Por: Vivianne Lins de H. Coelho
Introdução
Esta Síndrome foi inicialmente descrita por Von Graefe em 1880 e, em 1892, Moebius reuniu e descreveu 44 casos, motivo pelo qual a síndrome recebeu seu nome. Ela é considerada rara.
Caracteriza-se por paralisia de nervos cranianos, levando à uma paralisia parcial periférica ( sendo o VII par o mais acometido), em geral bilateral (paralisia do VI par), vindo associada à outras alterações, tais como: atrofia ou disgenesia da musculatura da língua, e outras anomalias musculares e ósseas, especialmente localizados nas partes distais das extremidades superiores e inferiores.
Podem também estar afetados os seguintes pares de nervos cranianos: IX, X (que são mais comuns), I, III, IV, V, VIII e XII (que são mais raros).
A face desse paciente é bastante característica, pois devido a diplegia facial ela possui um aspecto de máscara. Ou seja, no paciente está ausente a mímica facial, acarretando um aspecto inexpressivo, o que faz com que as manifestações de alegria, tristeza, dor, enfim, diversas emoções só possam ser detectadas através do som.
São crianças mentalmente perfeitas, com ótimas funções cognitivas e inteligentes. Devido às suas alterações de expressão e deformidade física associadas elas trazem distúrbios emocionais que podem ser confundidos com algum grau de deficiência mental, o que não existe.
Etiologia
A etiologia da Síndrome de Moebius não é clara, sendo considerada em alguns estudos como resultante de agressão ao feto entre a 4a. e a 5a. semanas de gestação. Porém, em alguns casos, parece clara a evidência de herança autossômica dominante. Seja por agressão geneticamente determinada, seja por alterações locais na embriogênese.
Alguns estudos em animais sugerem a participação de eventos hipóxicos ou isquêmicos cerebrais na etiologia da Síndrome.
Existem autores que fazem uma analogia entre a Artrogripose Múltipla Congênita (AMC) e Síndrome de Moebius, considerando a Síndrome de moebius uma “artrogripose bulbar”, onde pode estar envolvida, assim como na artrogripose, mais de uma etiologia (como de origem nervosa e/ou muscular).
Enquanto na Síndrome de Moebius podem estar afetados o tronco cerebral e/ou músculos derivados do arco braquial, na artrogripose pode estar envolvida a medula espinhal e/ou musculatura derivada dos somitos. Todavia, existem, também, casos descritos de AMC associada à Síndrome de Moebius no qual sugere a possibilidade dessas condições terem uma origem em comum.
Manifestações Clínicas
As manifestações clínicas variam de acordo com os nervos afetados, todavia as características mais importantes são:
• Paralisia facial do tipo periférico;
• Atrofia da musculatura da língua, havendo movimentação limitada;
• A boca mantém-se entreaberta;
• Os olhos não se fecham, mas ao tentar observa-se o sinal de Bell. Com isso a criança não pisca nem lacrimeja.
• As anomalias oculomotoras são variáveis. Na maioria das vezes, há paralisia completa dos retos laterais, com conseqüente esotropia e torcicolo compensador. Os retos mediais podem estar fortemente contraturados. Outras vezes, há ortotropia e esotropia muito discreta.
• Irritação da córnea;
• Não mastiga, não sopra, não fala direito, sem nenhuma expressão facial;
• Transtornos dentários e algumas vezes auditivos;
• Deformidades ou mesmo atrofiamento dos membros (pés-tortos, ausência de dedos nos pés ou nas mãos)
• Hipotonia muscular com retardo motor.
Atuação da Fisioterapia na Síndrome de Moebius
O tratamento fisioterapêutico na Síndrome de Moebius é bastante amplo e deve se adequar às características clínicas de cada paciente, variando desde o tratamento único da paralisia facial periférica, como também, associado a recursos que permitam treino da marcha.
Cabe, somente, ao fisioterapeuta eleger a melhor metodologia em cada caso.
Objetivos da Fisioterapia
• Estimular a movimentação e expressão facial;
• Melhorar a deglutição e fala;
• Restabelecer o desenvolvimento correto do reflexo facial;
• Prevenir contraturas e deformidades dos membros;
• Fortalecer a musculatura dos MMII e pelve;
• Indicar o uso de órteses;
• Treinar a marcha;
• Melhorar o equilíbrio e a coordenação.
