THE PREVALENCE OF MUSCULOSKELETAL DISORDERS IN ARTISAN FISHERMEN AND PERFORMANCE OF PREVENTIVE PHISIOTHERAPY: BIBLIOGRAPHIC REVIEW.
Autora:
Grazielle Lopes Jorge1
Orientadoras:
Jeronice Rodrigues2
Natália Gonçalves3
1Discente do Curso Superior de Fisioterapia – UNINORTE
²Orientadora MSc. Ciência da Educação, Docente do Curso Superior de Fisioterapia – UNINORTE.
³Co-orientadora Especialista em Neurofuncional, Docente do Curso Superior de Fisioterapia – UNINORTE.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à Maria Luziete, minha mãe, minha primeira referência acadêmica, que sempre sentiu orgulho e me deu apoio emocional a cada passo que dei. Ao meu pai, Francisco Jorge que através da pesca e agricultura nada nos deixou faltar.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço minha família, aos meus pais, aos meus irmãos, sobrinho amado e cunhado: Gabrielle, Fabio, meu bebê Ruan e Cláudio, pelo constante incentivo que me impulsionaram a alcançar esta etapa da minha vida. Ao meu namorado, Murilo, pela infinita paciência, suporte financeiro e emocional durante esses dez anos de relacionamento e principalmente durante esses cinco anos de graduação. E ao meu avô, Luiz Jorge, que durante uma conversa me incentivou a cursar um ensino superior quando eu não tinha uma perspectiva de vida. Amo vocês mais do que poderia expressar em palavras.
Às minhas colegas e amigas Sandy, Beatriz, Samantha e principalmente Ana Paula, minha melhor amiga e de longa data, vocês foram tão essenciais na faculdade e na vida, por me acolherem tanto, por todas as conversas no refeitório, por todos os momentos de estudo, reclamações e fofocas e por serem tão amigas. Sem vocês esses anos de faculdade seriam mais pesados. Amo vocês!
Minha gratidão imensa a Gleice e a Renata por me ajudar durante a construção do meu trabalho, vocês foram pacientes e sempre atenciosas, muito obrigada. Ao Vinicius por ser este ser tão insuportavelmente maravilhoso e me usurpar para tardes regadas a jogos e longas conversas.
Aos meus professores e fisioterapeutas que tanto admiro, em especial à Jeronice, minha orientadora, a pessoa que deixou o processo mais simples e tranquilo, você é uma pessoa maravilhosa e tenho honra de ter sido sua aluna.
EPIGRAFE
“Se você está fazendo algo na vida, tem de ser algo pessoal.
BÉLA TARR
Simplesmente escreva o que você assiste, o que você sente, qual é a sua percepção. […]
Então, escreva em sua tese o que você sente, coloque o que você realmente sente.”
RESUMO
Introdução: Os distúrbios musculoesqueléticos são frequentes em pescadores artesanais, devido aos grandes esforços e movimentos repetidos desempenhados pelos trabalhadores, além de uma postura ocupacional exercido em vários momentos durante o dia, o que leva a diversas doenças articulares e consequentemente dores ocasionais. Objetivo: Descrever a prevalência de distúrbios musculoesqueléticos em pescadores artesanais e verificar a atuação da Fisioterapia de forma preventiva em trabalhadores acometidos por LER/DORT a partir de uma revisão bibliográfica. Metodologia: O estudo foi realizado a partir de duas revisões bibliográficas, uma sobre distúrbios musculoesqueléticos que acometem pescadores artesanais e outro sobre a atuação da Fisioterapia de forma preventiva em trabalhadores acometidos por LER/DORT, ambos publicados entre os anos de 2011 a 2021. Para a seleção dos artigos, efetuou-se busca nas bases de dados de PUBMED, SciELO e LILACS. Resultados: Os resultados obtidos evidenciam que a fisioterapia pode ser um método eficaz para a prevenção de distúrbios musculoesqueléticos em pescadores artesanais. Conclusão: Há indícios que a fisioterapia atua de forma eficaz em disfunções laborais, porém foi identificado que não há estudos específicos da atuação da fisioterapia em pescadores, deste modo é necessário pesquisas nesse âmbito.
