A UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS DIGITAIS NO DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DA EDUCAÇÃO INFANTIL

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202505302252


Ueudison Alves Guimarães
Luciana dos Reis Lara e Sousa
Claudia Pereira Neres de Oliveira
Rosana Ribeiro de Carvalho Matta
Madelon Mencari Felix
Marcelo Baptista Leal
Sandra Marina Santos Dias da Fonseca
Vera Lúcia da Silva Azevedo


RESUMO

O presente artigo tem como objetivo investigar as complexas interações entre ferramentas digitais e o processo de alfabetização e letramento infantil, em um contexto em que a tecnologia permeia todos os aspectos da vida cotidiana. Desse modo, o desafio é entender como a integração dessas ferramentas, como computadores e smartphones, que oferecem uma vasta gama de programas e aplicativos pedagógicos, pode ser efetivamente aproveitada no ambiente escolar. A proposta é que essa inclusão tecnológica possibilite uma reconfiguração das práticas docentes, levando os educadores a enxergarem novas possibilidades de ensino. A utilização das tecnologias, ao se alinhar com o cotidiano dos alunos, pode criar momentos de aula mais envolventes e estimulantes, despertando a curiosidade e o entusiasmo pela aprendizagem. No entanto, mostra-se indispensável que a aplicação dessas ferramentas seja orientada por objetivos pedagógicos claros e não se desvie para conteúdos que não contribuam diretamente para o processo educativo. Assim sendo, o desafio reside em equilibrar o uso das tecnologias com a necessidade de garantir que elas sirvam para enriquecer a experiência de aprendizagem e não se tornem meros elementos de distração.

Palavras-Chave: Avaliação Formativa e Sumativa. Ensino. Ferramentas Digitais.

ABSTRACT

This article aims to investigate the complex interactions between digital tools and the process of children’s literacy and literacy, in a context in which technology permeates all aspects of daily life. Thus, the challenge is to understand how the integration of these tools, such as computers and smartphones, which offer a wide range of educational programs and applications, can be effectively used in the school environment. The proposal is that this technological inclusion enables a reconfiguration of teaching practices, leading educators to see new teaching possibilities. The use of technologies, when aligned with students’ daily lives, can create more engaging and stimulating classroom moments, awakening curiosity and enthusiasm for learning. However, it is essential that the application of these tools be guided by clear pedagogical objectives and not deviate into content that does not directly contribute to the educational process. Therefore, the challenge lies in balancing the use of technologies with the need to ensure that they serve to enrich the learning experience and do not become mere distractions.

Keywords: Formative and Summative Assessment. Teaching. Digital Tools.

1 INTRODUÇÃO

A sociedade vive em uma era marcada por uma evolução vertiginosa das tecnologias, com dispositivos eletrônicos que se tornam cada vez mais sofisticados, como computadores e celulares, que redefinem a comunicação, o trabalho e o aprendizado.

 A integração das TICs em nossa vida cotidiana é quase inevitável, a ponto de se tornar uma constante inescapável. Nesse sentido, o tema deste artigo nasceu a partir de uma reflexão crítica durante as aulas do curso de Pedagogia, onde se discutiu a potencialidade das TICs para inovar o ensino na alfabetização e letramento infantil.

Adicionalmente, a observação durante o estágio revelou um cenário paradoxal: computadores, que poderiam enriquecer a prática pedagógica, estavam relegados a uma sala, empacotados e inativos, ilustrando uma discrepância entre a disponibilidade tecnológica e sua efetiva utilização na prática educacional. Entretanto, esse contraste levanta questões sobre como as ferramentas digitais podem ser incorporadas de maneira mais eficiente para transformar a abordagem pedagógica e responder às necessidades emergentes no processo educativo infantil.

Assim sendo, a introdução das novas tecnologias na educação abre um leque de possibilidades para transformar a forma como o ensino é conduzido, oferecendo maneiras inovadoras e potencialmente mais significativas de engajar os alunos, pois as ferramentas digitais, quando incorporadas de forma estratégica, podem servir como recursos valiosos que enriquecem o processo de aprendizagem, criando experiências educacionais mais dinâmicas e interativas.

