ADMINISTRAÇÃO DE TOXINA BOTULÍNICA COMO INTERVENÇÃO ESTÉTICA NA ROSÁCEA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202510311340


Adrielly de Souza Brito1
Maria Eduarda Martins Siqueira2
Orientadora: Profa. Érica Erlanny da Silva Rodrigues3


RESUMO 

A rosácea é uma dermatose inflamatória crônica que acomete predominantemente a região centrofacial, caracterizando-se por eritema, pápulas, pústulas e telangiectasias, os quais impactam negativamente a qualidade de vida dos pacientes. Apesar da variedade de abordagens terapêuticas disponíveis, o tratamento da rosácea ainda representa um desafio clínico, especialmente em casos refratários ou com efeitos adversos decorrentes do uso prolongado de medicamentos convencionais. Nesse cenário, a toxina botulínica tipo A (BTX-A) desponta como uma alternativa promissora, devido às suas propriedades anti-inflamatórias e moduladoras da atividade neurovascular cutânea. Esta revisão integrativa da literatura teve como objetivo analisar as evidências científicas recentes sobre a aplicação intradérmica da BTX-A no manejo da rosácea. Foram selecionados estudos que investigaram a eficácia, segurança e mecanismos de ação da toxina. Os resultados demonstraram melhora clínica significativa, com redução do eritema persistente, do flushing e da inflamação cutânea, além de relatos de melhora na qualidade de vida dos pacientes. A resposta terapêutica foi observada nas primeiras semanas após a aplicação, com duração média de três a seis meses e baixa incidência de efeitos adversos. Conclui-se que, embora sejam necessários estudos controlados de maior escala e com seguimento prolongado, a toxina botulínica tipo A representa uma abordagem terapêutica inovadora, segura e eficaz para pacientes com rosácea, especialmente aqueles que não respondem às terapias convencionais. 

Palavras-chaves: Rosácea. Toxina botulínica. Tratamento intradérmico. Manejo estético. Dermatologia. 

ABSTRACT 

Rosacea is a chronic inflammatory dermatosis that primarily affects the central facial region. It is characterized by erythema, papules, pustules, and telangiectasias, which collectively can significantly impair patients’ quality of life. Although various therapeutic approaches are available, treatment remains a clinical challenge, particularly in refractory cases or when adverse effects arise from prolonged use of conventional medications. In this context, botulinum toxin type A (BTX-A) emerges as a promising alternative due to its anti-inflammatory properties and its ability to modulate cutaneous neurovascular activity. This integrative literature review aims to analyze current scientific evidence regarding the intradermal application of BTX-A in the management of rosacea. Studies published in recent years were selected to evaluate the efficacy, safety, and mechanisms of action of the toxin in this setting. The results demonstrate significant clinical improvement, particularly in persistent erythema, facial flushing, and inflammatory symptoms, with reports of enhanced quality of life. Therapeutic response was typically observed within the first few weeks post-application, lasting an average of three to six months, and associated with a low incidence of adverse effects. In conclusion, although further controlled and longterm studies are needed, botulinum toxin type A represents an innovative, safe, and potentially effective therapeutic approach for patients with rosacea who do not respond to conventional treatments. 

Keywords: Rosacea. Botulinum toxin. Intradermal treatment. Esthetic management. Dermatology.

1. INTRODUÇÃO 

A rosácea é uma condição crônica da face, caracterizada por eritema, edema, telangiectasias e pápulas, podendo incluir pústulas e nódulos. A rosácea foi originalmente classificada pelo Comitê de Especialistas da Sociedade Nacional de Rosácea de acordo com uma abordagem de subtipos, com 4 subtipos predominantes: eritrotelangiectásico, papulopustular, fimatoso e ocular. A forma eritrotelangiectásica é caracterizada por eritema facial persistente, muitas vezes associado à presença de telangiectasias. Já a apresentação pápulo-pustulosa cursa com vermelhidão na face acompanhada de quantidade variável de pápulas e pústulas eritematosas. A variante fimatosa provoca espessamento da pele e hiperplasia das glândulas sebáceas, especialmente na região nasal, levando ao rinofima. Quando acomete os olhos, manifesta-se geralmente por blefarite, conjuntivite e calázio. Além disso, pode ocorrer em associação a outras dermatoses. (Van Zuuren et al., 2021) 

Embora sua patogênese exata seja desconhecida, diversos fatores são considerados relevantes, como a disfunção do sistema imunológico inato e a exposição à radiação ultravioleta. Outros aspectos importantes incluem a disfunção da barreira epidérmica e inflamação neurogênica, onde nervos sensitivos liberam neuromediadores, resultando em vasodilatação (Oliveira et al., 2020).  

