dia da maior cervejaria do planeta, entregando as melhores  experiências e soluções ágeis.  

Visão: Continuar o legado de marcas inspiradoras e conectar o ecossistema para que todos  cresçam juntos.  

Valores: A cultura da Ambev é baseada em princípios como sonhar alto, buscar sempre melhorar,  ser ousado e comprometido.  

1.2 Organograma Empresarial  

 O organograma empresarial é uma ferramenta essencial para uma gestão eficiente dos  processos dentro de uma organização, refletindo sua hierarquia e as principais funções. Como  afirma SBRAGIA (2000) o organograma é utilizado com frequência para refletir a hierarquia e as  principais funções da organização. No caso da Ambev, uma sociedade anônima de capital  aberto, a estrutura organizacional é composta por comitês subordinados ao conselho  administrativo, que, por sua vez, se reporta à diretoria executiva. A empresa possui uma  governança robusta, estruturada em dois conselhos: o Conselho Administrativo e o Conselho  Fiscal, ambos com comitês específicos que ajudam a definir e fiscalizar as decisões estratégicas.  

Figura 1 – Organograma Empresarial  

Fonte: AMBEV. RI Ambev. Disponível em: https://ri.ambev.com.br/. Acesso em: 27 fev. 2025.  

1.3 Identificação e Perfil da direção da empresa

A Ambev, uma das maiores cervejarias do mundo, é liderada por profissionais com vasta  experiência no setor de bebidas e em grandes empresas. Carlos Eduardo Klutzenschell Lisboa,  natural de Pernambuco, é o atual CEO da companhia. Ele ingressou na Ambev em 1993 e, ao  longo dos anos, ocupou cargos de destaque, como Presidente das operações na América Latina  Sul e Canadá e Vice-Presidente Global de Marketing nos Estados Unidos. Em janeiro de 2025,  assumiu a posição de CEO, sucedendo Jean Jereissati.  

Lisboa é reconhecido por sua capacidade de liderar transformações digitais que  impulsionaram o crescimento da empresa. Sua liderança reflete uma abordagem focada nas  pessoas. Como destaca Sinek (2014, p. 86), “Quando um líder decide se importar com as  pessoas, e não só com números, as pessoas o seguem, para resolver os problemas que  precisam. Elas se esforçam para transformar a visão do líder em realidade, de uma maneira  estável, não com pressa.” Esse estilo de gestão tem sido essencial para o sucesso contínuo da  companhia.  

Jean Jereissati Neto, que foi CEO da Ambev de 2019 a 2025, atualmente ocupa o cargo de  CEO da Middle America Zone da AB InBev, controladora da Ambev. Sua experiência  internacional, incluindo a liderança da Cerveceria Nacional Dominicana e da unidade da China,  preparou a empresa para desafios globais.  

Além disso, a liderança da Ambev conta com acionistas como Jorge Paulo Lemann, Marcel  Hermann Telles e Carlos Alberto Sicupira, que são amplamente conhecidos por sua atuação  dentro do grupo 3G Capital. Esses empresários foram fundamentais na expansão e consolidação  de grandes marcas, incluindo a própria Ambev, e seguem influenciando a cultura corporativa e as  estratégias de crescimento da companhia.  

1.4 Como é a composição do capital social e tipos de ações emitidas.  

De acordo com o portal SatoTrader (2025), a Ambev possui um capital social composto por  R$15.744.452.169 ações ordinárias, todas sem valor nominal. Essas ações são negociadas na  B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) sob o código ABEV3 e na Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE) por  meio de American Depositary Receipts (ADRs) com o símbolo ABEV.  

A estrutura acionária da Ambev é composta por: Anheuser-Busch InBev SA/NV: Detém  aproximadamente 61,86% das ações; Fundação Zerrenner: Possui cerca de 10,24% das ações;  Ações em livre negociação (free float): Correspondem a aproximadamente 27,69% do total de  ações.  

A Ambev está autorizada a aumentar seu capital social até o limite de 19.000.000.000 de  ações ordinárias. Além disso, a empresa possui um Acordo de Acionistas que rege o exercício do  voto e outras questões relacionadas às ações ordinárias. As partes deste acordo incluem a  Interbrew International B.V. (IIBV) e a AmBrew S.à.r.l., que representam a participação indireta da AB InBev na Ambev, e a Fundação Zerrenner. A Ambev é uma das empresas mais valiosas da  B3, destacando-se pelo elevado valor de mercado de suas ações em livre negociação.  

1.5 Descrição da Composição Societária  

A estrutura acionária da Ambev é dominada por grandes investidores institucionais e  estratégicos, com a maior parte das ações concentrada em poucos acionistas. O principal  acionista é a Anheuser-Busch InBev (AB InBev), que detém cerca de 53,57% das ações, sendo a  controladora da empresa. Outros acionistas importantes incluem a Fundação Antonio e Helena  Zerrenner, com 10,22%, e a Ambrew S.à.r.l, ligada à AB InBev, que possui 8,17% das ações. Os  investidores restantes, compostos por institucionais e minoritários, detêm cerca de 27,98% do  capital social da Ambev.  