Avaliação e Tratamento
Ao realizar a avaliação da paralisia facial é importante observar a assimetria facial e o tônus muscular, o teste reflexo córneo-palpebral, a atividade muscular do lado sadio (caso seja unilateral e se existe excesso de atividade), pesquisar os sinais de Bell e de Negro, além de analisar a atividade motora voluntária determinando o grau de comprometimento.
Como sugestão, o tratamento da Paralisia Parcial Periférica pode ser feito através de:
• Alongamento de toda musculatura facial;
• Crioestimulação;
• Estimulação Sensorial através de objetos com diferentes texturas (escovinha, esponja, pincel ou vibradores) ;
• Cinesioterapia, utilizando o Método FNP – KABAT (Utilizando a técnica do estiramento repetido de acordo com os graus de força muscular obtidos na avaliação);
• Eletroestimulação, que não é muito indicado para crianças.
É importante que se tenha uma interação entre os profissionais envolvidos com o caso, como por exemplo, o fonoaudiólogo e o fisioterapeuta, pois existe uma quantidade surpreendente de materiais de testagem, padronizados ou não, para analisar a percepção auditiva, expressão e solução de problemas verbais, e a fala motora. Essas informações podem ser de grande valor para o Fisioterapeuta. Com isso, os resultados de um formulário de avaliação completo formam a base para decisões relativas a diagnóstico, prognóstico e tratamento.
Dos defeitos ortopédicos existentes, o mais comum é o Pé-torto Congênito, cujo tratamento precoce é fundamental. Recomendando-se iniciar o tratamento nos primeiros dias de vida, de forma conservadoramente, pois existe muita elasticidade ligamentar e ainda não ocorreram alterações secundárias adaptativas. As técnicas utilizadas serão baseadas nos princípios de manipulação das deformidades (através do alongamento da musculatura encurtada) e manutenção, através da indicação de órteses. Quando o paciente estiver se preparando para a marcha é interessante que sejam dados estímulos proprioceptivos, como o uso do tapping nos pés e trabalho com estímulos sensoriais através de diferentes texturas. Outras opções de tratamento:
• O uso da prancha ortostática, de forma que auxilie na dissociação de cinturas e o paciente suporte o peso de seu corpo mudando o centro da gravidade;
• Uso do andador;
• Uso da barra paralela;
• Uso da escada e rampa;
São muitos os procedimentos a serem utilizados, basta adapta-los à cada paciente.
Conclusão
Muitos dirão que as pessoas que têm a Síndrome de Moebius não podem sorrir, todavia quem as conhece sabem quando estão sorrindo. E a fisioterapia, que tem trazido bons resultados, é muito importante no tratamento desta síndrome, de modo que possa prevenir distúrbios emocionais futuros, devido à revolta por não terem expressão.
Bibliografia
MACHADO, A. Neuroanatomia Funcional. 2ed, São Paulo; Atheneu, 2000.
STOKES, M. CASH Neurologia para Fisioterapeutas. São Paulo. Premier, 2000.
UMPHRED, D. A. Fisioterapia Neurológica. 2ed. São Paulo; Manole,1994.
XAVIER, R. e HEBERT, S. Ortopedia e Traumatologia. Princípio e Prática. 2ed, Porto Alegre; Artmed, 1998.
http://www.abonet.com.br/abo/abo64303.htm
http://www.ciaccess.com/moebius/front.htm
http://www.hitnet.com.br/moebius/
http://www.moebius.org/
http://www.muitoespecial.com.br/pessoas/pessoa7.htm
9 comentários em “ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NA SÍNDROME DE MOEBIUS”
Comentários encerrados.
Minha filha tem essa síndrome de sorri e da gargalhada do geito dela e todos incentivamos ela a sorrir.
Quais Sao as terapias indicadas
Eu tenho uma filha especial, com está síndrome de Moebius, q tem dificuldades de rir e de falar, más ela e tudo na minha vida
Tenho uma filha com síndrome de moebius,queri
a saber o que posso fazer para ajuda-lá?
tenho um neto de 6 anos de idade com sindrome de moebius, o nome dele e ikki ezequiel, uma figura. ja fez 3 cirgias do pé torto congênito. tenho dificuldades de aranjar fisioterapia pelo sus. mas procuro fazer em casa.
Sou Raquel, tenho um filho de 3 anos que é portador de Moebius, faço parte de um grupo no zap com mães e portadores, zap – 24 988076889
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