Não obstante, em um cenário onde a tecnologia se tornou uma constante onipresente, as instituições de ensino enfrentam a pressão quase implacável de integrá-la em suas práticas pedagógicas, evidenciando que o desafio reside em utilizar esses recursos tecnológicos de maneira que realmente favoreça a qualidade do ensino, em vez de se limitar a uma inclusão superficial.

Nesse contexto, elucida-se que o uso criterioso de aparelhos eletrônicos e da internet oferece inúmeras possibilidades, porém se torna fundamental que a implementação dessas tecnologias seja feita com um planejamento cuidadoso e uma visão clara de como elas podem efetivamente contribuir para um aprendizado mais envolvente e significativo.

As tecnologias têm sido inseridas no cenário educacional há bastante tempo, começando com as datilografias, as icônicas máquinas de escrever que marcaram uma era. Essa trajetória revela uma evolução notável, com os computadores gradualmente substituindo os tradicionais cadernos, o que nos leva a refletir sobre o surgimento de uma nova paradigmática na pedagogia.

Dessa forma, o presente artigo busca analisar a introdução de ferramentas digitais na educação, especialmente na alfabetização, um momento importante em que as crianças têm seus primeiros contatos com a leitura e a escrita. As ferramentas digitais, nesse contexto, têm o potencial de transformar profundamente o processo de ensino-aprendizagem, oferecendo novas e significativas possibilidades para a construção do conhecimento.

Os computadores e celulares, hoje em dia, são portadores de um arsenal de ferramentas sofisticadas que podem enriquecer profundamente as práticas pedagógicas. Essas tecnologias, quando integradas de maneira inovadora, têm o potencial de transformar aulas convencionais em experiências envolventes e dinâmicas, refletindo a ubiquidade das ferramentas digitais na vida cotidiana das crianças.

No entanto, aponta-se que este artigo também se dedica a explorar as nuances do uso dessas ferramentas digitais, enfatizando a necessidade de uma utilização criteriosa e intencional, visto que a questão não se restringe apenas à inclusão de tecnologias, mas à sua aplicação estratégica para promover um aprendizado eficaz. Desse modo, faz-se necessário garantir que a tecnologia sirva como um facilitador da construção de saberes, e não como uma distração, evitando o uso de jogos e atividades lúdicas desprovidas de um propósito pedagógico claro.

Por essa ótica, sublinha-se que a reflexão sobre a inserção tecnológica na educação deve priorizar o impacto real no processo de aprendizagem, assegurando que a tecnologia atenda às necessidades educacionais e contribua de fato para a formação integral dos alunos.

2 METODOLOGIA

A abordagem metodológica adotada é de natureza bibliográfica, focada na análise de teorias que exploram a interseção entre tecnologia e educação. O seu objetivo central é aprofundar o conhecimento e discutir as implicações do uso de ferramentas digitais no processo de alfabetização e letramento. Para isso, o estudo emprega uma estratégia de revisão de referencial teórico que busca iluminar novas possibilidades pedagógicas oferecidas pelo uso de tecnologias digitais, com ênfase no papel transformador dos computadores.

A proposta pretende transcender o modelo tradicional de ensino, substituindo aulas monótonas por experiências mais dinâmicas e envolventes. Como argumenta Oliveira Filho (2010, p.7), “o uso pedagógico do computador permite ao professor explorar concepções de aprendizagem que desafiam o paradigma da escola tradicional, criando novas dimensões para a construção do conhecimento através da interação do sujeito com o objeto”. Esta perspectiva crítica e inovadora visa redefinir as práticas educacionais, potencializando o papel das ferramentas digitais na formação dos alunos e na evolução das práticas pedagógicas.