Palavras-chaves: LER/DORT. Pesca Artesanal. Fisioterapia Preventiva.
ABSTRACT
Introduction: Musculoskeletal disorders are frequent in artisanal fishermen, due to the great efforts and repeated movements performed by workers, in addition to an occupational posture exercised at various times during the day, which leads to various joint diseases and consequently occasional pain. Objective: To describe the prevalence of musculoskeletal disorders in artisanal fishermen and to verify the role of Physiotherapy in a preventive way in workers affected by RSI/WMSD from a literature review. Methodology: The study was carried out from two literature reviews, one on musculoskeletal disorders that affect artisanal fishermen and another on the role of physical therapy in a preventive way in workers affected by RSI/WMSD, both published between 2011 and 2021. For the selection of articles was performed in the PUBMED, SciELO and LILACS databases. Results: The results obtained show that physiotherapy can be an effective method for the prevention of musculoskeletal disorders in artisanal fishermen. Conclusion: There is evidence that physiotherapy works effectively in work disorders, but it was identified that there are no specific studies on the performance of physiotherapy in fishermen, so research is needed in this area.
Keywords: LER/DORT. Artisanal Fishing. Preventive Phisiotherapy.
1 INTRODUÇÃO
A pesca artesanal se baseia na organização familiar como um sistema produtivo inscrito em práticas culturais tradicionais. Esta unidade de produção secular está fundada em rede local e durável da produção de pescado, com suas tarefas e divisões do trabalho, modos de solidariedade e cooperação que contém objetivos econômicos de sobrevivência (PENA; GOMEZ, 2014).
As opiniões de Seixas (2012) e Fragoso et al (2018) associam-se, pois ambos relatam que os distúrbios musculoesqueléticos (DME) podem ocorrer em plena atividade laboral e com o passar de o tempo tornar-se cada vez mais possível pelo aumento de uso das estruturas osteomioarticulares. Seixas traz considerações acerca de pescadores do interior do Amazonas, esses sintomas de distúrbios osteomusculares podem levar o pescador a realizar seu trabalho com dor ou desconforto devido a maioria dos pescadores retirar o sustento de suas famílias dessa função e não possuírem outra ocupação.
Muller (2017) ressalta que a pesca é uma atividade que coloca o indivíduo que a exerce a riscos ergonômicos e físicos, sendo o pescador um trabalhador que passa muitas horas em atividade, e continuam trabalhando mesmo com demasiada dor, doenças e distúrbios musculoesqueléticos.
A fisioterapia preventiva é uma forma de combater e evitar distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho que tendem a acometer e causar prejuízos à saúde.
O fisioterapeuta é considerado um profissional generalista, sendo capaz de atuar em todos os níveis de atenção à saúde, não somente nas ações curativas e reabilitadoras, mas também em programas de prevenção (BARDUZZI et al., 2013).
Em vista disso, este trabalho tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica da literatura de produção científica nacional e internacional sobre a prevalência de distúrbios musculoesqueléticos em pescadores artesanais e a importância da atuação da Fisioterapia de forma preventiva nesses trabalhadores.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O material bibliográfico consultado para esta pesquisa é constituído por autores que analisam e discutem questões sobre a prevalência de distúrbios musculoesqueléticos relacionados ao âmbito da pesca, excesso de movimentos repetitivos, condições ergonômicas inadequadas e a necessidade de envolver estratégias fisioterapêuticas de prevenção dessas patologias.
Nessa concepção, a contribuição de autores como Rios (2011), Goiabeira (2012), Pena (2013), Muller (2017) e Oliveira (2018) tornam-se imprescindíveis, pois traz compreensão para entender questões e consequências acerca da função do pescador. O aprofundamento da discussão do estudo foi abordado mediante uma divisão em três tópicos, são eles: 1. Risco Ergonômico na pesca artesanal, 2. Lesões por Esforço Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionado ao Trabalho (LER/DORT), 3. A participação da Fisioterapia na prevenção de patologias musculoesqueléticas.
