ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA EM CRIANÇAS

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FABIANA MARIA DOS SANTOS
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LUANE RABÊLO NEGREIROS

AUTORAS:
FABIANA MARIA DOS SANTOS
LUANE RABÊLO NEGREIROS

ORIENTADORA:
MESTRE MARIA CLARA PORFÍRIO DE SOUZA.

CO-ORIENTADORA: ESPECIALISTA LEILIANE PATRÍCIA GOMES DE MACÊDO.



“Quanto mais longe uma criança com autismo caminha sem ajuda, mais difícil se torna alcançá-la.”
Talk About Autism


RESUMO

O autismo é um transtorno invasivo que causa funcionamento anormal no desenvolvimento neurológico, na comunicação e no comportamento do indivíduo. As crianças autistas exprimem características próprias que se manifestam isoladamente ou em conjunto, como a dificuldade em se comunicar, o déficit na reciprocidade socioemocional e o padrão de comportamento restritivo e repetitivo. Não há cura para o TEA, porém há tratamento e a fisioterapia juntamente com a equipe multidisciplinar atua na estimulação precoce do desenvolvimento neuropsicomotor. O objetivo deste estudo é verificar a atuação da fisioterapia no desenvolvimento neuropsicomotor em crianças com autismo. Para isto, foi realizada uma revisão de literatura com a finalidade de identificar estudos relevantes sobre o tema, a partir de experiências vivenciadas por outros autores. Com isso, conclui-se que através da intervenção precoce os sintomas podem ser reduzidos e a fisioterapia exerce a função de trabalhar diretamente nas habilidades motoras dos autistas desenvolvendo e melhorando as funções básicas, pois as habilidades aprendidas também ajudarão a criança a interagir com o meio social, visto que, ao controlar suas habilidades motoras, ela poderá brincar com segurança e confiança.

DESCRITORES: Transtorno do Espectro Autista; Desempenho Psicomotor; Transtorno Autístico; Desenvolvimento infantil; Fisioterapia.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Fluxograma da distribuição dos estudos encontrados.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Descrição dos artigos selecionados
LISTA DE SIGLAS

BVSBiblioteca Virtual em Saúde
EPEstimulação Precoce
JASP – EMTJoint-Attention, Structured Play, Enhanced Milieu Teaching (Atenção Conjunta, Jogo Estruturado, Ensino de Meio Ambiente Aprimorado)
LILACSLiteratura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
MEDLINEMedical Literature Analysis and Retrieval System Online (Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica)
OMSOrganização Mundial da Saúde
PIPPrograma de Intervenção Psicomotora
SCIELOScientific Electronic Library Online (Biblioteca Eletrônica Científica Online)
TEATranstorno do Espectro Autista

SUMÁRIO

REFERENCIAL TEÓRICO
REFERÊNCIAS

ARTIGO
ANEXOS
Anexo A – Normas da Revista NovaFisio

1 REFERENCIAL TEÓRICO

O Transtorno do Espectro Autista é uma síndrome de progressão neurológica precoce e multifacetada, no qual dificulta a descoberta da sua etiologia. É discernido de outras síndromes como síndrome de Rett, transtorno de Asperger, transtorno desintegrativo da infância e transtorno geral do desenvolvimento não especificado pela dificuldade na interação sociocomunicativa e comportamental, tornando-se mais perceptível ao decorrer do desenvolvimento da criança. O TEA apresenta como características: déficit na comunicação social, padrões restritos e repetitivos (NUNES; SCHMIDT, 2019; SACREY et al., 2018; MONTEIRO et al., 2020).

Atualmente os dados epidemiológicos evidenciam que a cada mil crianças nascidas, 16,8 são portadoras da síndrome do espectro do autismo, ou seja, é 1 pessoa diagnosticada a cada 59 (NUNES; SCHMIDT, 2019). A prevalência global é cerca de 10 a cada 10.000 crianças, sendo mais prevalente no sexo masculino. Isso é equivalente a uma menina entre cinco meninos autistas (MAPELLI et al., 2018).

Os primeiros sintomas mais relevantes para o diagnóstico posterior de autismo incluem: dificuldade de manter contato visual e desvio ativamente da atenção do parceiro para o foco de atenção comum durante a interação social, coordenação de gestos através de expressões faciais e postura durante a comunicação. Brincadeiras simbólicas reduzidas ou ausentes, comportamentos estereotipados ou ritualizados (como maneiras e movimentos complexos), comportamentos relacionados com a linguagem (como ecolalia, rituais orais), ações em objetos (rotação, alinhamento) e alterações sensoriais (hipo ou hipersensibilidade a som, luz e movimento) (STEYER; LAMOGLIA; BOSA, 2018).

O diagnóstico estabelecido do TEA é comumente realizado entre dois a três anos de idade, apesar de indícios do transtorno consigam ser mostrados mais cedo. Sendo provocado por alguma diversidade de ambos motivos genéticos e ambientais, estando relacionada a lesões cerebrais e inflamação. A prematuridade foi reconhecida como agente de risco ambiental para o transtorno do espectro autista, como fator primário ou adicional. Portanto, os nascidos prematuros necessitam de averiguação mais profunda devido ao grande risco de retardo de crescimento, complicações comuns do nascimento prematuro (ALLEN et al., 2020).

Existem diferentes combinações de autismo em sua genética, no entanto está dividido em três graus, sendo identificado como grau leve (nível 1) necessita de pouco apoio nas AVD’s. Grau intermediário (nível 2) precisa de um apoio maior nas AVD’s. E o nível de gravidade identificado como grau severo (nível 3) que requer um apoio maior que os outros graus nas AVD’s. A habilidade funcional das crianças com TEA é diretamente afetada pelo seu grau de gravidade, sendo as crianças com grau severo as mais dependentes de cuidadores (LEITE; DANTAS, 2020; FERNANDES; SOUZA; CAMARGO, 2020).

Não há um tratamento próprio para o autismo, mas para as circunstâncias relacionadas a ele, indica-se que haja uma equipe multidisciplinar formada por psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, neurologistas, psiquiatras e nutricionistas, trabalhando em conjunto com técnicas que contribuem para a eficácia da terapia. Deste modo, é provável que se alcance a redução dos sintomas, todavia, as melhorias para cada tratamento não são conclusivas e geralmente têm resultados limitados (FERREIRA et al., 2016).