3. REFERENCIAL TEÓRICO

3 A Educação Infantil  

A educação infantil é uma etapa fundamental do processo educacional, destinada a crianças desde o nascimento até os seis anos de idade. Para Carvalho (2011, p.14), “esta fase é indispensável para o desenvolvimento integral dos indivíduos, abrangendo aspectos cognitivos, emocionais, sociais e físicos”. O autor ainda explica que o principal objetivo da educação infantil esta em promover o desenvolvimento pleno das crianças, respeitando suas necessidades e características específicas, e criando um ambiente de aprendizagem estimulante e seguro.

De acordo com o autor, durante a educação infantil, as crianças têm a oportunidade de desenvolver habilidades básicas que serão essenciais para seu futuro acadêmico e social, o que inclui o desenvolvimento da linguagem, da coordenação motora, do pensamento lógico e da criatividade. Além disso, para Carvalho (2011), a educação infantil é uma etapa importante para a socialização, onde as crianças aprendem a conviver com os pares, a compartilhar, a respeitar regras e a desenvolver empatia.

Segundo Carvalho (2011, p.21):

A prática pedagógica na educação infantil deve ser lúdica e integrada, com atividades que despertem o interesse e a curiosidade das crianças. Jogos, brincadeiras, contação de histórias, música, artes e atividades físicas são algumas das estratégias utilizadas para promover o aprendizado de maneira prazerosa e significativa. O ambiente educacional deve ser acolhedor e organizado de forma a incentivar a autonomia e a exploração, com espaços adequados para diferentes tipos de atividades.

Para o autor, a formação dos profissionais que atuam na educação infantil é outro aspecto essencial para garantir a qualidade desse nível de ensino, visto que educadores bem preparados, com formação específica e contínua, são capazes de planejar e executar práticas pedagógicas que atendam às necessidades das crianças e respeitem suas individualidades.

Carvalho (2011) explica ainda que a educação infantil também tem um papel importante no apoio às famílias, oferecendo orientação e suporte no cuidado e na educação das crianças, sendo que ela desempenha uma função social, contribuindo para a equidade ao oferecer oportunidades de aprendizado para todas as crianças, independentemente de suas condições socioeconômicas.

Em termos de legislação, como citado pelo autor, a educação infantil é reconhecida como um direito da criança e um dever do Estado, sendo a primeira etapa da educação básica. No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) estabelece que a educação infantil é oferecida em creches, para crianças de zero a três anos, e pré-escolas, para crianças de quatro a seis anos.

Com isso, entende-se que a educação infantil é uma fase essencial para o desenvolvimento integral das crianças, proporcionando as bases para uma vida escolar e social bem-sucedida, e que ela promove o desenvolvimento cognitivo, emocional e social, preparando as crianças para os desafios futuros e garantindo um começo de vida saudável e estimulante.

3.1 O processo de ensino e aprendizagem na educação infantil

O processo de ensino e aprendizagem na educação infantil é fundamental para o desenvolvimento integral das crianças, abrangendo aspectos cognitivos, emocionais, sociais e físicos. Nesta fase, segundo Do Vale (2012), o ensino deve ser centrado na criança, respeitando suas necessidades, ritmos e interesses, e promovendo um ambiente de aprendizagem estimulante e acolhedor.

Na visão de Do Vale (2012), na educação infantil, o aprendizado ocorre principalmente por meio do brincar. As atividades lúdicas são essenciais, pois permitem que as crianças explorem, experimentem e descubram o mundo ao seu redor de maneira prazerosa e significativa. Jogos, brincadeiras e atividades criativas, como a contação de histórias, a música e as artes, são, segundo o autor,  utilizadas para estimular a curiosidade, a imaginação e a capacidade de resolução de problemas das crianças.

Do Vale (2012, p.67), explica ainda que “o papel do educador é crucial nesse processo. O professor na educação infantil deve atuar como mediador e facilitador do aprendizado, criando oportunidades para que as crianças desenvolvam habilidades e conhecimentos de forma ativa”. Assim, torna-se importante que o educador observe e compreenda as necessidades e os interesses das crianças, planejando atividades que promovam a exploração e o aprendizado autônomo.