De uma forma geral, a rosácea é uma doença comum na população mundial, afetando cerca de 10% da população, com destaque para países da Europa e da América do Norte. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, a rosácea afeta entre 1,5% a 10% da população, apresentando uma maior prevalência nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. A condição afeta principalmente pessoas do sexo feminino, com uma relação de 3:1 em relação aos homens. Pessoas de pele clara e sensíveis ao sol, estão mais vulneráveis (Suarez et al., 2023; Sociedade Brasileira de Dermatologia, 2020). 

O portador da rosácea precisa se atentar para fatores externos como alimentação, estresse, álcool, frio e calor, pois estes podem desencadear o surto da doença, por estarem conectados, de forma direta ou indireta, ao sistema imunológico da pessoa (Del Rosso et al., 2019). 

Os tratamentos disponíveis para essa condição incluem uma variedade de abordagens, como terapias tópicas, medicamentos orais e combinações com laser e outras tecnologias. Observa-se que tratamentos tradicionais, como o uso de antibióticos e corticosteróides ainda que amplamente utilizados, podem ocasionar efeitos adversos sistêmicos significativos, em contrapartida, a toxina botulínica tipo A apresenta um perfil de segurança mais favorável, com menor incidência de efeitos colaterais sistêmicos (Gouveia et al., 2020; Malachoski et al., 2021). 

A toxina botulínica vem se mostrando uma opção terapêutica promissora, sendo eficaz na redução de lesões inflamatórias e eritema decorrentes da rosácea, oferecendo satisfação e melhora na vida dos pacientes (Costa; Felizola; Ferreira da Silva, 2024). 

A Toxina Botulínica tipo A, ao ser injetada intramuscularmente, bloqueia a liberação de acetilcolina nos terminais dos nervos motores, resultando em uma denervação química temporária promovendo relaxamento muscular. Estudos mostram que a injeção intradérmica bloqueia a liberação de acetilcolina, resultando em vasodilatação e alívio no eritema reacional da rosácea (Ferreira et al., 2023; Couto et al., 2018). 

O tratamento com a toxina botulínica depende da dosagem aplicada e é reversível, uma vez que novos receptores são formados. Portanto, é necessário ter um intervalo entre uma aplicação e outra, pois, o corpo é capaz de desenvolver anticorpos contra a toxina (Gouveia et al., 2020). 

É essencial que o procedimento seja realizado por um profissional capacitado, que siga os protocolos adequados a cada seis meses, para evitar o risco de reações adversas (Ferreira et al., 2023). 

O estudo dos efeitos da toxina botulínica tipo A no tratamento da rosácea é fundamental para a expansão das opções terapêuticas, oferecendo alternativas mais seguras e eficazes. Este trabalho fornece atualizações importantes que demonstram a capacidade da toxina botulínica de reduzir a inflamação e o rubor facial, melhorando a qualidade de vida dos pacientes, conforme descrito por (Sá et al. 2023). Dessa forma, a importância de aprofundar o conhecimento sobre o uso da toxina botulínica no tratamento da rosácea, evidenciando sua relevância para a prática clínica representa uma relevância no estado da arte de intervenções estéticas para esta disfunção.  

2. METODOLOGIA 

Este trabalho foi desenvolvido por meio de uma revisão integrativa da literatura, que se caracteriza por sintetizar e analisar estudos relevantes sobre o uso da toxina botulínica tipo A no tratamento da rosácea. Assim, teve-se como propósito reunir evidências atualizadas que fundamentam a aplicabilidade dessa abordagem terapêutica na prática biomédica. A revisão foi conduzida por etapas sistemáticas, começando pela definição da questão norteadora da pesquisa: como a toxina botulínica tipo A pode ser utilizada no tratamento da rosácea e quais são seus efeitos no controle da doença? 

Realizou-se a busca bibliográfica nas bases de dados PubMed, SciELO e Portal de Periódicos CAPES, utilizando descritores extraídos dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), bem como palavras-chave equivalentes em inglês, abrangendo os termos rosácea, toxina botulínica tipo A e terapia dermatológica. 