Essa estrutura acionária reflete a concentração de poder nas mãos de grandes  investidores, o que pode influenciar tanto as decisões estratégicas da empresa quanto sua  abordagem de governança. Em um contexto mais amplo, a responsabilidade social das empresas  é frequentemente debatida. Como destacou Friedman (1970) A responsabilidade social das  empresas é aumentar seus lucros. Essa visão sugere que, para as empresas como a Ambev, a  maximização dos lucros e a criação de valor para os acionistas são as principais prioridades, com  a responsabilidade social sendo secundária, se não condicionada a esses objetivos financeiros.  

Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira são três  empresários brasileiros de grande destaque, conhecidos por sua atuação conjunta na criação da  Ambev em 1999, a partir da fusão entre a Brahma e a Antarctica. Reconhecidos por sua visão  estratégica e espírito empreendedor, eles foram fundamentais para o crescimento e  internacionalização da companhia. Além de fundadores da Ambev, os três também são  importantes acionistas da AB InBev, holding resultante de fusões internacionais que consolidou o  grupo como uma das maiores cervejarias do mundo. Atualmente, Lemann é um dos principais  estrategistas e acionistas, Telles atua como controlador da AB InBev, e Sicupira como sócio,  mantendo sua influência significativa no setor de bebidas globalmente.  

1.6 Qual o ano de seu IPO  

De acordo com PricewaterhouseCoopers e BM&FBovespa (2015, p. 45), “oferta pública  inicial é o evento que marca a primeira venda de ações de uma empresa e, posteriormente, o  início de negociação dessas ações em Bolsa de Valores”. A oferta pública inicial (IPO) de uma  empresa é um marco importante, pois é quando a empresa realiza a primeira venda de ações e,  consequentemente, começa a negociar essas ações em uma Bolsa de Valores.  

Foi no ano de 2000 que a AMBEV passou a ser listado na Bolsa de Valores de São Paulo,  um passo significativo para a ampliação da sua base de investidores e visibilidade no mercado  financeiro.   

Posteriormente, em 2013, a AMBEV deu mais um passo importante em sua trajetória ao  realizar uma nova oferta pública inicial (IPO), desta vez na Bolsa de Valores de Nova York. A  inclusão da empresa no mercado americano refletiu sua crescente internacionalização e a busca  por ampliar sua presença global, tornando suas ações acessíveis a um público ainda maior de  investidores internacionais. Esse movimento também consolidou a AMBEV como uma das  principais empresas do setor de bebidas no mercado financeiro global.  

1.7 Qual o segmento Especial à empresa está cadastrada na Bolsa de Valores  

A Ambev S.A. está listada no segmento Tradicional da B3 (Brasil, Bolsa, Balcão), que é o  segmento padrão da bolsa brasileira. Nesse segmento, não há exigências adicionais de  governança corporativa além das previstas pela legislação em vigor. Diferente de segmentos  especiais, como o Novo Mercado, que impõem requisitos mais rígidos, o segmento Tradicional  permite que as empresas emitam tanto ações ordinárias (ON) quanto preferenciais (PN).  Segundo Assaf Neto (2001), as ações ordinárias conferem direito de voto aos seus titulares,  possibilitando a participação ativa nas decisões organizacionais, como deliberar sobre as  atividades da empresa, avaliar demonstrações contábeis, definir a destinação de resultados,  escolher a diretoria e aprovar alterações estatutárias. Já as ações preferenciais não garantem  direito amplo de voto, mas oferecem prioridade na distribuição de dividendos, o benefício de  dividendos mínimos ou fixos, além de preferência na restituição do capital em caso de liquidação  da sociedade.  

Além disso, o segmento Tradicional não exige percentuais mínimos de ações em  circulação no mercado, conhecido como free float. De acordo com Caixe, Matias e Oliveira  (2013) o free float possui impacto direto no valor de mercado e na governança das empresas,  pois reflete seu grau de transparência e acessibilidade no mercado de capitais.  

A Ambev, com o código de negociação ABEV3, optou por manter sua listagem no  segmento Tradicional, aderindo às práticas de governança corporativa exigidas pela legislação  brasileira, sem seguir as exigências extras dos segmentos especiais da B3. Ao optar por  permanecer nesse segmento, a empresa mantém sua flexibilidade no processo de governança,  respeitando as normas estabelecidas pela legislação brasileira, sem comprometer sua estratégia  de negócios. Embora o Novo Mercado e outros segmentos especiais ofereçam uma governança  mais rigorosa e transparente, a empresa adota uma abordagem que equilibra a conformidade  legal e a liberdade estratégica, alinhada aos seus objetivos corporativos e ao perfil de seus  acionistas. Dessa forma, a Ambev continua a atuar de forma sólida no mercado de capitais,  atendendo às expectativas do mercado financeiro enquanto preserva sua autonomia no processo  de gestão e governança.  