Para o autor, o ambiente educacional deve ser cuidadosamente planejado para incentivar a autonomia e a interação social, sendo que espaços bem organizados e recursos variados permitem que as crianças se envolvam em atividades diversificadas, desenvolvam habilidades motoras e sociais e aprendam a trabalhar em grupo. Deste modo, o ambiente deve ser seguro, estimulante e adaptado às necessidades das crianças, com áreas específicas para atividades de diferentes naturezas, como jogos simbólicos, atividades manuais e momentos de leitura.

Já para Faria (2005), o desenvolvimento da linguagem é um aspecto central na educação infantil, visto que através da conversação, da leitura e da interação social, as crianças ampliam seu vocabulário, aprimoram suas habilidades de comunicação e desenvolvem a capacidade de expressar suas ideias e sentimentos. Assim, para o autor, as atividades de linguagem devem ser integradas ao dia a dia das crianças, oferecendo oportunidades para a escuta ativa e a expressão oral.

Além disso, para Faria (2005), a educação infantil cumpre um papel importante na socialização, já que as crianças aprendem a conviver com os outros, a compartilhar, a respeitar regras e a resolver conflitos. Essas habilidades sociais são necessárias para o desenvolvimento emocional e para o futuro relacionamento interpessoal das crianças.

Faria (2005) também salienta que a avaliação na educação infantil deve ser formativa e diagnóstica, focando no progresso individual e nas áreas de desenvolvimento das crianças, e não apenas em resultados finais. Todavia, a observação contínua permite que o educador ajuste suas práticas pedagógicas de acordo com as necessidades e os avanços das crianças.

Para o autor, o processo de ensino e aprendizagem na educação infantil é caracterizado por uma abordagem centrada na criança, que valoriza o brincar, a interação social e o desenvolvimento integral. Segundo ele, o papel do educador é fundamental para criar um ambiente estimulante e apoiar o desenvolvimento das habilidades e competências das crianças de forma significativa e prazerosa.

No contexto da educação infantil, como salientado por Faria (2005), o papel do docente e da família é indispensável e interdependente para o desenvolvimento integral das crianças, sendo que ambos desempenham papéis complementares, contribuindo para um ambiente educacional que favorece o crescimento cognitivo, emocional e social dos pequenos.

Já o educador na educação infantil, para o autor,  atua como facilitador e mediador do processo de aprendizagem, visto que sua principal função é criar um ambiente de aprendizagem seguro, acolhedor e estimulante, que incentive a curiosidade e a exploração. Para isso, o docente deve planejar e executar atividades lúdicas e educativas que atendam às necessidades e interesses das crianças, promovendo o desenvolvimento de habilidades motoras, cognitivas e sociais.

Com isso, entende-se que o apoio emocional e o reconhecimento dos esforços das crianças são fundamentais para o desenvolvimento de uma autoimagem positiva e a motivação para o aprendizado e que a família também deve estar atenta às necessidades emocionais e sociais dos filhos, oferecendo suporte e orientação conforme necessário.

Deste modo, salienta-se o pensamento de que o papel do docente e da família na educação infantil é fundamental para criar um ambiente de aprendizado positivo e eficaz e que, com isso, o educador deve oferecer um ambiente estimulante e apoiar o desenvolvimento das crianças, enquanto a família deve colaborar com a escola e promover práticas que reforcem o aprendizado em casa. Juntos, eles formam uma parceria essencial para o crescimento e o sucesso das crianças na educação infantil.

3.2 Competências digitais propostas na BNCC

As competências digitais propostas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) refletem a importância crescente das habilidades tecnológicas no processo educacional. Elas são parte integrante da formação dos estudantes, preparando-os para um mundo cada vez mais digital e conectado (Brasil, 2017).