Embora não haja nenhum método que cure o autismo, a combinação do diagnóstico e intervenção precoce pode reduzir a possibilidade de cronificação, aumentar a chance de tratamento e diminuir os sintomas (FERREIRA et al., 2016). Quanto mais rápido começar a interferência no TEA, maior será a probabilidade da criança se desenvolver. O ideal é iniciar as técnicas de intervenção precoce imediatamente após o diagnóstico e assim diminuir dificuldades futuras, usando trabalho interdisciplinar e programas individuais no qual alcancem todas as circunstâncias em que a criança se encontra inserida (COSSIO; PEREIRA; RODRIGUEZ, 2017).

Na intervenção pode-se usar bolas, jogos interativos e brinquedos educativos, buscando melhorar a concentração, a memória e as habilidades motoras, como coordenação e metria (FERREIRA et al., 2016). A Estimulação Precoce, também denominada como Estimulação Essencial ao Desenvolvimento, tem a finalidade de desenvolver a capacidade sensório-motora, afetiva, cognitiva e a relação família-bebê (SILVA, 2017).

O transtorno compromete o desenvolvimento motor, assim como interação social e comunicação, tendo a necessidade da intervenção fisioterapêutica que por meio da psicomotricidade e neuroplasticidade irão aprimorar a comunicação somáticoafetiva e motora mental, aperfeiçoando a saúde geral do paciente. Como o autismo afeta múltiplas funções, a fisioterapia se destaca pelo contato direto com o paciente, comunicação facilitada, método de integração social e estimulando a autonomia de forma lúdica (FERNANDES; SOUZA; CAMARGO, 2020).

A fisioterapia por meio da psicomotricidade tem se apresentado proficiente na descoberta pessoal nas crianças com TEA. A fisioterapia tem procurado reduzir as alterações retratadas por essas crianças, usando uma variedade de técnicas como massagem terapêutica, integração sensorial, terapia proprioceptiva em várias superfícies, protocolo Pediasuit, e método Rood para promover dependência e melhorar a qualidade de vida, estimulando a plasticidade cerebral, e interferindo de forma positiva no desenvolvimento, proporcionando uma inclusão social mais apropriada (FERNANDES; SOUZA; CAMARGO, 2020; OLIVEIRA et al., 2018).

O termo psicomotor pode ser definido como a interação entre a cognição (psico) e o movimento (motor). A cognição é uma parte importante de quase todos os movimentos humanos, pois muitas ações voluntárias são comportamentos aprendidos e o desenvolvimento cognitivo do indivíduo interage com o desenvolvimento motor no decorrer da vida (ELGARHY; LIU, 2016).

A psicomotricidade é a área que visa estimular o desenvolvimento infantil por meio de exercícios lúdicos, que possam interagir com a brincadeira e a diversão durante sua execução, estimulando a criatividade, as habilidades motoras e o raciocínio. O propósito da psicomotricidade é construir a motricidade da criança por meio de um plano educacional baseado no interesse da criança para alcançar um equilíbrio entre as necessidades individuais e coletivas, estimulando a consciência física e o espaço temporal, permitindo que a criança se perceba e se relacione com outros e com o mundo. A análise psicomotora inclui vários fatores, como tônus, lateralização, equilíbrio, estruturação espaço-temporal, somatognosia, praxia global e fina (SANTOS; MÉLO, 2018).

REFERÊNCIAS

ALLEN, L.; LEON-ATTIA, O.; SHAHAM, M.; SHEFER, S.; GABIS, L.V. Autism risk linked to prematurity is more accentuated in girls. Rev. Plos One, v. 15, n. 8, ago. 2020. DOI: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0236994.

COSSIO, A.P.; PEREIRA, A.P.S.; RODRIGUES, R.C.C. Benefícios e nível de participação na intervenção precoce: perspectivas de mães de crianças com perturbação do espectro do autismo. Rev. Bras. Educ. Espec., Marília, v. 23, n. 4, p. 505-516, dez. 2017. DOI: https://doi.org/10.1590/s1413-65382317000400003.

ELGHARY, S.; LIU, T. Effects of psychomotor intervention program on students with autism spectrum disorder. School Psychology Quarterly, v. 31, n. 4, p. 491–506, 2016. DOI: 10.1037/spq0000164.

FERNANDES, C.R.; SOUZA, W.A.A.A.; CAMARGO, A.P.R. Influência da fisioterapia no acompanhamento de crianças. Revista das Ciências da Saúde e Ciências aplicadas do Oeste Baiano-Higia, v. 5, n. 1, p. 52-68, 2020. ISSN: 2448-2749.

FERREIRA, J.T.C et al. Efeitos da fisioterapia em crianças autistas: estudo de séries de casos. Cad. Pós-Grad. Distúrb. Desenvolv., São Paulo, v. 16, n. 2, p. 24-32, dez. 2016. DOI: 10.5935/1809-4139.20160004.

LEITE, C.M.S.; DANTAS, S.M. A Afetividade no Desenvolvimento Cognitivo do Aluno com Transtorno de Espectro Autista – TEA. Id on Line Rev. Mult. Psic., v.14, n. 53, p. 41-51, dez. 2020. DOI: 10.14295/idonline.v14i53.2838.

MAPELLI, L.D. et al. Child with autistic spectrum disorder: care from the family. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 22, n. 4, set. 2018. DOI: 10.1590/2177-9465-EAN2018-0116.

MONTEIRO, M.A. et al. Autism spectrum disorder: A systematic review about nutritional interventions. Rev. Paul. Pediatr., São Paulo, v. 38, mar. 2020. DOI: 10.1590/1984-0462/2020/38/2018262.

NUNES, D.R.P.; SCHMIDT, C. Educação especial e autismo: das práticas baseadas em evidências à escola. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 49, n. 173, p. 84104, jul/set. 2019. DOI: 10.1590/198053145494.

OLIVEIRA, J.D.P et al. Intervenção fisioterapêutica no transtorno do espectro autista. Fisioterapia Brasil, v. 19, n. 5, p. 66-71. 2018. DOI: 10.33233/fb.v19i5.2631.

SACREY, L.A.R. et al. The reach-to-grasp movement in infants later diagnosed with autism spectrum disorder: a high-risk sibling cohort study. J Neurodevelop Disord., v. 10, n.1, p. 41. dez. 2018. DOI: 10.1186/s11689-018-9259-4.

