REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202409230901
Marcella Lemos Barbosa1
RESUMO
Este artigo tem como objetivo analisar a relação professor-aluno na Escola Municipal Soldadinho de Jesus, localizada em Paranã, Tocantins, e como essa interação influencia o desenvolvimento psicológico dos alunos. A partir de uma abordagem qualitativa, este estudo revisa a literatura e realiza uma análise contextual da escola, considerando as particularidades socioculturais do município e o impacto das interações afetivas e pedagógicas no comportamento, autoestima e desempenho escolar dos estudantes. São discutidas as implicações dessa relação para o desenvolvimento emocional, social e acadêmico, além de sugerir estratégias para o fortalecimento de interações positivas no ambiente escolar.
Palavras-chave: Relação Professor-Aluno. Desenvolvimento Psicológico. Educação. Interação Escolar.
INTRODUÇÃO
A relação professor-aluno tem sido amplamente estudada como um fator crucial no desenvolvimento acadêmico e emocional dos estudantes, especialmente em contextos escolares que possuem uma forte ligação com a comunidade local. No caso da Escola Municipal Soldadinho de Jesus, em Paranã-TO, essa relação se torna ainda mais relevante devido à proximidade entre professores e alunos, que vivenciam diariamente interações que podem influenciar não só o desempenho acadêmico, mas também o desenvolvimento psicológico.
Este artigo tem como objetivo analisar como as interações entre professores e alunos na Escola Municipal Soldadinho de Jesus impactam o desenvolvimento psicológico dos estudantes. Pretende-se abordar de que maneira essas relações podem tanto favorecer quanto prejudicar o desenvolvimento emocional, social e acadêmico dos alunos.
A problemática central deste estudo está relacionada ao impacto da relação professor-aluno no desenvolvimento psicológico dos estudantes da Escola Municipal Soldadinho de Jesus. Dada a importância dessa interação no cotidiano escolar, questiona-se: Como a relação professor-aluno influencia o desenvolvimento emocional e comportamental dos estudantes em uma escola de pequeno porte no interior do Tocantins? Quais são as possíveis consequências de uma relação conflituosa ou afetivamente distante para o desempenho acadêmico e para a saúde mental dos alunos?
Para responder a essas questões, será utilizada uma metodologia de caráter bibliográfico e qualitativo, baseada na revisão da literatura existente sobre o tema e na análise contextual do ambiente escolar em questão. A pesquisa bibliográfica permitirá o embasamento teórico sobre a relação professor-aluno e o desenvolvimento psicológico, enquanto a análise qualitativa fornecerá uma compreensão mais detalhada das particularidades do contexto educacional da Escola Municipal Soldadinho de Jesus.
Este estudo se justifica pela relevância que a relação professor-aluno tem para o desenvolvimento integral dos estudantes. Em especial, no contexto de Paranã-TO, onde a Escola Municipal Soldadinho de Jesus é uma das principais instituições de ensino, compreender como essa relação impacta o desenvolvimento psicológico dos alunos é de extrema importância para propor melhorias no ambiente escolar e nas práticas pedagógicas. Além disso, este trabalho contribui para a reflexão sobre a importância do vínculo afetivo entre professores e alunos, uma questão central na promoção de um ambiente educacional saudável e inclusivo.
DESENVOLVIMENTO
A pesquisa de campo foi realizada na Escola Municipal Soldadinho de Jesus, localizada no município de Paranã, no estado do Tocantins. Essa escola de ensino fundamental é responsável por atender alunos da comunidade local, muitos deles provenientes de áreas rurais, o que cria um ambiente educacional caracterizado por uma forte proximidade entre professores, alunos e suas respectivas famílias.
O tamanho reduzido da escola em comparação com instituições urbanas maiores permite que os professores estabeleçam vínculos mais estreitos e personalizados com os alunos. Essa proximidade favorece a criação de um ambiente onde as necessidades emocionais e comportamentais dos estudantes podem ser observadas de forma mais direta, permitindo intervenções pedagógicas mais rápidas e adequadas. No entanto, também exige dos professores habilidades para equilibrar a proximidade afetiva com a manutenção da autoridade pedagógica, um desafio comum em ambientes escolares menores e mais familiares.
No decorrer do estudo de caso, foram notadas diversas dinâmicas de relacionamento entre professores e alunos. Aqueles que desfrutavam de uma relação mais positiva com seus professores apresentavam maior autoconfiança, melhor desempenho acadêmico e comportamentos colaborativos. Por outro lado, alunos que mantinham relações mais distantes ou conflitantes com seus professores demonstravam sinais de dificuldades emocionais, como baixa autoestima, ansiedade e falta de engajamento nas atividades escolares.
A Escola Municipal Soldadinho de Jesus, portanto, oferece um cenário propício para analisar a influência direta que a relação professor-aluno pode exercer sobre o desenvolvimento psicológico dos estudantes. A proximidade no ambiente escolar, se bem administrada, pode ser um fator de proteção importante, promovendo o bem-estar emocional e social dos alunos.