Assim, a BNCC define competências digitais como um conjunto de habilidades que permitem aos alunos utilizarem tecnologias digitais de forma crítica, ética e produtiva, o que inclui não apenas o uso de ferramentas e recursos digitais, mas também a capacidade de compreender e aplicar a tecnologia de maneira que beneficie seu aprendizado e desenvolvimento pessoal (Brasil, 2017).

Entre as competências digitais destacadas pela BNCC, está a capacidade de os alunos utilizarem tecnologias para buscar, selecionar e produzir informações. Para tanto, urge-se envolver habilidades como a pesquisa em ambientes virtuais, a avaliação da qualidade e da relevância das informações encontradas e a produção de conteúdos digitais que sejam claros e apropriados para diferentes contextos (Brasil, 2017).

Outra competência importante é a de utilizar ferramentas digitais para colaborar e se comunicar de forma eficaz, sendo que os alunos devem ser capazes de trabalhar em projetos colaborativos, usando tecnologias que facilitem a comunicação e o compartilhamento de informações com outros, respeitando as normas e éticas digitais (Brasil, 2017).

Além disso, percebe-se que a BNCC enfatiza a necessidade de desenvolver habilidades para resolver problemas e tomar decisões com o apoio das tecnologias, o que abarca o uso de ferramentas digitais para simular situações, analisar dados e buscar soluções criativas para desafios propostos.

A BNCC também aborda a importância da segurança digital e da cidadania digital. Segundo ela, os alunos devem ser capazes de proteger suas informações pessoais e respeitar as normas de privacidade online, além de se comportar de maneira ética e responsável no ambiente digital.

A formação em competências digitais deve ser integrada ao currículo de forma que os alunos desenvolvam essas habilidades de maneira contextualizada e significativa (Brasil, 2017). Com isso, a BNCC propõe que o uso das tecnologias seja incorporado nas diversas áreas do conhecimento, permitindo que os estudantes apliquem suas competências digitais em diferentes contextos e situações de aprendizagem.

Deste modo, salienta-se que as competências digitais propostas na BNCC visam preparar os alunos para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades de um mundo digital e que elas incluem o uso crítico e criativo das tecnologias, a colaboração e comunicação eficaz, a resolução de problemas e a segurança e cidadania digital.

Com isso, compreende-se que a integração dessas competências no currículo é fundamental para garantir que os estudantes estejam preparados para o futuro e possam utilizar a tecnologia de maneira produtiva e ética.

Segundo Barbosa (2009), as competências digitais propostas pela BNCC oferecem várias vantagens significativas para o processo educacional, visto que elas preparam os alunos para um mundo cada vez mais digital, proporcionando habilidades valiosas que são fundamentais tanto para o mercado de trabalho quanto para a vida cotidiana.

O autor ainda salienta que ao integrar essas competências no currículo, os alunos desenvolvem habilidades críticas, como a capacidade de avaliar a qualidade das informações e tomar decisões informadas, o que é essencial para navegar de forma eficaz e segura no ambiente digital.

Para Barbosa (2009, p.15):

A utilização de tecnologias também enriquece o aprendizado ao permitir a comunicação e colaboração em projetos conjuntos, promovendo habilidades sociais e de trabalho em equipe. Além disso, a personalização do ensino é facilitada pela tecnologia, permitindo que recursos e ferramentas sejam ajustados para atender às necessidades individuais dos alunos, tornando o ensino mais relevante e engajador. As competências digitais também incentivam o pensamento criativo e a resolução de problemas, estimulando os alunos a usar ferramentas tecnológicas para criar soluções inovadoras.

No entanto, segundo o autor, existem também desafios associados à integração das competências digitais, visto que a desigualdade de acesso à tecnologia pode acentuar as disparidades entre alunos que têm e não têm acesso a dispositivos e internet, criando uma lacuna educacional.

Barbosa (2009) salienta ainda que a abundância de informações disponíveis online pode resultar em sobrecarga de informação, tornando difícil para os alunos filtrar e avaliar a relevância e veracidade dos dados, o que exige habilidades de literacia digital aprimoradas.