SANTOS, E.C F. dos; MÉLO, T.R. Caracterização Psicomotora de Criança Autista pela Escala de Desenvolvimento Motor. Divers@ Revista Eletrônica Interdisciplinar, Matinhos, v. 11, n. 1, p. 50-58, jan./jul. 2018. ISSN 1983-8921.

SILVA, C.C.V. Atuação da Fisioterapia Através da Estimulação Precoce em Bebês Prematuros. Rev. Eletrôn. Atualiza Saúde, Salvador, v. 5, n. 5, p. 29-36, jan./jun. 2017. ISSN: 2359-4470.

STEYER, S.; LAMOGLIA, A.; BOSA, C.A. A Importância da Avaliação de Programas de Capacitação para Identificação dos Sinais Precoces do Transtorno do Espectro Autista – TEA. Trends in Psychology, Ribeirão Preto, v. 26, n. 3, p. 1395-1410, set. 2018. DOI: 10.9788/tp2018.3-10pt.


ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA EM CRIANÇAS

PHYSIOTHERAPEUTIC APPROACH TO AUTISTIC SPECTRUM DISORDER IN CHILDREN

AUTORAS:
SANTOS, Fabiana Maria dos1,
NEGREIROS, Luane Rabêlo2,
MACÊDO, Leiliane Patrícia Gomes de3,
SOUZA, Maria Clara Porfírio de4

RESUMO

Objetivo: Verificar a atuação da fisioterapia no desenvolvimento neuropsicomotor em crianças com autismo. Método: Uma revisão de literatura encontrada nas bases de dados SCIELO, PUBMED/MEDLINE, BVS e LILACS. Foram selecionados critérios de inclusão e exclusão para obter os artigos finais. Resultados: Na combinação dos descritores, foram encontrados 504 artigos, sendo excluídos 495 por duplicidade, fuga ao tema e após leitura. Por fim, foram selecionados 9 artigos para constituir a estrutura final deste estudo. Discussão: A intervenção fisioterapêutica tem impacto positivo em crianças com Transtorno do Espectro Autista, podendo ajudar no desenvolvimento. Há evidências de que as intervenções dos exercícios podem efetivamente melhorar as habilidades motoras, sociais e comportamentais. Conclusão: Sabe-se que o autismo não tem cura, mas através da intervenção precoce os sintomas podem ser reduzidos. Com isso, a fisioterapia exerce a função de trabalhar diretamente nas habilidades motoras dos autistas desenvolvendo e melhorando as funções básicas.

DESCRITORES: Transtorno do Espectro Autista. Desempenho Psicomotor. Transtorno Autístico. Desenvolvimento infantil. Fisioterapia.

KEY WORDS: Autistic Spectrum Disorder. Psychomotor Performance. Autistic Disorder. Child development. Physiotherapy.

CREDENCIAIS DOS AUTORES:

  1. Graduanda em Fisioterapia – UNISÃOMIGUEL, Recife – PE. E-mail: fabianasantosmr@gmail.com
  2. Graduanda em Fisioterapia – UNISÃOMIGUEL, Recife – PE. E-mail: luanerabelofisio@gmail.com
  3. Especialista em Fisioterapia em Gerontologia – FAVENI – Professora titular da UNISÃOMIGUEL, Recife – PE. E-mail: leilianemaacedo@gmail.com
  4. Mestre em Engenharia Biomédica – UFPE – Professora titular da UNISÃOMIGUEL, Recife – PE. E-mail: mclarafisioterapia@gmail.com

INTRODUÇÃO

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento crônico, que pode ser definido como uma falta ou abstração de respostas a estímulos e contato social. Originado no grego “autos”, que significa “de si mesmo”, esta síndrome é caracterizada pela introversão de uma pessoa para o interior de seu próprio pensamento. Normalmente, os perfis de crianças com TEA retratam déficits no esquema e motricidade global, equilíbrio e organização espacial e temporal o que costuma exigir muito cuidado e dedicação familiar (FERNANDES; SOUZA; CAMARGO, 2020).

A etiologia é idiopática, porém acredita-se que cerca de 50% a 90% dos casos são hereditários nas crianças e supõe-se que os fatores ambientais possam ser uma das causas do autismo, devido ao uso indiscriminado de medicamentos e ao contágio de infecções no período gestacional (OLIVEIRA; SERTIÉ, 2017). A estimativa é que no mundo haja 1 a cada 160 crianças com TEA, este é o valor médio, que varia de acordo com cada pesquisa, porém pode haver valores significativamente maiores em outros estudos (OMS, 2017).

O quadro clínico dessas crianças inclui apatia, hipotonia, redução em atividades motoras, posturas incorretas e déficits em iniciar um movimento, além de hiperatividade e não interação por objetos e pessoas. Geralmente é dificultoso avaliar o tônus em crianças com TEA e cerca de 50% apresentam hipotonia moderada, sendo capaz de alterar a coluna vertebral (escoliose) na adolescência. Outras podem desenvolver hipertensão ou oscilação nas duas variedades do tônus (AZEVEDO; GUSMÃO, 2016).

O diagnóstico do autismo não é tão objetivo como deveria, sendo necessário aos familiares procurarem ajuda de profissionais como psicólogos, neuropediatras, psicopedagogos, fonoaudiólogos e fisioterapeutas. Na maioria dos casos, não há sinais clínicos que apontem uma alteração genética específica, porém o TEA pode fazer parte da sintomatologia de transtornos monogênicos e metabólicos. Para isto, é feito uma avaliação clínica cuidadosa do paciente e do histórico familiar, analisando informações sobre possíveis padrões genéticos, colaborando com a precisão do diagnóstico e a escolha dos testes moleculares apropriados para serem usados em cada caso específico (FERNANDES; SOUZA; CAMARGO, 2020; OLIVEIRA; SERTIÉ, 2017).

Em comparação com crianças com condições típicas de desenvolvimento, as crianças com autismo desenvolvem-se mais lentamente, por isso precisam de mais atenção e cuidados dos seus familiares e da equipe multidisciplinar que irá acompanhá-la e proporcionar uma melhor qualidade de vida, porque embora essa criança viva em seu próprio mundo, ela está introduzida no mundo onde tem que conviver com pessoas adversas (FERNANDES; SOUZA; CAMARGO, 2020).