2.1. Risco Ergonômico na pesca artesanal
Ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem e envolve o seu ambiente físico com o máximo de conforto, segurança e eficiência, melhorando o sistema produtivo, diminuindo a carga do trabalhador com aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução de problemas surgidos deste relacionamento. A ergonomia estuda vários aspectos: a postura e os movimentos corporais (sentados, em pé, empurrando, puxando e levantando cargas) (DUL, WEERDMEESTER, 2012; IIDA, GUIMAREÃES, 2016).
Dentre as profissões que merecem atenção no que se refere ao risco ergonômico está a pesca artesanal, que exige força física durante toda atividade laboral, imposição de ritmos excessivos, levantamento e transporte manual de peso.
De acordo com Pena et al (2013, p. 59), em relação a ausência de suporte regulamentador:
Acidente ou doença do trabalho na atividade artesanal ganha contornos previdenciário e jurídico diferenciados. Com algumas exceções, o artesão, em geral, não tem direito ao seguro acidentário, pois a maior parte do trabalho artesanal ocorre no setor informal da economia. Não existe a possibilidade de uma instituição do Estado exigir, no trabalho artesanal, a observância pelo empregador da prevenção dos riscos de acidentes e doenças do trabalho por meio de Normas Regulamentadoras, pois geralmente não há empregador, ao contrário do que ocorre com o trabalhador assalariado.
Para esses pescadores, ainda não são estudados de forma plena os significados de modificações nas relações com as patologias de forma geral e os agravos inscritos nas normas de segurança, sendo assim há dificuldades nas orientações quanto aos procedimentos que promovam a aplicação do direito desses trabalhadores.
Segundo Muller (2017), a pesca artesanal, sofre com vários riscos ergonômicos. Por ser de origem muito humilde, muitos deles não tem acesso a políticas públicas ou orientações de posições corretas para executar o movimento do seu trabalho.
Verificou-se os riscos ergonômicos existentes no trabalho do pescador de como levantamento e transporte excessivo de peso para empurrar, armar a embarcação com mantimentos e apetrechos de pesca, movimentos repetitivos, esforço físico intenso. Isso ocorre no momento de puxar a âncora, na hora de fisgar anzóis, retirar os peixes fisgados do anzol e da rede, manusear, eviscerar, descabeçar, limpar, gelar e armazenar os pescados (BORGES; SILVA; BATISTA, 2016).
Em consequência disso, fica evidente a importância da ergonomia, isto é, a necessidade de adequar as condições de trabalho às necessidades dos trabalhadores.
2.2. Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT)
De acordo com o Ministério da Saúde (2019), as Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) são danos decorrentes da utilização excessiva do sistema que movimenta o esqueleto humano e da falta de tempo para recuperação. Caracterizam-se pela ocorrência de vários sintomas, de aparecimento quase sempre em estágio avançado, que ocorrem geralmente nos membros superiores, tais como dor, sensação de peso e fadiga. Algumas das principais, que acometem os trabalhadores, são as lesões no ombro e as inflamações em articulações e nos tecidos que cobrem os tendões. Além disso, essas doenças são relacionadas ao trabalho e podem prejudicar a produtividade laboral, a participação na força de trabalho e o comprometimento financeiro e da posição alcançada pelo trabalhador.
Couto (1991 apud GOIABEIRA, 2012), diz que os principais fatores que contribuem para o aparecimento de LER são: força, então quanto maior a força exigida na tarefa, maior será o risco de se desenvolver LER e repetitividade, ou seja, quanto maior o número e a frequência dos movimentos num grupo muscular, maior será o risco de desenvolver as lesões. No entanto, Gontijo et al (1995 apud GOIABEIRA, 2012) ressalta que quando se associam força e repetitividade, a probabilidade de lesões aumenta 16,6 vezes e a probabilidade de tenossinovite aumenta 29,4 vezes. Então como fator isolado, a repetitividade é mais importante que a força na origem da síndrome do túnel do carpo, lesão muito frequente em decorrência de atividades que requerem repetidos movimentos das mãos.