1.8 Qual o percentual do Free Float   

O free float da Ambev (ABEV3) representa aproximadamente 27,8% de suas ações em  circulação, totalizando um valor de mercado de cerca de R$ 4,39 bilhões. Esse percentual indica a  parte das ações disponíveis para negociação no mercado, o que impacta diretamente a liquidez  do papel na Bolsa de Valores (B3). Um free float menor sugere que uma parte significativa do  capital da empresa está concentrada em acionistas controladores ou estratégicos, o que pode  influenciar a volatilidade e a dinâmica de negociação das ações. Para os investidores, entender  essa estrutura é fundamental para avaliar a exposição e a governança da Ambev no mercado. A  estrutura de governança da empresa, aliada ao seu free float, reflete a confiança do mercado na  Ambev e em sua capacidade de manter a liquidez e estabilidade das ações.  

A Ambev é representada na Bolsa de Valores (B3) pela ação ABEV3, que corresponde às  suas ações ordinárias (ON). Essas ações representam uma fração do capital social da empresa e  conferem aos investidores o direito de voto nas assembleias de acionistas, permitindo que  participem ativamente das decisões estratégicas da companhia. A ABEV3 é uma das ações mais  negociadas na B3, refletindo sua alta liquidez e o reconhecimento do mercado como uma das  líderes no setor de bebidas no Brasil e no mundo. A alta negociação e o volume de ações da  Ambev indicam não apenas confiança do mercado, mas também a estabilidade e governança  corporativa da empresa, que se reflete na sua forte presença no mercado financeiro global.  

1.9 Qual é a auditoria independente que atende a Ambev  

Em 2024, a AMBEV S.A. tomou a decisão estratégica de contratar a Grant Thornton  Auditores Independentes Ltda. para realizar os serviços de auditoria trimestrais e anuais da  empresa nos anos de 2024, 2025 e 2026. A escolha de um novo auditor independente é um passo  importante para a empresa, pois garante uma análise imparcial e detalhada das suas práticas  financeiras e operacionais. De acordo com Carcello, Hermanson, Neal e Riley Jr (2000) a  contratação de auditores independentes qualificados está diretamente relacionada à melhoria da  transparência e confiabilidade das demonstrações financeiras das empresas, o que é essencial  para a manutenção da confiança dos stakeholders.  

A contratação de um novo auditor também reflete o compromisso da AMBEV com a  melhoria contínua dos processos de governança corporativa e controle interno. Com a mudança, a  empresa busca fortalecer a confiança dos investidores e demais stakeholders, garantindo que  suas demonstrações financeiras estejam em conformidade com os princípios contábeis  internacionais e as regulamentações locais. A auditoria independente desempenha um papel  fundamental nesse contexto, pois assegura que os relatórios financeiros da AMBEV sejam  precisos e reflitam a real situação da empresa, proporcionando maior segurança e transparência  no mercado financeiro.  

2. SITUAÇÃO ATUAL DA EMPRESA   

A AMBEV S.A é uma das maiores empresas do setor de bebidas da América Latina, com  atuação em diversos países e marcas reconhecidas no mercado como Skol, Brahma, Antarctica,  Guaraná Antarctica, Pepsi, Budweiser, entre outras. Consolidada como líder no segmento de cervejas no Brasil, a empresa também atua no setor de refrigerantes, energéticos, sucos e águas.   Mesmo enfrentando desafios econômicos em alguns países onde opera, a companhia se  destaca pela sua forte capacidade de gestão financeira, inovação em produtos e estratégias  comerciais bem estruturadas. Sua atuação abrange diversos canais de vendas — desde o varejo  até grandes redes de distribuição — além de contar com presença no mercado de exportação.  

2.1 Análise dos demonstrativos financeirosde até 2 anos históricos  

De acordo com os demonstrativos financeiros divulgados pela AMBEV S.A e disponíveis  EBITDA Despesas Lucro Líquido no site da B3, a empresa apresentou um desempenho de destaque nos últimos dois anos, mesmo  diante de desafios externos. 

Em 2024, a companhia enfrentou dificuldades em suas operações na América do Sul e no  Canadá, o que impactou parcialmente o fechamento anual. Porém, o crescimento das vendas no  Brasil foi suficiente para manter o equilíbrio financeiro e garantir a continuidade de resultados  expressivos.  

Gráfico 1 – Valores da Ambev  

Fonte: AMBEV S.A 

Mesmo com o aumento de impostos, despesas e custos operacionais, a companhia  conseguiu manter sua lucratividade em um nível satisfatório, evidenciando o excelente controle  financeiro e estratégico da organização.  