A estimulação precoce dispõe-se de possibilidades para o indivíduo evoluir todo o seu potencial. Quanto mais precocemente for a intervenção, priorizando os 2 primeiros anos de vida, maiores serão as chances de tratar ou reduzir as anormalidades posturais e motoras. A Estimulação Precoce (EP) pode ser definida como um conjunto de técnicas e recursos terapêuticos com capacidade de estimular os domínios de maturação infantil, favorecendo o desenvolvimento motor, cognitivo, sensorial, linguístico e social, tendo uma abordagem sistemática e sequencial, de forma a minimizar eventuais prejuízos (SILVA, 2017; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016).

O nível de dificuldade do TEA é definido pelo grau de independência, compreendendo que o retardo mental dificulta o progresso cognitivo e limita a potencialidade de prognóstico. Entretanto, utilizando um recurso de conhecimento apropriado e apoio constante, o indivíduo com dificuldade intelectual é capaz de alcançar maiores graus de liberdade ao passar do tempo (OLIVEIRA et al., 2018; FERREIRA et al., 2016).

Para conquistar a confiança dos autistas é essencial usar a criatividade e o lúdico, conquistando-os por meio de jogos, atividades adaptadas e até dispositivos tecnológicos projetados especificamente para as crianças com autismo. Sabe-se que as crianças começam a desenvolver suas habilidades dentro do ambiente familiar, por isso é de suma importância os cuidadores serem orientados pelos profissionais para a evolução do mesmo (FERREIRA et al., 2016).

Ao brincar, a criança desenvolve seus sentidos, adquire aptidões corporais, conhece objetos e suas respectivas características, como texturas, formas, cores, temperaturas, tamanhos e sons. Enquanto brinca, ela interage com o ambiente ao seu redor e com as pessoas, aprimora sua mente e afetividade, se torna ativa e curiosa em relação a tudo (OLIVEIRA et al., 2018).

A psicomotricidade é um método de intervenção com crianças autistas que desenvolve a interiorização da criança ao mover-se em torno de si, conduzindo melhoria no padrão motor. É uma condição de imensa importância para o progresso da criança, visto que a partir dela, as competências são desenvolvidas no ambiente que eles vivem e na própria vida. Dessa maneira, a Fisioterapia é capaz de atuar nas crianças portadores de TEA ativando níveis motor e sensorial, procurando melhorar a concentração, memória e as capacidades motoras como equilíbrio e coordenação. A atuação da Fisioterapia é indispensável, pois ajuda no desenvolvimento motor, acarretando na melhora da qualidade de vida dessas crianças (OLIVEIRA et al., 2018).

O estudo tem como objetivo geralverificar a atuação da fisioterapia no desenvolvimento neuropsicomotor precoce em crianças com autismo. E como específicos verificar o impacto das intervenções fisioterapêuticas com estimulação precoce em crianças autistas, investigar a influência da equipe multidisciplinar no TEA e classificar as atividades lúdicas que envolvam habilidades para o desenvolvimento motor.

MÉTODO

O seguinte estudo trata-se de uma revisão da literatura com a finalidade de realizar um levantamento bibliográfico com fundamento em experiências vivenciadas por autores decorrentes de suas pesquisas.

Foi utilizada uma pergunta norteadora para direcionar a pesquisa, a intervenção fisioterapêutica tem impacto positivo em crianças com Transtorno do Espectro Autista, podendo ajudar no desenvolvimento?

Os artigos científicos utilizados foram publicados entre 2016 e 2020, nos idiomas português e inglês. Foram consultados em bases de dados da BVSalud, PUBMED/MEDLINE, SCIELO e LILACS com os seguintes descritores: Transtorno do Espectro Autista; Desempenho Psicomotor; Transtorno Autístico; Desenvolvimento Infantil e Fisioterapia, com relatos correspondentes nos idiomas inglês e português.

As medidas de inclusão para participar da pesquisa foram artigos voltados ao estudo do TEA, relatos de casos de crianças autistas e estimulação precoce. E de exclusão artigos que relatam qualquer outra síndrome neurológica, artigos de revisão e resumos em congressos.

RESULTADOS

As bases de dados utilizadas para cruzar os descritores foram SCIELO, PUBMED/MEDLINE, BVS e LILACS. Os descritores foram cruzados da seguinte maneira: Transtorno do Espectro Autista AND Desempenho Psicomotor, Transtorno do Espectro Autista AND Transtorno Autístico, Transtorno do Espectro Autista AND Desenvolvimento infantil, Transtorno do Espectro Autista AND Fisioterapia, Transtorno Autístico AND Desempenho Psicomotor, Transtorno Autístico AND Desenvolvimento infantil e Transtorno Autístico AND Fisioterapia, nos idiomas português e inglês.

Na combinação dos descritores, foram encontrados 504 artigos, sendo excluídos 495 por duplicidade, fuga ao tema e após leitura. Por fim, foram selecionados 9 artigos para constituir a estrutura final deste estudo. Segue abaixo o fluxograma detalhado do processo percorrido.

Figura 1 – Fluxograma da distribuição dos estudos encontrados.

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Fonte: SANTOS; NEGREIROS, 2021.

O quadro 1 indica os estudos selecionados, bem como a autoria, o ano da publicação, o objetivo do artigo, a metodologia e a conclusão.

Descrição dos artigos selecionados

AUTORESOBJETIVOMETODOLOGIACONCLUSÃO
Yu et al., 2018Testar a eficácia de um programa de treinamento de exercícios supervisionado baseado em jogos na promoção de habilidades motoras e aptidão física, bem como na redução de comportamentos estereotipados e desadaptativos em crianças pré-escolares com TEA.O estudo randomizado controlado selecionou 112 crianças com TEA, sendo distribuídas aleatoriamente em dois grupos (controle e intervenção). A avaliação das características físicas e psicológicas foi realizada no início do programa (pré- teste), após 16 semanas (póstratamento) e após 32 semanas (acompanhamento) do programa.O estudo concluiu que um treinamento divertido e envolvente pode melhorar o desenvolvimento das crianças com o TEA durante a terapia.
Vukicevic et al., 2019Avaliar a melhora das habilidades motoras de crianças com TEA que participam de jogos educativos como forma de tratamento das habilidades motoras.O estudo envolveu 10 meninos diagnosticados com TEA que foram divididos em um grupo experimental que, além do tratamento padrão, jogou Frutas uma vez por semana por um período de 5 semanas e Raquetes antes e depois do período de 5 semanas. E em um grupo controle que, recebeu apenas tratamento padrão durante este período e também jogou Raquetes antes e depois.Este estudo apresentou melhorias significativas nas habilidades motoras grossas e generalização bemsucedida das habilidades adquiridas entre as crianças do grupo experimental em relação ao grupo de controle. O grupo experimental também mostrou um aumento nas emoções positivas e uma diminuição na perda de atenção durante os jogos.