Foram incluídos artigos científicos originais, revisões sistemáticas, estudos experimentais, trabalhos de conclusão de curso, teses e dissertações publicados entre os anos de 2015 e 2025, redigidos em português ou inglês, que apresentem dados completos e abordem diretamente a relação entre o uso da toxina botulínica e o controle clínico da rosácea. Além disso, a análise também abrangeu estudos que apresentem metodologia clara, resultados consistentes e relevância para o contexto da prática biomédica. 

Entre os critérios de exclusão, foram desconsideradas publicações anteriores a 2015, bem como textos redigidos em idiomas diferentes do português ou do inglês. Também foram excluídos os estudos que não abordam diretamente o uso da toxina botulínica tipo A em casos de rosácea, aqueles que apresentam dados incompletos, metodologia insuficiente, fontes não acadêmicas como blogs, fóruns ou redes sociais, e pesquisas que não atendam aos critérios éticos estabelecidos para publicações científicas. 

3. RESULTADOS 

Foram identificados 86 estudos nas bases PubMed, SciELO e Portal de Periódicos CAPES. Após a análise de títulos e resumos, 59 estudos foram excluídos por não apresentarem relação direta com o tema ou não atenderem aos critérios pré estabelecidos, resultando em 27 artigos selecionados para leitura na íntegra. 

Na etapa de elegibilidade, esses 27 estudos foram avaliados conforme os critérios de inclusão: artigos originais, revisões sistemáticas, estudos experimentais, TCCs, teses e dissertações, publicados entre 2015 e 2025, nos idiomas português ou inglês, com dados completos, metodologia clara e discussão direta sobre o uso da toxina botulínica tipo A no tratamento da rosácea. Também foi considerada a relevância científica e aplicabilidade clínica para a prática biomédica. 

Foram excluídos estudos anteriores a 2015, escritos em outros idiomas, que não abordavam especificamente a toxina botulínica em casos de rosácea, apresentavam dados incompletos, metodologia insuficiente, fontes não acadêmicas (como blogs, fóruns ou redes sociais), ou que não atendiam aos princípios éticos de pesquisa científica. 

Após esse processo de seleção, 7 estudos atenderam integralmente aos critérios de inclusão e compuseram a amostra final desta revisão integrativa (Figura 1). 

O Quadro 1 apresenta a síntese dos estudos incluídos nesta revisão integrativa, abordando o uso da toxina botulínica tipo A no tratamento da rosácea. Os artigos selecionados foram publicados entre os anos de 2015 e 2023, conduzidos em diferentes países, incluindo Brasil e Estados Unidos. Observa-se que a maioria dos estudos foi realizada em ambientes dermatológicos clínicos e universitários, com enfoque na rosácea eritemato-telangiectásica. De modo geral, os resultados demonstram que a aplicação intradérmica da toxina botulínica tipo A promoveu redução significativa do eritema, flushing e inflamação cutânea, além de melhora da qualidade de vida dos pacientes, sem relato de efeitos adversos relevantes (Alsaati et al., 2023; Choi et al., 2019; Weinkle et al., 2015). 

Figura 1. Fluxograma do processo de seleção dos estudos.

Fonte: Desenvolvido pelas autoras, 2025. 

O Quadro 1 apresenta a síntese dos estudos incluídos nesta revisão integrativa, abordando o uso da toxina botulínica tipo A no tratamento da rosácea. Os artigos selecionados foram publicados entre os anos de 2015 e 2023, conduzidos em diferentes países, incluindo Brasil e Estados Unidos. Observa-se que a maioria dos estudos foi realizada em ambientes dermatológicos clínicos e universitários, com enfoque na rosácea eritemato-telangiectásica. De modo geral, os resultados demonstram que a aplicação intradérmica da toxina botulínica tipo A promoveu redução significativa do eritema, flushing e inflamação cutânea, além de melhora da qualidade de vida dos pacientes, sem relato de efeitos adversos relevantes (Alsaati et al., 2023; Choi et al., 2019; Weinkle et al., 2015). 

Quadro 1:  Estudos incluídos na revisão integrativa e seus principais achados.

Fonte: Desenvolvido pelas autoras, 2025. 