Além disso, para o autor, a segurança e a privacidade online são preocupações importantes, exigindo que os alunos sejam educados sobre como proteger suas informações pessoais e agir de forma ética na internet.

O autor explica ainda que a implementação eficaz dessas competências também depende de uma formação adequada para os professores, que precisam estar atualizados com as novas tecnologias e que existe o risco de que a dependência de tecnologias digitais possa impactar a capacidade dos alunos de realizar tarefas sem o auxílio dessas ferramentas, o que pode afetar habilidades de pensamento crítico e resolução de problemas de forma não mediada.

Com isso, compreende-se que enquanto as competências digitais oferecem vantagens importantes para o aprendizado e o desenvolvimento dos alunos, sua integração no currículo deve ser feita de forma equilibrada, levando em conta tanto os benefícios quanto os desafios que acompanham a tecnologia.

4 DISCUSSÕES

O advento das novas tecnologias da informação e da comunicação tem promovido uma transformação profunda nas práticas e estilos de vida, impactando diretamente o cenário educacional. As escolas, enquanto instituições comprometidas com a formação abrangente dos indivíduos e adaptadas às dinâmicas sociais em constante evolução, devem refletir essas mudanças em seus métodos de ensino.

Nesse contexto, Perrenoud (2000) destaca que as escolas não podem se alhear das revoluções tecnológicas que permeiam o mundo contemporâneo, pois as novas tecnologias, que reconfiguram as formas de comunicação e as práticas laborais e as formas de pensamento, exigem uma reavaliação das abordagens pedagógicas.

Segundo o autor acima, ignorar essas transformações seria desconsiderar a necessidade de preparar os alunos para um mundo onde o digital e o tecnológico são fundamentais para a interação e o desempenho profissional. Logo, a integração das tecnologias no currículo escolar não é apenas uma questão de atualizar recursos, mas de alinhar a educação com as exigências e oportunidades do século XXI, garantindo que o ensino se mantenha relevante e eficaz diante das rápidas mudanças sociais e tecnológicas.

Nesse panorama, as instituições de ensino enfrentam a necessidade imperiosa de revisar e reimaginar suas práticas pedagógicas, buscando integrar as novas tecnologias de forma que se tornem instrumentos eficazes no processo educativo.

De acordo com Oliveira Filho (2010), a crescente presença de recursos como computadores e projetores multimídia nas escolas exemplifica essa transição, oferecendo um potencial significativo para transformar o ensino. Contudo, a eficácia dessa integração depende fortemente do uso criativo e crítico desses recursos pelos professores.

Por exemplo, a implementação de atividades no laboratório de informática e a utilização da internet para pesquisas aprofundadas podem revolucionar a dinâmica das aulas, proporcionando aos alunos acesso a uma variedade diversificada de informações e promovendo um aprendizado mais envolvente e interativo.

Entretanto, Ferreiro (2011) explica que para que esses recursos se traduzam em benefícios reais para o processo educativo, é essencial que sejam utilizados com propósito e intenção pedagógica, evitando a mera superficialidade e assegurando que realmente contribuam para o desenvolvimento cognitivo e a formação integral dos alunos. Assim, o desafio para os educadores não se resume única e simplesmente em incorporar essas tecnologias, mas fazê-lo de maneira que amplifique a eficácia do ensino e responda às demandas contemporâneas da educação.

Nos dias de hoje, os computadores oferecem diversas ferramentas que podem ser exploradas no contexto educacional, e o Microsoft Word, por exemplo, é um software amplamente conhecido e acessível, que possui um potencial significativo para o desenvolvimento de habilidades de escrita e produção textual.

A aplicação desse programa vai além do simples processamento de textos, podendo servir como uma plataforma para atividades criativas e colaborativas, estimulando a expressão e a reflexão crítica dos alunos.