2.3. A participação da Fisioterapia na prevenção de patologias musculoesqueléticas.
Educar para a saúde faz com que a população conheça e compreenda os fatores desencadeantes de doenças e as formas de preveni-las, fazendo com que o indivíduo assuma a responsabilidade das decisões acerca de sua saúde (OLIVEIRA et al., 2018).
Barfknecht, Merlo, Nardi (2006 apud PENA; GOMES, 2014) salientam que em relação à prevenção e controle dos riscos no trabalho, os custos para aquisição de equipamentos de proteção coletiva e individual, realização de exames periódicos, procedimentos de nexos causais para efeito de direito previdenciário, dentre outros, podem inviabilizar a sobrevivência econômica dos pescadores. No entanto, as intervenções ergonômicas e a ginástica laboral podem melhorar a qualidade do ambiente de trabalho, prevenir ou contribuir para o controle dos sintomas osteomusculares e suprir a flexibilidade e a adaptabilidade necessárias para completar as atividades laborais (MACDONALD; OAKMAN, 2015; SHUAI et al., 2014).
Kleinowski (2010 apud BARBOSA; MARSAL. 2016) diz que o profissional da área avalia, previne, profere palestras de conscientização e treinamento preventivo de doenças relacionadas ao trabalho, análise das tarefas nos postos de trabalho e realiza avaliação postural, desenvolve programas de ginástica laboral e é responsável pelos tratamentos fisioterápicos com a utilização de todos os recursos fisioterapêuticos.
A pesquisa de Albuquerque e Liberato (2014), mostrou a importância da fisioterapia na atuação de forma preventiva através de exercícios de alongamentos e fortalecimento da musculatura prevenindo traumas futuros, promovendo bem estar e uma maior qualidade de vida ao trabalhador.
Diante disso, fica exposto que a realização dessas ações preventivas pode diminuir a taxa de afastamento por motivos de alguma patologia, a exposição a situações de risco e a ocorrência de possíveis lesões para as quais os trabalhadores da pesca artesanal representam um grupo de risco.
3 MATERIAIS E MÉTODO
Essa pesquisa consiste em duas revisões bibliográficas, isto é, uma sobre os distúrbios musculoesqueléticos que acometem pescadores artesanais e a outra sobre a atuação da Fisioterapia de forma preventiva em trabalhadores com LER/DORT, independente da profissão.
Para a seleção dos artigos, efetuou-se busca nas bases de dados da Library of Medicine (PUBMED), Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e Centro Latino-Americano e do Caribe de Informações em Ciências da Saúde (LILACS), durante o mês de junho a agosto de 2021.
A busca se deu a partir do uso das palavras-chaves: LER/DORT. Pesca Artesanal. Fisioterapia Preventiva.
A amostragem escolhida para essa pesquisa foi baseada nos seguintes critérios: a) Critérios de inclusão: artigos sobre distúrbios musculoesqueléticos em pescadores artesanais e estudos sobre a Fisioterapia atuando de forma preventiva em trabalhadores acometidos por LER/DORT, que foram publicados entre os anos de 2011 a 2021, pesquisas em língua portuguesa e inglesa foram escolhidas para a revisão. b) Critérios de exclusão: pesquisas publicadas anterior a 2011 e artigos que não responderam o objetivo desse estudo.
Figura 1: Fluxograma de identificação e seleção dos artigos para revisão bibliográfica acerca de distúrbios musculoesqueléticos em pescadores artesanais.
Foram encontrados seis artigos que seguiram os critérios de inclusão da pesquisa, e que possibilitaram uma comparação dos resultados entre os autores.
Figura 2: Fluxograma de seleção dos artigos para revisão bibliográfica acerca da atuação da Fisioterapia na prevenção em trabalhadores acometidos por LER/DORT.