2.2 Análise Horizontal e Vertical dos principais indicadores empresariais  

A análise horizontal e vertical dos principais indicadores financeiros da Ambev, referentes  ao exercício de 2023 e 2024, evidencia a solidez da companhia, com expansão nas receitas e margens operacionais, mesmo diante de um cenário de desafios econômicos e regionais. A  análise horizontal tem por objetivo avaliar a evolução dos valores financeiros ao longo do tempo,  identificando variações percentuais entre dois exercícios consecutivos. Os resultados para a  Ambev estão apresentados na tabela a seguir:  

 Tabela 1 – Análise Horizontal dos Indicadores Financeiros da Ambev (2023–2024)  Indicador 2023 (R$ milhões) 2024 (R$ milhões) Variação (%)  

Fonte: Destaques Financeiros — Ambev (2024).  

Observa-se um crescimento significativo na Receita Líquida (+12,2%), Lucro Bruto  (+13,3%) e EBITDA Normalizado (+14,0%), refletindo maior volume de vendas e incremento na  receita por hectolitro. Por outro lado, o Lucro Líquido apresentou leve retração de 0,8%, em  função do aumento das despesas tributárias no Brasil e efeitos cambiais adversos na América  Latina. Outro ponto relevante foi à expressiva elevação no saldo de Caixa e Equivalentes  (+82,6%) e a redução de 1,4% na Dívida Total, fatores que reforçaram a solidez financeira da  companhia no exercício.  

A análise vertical permite identificar a representatividade de cada indicador em relação à  Receita Líquida. Os dados percentuais da Ambev em 2023 e 2024 estão organizados na tabela  abaixo:  

Tabela 2 – Análise Vertical dos Indicadores Financeiros da Ambev (2023–2024) 

Fonte: Destaques Financeiros — Ambev (2024).  

Verifica-se um ganho de margem operacional, com o Lucro Bruto e o EBITDA Normalizado  aumentando sua participação percentual sobre a Receita Líquida. Por outro lado, a Margem Líquida sofreu queda de 18,8% para 16,6%, consequência dos fatores extraordinários já  mencionados.  

O desempenho da Ambev em 2024 confirma sua capacidade de adaptação em ambientes  de instabilidade econômica. As operações no Brasil e na América Central e Caribe lideraram o  crescimento, compensando os resultados menos favoráveis na América Latina Sul e no Canadá,  impactados por condições de mercado adversas e efeitos climáticos.  

O fortalecimento da posição financeira, evidenciado pelo aumento no caixa e redução da  dívida, juntamente com a expansão das margens operacionais, demonstra a eficiência da gestão  financeira e operacional da companhia. Ainda que o lucro líquido tenha apresentado pequena  retração, o desempenho geral permaneceu robusto, permitindo à empresa manter sua  competitividade e resiliência diante de desafios regionais e macroeconômicos.  

2.3 Indíce de Endividamento (IE) Capital próprio e de terceiros  

O Índice de Endividamento (IE) é um indicador que evidencia a proporção dos recursos de  terceiros utilizados no financiamento dos ativos de uma empresa em relação ao seu capital  próprio. Esse índice permite avaliar o grau de dependência da companhia em relação a capitais  de terceiros, sendo um importante parâmetro para análise de risco financeiro.  

Na análise realizada, a Ambev apresentou os seguintes resultados:  

Tabela 3 – Indíce de Endividamento  

Fonte: Destaques Financeiros — Ambev (2024). 

Em 2023, o IE da companhia foi de 4,19%, demonstrando uma estrutura de capital  fortemente baseada em recursos próprios e uma baixa dependência de capital de terceiros. Já em  2024, observou-se uma redução para 3,35%, o que indica um movimento de desalavancagem  financeira, possivelmente associado a estratégias de redução de passivos e aumento da utilização  de capital próprio.  

2.4 Indíce de Composição do Endividamento (ICE) – Curto e Longo Prazo  

O Índice de Composição do Endividamento (ICE) aponta a proporção das dívidas de curto  prazo em relação ao total do endividamento da empresa. Esse indicador permite avaliar a pressão  sobre a liquidez da companhia e seu perfil de financiamento.  

Tabela 4 – Indíce de Composição do Endividamento  

Fonte: Destaques Financeiros — Ambev (2024).

Em 2023, o ICE da Ambev foi de 37,08%, indicando que essa parcela da dívida era  composta por obrigações a serem quitadas no curto prazo. No ano de 2024, houve uma leve  redução para 36,97%, sinalizando um pequeno alongamento do perfil da dívida e conferindo maior  equilíbrio à estrutura financeira da empresa.  

2.5 Perfil do Endividamento  

A análise do perfil de endividamento abrange a segmentação das obrigações financeiras  entre curto e longo prazo, além da composição entre capital de terceiros (empréstimos) e capital  próprio.  

Tabela 5 – Perfil do Endividamento 

Fonte: Destaques Financeiros — Ambev (2024).  

Houve uma redução nos empréstimos em moeda nacional e um aumento nos empréstimos  em moeda estrangeira, indicando a busca por melhores condições de financiamento internacional.  O capital próprio apresentou pequeno acréscimo, reforçando a base patrimonial da companhia.  