Dada a importância da relação professor-aluno no contexto escolar, várias correntes teóricas oferecem contribuições valiosas para o entendimento desse fenômeno. Dentre os principais autores que ajudam a esclarecer o papel dessas interações no desenvolvimento psicológico, destacam-se Jean Piaget, Lev Vygotsky, Wilhelm Reich e Martin Buber.
Jean Piaget e Lev Vygotsky são dois dos principais nomes da Psicologia da Educação, cujas teorias ainda hoje influenciam as práticas pedagógicas. Ambos discutem a maneira como o conhecimento é construído ao longo do desenvolvimento humano, embora por vias diferentes. Piaget (1959) acreditava que o desenvolvimento cognitivo ocorre por etapas, que são biologicamente determinadas, e que o aprendizado se dá de acordo com o estágio de desenvolvimento em que a criança se encontra. A relação professor-aluno, nesse sentido, precisa respeitar o ritmo de desenvolvimento do aluno, adaptando o conteúdo ao nível de maturidade cognitiva de cada estudante.
Por sua vez, Vygotsky (2007) apresenta uma perspectiva diferente, enfatizando o papel do ambiente social e das interações para o desenvolvimento. Para ele, o aprendizado pode gerar desenvolvimento, e a interação entre o professor e o aluno é fundamental nesse processo. A teoria da Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) de Vygotsky argumenta que o aluno se desenvolve ao ser desafiado por tarefas que estão além de sua capacidade atual, mas que podem ser realizadas com a ajuda de um professor. Assim, a relação professor-aluno é vista como essencial para maximizar o potencial de aprendizado dos estudantes.
Wilhelm Reich também oferece uma perspectiva interessante para a educação ao propor a integração entre corpo e mente. Reich sugere que a aprendizagem é profundamente afetada pelo estado emocional e físico do aluno, e que as emoções desempenham um papel central no processo educacional. Embora suas ideias sejam menos exploradas no campo da educação, a contribuição de Reich aponta para a importância de considerar o bem-estar emocional dos alunos dentro das dinâmicas de sala de aula.
Finalmente, Martin Buber traz uma visão filosófica, com sua teoria do diálogo “Eu-Tu”. Para Buber, o relacionamento entre o professor e o aluno deve ser construído com base no respeito mútuo, onde ambos são sujeitos ativos no processo educacional. Buber defende que o diálogo é essencial para criar um ambiente de aprendizado colaborativo, em que o professor não é apenas uma figura de autoridade, mas um facilitador que apoia o desenvolvimento integral do aluno.
Esses quatro pensadores fornecem importantes elementos para entender como a relação professor-aluno, especialmente em contextos como o da Escola Municipal Soldadinho de Jesus, pode influenciar o desenvolvimento psicológico e emocional dos estudantes. O contato próximo entre professores e alunos pode ser visto como um componente chave na promoção de um ambiente escolar saudável, onde o conhecimento é construído coletivamente e o bem-estar dos alunos é priorizado.
CONCLUSÃO
A relação professor-aluno exerce um papel fundamental no processo educacional e no desenvolvimento psicológico dos alunos, como visto no contexto da Escola Municipal Soldadinho de Jesus, em Paranã-TO. A proximidade entre professores e alunos, característica desse ambiente escolar, demonstrou como interações positivas podem promover o bem-estar emocional e o desempenho acadêmico, enquanto relações mais distantes ou conflituosas podem resultar em dificuldades emocionais e comportamentais.
As teorias de Piaget, Vygotsky, Reich e Buber enriquecem a compreensão dessa dinâmica. Piaget e Vygotsky abordam o desenvolvimento cognitivo e a aprendizagem de maneiras distintas, mas ambos reconhecem a importância do processo de construção ativa do conhecimento. A contribuição de Reich amplia essa visão ao integrar corpo e mente, destacando a relevância das emoções no processo de ensino-aprendizagem. Já Buber, com sua filosofia do diálogo, reforça a necessidade de um relacionamento recíproco e respeitoso entre professor e aluno.
Em suma, a análise dessas abordagens teóricas reforça a ideia de que a qualidade das relações estabelecidas no ambiente escolar tem um impacto direto não apenas no aprendizado formal, mas também no desenvolvimento emocional e social dos alunos. O estudo realizado evidencia que, em ambientes como a Escola Municipal Soldadinho de Jesus, a relação professor-aluno deve ser valorizada como um elemento essencial para a formação integral dos estudantes.
REFERÊNCIAS
BUBER, Martin. Eu e Tu (1923). São Paulo: Centauro, 2003a.
VIGOTSKI, Lev Semionovitch. A formação social da mente 7. ed. São Paulo: Martins Fontes , 2007.
PIAGET, Jean. A linguagem e o pensamento da criança Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1959.
ANEXOS
1Discente do curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia Institucional e Clínica. E-mail: marcellalemos555@gmail.com