Descrição dos artigos selecionados (continuação)

Chang et al., 2017Examinar em detalhes as habilidades de jogo funcional e simbólico em contextos diferenciais (avaliação estruturada do jogo versus sessões de intervenção do jogo) depois de participar de uma intervenção JASPER de seis meses com duas etapas de intervenção.O estudo é um ensaio clínico randomizado controlado, que incluiu 58 crianças diagnosticadas com autismo. A intervenção central em todos os componentes foi a intervenção de comunicação naturalística JASP-EMT que ensinou atenção conjunta, jogo simbólico e uso social da linguagem durante as atividades lúdicas preferidas das crianças.As crianças do estudo em ambas as condições melhoraram as habilidades lúdicas. E demonstraram um aumento nas habilidades lúdicas em contextos proximal (sessões) e distal (durante a avaliação às cegas).
ElGarhy; Liu, 2016Examinar os efeitos de um programa de intervenção psicomotora (PIP) na consciência corporal e conceitos psicomotores para alunos com transtorno do espectro do autismo (TEA).Este estudo selecionou 28 alunos com TEA. Quatorze foram aleatoriamente designados para o grupo experimental e 14 foram designados para o grupo controle. Os alunos do grupo experimental foram treinados com as atividades PIP três vezes por semana durante 10 semanas. Os alunos do grupo controle seguiram seu programa educacional regular pelo mesmo período, sem intervenção do PIP.Os alunos do grupo experimental pontuaram significativamente melhor em consciência corporal, conceitos corporais, conceito de espaço e conceitos psicomotores gerais do que os alunos do grupo controle. Nenhuma diferença significativa foi encontrada nos conceitos de tempo entre os dois grupos.
Campos et al., 2019Examinar as experiências de fisioterapeutas e as perspectivas de trabalhar com crianças com TEA e explorar as direções potenciais dos fisioterapeutas para aumentar potencialmente a atividade física.Dez fisioterapeutas pediátricos foram entrevistados e os dados foram analisados por meio de análise temática. As entrevistas procuraram facilitar a discussão sobre: as práticas atuais de trabalho com crianças com TEA; sua formação e experiência relacionadas; se eles se sentiram adequadamente treinados e/ou confiantes para trabalhar com crianças com TEA; e possíveis direções e papéis para fisioterapia no aumento da participação da atividade física com crianças com TEA.Os participantes apoiaram um papel principalmente consultivo onde os fisioterapeutas poderiam educar e fazer parceria com pais, professores e provedores de serviços comunitários para melhorar o desenvolvimento motor bruto e individualizar as necessidades de atividade física.

Descrição dos artigos selecionados (continuação)

AUTORESOBJETIVOMETODOLOGIACONCLUSÃO
Colebourn; Golub-Victor; Paez, 2017Apresentar uma abordagem interdisciplinar em terapia escolar, combinando fisioterapia e análise comportamental aplicada para melhorar as habilidades motoras e a participação em atividades recreativas de uma criança com TEA.Uma criança de 9 anos com TEA participou de uma intervenção motora grossa de 20 semanas projetada para melhorar a habilidade de arremesso da criança, que incluiu aulas semanais de fisioterapia e testes diários de arremesso usando abordagens de análise comportamental aplicadas.A criança demonstrou ganhos na precisão do arremesso, ganhos significativos nas medidas do Teste de Proficiência Motora de Bruininks-Oseretsky-2, do Teste de Desenvolvimento Motor Grosso-2 e da Avaliação da Função Escolar.
Riquelme; Hatem; Montoya, 2018Explorar a influência da terapia somatossensorial nos parâmetros somatossensoriais em crianças com TEA.Cinquenta e nove crianças com TEA foram aleatoriamente designadas para o grupo das intervenções ou o grupo de controle. O grupo de intervenção recebeu uma terapia somatossensorial composta por quatro tipos de exercícios (toque, propriocepção, vibração, estereognosia). A função somatossensorial (limiares de dor à pressão, limiares táteis, estereognosia, propriocepção) foi avaliada antes e imediatamente após a terapia.As crianças do grupo de intervenção apresentaram redução significativa da sensibilidade à dor e aumento da sensibilidade tátil após o tratamento, enquanto as crianças do grupo controle apresentaram aumento da sensibilidade à dor na ausência de alterações da sensibilidade tátil. Nenhuma alteração foi observada para propriocepção ou estereognosia.

Descrição dos artigos selecionados (continuação)

AUTORESOBJETIVOMETODOLOGIACONCLUSÃO
Mills et al., 2020Determinar se a hidroterapia influencia comportamentos que impactam a saúde mental e o bem-estar em crianças com TEA.Um ensaio piloto randomizado e randomizado controlado cruzado foi usado durante 8 semanas. Oito crianças com diagnóstico de TEA foram alocadas aleatoriamente no Grupo 1 ou Grupo 2, utilizando a escala Child Behavior Checklist (CBCL).Os testes revelaram melhorias significativas pós- intervenção no subdomínio ansioso/deprimido e no domínio de problemas de internalização. Problemas de pensamento e problemas de atenção melhoraram significativamente após a intervenção.
Randell et al., 2019Determinar o impacto do SIT (Terapia de Integração Sensorial) na irritabilidade e agitação, conforme medido pela subescala correspondente da lista de Verificação de Comportamento Aberrante (VCA).Um ensaio clínico pragmático individual controlado recrutou 216 crianças com TEA. Foram divididos em grupos alocados para cuidados habituais e alocados para a intervenção SIT.Os resultados apresentados forneceram evidências de alta qualidade sobre a eficácia clínica e de custo do SIT e apresentaram melhorias nos resultados comportamentais, funcionais, sociais, educacionais e de bem-estar para as crianças e de bem- estar para cuidadores e famílias.
Fonte: SANTOS; NEGREIROS, 2021.

DISCUSSÃO

A intervenção fisioterapêutica tem impacto positivo em crianças com Transtorno do Espectro Autista, podendo ajudar no desenvolvimento. Segundo os autores Colebourn, GolubVictor e Paez (2017), apesar dos sintomas motores relacionados ao TEA começarem na primeira infância e durarem por toda a vida, há evidências de que as intervenções dos exercícios podem efetivamente melhorar as habilidades motoras, sociais e comportamentais. Em razão dos déficits motores graves nessas crianças, os fisioterapeutas têm se tornado integrantes cada vez mais importantes da equipe que atende crianças com TEA e suas famílias desde a infância até a idade adulta.