Embora a rosácea já tenha sido caracterizada em seções anteriores, é pertinente destacar aspectos fisiopatológicos que sustentam os avanços terapêuticos recentes. A doença envolve uma complexa interação entre fatores neurovasculares, imunológicos e microbianos, incluindo a ativação de mastócitos, o aumento da expressão de receptores TRPV1 e a presença exacerbada de Demodex folliculorum na pele. Esses mecanismos contribuem para o eritema persistente, a inflamação e a hipersensibilidade cutânea observadas nos pacientes (Oliveira et al., 2020). 

Com base nesse entendimento, novas abordagens terapêuticas têm sido desenvolvidas, como o uso de inibidores de proteases, moduladores neurovasculares e terapias combinadas com luz pulsada intensa (IPL) e laser, além da terapia de punção colateral, que tem apresentado bons resultados em casos refratários (Manzan et al., 2024; Pereira et al., 2023).  

A integração entre o conhecimento fisiopatológico e a prática clínica tem ampliado as possibilidades de controle da rosácea, promovendo tratamentos mais personalizados, seguros e eficazes, e reforçando o potencial da toxina botulínica tipo A como uma alternativa promissora dentro desse contexto terapêutico (Silva; Gontijo, 2022). 

A figura 2, apresenta os principais tipos de rosácea, seus sintomas característicos e terapias tradicionalmente utilizadas. A forma eritematotelangiectásica é marcada por vermelhidão persistente e vasos aparentes; a papulopustulosa demonstra pápulas e pústulas sobre áreas avermelhadas; a forma fimatosa mostra espessamento da pele, especialmente no nariz; e a ocular envolve irritação, vermelhidão e desconforto nos olhos. Para cada tipo, estão indicadas as abordagens terapêuticas mais utilizadas, como medicamentos tópicos, antibióticos orais, luz pulsada, laser e, em casos específicos, procedimentos cirúrgicos, conforme descrito por ( Steinhoff et al., 2016). 

Figura 2: Classificação da Rosácea

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2025. 

A seguir, são apresentados os resultados obtidos a partir da aplicação da toxina botulínica tipo A no tratamento da rosácea. As simulações demonstram a evolução clínica dos pacientes antes e após as sessões, evidenciando as mudanças observadas na coloração, textura e aparência geral da pele. Estudos como os de (Alsaati et al. 2023) e (Choi et al. 2019) demonstram que a aplicação intradérmica da toxina promoveu melhora significativa dos sintomas da rosácea, incluindo redução do eritema e da inflamação cutânea. 

Por meio da comparação entre os desenhos de “antes” e “depois”, é possível observar a redução da vermelhidão facial, a melhora na uniformidade do tom de pele e a diminuição das lesões inflamatórias características da rosácea. Esses resultados reforçam a eficácia terapêutica da toxina botulínica tipo A como uma alternativa promissora no manejo da doença. 

A figura 3, representa uma simulação de pacientes com rosácea antes e depois do tratamento. No primeiro momento, observa-se eritema facial acentuado e presença de telangiectasias predominantes nas regiões das bochechas e do nariz. Na imagem simulada do pós-tratamento, após a aplicação de toxina botulínica tipo A associada à luz pulsada intensa (IPL), é demonstrada uma melhora visível do eritema e redução das telangiectasias, principalmente nas áreas malar e nasal (Weinkle et al., 2015). 

Figura 3: Na simulação (A) observa-se redução significativa do eritema e das telangiectasias nas bochechas e no nariz. Na fotografia (B), a melhora se estende a toda a face, incluindo queixo e testa.

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2025. 

Conforme demonstra a Figura 4, a ilustração demonstra uma paciente com rosácea, apresentando eritema persistente em regiões como testa, bochechas e queixo. Na imagem simulada de um mês após o tratamento com toxina botulínica tipo A, observa-se melhora expressiva do rubor facial. Ao lado, o desenho técnico exibe o esquema das marcações utilizadas para as injeções intradérmicas, indicando de forma didática os pontos de aplicação do procedimento (Vasconcellos et al., 2021).

Figura 4:  Paciente com rosácea e eritema persistente na testa, bochechas e queixo.

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2025. 