2.6 Grau de Alavancagem Operacional (GAO)  

Para Mandelker e Rhee (1984) a alavancagem operacional traduz o benefício de se  incrementar o lucro de forma mais que proporcional por cada venda realizada. Devido a esse  efeito multiplicador, pode ser definida como uma medida do grau de sensibilidade do lucro às  variações nas receitas de vendas. Os valores mais elevados indicam maior proporção de custos  fixos e maior potencial de variação no lucro operacional em resposta a alterações na receita. 

Tabela 6 – GAO  

Fonte: Destaques Financeiros — Ambev (2024).  

De acordo com as notas explicativas (AMBEV S.A., 2024), a companhia apresentou um  crescimento relevante em sua receita líquida consolidada, que passou de R$ 79,7 bilhões em  2023 para R$ 89,4 bilhões em 2024. Esse desempenho foi impulsionado, principalmente, pelo  aumento no volume de vendas e pelos reajustes de preços aplicados em seus principais  mercados. Como consequência, o lucro operacional consolidado alcançou R$ 21,8 bilhões em  2024, frente aos R$ 18,8 bilhões registrados no exercício anterior. Tal cenário contribuiu  diretamente para a elevação do Grau de Alavancagem Operacional (GAO), que passou de 0,23%  em 2023 para 3,40% em 2024. O índice verificado em 2023 indicava uma baixa sensibilidade do  lucro operacional frente às variações nas receitas, o que sugere que, naquele período, as oscilações de receita exerceram impacto moderado sobre o resultado operacional, possivelmente  em função de uma estrutura de custos e despesas menos otimizada.  

Em contrapartida, o crescimento expressivo do GAO em 2024 evidencia uma maior  sensibilidade do lucro operacional às alterações nas receitas de vendas. Esse aumento ocorreu  porque, além da ampliação da receita líquida, a companhia conseguiu manter parte de seus  custos, especialmente os fixos, relativamente estáveis. Assim, com o incremento na receita e a  diluição dos custos fixos sobre um volume maior de vendas, qualquer elevação na receita passou  a gerar um efeito proporcionalmente maior no lucro operacional, caracterizando o ganho de  margem e o efeito multiplicador típico da alavancagem operacional. Esse resultado foi favorecido  pela combinação de uma gestão mais eficiente de custos e despesas e pela capacidade da  companhia de repassar parte dos aumentos de custos e das variações cambiais aos preços  praticados.  

A alteração significativa no GAO está diretamente associada à estratégia empresarial  conduzida pelo ex CEO da companhia, Jean Jereissati Neto, que, nos últimos anos, priorizou o  crescimento rentável, a diversificação do portfólio e o fortalecimento da eficiência operacional.  Nesse contexto, a gestão reposicionou a companhia, reduzindo a dependência do segmento de  cervejas e ampliando a atuação em bebidas não alcoólicas e novas categorias. Além disso, foram  realizados reajustes estratégicos de preços nos principais mercados, otimização da cadeia  logística, redução das despesas administrativas, reposicionamento de marcas e expansão dos  canais digitais e de delivery, bem como o aumento da participação em operações estrangeiras  consideradas rentáveis.  

Tais medidas mostraram-se necessárias diante do ambiente desafiador enfrentado pelo  mercado de bebidas no Brasil e na América Latina, caracterizado por elevação dos custos —  incluindo matérias-primas, energia e logística — e instabilidade cambial, fatores que pressionaram  as margens operacionais. Nesse cenário, para preservar a rentabilidade e sustentar o crescimento  do lucro, a companhia implementou uma estratégia fundamentada no reposicionamento do  portfólio, na obtenção de ganhos de eficiência operacional e na gestão criteriosa de preços e  receitas. Como resultado, alcançou-se não apenas o aumento expressivo da receita líquida, mas  também um controle mais eficiente dos custos e despesas, o que potencializou a alavancagem  operacional e evidenciou a eficácia da gestão financeira e operacional adotada em 2024.  

2.7 Valor da empresa de acordo com o valor de suas ações e valor patrimonial  

Em 2024, a Ambev apresentou um avanço significativo em seus indicadores patrimoniais,  evidenciando a consistência da sua estrutura financeira. O patrimônio líquido da companhia  alcançou R$ 99,581 bilhões, representando um crescimento de 24% em relação a 2023, quando  somava R$ 80,144 bilhões. Esse desempenho reforça a capacidade da empresa em gerar valor para seus acionistas, o que também se refletiu no Valor Patrimonial por Ação (VPA), que passou  de R$ 5,09 para R$ 6,33 no mesmo período.  

Tabela 7 – Indicadores Patrimoniais da Ambev (2023–2024)  

Fonte: Destaques Financeiros — Ambev (2024).  

A capitalização de mercado da Ambev, contudo, encerrou o ano em R$ 184,995 bilhões,  inferior aos R$ 216,240 bilhões registrados em 2023. Esse recuo é resultado da oscilação no  preço das ações, mesmo diante da melhora dos fundamentos patrimoniais. Nesse cenário, a  relação Preço/Valor Patrimonial (P/VPA) foi de 1,86, indicando que o mercado continua atribuindo  às ações da companhia um valor cerca de 86% superior ao seu valor contábil, sinalizando boas  expectativas quanto ao desempenho futuro.  