Dentro dessa perspectiva, Santomauro (2013) esclarece que a integração das novas linguagens e tecnologias na educação requer uma compreensão profunda e um domínio não apenas das ferramentas, mas dos códigos e possibilidades de expressão que elas oferecem.

Em contrapartida, a escola, ao incorporar essas tecnologias, deve buscar não somente a eficiência e a produtividade, mas também promover usos democráticos, progressistas e participativos, sugerindo em criar ambientes de aprendizagem onde as tecnologias não sejam vistas apenas como recursos, mas como catalisadores para uma evolução mais ampla e significativa dos indivíduos, possibilitando um engajamento mais ativo e uma participação mais equitativa no processo educativo.

A educação precisa, portanto, transcender a mera utilização de ferramentas digitais, incorporando uma abordagem crítica e transformadora que potencialize o desenvolvimento integral dos alunos e prepare-os para um mundo cada vez mais digital e interconectado.

Moran (2000) aponta que o poder público exerce papel preponderante em garantir o acesso universal às tecnologias de comunicação, proporcionando oportunidades equitativas a todos os alunos, especialmente aos menos favorecidos. Essa intervenção não se limita a um simples ajuste social. Ela atua também como um contrapeso ao domínio dos conglomerados empresariais e às tentativas de projetos ou agendas autoritárias que possam surgir.

Observa-se que, no atual panorama educacional, a integração das ferramentas digitais tornou-se uma necessidade premente, exigindo um debate contínuo sobre como incorporá-las eficazmente no ambiente escolar. Desse modo, cabe às escolas reconhecerem e valorizarem o potencial positivo dessas tecnologias, em vez de encararem suas inserções como um desafio ou um fator disruptivo.

A visão predominante tende a focalizar as dificuldades e obstáculos associados à implementação das TICs, frequentemente negligenciando os benefícios substanciais que elas podem trazer para o processo educativo.

Este receio, muitas vezes alimentado por uma compreensão limitada ou por uma resistência à mudança, pode impedir que autoridades educacionais e instituições reconheçam plenamente as oportunidades que as tecnologias oferecem para enriquecer e transformar a prática pedagógica.

Por isso, torna-se relevante para o processo que se adotem perspectivas mais abertas e inovadoras, as quais valorizem e explorem as potencialidades das ferramentas digitais, promovendo um ambiente de aprendizagem mais dinâmico e eficaz.

5 CONCLUSÃO

O presente estudo evidencia de maneira incisiva como as ferramentas digitais têm o potencial de revolucionar a prática pedagógica, especialmente na alfabetização infantil, ao proporcionar novas e dinâmicas possibilidades de ensino e aprendizagem. Mesmo no contexto da alfabetização, onde os alunos se encontram em uma fase inicial e de intensa formação, a integração das tecnologias se mostra viável e altamente benéfica.

A utilização de computadores e da internet, longe de ser um mero adendo, constitui um pilar significativo para a modernização das práticas educativas. Desse modo, percebe-se que há uma enorme quantidade de ferramentas pedagógicas especificamente desenvolvidas para a alfabetização, que conseguem manter a essência lúdica essencial para essa etapa, através de programas e aplicativos que oferecem jogos e atividades interativa, os quais servem tanto para ganhar a atenção dos alunos com uma paleta rica de cores, sons e imagens vibrantes quanto para transformar a experiência de aprendizagem em algo profundamente envolvente e estimulante.

A discussão sobre a integração das ferramentas digitais na alfabetização requer uma análise mais aprofundada, pois essas tecnologias oferecem contribuições substanciais tanto para o aluno quanto para o professor. Nesse sentido, ressalta-se que a inserção dessas ferramentas pode, efetivamente, transformar o processo educativo ao proporcionar um leque expandido de possibilidades pedagógicas, fomentando a criatividade e tornando o aprendizado um empreendimento envolvente e gratificante.