4. DISCUSSÃO 

A rosácea é uma dermatose inflamatória crônica caracterizada por eritema persistente, telangiectasias, pápulas e pústulas, acometendo predominantemente a região centrofacial. Os tratamentos convencionais buscam controlar as manifestações clínicas e melhorar a qualidade de vida do paciente, uma vez que ainda não há cura definitiva. Entre as opções terapêuticas tradicionais, destacam-se o uso de antibióticos tópicos (como metronidazol e ivermectina), antibióticos orais (doxiciclina e minociclina), além de retinóides em casos refratários. Terapias com brimonidina tópica e oximetazolina têm sido empregadas no controle do eritema persistente, enquanto o laser vascular e a luz intensa pulsada (LIP) são alternativas eficazes para telangiectasias e rubor facial (Del Rosso et al., 2020; Elewski et al., 2021). 

A presente revisão evidencia que a toxina botulínica tipo A (BTX-A) tem se mostrado eficaz no controle dos sintomas da rosácea, especialmente no que se refere ao eritema persistente, ao rubor facial (flushing) e às manifestações inflamatórias cutâneas. Estudos como os de (Zhang et al. 2021) e (Alsaati et al. 2023) demonstram que a aplicação intradérmica da substância proporciona alívio significativo das queixas clínicas, com baixa frequência de efeitos adversos relatados. Apesar dos resultados positivos, observa-se que a duração da resposta terapêutica é limitada, o que torna necessário o planejamento de reaplicações regulares para manutenção dos benefícios. 

Além disso, observou-se que a aplicação intradérmica da toxina botulínica apresenta resultados consistentes, sobretudo em pacientes com eritema persistente refratário. A resposta clínica ocorre geralmente nas primeiras quatro semanas após o procedimento, com duração média de três meses, sem o efeito rebote frequentemente descrito em outras terapias intradérmicas. A literatura também indica que a técnica é segura e bem tolerada, sendo os efeitos adversos restritos a dor leve no momento da aplicação e pequenos hematomas locais, que se resolvem espontaneamente. Embora ainda não exista cura definitiva para a rosácea, esse método terapêutico tem demonstrado capacidade de controlar suas manifestações clínicas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, reforçando sua relevância no contexto das opções disponíveis (Silva et al., 2022). 

No que se refere à concentração e formulação, a BTX-A utilizada em estudos para rosácea apresenta diluições que variam entre 10 a 20 unidades por mL, administradas de forma intradérmica em microinjeções distribuídas pela área afetada. A padronização da dose ainda não está completamente estabelecida, mas resultados promissores foram obtidos com injeções de 1 a 2 unidades por ponto, espaçadas de 0,5 a 1 cm entre si (Alsaati et al., 2023). Entre as marcas comerciais disponíveis, a onabotulinumtoxinA (Botox®) e a abobotulinumtoxinA (Dysport®) são as mais utilizadas, devido à ampla disponibilidade e segurança clínica comprovada (Dressler & Benecke, 2021).  

Cabe destacar que a toxina botulínica tipo A, além de seu uso estético amplamente difundido, possui aplicações terapêuticas em diversas condições médicas, o que evidencia sua versatilidade e segurança clínica. Estudos relatam que a substância, inicialmente descrita por Kerner em 1822, vem sendo utilizada com sucesso não apenas na dermatologia estética, mas também em distúrbios motores, na hiperidrose e em outras condições que comprometem a qualidade de vida dos pacientes (Archives of Health, 2024). Essa ampla aplicabilidade reforça seu potencial terapêutico e contribui para o entendimento de sua eficácia no manejo da rosácea. 

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Pode-se concluir que a rosácea é uma doença inflamatória crônica que afeta a face e compromete a qualidade de vida dos pacientes. Apesar dos avanços, sua fisiopatologia ainda não é totalmente compreendida, o que reforça a importância de novas pesquisas para aprimorar as abordagens terapêuticas. As terapias convencionais, como antibióticos e corticosteroides, têm eficácia limitada e possíveis efeitos adversos, enquanto a toxina botulínica tipo A desponta como alternativa promissora, segura e eficaz na redução do eritema, flushing e lesões inflamatórias. A aplicação intradérmica, quando realizada por profissionais capacitados, mostra resultados clínicos consistentes, especialmente em associação a terapias combinadas. Assim, este estudo evidencia o potencial da toxina botulínica tipo A no manejo da rosácea e sua relevância para a atualização científica e a prática biomédica. 

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1Graduanda do curso de Biomedicina – adriellydesouza996@gmail.com
2Graduanda do curso de Biomedicina – eduardasiqueira3060@gmail.com
3Doutora em ciências – UFAL – erica.rodrigues@cesmac.edu.br