Outro fator relevante no exercício foi o lucro líquido obtido no quarto trimestre de 2024, que  totalizou R$ 5 bilhões e superou as projeções de mercado, que estimavam R$ 4,6 bilhões. No  entanto, a operação de cervejas no Brasil enfrentou retração de 3,9% na receita líquida,  pressionada por aumentos na carga tributária em algumas regiões. Apesar disso, a Ambev  manteve a política de remuneração aos acionistas, distribuindo R$ 10,5 bilhões no ano.  

Tabela 8 – Resultados e Proventos Ambev (4º Trim./2024)  

Fonte: Destaques Financeiros — Ambev (2024).  

O desempenho patrimonial e financeiro de 2024 evidencia a robustez e a boa capacidade  de adaptação da Ambev frente aos desafios macroeconômicos e tributários. A valorização do  VPA, a relação P/VPA acima de 1 e a consistência na distribuição de proventos reforçam a  confiança do mercado e o compromisso da empresa com a geração de valor aos acionistas. Para  os próximos períodos, será fundamental acompanhar os desdobramentos das políticas tributárias  regionais e os efeitos no consumo, principalmente no setor de bebidas. 

2.8 Fatos relevantes ocorridos no ano de 2024 no exercício  

Segundo IPEA (2011) o século XXI é marcado por uma transformação significativa no  mercado econômico mundial, onde vale ressaltar, o crescimento signicativo dos chamados BRICS, que devido ao crescimento expandiu o G-8 par G20 anexando mais países ao principal  bloco econômico mundial. O mercado econômico integrado permite a internacionalização das  empresas de maneira otimizada, toda via, ele também traz os desafios decorrentes dessa  sensibilidade de mercado.  

Segundo o portal E-investidor (2025) o Brasil enfrentou a maior retirada de investimentos  externos em 9 anos, com uma retirada de R$ 24,2 Bilhões, com destaque negativo para o mês de  abril que registrou 11,10% negativo. Esse cenário impacta no resultado da empresa tendo em  vista, que mesmo tendo parte de sua receita com origem o exterior, a maior parte da sua receita  em real, consequentemente, uma retirada significativa dos investidores tal como no ano de 2024  impacta diretamente nos resultados da empresa.  

Além dos desafios enfrentados pela empresa devido ao mercado nacional, no ano de  2024, a Ambev também enfrentou alguns desafios devido a maiores taxas de imposto de valor  agregado em alguns estados do Brasil conforme destacado no capítulo 2.09.  

2.09 Gráfico com as variações do valor das ações (ON/PN)  

No decorrer de 2024, as ações da Ambev (ABEV3) apresentaram um comportamento  volátil, influenciado por distintos fatores de ordem econômica e operacional. No quarto trimestre, a  companhia reportou um lucro líquido de R$ 5 bilhões, o que representa um incremento de 11% em  relação ao mesmo período do ano anterior. Esse resultado superou as expectativas do mercado,  que projetavam um lucro de R$ 4,6 bilhões para o período.  

Apesar desse desempenho favorável, a operação de cervejas no Brasil enfrentou  adversidades, registrando uma retração de 3,9% na receita líquida quando comparada ao ano  anterior. Tal resultado decorre, principalmente, do aumento nas alíquotas de imposto sobre valor  agregado em determinadas unidades federativas. No que se refere à política de remuneração aos  acionistas, a Ambev anunciou a distribuição de R$ 10,5 bilhões, correspondentes a R$ 0,4228 por  ação, além da distribuição de juros sobre o capital próprio (JCP) no valor de R$ 0,2448 por ação,  totalizando R$ 0,6676 por papel negociado.  

Diante desse cenário, as oscilações no valor das ações refletiram tanto a resposta do  mercado aos resultados financeiros quanto o impacto das mudanças tributárias regionais. Além  disso, fatores externos, como a variação cambial e o desempenho das operações internacionais  da companhia, também exerceram influência sobre os preços dos papéis.  

Por fim, é importante destacar que o setor de bebidas, no qual a Ambev está inserida,  continua sujeito a oscilações sazonais e fatores econômicos, o que contribui para a volatilidade  natural das ações da companhia ao longo do ano.  

Gráfico 2 – Variação Mensal do Valor das Ações em 2024  

Fonte: Dados de Mercado (2025).  

3 PROJEÇÃO DE CRESCIMENTO PARA A AMBEV (2025-2027)  

Para estimar o desempenho econômico da Ambev nos próximos três anos, foram  consideradas três variáveis essenciais que historicamente influenciam a receita da companhia: o  crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a inflação somada ao crescimento orgânico e os  impactos das commodities associados aos ganhos de eficiência operacional. A partir dessas  referências, elaboraram-se projeções anuais para o período de 2025 a 2027, permitindo uma análise  fundamentada sobre o potencial de crescimento da empresa.  