Campos et al. (2019) acrescentam que como especialistas em cinética, os fisioterapeutas estão aptos a otimizar o desenvolvimento motor, prescrever atividades e estimular as habilidades motoras. Vukicevic et al. (2019) relatam que é possível identificar os sintomas sensório-motores e o desenvolvimento motor lento em crianças de 9 a 12 meses com TEA. Essas crianças apresentam maior dificuldade em coordenar o movimento, controlar a força e o impulso durante o movimento, bem como coordenar o tempo. A deficiência de habilidades motoras de crianças autistas está relacionada à falta geral de habilidades de comportamento adaptativo, incluindo responsabilidade social e independência nas atividades diárias.

Antes, as crianças com autismo tinham acesso a uma variedade de opções de tratamento financiadas, incluindo terapia da fala e da linguagem, intervenção comportamental e terapia ocupacional. No entanto, essas opções de tratamento não se concentram particularmente em atividades físicas e fracassam em abordar as habilidades motoras e déficits de coordenação que são comuns nestas crianças. Sem proficiência em habilidades motoras grossas, a capacidade dos autistas em participar de atividades físicas é reduzida, citam Mills et al. (2020).

Colebourn, Golub-Victor e Paez (2017) completam que ao formular intervenções para melhorar as habilidades motoras de crianças com TEA, as atividades devem ser cuidadosamente planejadas para permitir que as crianças tenham sucesso no processo de tratamento. Chang et al. (2017) afirmam que em um ambiente de maior apoio, as crianças geralmente mostram mais habilidades, pois o contexto fornece um ambiente de aprendizagem social mais rico promovendo habilidades lúdicas e de comunicação social.

Durante esses contextos de maior apoio, as crianças podem se relacionar e interagir mais socialmente com seus parceiros e a probabilidade de se tornarem focadas no objeto ou não envolvidas diminui e, do contrário, aumenta apropriadamente o jogo funcional e o simbólico. A brincadeira não é importante apenas para a cognição e a linguagem, como também para estimular diferentes habilidades da criança. As crianças que brincam sozinhas geralmente apresentam menos habilidades lúdicas (CHANG et al., 2017).

Para os autores Yu et al. (2018), ElGhary e Liu (2016) e Mills et al. (2020), além dos principais sintomas diagnosticados, muitas crianças com TEA também podem ter déficits nas áreas de comportamento cognitivo e perceptomotores, na função motora (equilíbrio estático e dinâmico), além de não apresentarem consciência corporal, consciência espacial e processamento visual espacial. Isso geralmente leva a um atraso no desenvolvimento de habilidades visuoespaciais, como posicionar o corpo no espaço e associar objetos consigo mesmo, com outros objetos e com outras pessoas no ambiente.

Por causa desses déficits sociais e comportamentais, crianças com autismo geralmente apresentam níveis baixos de atividade física, estilo de vida sedentário e tolerância reduzida ao exercício, acarretando em doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes tipo II e outros problemas de saúde relacionados. A inatividade física não só prejudica a saúde física da criança, mas também afeta a saúde mental, o que implica no bem-estar geral da criança (YU et al., 2018; ELGHARY; LIU, 2016; MILLS et al., 2020).

A sensibilidade dos autistas apresenta-se anormal em relação aos estímulos dolorosos e não dolorosos, isso ocorre porque, segundo Riquelme, Hatem e Montoya (2018) no TEA, o processamento somatossensorial indolor varia de hipersensibilidade à hipossensibilidade a depender do contexto, do tipo de estímulo e da localização do corpo. Para Randell et al. (2019), o processamento sensorial prejudicado pode estar relacionado a um déficit do controle motor, afetando as atividades de vida diárias dessas crianças e uma opção para melhorar o processamento e a integração sensorial é a Terapia Integrativa Sensorial (SIT) uma abordagem baseada na clínica, que enfoca a relação entre o terapeuta e a criança e utiliza atividades sensório-motoras baseadas em brincadeiras.

Colebourn, Golub-Victor e Paez (2017) declaram que a tomada de decisão clínica da fisioterapia para pacientes com autismo deve ser orientada pelo interesse e participação pessoal da criança, observando com cautela os seus métodos de comunicação preferidos e seu nível de compreensão, sempre baseado em evidências. Algumas estratégias realizadas por fisioterapeutas para limitar a distração incluem o uso de espaços de trabalho silenciosos e arrumados, restringindo brinquedos de exercícios grosseiros e orientação sistemática de exercícios para permitir que a criança se concentre em um conceito por vez e desenvolva rotinas previsíveis.

Além de exacerbar a mobilidade funcional, o fisioterapeuta também desempenha o papel de defensor da saúde e do exercício físico, portanto, sem dúvida, possui uma posição ímpar na promoção e no aumento da participação na prática de exercícios físicos, citam Campos et al. (2019).

CONCLUSÃO

O autismo é uma síndrome neurológica que apresenta mudanças nas habilidades de comunicação, interações sociais e comportamentais, desenvolvendo sinais e sintomas como dificuldade na fala, modos de se expressar e comportamentos anormais ou bloqueios. As crianças com o grau mais severo do autismo apresentam apatia, hipotonia, redução nas atividades motoras, posturas incorretas, dificuldades em iniciar o movimento, além de hipertensão e oscilação nas variedades do tônus.

Sabe-se que o autismo não tem cura, mas através da intervenção precoce os sintomas podem ser reduzidos. Com isso, a fisioterapia exerce a função de trabalhar diretamente nas habilidades motoras dos autistas desenvolvendo e melhorando as funções básicas, como andar, sentar, rolar, manter a posição ortostática, engatinhar e se locomover de modo geral, pois as habilidades aprendidas também ajudarão a criança a interagir com os colegas, visto que, ao controlar suas habilidades motoras, ela poderá participar de jogos e brincar com segurança e confiança.

Nos estudos selecionados existem várias abordagens da equipe multidisciplinar, onde em poucos, há a inclusão dos fisioterapeutas, com isso nota-se a deficiência de protocolos fisioterapêuticos. Foi possível observar que ao se falar sobre o tratamento de crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), a grande maioria de pais e responsáveis não entendem inicialmente o trabalho dos fisioterapeutas sobre a evolução das manifestações clínicas dessas crianças.