As tecnologias permeiam todas as esferas da vida contemporânea, e seu impacto é cada vez mais evidente desde os primeiros anos de desenvolvimento infantil. Dessa forma, a inclusão dessas ferramentas na alfabetização não apenas reflete uma necessidade adaptativa ao contexto digital atual, mas também se posiciona como um ponto estratégico crucial. Não obstante, percebe-se que ao incorporar elementos tecnológicos que as crianças já encontram em seu cotidiano, o ensino pode ser revitalizado, despertando um interesse renovado pelo aprendizado e proporcionando uma experiência educacional que é simultaneamente familiar e inovadora.

Para que a integração efetiva das ferramentas digitais na educação se concretize, deseja-se que as autoridades reconheçam e valorizem as profundidades das contribuições que essas tecnologias oferecem ao processo de ensino-aprendizagem. Logo, a implementação de laboratórios de informática acessíveis aos alunos e a expansão dos recursos tecnológicos nas instituições são passos decisivos para transformar a dinâmica educacional contemporânea.

Além disso, demanda-se investir em formação continuada para os professores, focada em metodologias de ensino que incorporem o uso das ferramentas digitais, pois muitas vezes, os educadores não estão plenamente familiarizados com as tecnologias emergentes, o que limita seu potencial inovador em sala de aula.

Acredita-se que proporcionar essas formações é de suma importância, não apenas para familiarizar os docentes com as novas ferramentas, mas para capacitá-los a explorar e aplicar metodologias pedagógicas avançadas. Assim, a prática docente pode ser revitalizada, permitindo uma abordagem mais interativa e envolvente do ensino.

Diante disso, a prioridade deve ser um compromisso inabalável com a aprendizagem dos alunos, especialmente na importante fase da alfabetização, onde os alicerces do conhecimento são estabelecidos para toda a vida, afinal, a alfabetização é considerada uma etapa fundamental, cuja qualidade de ensino molda tanto o presente quanto o futuro educacional dos estudantes.

Entretanto, a eficácia dessas ferramentas está intrinsecamente ligada ao seu uso pedagógico apropriado. Nesse sentido, sublinha-se que utilizar essas tecnologias de forma educacional e intencional contribui para um ensino mais envolvente e dinâmico, estimulando o interesse e a curiosidade dos alunos de maneira significativa. Destarte, a integração eficaz das tecnologias pode transformar a experiência de aprendizagem, tornando-a atrativa, relevante e adaptada às exigências do mundo atual.

6 REFERÊNCIAS

BARBOSA, M. C. S. Práticas cotidianas na educação infantil: Bases para a reflexão sobre as orientações curriculares – Projeto de cooperação técnica MEC e UFRGS para construção de orientações curriculares para educação infantil. Ministério da Educação Básica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2009.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC): Educação Infantil e Ensino Fundamental. MEC/Secretaria da Educação Básica, 2017.

CARVALHO, R. N. S. A construção do currículo da e na creche: Um olhar sobre o cotidiano. 2011. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal do Amazonas, Manaus.

DO VALE, I. C. de O. Educação Infantil: Um olhar para a inserção. Oikos; Nova Harmonia, 2012.

FARIA, A. L. G. Políticas de regulação, pesquisa e pedagogia na educação infantil, primeira etapa da educação básica. Educação & Sociedade, v. 26, n. 92, p. 1013-1038, 2005. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0101-73302005000200017.

FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez, 2011.

OLIVEIRA FILHO, Vitor Henrique de. As novas tecnologias e a mediação do processo de ensino-aprendizagem na escola. 2010. Disponível em: Acesso em: 10 ago. 2018.

MORAN, José Manuel; MASSETO, Marcos T.; BEHRENS, Marilda Aparecida. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2000.

PERRENOUD, Philippe. As dez novas competências para ensinar. Trad. Patricia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Artmed, 2000.

SANTOMAURO, Beatriz. Alfabetização e Tecnologia. 2013. Disponível em: Acesso em: 16 ago. 2018.

SBROGIO, Renata. Alfabetização e letramento digital: de alunos e professores. São José do Rio Preto, 2015.