A primeira variável utilizada foi o crescimento do PIB, dado o forte vínculo da Ambev com o  consumo das famílias e com o desempenho da economia doméstica. Considerando que o setor de  bebidas, historicamente, tende a crescer entre 1,5 e 2 vezes o PIB, foi aplicado um multiplicador de  1,7 sobre as projeções de crescimento econômico divulgadas para o período. Assim, as estimativas  indicaram taxas de crescimento de 3,4% para 2025, 4,3% para 2026 e 4,6% para 2027.  

Além disso, foi analisado o efeito da inflação sobre os preços praticados pela empresa,  somado a um crescimento orgânico médio. Esse indicador considera a capacidade da Ambev de  repassar parte da inflação ao consumidor e ainda promover um crescimento real, estimado em 2%  ao ano. Dessa forma, com as projeções inflacionárias de 4,2%, 3,8% e 3,5% para os anos de 2025,  2026 e 2027, respectivamente, as taxas projetadas de crescimento ficaram em 6,2%, 5,8% e 5,5%  para cada ano.  

Por fim, considerou-se a variável relacionada aos custos das commodities e aos ganhos de  eficiência operacional, tendo em vista que a Ambev é diretamente impactada pelos preços de  insumos como malte, alumínio e energia elétrica. Estimou-se um ganho fixo de 25% em eficiência operacional, acrescido do impacto previsto das commodities sobre os custos de produção. Assim,  as projeções apontaram para crescimentos de 6% em 2025, 7% em 2026 e 8% em 2027, refletindo  um avanço expressivo na eficiência produtiva e maior capacidade de absorção de custos setoriais.  

Com base nesses três critérios, foi realizada uma média ponderada, atribuindo-se pesos de  30% para o PIB Base, 30% para Inflação + Crescimento Orgânico e 40% para Commodities +  Eficiência. Essa nova ponderação confere maior destaque aos ganhos operacionais e aos fatores  ligados à estrutura de custos. Os resultados da média ponderada indicaram taxas de crescimento de  4,86% para 2025, 5,59% para 2026 e 6,11% para 2027. Esse cenário aponta para uma trajetória de  expansão sólida e sustentada da Ambev ao longo dos próximos anos, impulsionada pela  recuperação econômica, resiliência frente à inflação e substanciais ganhos de eficiência  operacional.  

Tabela 9 – Projeçaõ de crescimento para a Ambev.  

Fonte: Elaborado pelos autores (2025).  

Gráfico 3 – Projeção de Receita Ambev  

Fonte: Elaborado pelos autores (2025).  

4 METODOLOGIA  

Este estudo adota uma abordagem metodológica que envolve a avaliação de uma análise  financeira e econômica da empresa Ambev, com o objetivo de compreender seu desempenho ao  longo de um determinado período. Para isso, utiliza-se a pesquisa documental, que se fundamenta na análise de dados extraídos de relatórios financeiros públicos divulgados pela própria  organização. Segundo Gil (2002, p. 45), “a pesquisa documental vale-se de materiais que não  recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os  objetos da pesquisa”.  

Dessa forma, foram utilizados relatórios financeiros disponibilizados pela Ambev, os quais  serviram como base para examinar o desempenho econômico-financeiro da empresa. A análise  desses documentos possibilitou a extração de dados relevantes para a compreensão da situação  contábil e financeira da organização, alinhando-se aos objetivos da pesquisa. Assim, os documentos  utilizados foram interpretados conforme os objetivos propostos, permitindo uma visão crítica e  aprofundada sobre a realidade financeira da empresa.  

Além da pesquisa documental, também foi adotada a pesquisa bibliográfica como  complemento à análise financeira, possibilitando o embasamento teórico necessário para a  interpretação dos dados obtidos. A combinação dessas abordagens permitiu não apenas a  descrição dos resultados financeiros da Ambev, mas também a contextualização desses dados à luz  dos conceitos de gestão financeira e análise de desempenho empresarial.  

Segundo Gil (2002), a pesquisa bibliográfica é construída a partir de materiais já publicados,  como livros e artigos científicos. Ela é frequentemente utilizada em estudos exploratórios e análises  de ideologias, sendo comum que muitos trabalhos acadêmicos se baseiem quase exclusivamente  nesse tipo de fonte. No presente estudo, a pesquisa bibliográfica foi essencial para compreender os  conceitos fundamentais de análise financeira, avaliação de desempenho e indicadores econômicos,  permitindo interpretar de maneira mais aprofundada os dados extraídos dos relatórios da empresa.  

A análise realizada possui caráter qualitativo e quantitativo. O aspecto quantitativo está  relacionado à coleta, organização e interpretação dos dados numéricos extraídos dos  demonstrativos financeiros da empresa, como o balanço patrimonial e a demonstração do resultado  do exercício (DRE). Já o aspecto qualitativo refere-se à interpretação crítica desses dados,  buscando compreender as estratégias adotadas pela organização, seu posicionamento no mercado  e os fatores que influenciaram seu desempenho no período analisado.  