Mesmo os fisioterapeutas estando incluídos na equipe multidisciplinar, ainda existe falta de informação sobre sua importância na vida desses pacientes, que é tratar e promover uma melhor qualidade de vida juntamente a equipe multidisciplinar, sendo indispensável o seu papel para o tratamento.

Como sugestão para pesquisas futuras, propõe-se estudos mais detalhados sobre a abordagem fisioterapêutica no TEA.

REFERÊNCIAS

AZEVEDO A, GUSMÃO M. A importância da fisioterapia motora no acompanhamento de crianças autistas. Rev. Eletrôn. Atualiza Saúde. 2016 Jun; v. 3, n. 3, p. 76-83. ISSN 23594470.

BRASIL. Folha informativa: Transtorno do Espectro Autista. Brasília: Organização Mundial de Saúde; 2017 [2020 abr 19]. Disponível em: <https://www.paho.org/bra/index.php?Itemid=1098>.

CAMPOS, C. et al. Exploring the role of physiotherapists in the care of children with autism spectrum disorder. Physical & Occupational Therapy In Pediatrics, v. 39, p. 614-628, 6ª ed., fev. 2019. DOI: 10.1080/01942638.2019.1585405.

CHANG, Y.C.; SHIH, W.; LANDA, R.; KAISER, A.; KASARI, C. Symbolic play in schoolaged minimally verbal children with autism spectrum disorder. Journal of Autism and Developmental Disorders., v. 48, n. 5,p. 1436-1445,nov. 2017. DOI: 10.1007/s10803-0173388-6.

COLEBOURN, J.A.; GOLUB-VICTOR, A.C.; PAEZ, A. Developing overhand throwing skills for a child with autism with a collaborative approach in school-based therapy. Pediatr Phys Ther., v. 29, n. 3, p. 262-269, jul. 2017. DOI: 10.1097/PEP.0000000000000405.

MINISTÉRIO DA SAÚDE – MS. Diretrizes da Estimulação Precoce: Crianças de zero a três anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. Disponível em:<http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2016/novembro/26/Diretrizes-de-estimulacaoprecoce.pdf>. Acessado em: 25 abr. 2021.

ELGHARY, S.; LIU, T. Effects of psychomotor intervention program on students with autism spectrum disorder. School Psychology Quarterly, v. 31, n. 4, p. 491–506, 2016. DOI: 10.1037/spq0000164.

FERNANDES, C.R.; SOUZA, W.A.A.A.; CAMARGO, A.P.R. Influência da fisioterapia no acompanhamento de crianças. Revista das Ciências da Saúde e Ciências aplicadas do Oeste Baiano-Higia, v. 5, n. 1, p. 52-68, 2020. ISSN: 2448-2749.

FERREIRA, J.T.C et al. Efeitos da fisioterapia em crianças autistas: estudo de séries de casos. Cad. Pós-Grad. Distúrb. Desenvolv., São Paulo, v. 16, n. 2, p. 24-32, dez. 2016. DOI: 10.5935/1809-4139.20160004.

MILLS, W. et al. Does hydrotherapy impact behaviours related to mental health and wellbeing for children with autism spectrum disorder? a randomised crossover-controlled pilot trial. Int. J. Environ. Res. Public Health, v. 17, n. 2, p. 558, jan. 2020. DOI: 10.3390/ijerph17020558.

OLIVEIRA, J.D.P et al. Intervenção fisioterapêutica no transtorno do espectro autista. Fisioterapia Brasil, v. 19, n. 5, p. 66-71. 2018. DOI: 10.33233/fb.v19i5.2631.

OLIVEIRA, K. G.; SERTIÉ, A. L. Transtornos do espectro autista: um guia atualizado para aconselhamento genético, São Paulo-SP, v. 15, n.2, p. 233-8. 2017. DOI: 10.1590/S1679-45082017RB4020.

RANDELL, E. et al. Sensory integration therapy versus usual care for sensory processing difficulties in autism spectrum disorder in children: study protocol for a pragmatic randomised controlled trial. Trials., v. 20, n. 113. 2019. DOI: 10.1186/s13063-019-3205-y.

RIQUELME, I.; HATEM, S. M.; MONTOYA, P. Reduction of pain sensitivity after somatosensory therapy in children with autism spectrum disorders. J Abnorm Child Psychol., v. 46, p. 1731–1740. 2018. DOI: 10.1007/s10802-017-0390-6.

VUKICEVIC, S. et al. A demonstration project for the utility of kinect-based educational games to benefit motor skills of children with ASD. Perceptual and Motor Skills. v. 126, n. 6, p. 1117-1144. 2019. DOI: 10.1177/0031512519867521.

YU, C.C.W. et al. Study protocol: a randomized controlled trial study on the effect of a gamebased exercise training program on promoting physical fitness and mental health in children with autism spectrum disorder. BMC Psychiatry. v. 18, n. 56, fev. 2018. DOI: 10.1186/s12888-018-1635-9.


ANEXO A – NORMAS DA REVISTA NOVA FISIO

A missão da revista NOVA FISIO é publicar e disseminar produtos do trabalho científico que contribuam para o estudo das ciências da saúde em geral, tendo como principais linhas temáticas as Ciências Biológicas, a Biomedicina, a Educação Física, a Enfermagem, a Fisioterapia, a Nutrição e a Psicologia. Trabalhos relacionados à Gestão e às Atividades de Laboratórios de Ensino e Pesquisa também são vistos como uma linha temática a ser publicada pela revista.

Manuscritos resultantes de pesquisas envolvendo seres humanos e/ou referentes a intervenções (diagnósticas ou terapêuticas), bem como aqueles envolvendo experimentação animal, deverão ser acompanhados de cópia do parecer do Comitê de Ética em Pesquisa ou da Comissão de Ética de Uso Animal da Instituição de origem ou outra devidamente credenciada junto aos Conselhos responsáveis. Esse(s) documento(s) deve(m) ser anexado(s) no campo “incluir documento suplementar” dos metadados da submissão. Além disso, tal afirmação deve ser apresentada no Campo de Metodologia ou Materiais e Métodos do trabalho, informando o número do parecer ou do documento que aprovou a realização da pesquisa.

Os autores deverão observar as limitações do número de páginas para cada tipo de artigo. A página deve ser formatada em folha tamanho A4, com margens laterais, superior e inferior de 3,0 cm, fonte Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples para resumo e abstract e 1,5 para o texto.

São aceitos trabalhos nos idiomas português, inglês e espanhol.

A estruturação do texto deve conter os tópicos: introdução, metodologia, resultados, discussão (ou conclusão) e referências bibliográficas (conforme NBR 6023 da ABNT).

Artigos de revisão que não se enquadrem na formatação citada anteriormente deverão apresentar uma introdução, os objetivos, o desenvolvimento do tema constando respectivos sub tópicos, se for o caso, e o fechamento do trabalho com uma conclusão própria ou com considerações finais, seguida das referências bibliográficas.

As figuras ou tabelas, com suas respectivas numerações e titulações devem constar no corpo do texto, tituladas e numeradas logo após sua citação. Impreterivelmente todas as figuras, tabelas ou quadros, devem ter uma citação no texto correspondente antes de sua inserção. As imagens deverão ser de boa qualidade e preferencialmente em tamanho grande para facilitar os processos de editoração. Caso haja necessidade da presença de imagens coloridas, os autores deverão ser responsabilizados pelos custos de impressão.

No corpo do texto, as citações bibliográficas de final de parágrafo devem incluir entre parênteses o sobrenome do(s) autor(es) em letras maiúsculas, separados por ponto e vírgula e o ano de publicação, exemplo: (TOMAZ; DICKINSON-ANSON; MCGAUGH, 1992). Para mais de três autores, citar o nome do primeiro seguido por et al., exemplo: (MELO et al., 1998) de acordo com a NBR 10520 da ABNT. Em citações com dois autores no início do parágrafo, os nomes dos autores devem ser escritos em letras minúsculas e unidos por “e” seguidos de vírgula e do ano entre parênteses, exemplo: Segundo Lodi e Hertzel (1998). Trabalhos de um mesmo autor ou autores publicados em um mesmo ano devem ser citados seguindo-se ao ano as letras

“a”, “b”, “c”, etc, na ordem de citação dos mesmos no texto. Exemplos: (LODI; HERTZEL, 1998a); (LODI; HERTZEL, 1998b). Serão aceitas citações de trabalhos efetivamente publicados e teses, dissertações e monografias já apresentadas e aprovadas.

Os trabalhos devem ser referenciados em ordem alfabética. Quando forem de um mesmo autor (ou autores) devem ser referenciados em ordem cronológica. Referências de um único autor precedem às do mesmo autor em co-autoria, independente da data de publicação.

Exemplos:

Teses e Dissertações

SILVA, A. P. Biologia reprodutiva e polinização de Palicourea rigida K.B.L. (Rubiaceae).

1995. 106 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade de Brasília.

Artigo de Periódico

FEITOSA, M. A. G. Envelhecimento sensorial: a pesquisa básica e implicações para a qualidade de vida. Acta Psychologica, Netherlands, v. 28, n. 1, p. 159-175, jul. 2001.

TOMAZ, C.; DICKINSON-ANSON, H.; MCGAUGH, J.L. Basolateral amygdala lesions block diazepam-induced anterograde amnesia in an inhibitory avoidance task. Proceedings of the National Academy of Sciences, Washington, v. 89, p. 3615-3619, may 1992.

Livro

SANO, S.M.; ALMEIDA, S.P. Cerrado: ambiente e flora. Planaltina: Embrapa Cerrados, 1998. 556 p.

Capítulo de livro

MELO, J. T. et al. Coleta, propagação e desenvolvimento inicial de espécies do Cerrado. In: SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P. (Ed.). Cerrado: ambiente e flora. Planaltina: Embrapa Cerrados, 1998. p. 195-243.

Artigos, Resumos em Anais/Proceedings de Congressos, Simpósios e Reuniões

LODI, L.; HERTZEL, B. O golfinho-de-dentes-rugosos (Steno bredanensis) no Brasil. In:

REUNIÃO DE TRABALHO DE ESPECIALISTAS EM MAMÍFEROS AQUATICOS DA

AMÉRICA DO SUL, 8., 1998, Olinda, PE. Resumos. Olinda: Sociedade Latinoamericana de Especialistas em Mamíferos Aquáticos, 1998, p. 112.

Fontes na Internet

LUNA, C. et al. O Papel da plasticidade cerebral na fisioterapia. Disponível em: Acesso em: 30 jun. 2002.

*No caso de artigos da Internet que contenham uma data de publicação definida, o mesmo deve ser referenciado como livro, caso não haja local e/ou editor deve ser incluído apenas o ano após o título, independente do ano de acesso que deverá vir ao final.

CONDIÇÕES PARA SUBMISSÃO

Como parte do processo de submissão, os autores são obrigados a verificar a conformidade da submissão em relação a todos os itens listados a seguir. As submissões que não estiverem de acordo com as normas serão devolvidas aos autores.

1. Folha de rosto contendo:

  • título no idioma original do artigo, máximo de 12 palavras;
  • nome dos autores com respectiva filiação institucional com cidade e país no rodapé, bem como o e-mail de contato do autor correspondente;
  • resumo no idioma original do artigo – O resumo do trabalho que deve ter entre 100 e 150 palavras, e as palavras-chave que devem ser escolhidas, para fins de indexação, de forma que os leitores possam encontrar o artigo através de levantamento bibliográfico, preferencialmente não devem ser incluídas palavras que já constam do título. Devem constar de 4 a 6 palavraschave separadas por ponto, dando-se preferência aos Descritores para as Ciências da Saúde, DeCS (a serem obtidos na página http://decs.bvs.br/)
  • título em inglês, compatível com o título em português;
  • abstract em inglês, compatível com o resumo em português e respectivas keywords compatíveis com as palavras-chave.

* Caso o trabalho original esteja escrito no idioma inglês, ou espanhol, necessariamente deverá haver um resumo em português, com as palavras-chave também em português.

  1. Texto do artigo conforme instruções anteriores;
  2. Referências bibliográficas e Agradecimentos, incluindo declaração das fontes de financiamento ou suporte, institucional ou privado, para a realização do estudo. Figuras, Tabelas e Quadros, conforme instruções anteriores.
  3. Documentos suplementares, tais como aprovação do Comitê ou Comissão de Ética, quando for o caso.
  4. Os autores devem informar qualquer potencial conflito de interesse, incluindo interesses políticos e/ou financeiros associados a patentes ou propriedade, provisão de materiais e/ou insumos e equipamentos utilizados no estudo pelos fabricantes.

DECLARAÇÃO DE DIREITO AUTORAL

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