Por fim, a delimitação temporal da pesquisa compreende o ano de 2023 e 2024. Dessa  forma, a metodologia adotada visa oferecer uma análise estruturada, confiável e alinhada aos  objetivos do estudo, permitindo ao leitor compreender de forma clara e fundamentada a situação  econômico-financeira da Ambev.  

CONSIDERAÇÔES FINAIS  

Ao longo deste estudo, foi possível identificar os principais aspectos estruturais, financeiros e  estratégicos que influenciam o desempenho da Ambev S.A., conforme detalhado nos capítulos  anteriores. A análise econômico-financeira realizada sobre a Ambev S.A. permitiu constatar a robustez e a resiliência da companhia diante de um cenário econômico desafiador, tanto no  mercado interno quanto externo. Os resultados obtidos nos exercícios de 2023 e 2024 evidenciaram  a capacidade da empresa em manter a estabilidade financeira, com destaque para o crescimento da  Receita Líquida, Lucro Bruto e EBITDA, mesmo diante de pressões tributárias, adversidades  cambiais e oscilações no volume de vendas em algumas regiões.  

Os índices de endividamento analisados indicam uma estrutura de capital sólida, com baixa  dependência de recursos de terceiros e um perfil de endividamento bem equilibrado entre curto e  longo prazo. Além disso, o aumento no Grau de Alavancagem Operacional em 2024 reforça a  sensibilidade da companhia às variações nas receitas, potencializando seus lucros operacionais em  momentos de alta na demanda.  

É importante destacar, ainda, a relevância da Ambev no cenário econômico e no mercado de  capitais, sendo uma das maiores cervejarias da América Latina e com presença consolidada em 17  países. No quarto trimestre de 2024, a companhia apresentou um lucro líquido ajustado de R$ 5,02  bilhões, com crescimento de 7,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, mesmo com a  retração no volume total de vendas. Esse desempenho reafirma a resiliência da organização e sua  capacidade de adaptação diante de cenários adversos, mantendo a eficiência operacional e o  compromisso com a geração de valor aos acionistas.  

As análises de mercado revelaram que, ao longo de 2024, a cotação das ações da Ambev  (ABEV3) demonstrou forte correlação com os resultados financeiros divulgados e as decisões  estratégicas da companhia. A valorização das ações, especialmente após o anúncio de lucro acima  das expectativas e a distribuição de R$ 10,5 bilhões em proventos, evidenciou a sensibilidade dos  investidores às informações corporativas e às oscilações do ambiente econômico. Por outro lado,  fatores como o aumento da carga tributária em algumas regiões e a queda no volume de vendas  afetaram pontualmente a performance das ações, reforçando a influência dos acontecimentos  externos e internos na formação de preço dos ativos.  

Além disso, o estudo evidencia a importância de empresas de capital aberto como a Ambev  manterem políticas transparentes de governança corporativa e estratégias consistentes de  comunicação com o mercado, especialmente em um ambiente econômico marcado pela volatilidade  e pela retirada significativa de investimentos estrangeiros, como ocorreu em 2024. A capacidade da  companhia de manter sua posição de liderança no setor de bebidas, conciliando eficiência  operacional, responsabilidade financeira e compromisso com os acionistas, projeta um cenário  favorável para a Ambev nos próximos períodos.  

Complementando essa análise, as projeções de crescimento elaboradas para os anos de  2025 a 2027 indicam uma tendência de expansão gradual da receita da companhia, mesmo diante  de um cenário macroeconômico sujeito a oscilações. Com base em três variáveis — crescimento do  PIB, inflação somada a crescimento orgânico e variação de commodities associada a ganhos de eficiência — a média ponderada das projeções apontou para taxas de crescimento de 4,86% em  2025, 5,59% em 2026 e 6,11% em 2027.  

Adicionalmente, foi realizada uma estimativa do comportamento do Grau de Alavancagem  Operacional (GAO) da Ambev para o mesmo período. Considerando o perfil de custos fixos  relevantes da companhia e os ganhos previstos de eficiência produtiva, espera-se que o GAO, que  já apresentou elevação em 2024, mantenha-se em patamares elevados, potencializando os  resultados operacionais diante de incrementos na receita. Assim, as projeções apontam para um  GAO médio de 2,2 em 2025, 2,4 em 2026 e 2,5 em 2027, indicando que, para cada 1% de  crescimento na receita, o lucro operacional tende a crescer 2,2%, 2,4% e 2,5%, respectivamente,  em cada ano do período analisado.  

Esses resultados, alinhados ao desempenho recente e à estrutura financeira sólida da  empresa, reforçam a expectativa de continuidade da trajetória de crescimento e geração de valor  para os acionistas. Assim, conclui-se que, mesmo diante de adversidades econômicas e setoriais, a  Ambev permanece como uma companhia resiliente, com fundamentos consistentes, eficiência  operacional crescente e perspectivas favoráveis para os próximos exercícios.  

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1Faculdade de Tecnologia de Guaratinguetá, E-mail: ludmilaluiza988@gmail.com