Foram encontrados cinco artigos que seguiram os critérios de inclusão da pesquisa, e que possibilitaram uma comparação dos resultados entre os autores.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a realização da pesquisa, foram encontrados seis estudos sobre os sintomas osteomusculares em pescadores e cinco artigos acerca da atuação da Fisioterapia de forma preventiva em trabalhadores acometidos por LER/DORT entre os anos de 2011 a 2021 e que permitem as comparações dos resultados. De acordo com a análise que foi feita dos artigos escolhidos, no Quadro 1, estão relacionados a seleção da primeira revisão e no Quadro 2, está a seleção de artigos pertinente a segunda revisão bibliográfica, como autores e o ano em que cada um foi publicado, assim como o tipo de pesquisa executada e por fim, os resultados adquiridos com a pesquisa.
Quadro 1. Síntese dos artigos selecionados e incluídos na pesquisa sobre a prevalência de DME em pescadores artesanais.
ANO | AUTOR | TIPO DE PESQUISA | RESULTADOS |
2015 | FALCÃO, I. R, et al | Transversal | Os valores encontrados para DME em algum segmento do corpo, pescoço ou ombro e membros superiores distais foram 94,7%, 71,3% e 70,3%, respectivamente. Foi observado que as marisqueiras realizam longas jornadas de trabalho, mesmo com altas prevalências de DME. |
2015 | VIANA, W. DA S | Transversal | A prevalência de DME em membros inferiores foi de 65,5%. As regiões que compõem os membros inferiores, evidenciou-se que a prevalência de DME no segmento coxa/joelho foi de 48,7%, na perna foi de 47,7% e em tornozelo/pé foi de 38,1%. A análise multivariada revelou que as demandas físicas do trabalho, a ausência de pausas, o tempo de trabalho. |
2015 | TRABUCO, A. C. S. R | Descritiva | As patologias mais frequentes são: Síndrome do Manguito Rotador (59%), Síndrome do Túnel do Carpo (48,7%), Tendinite Bicipital (17,9%), Espondiloartrose Lombar (15,4%), Espondiloartrose Cervical (12,8%), Síndrome de Quervain (10,3%) e Bursite do Ombro (10,3%). |
2018 | FRAGOSO, J. R. et al | Transversal | Dentre os 40 pescadores, em 30 homens foi identificado que as áreas mais acometidas por distúrbios osteomusculares eram a parte superior das costas (63,3%), parte inferior das costas (50,0%), joelhos (46,7%), ombros (36,7%) e cotovelos (33,3%) e entre as 10 mulheres as áreas mais acometidas eram parte superior das costas (80,0%), punhos/mãos (60,0%), parte inferior das costas (50,0%), ombro (50,0%) e joelhos (40,0%). |
2017 | MULLER, J. DOS S | Transversal | Os resultados encontrados demonstram que a presença de distúrbios musculoesqueléticos (DME) em membros superiores afeta diretamente os valores do instrumento DASH e os escores do SF-36v01, bem como a correlação negativa encontrada entre o DASH e os domínios do SF-36v01. |
2020 | MARINHO, D. F. et al | Transversal | As queixas osteomusculares mais comuns relatadas pelos pescadores foram nas regiões: pescoço, parte superior das costas e parte inferior das costas, nos últimos 12 meses. Sendo esta última também a mais relatada por eles nos últimos 7 dias. |
Segundo Falcão et al., (2015) verificou-se prevalência elevada de DME em pescoço ou ombro e em membros superiores distais em pescadoras artesanais/marisqueiras. Quase a totalidade das marisqueiras referiu dor ou desconforto em alguma parte do corpo no último ano. Quando aplicado o critério para classificação de severidade (maior ou igual a 3 em uma escala de zero a 5), apenas 2,9% (n = 6) que apresentaram os sintomas não possuíam DME. Este achado revela a importância desta patologia dolorosa para a população de pescadores artesanais.
De acordo com Viana (2015) apesar desses trabalhadores estarem sendo submetidos a níveis de exposição distintos em razão das variações culturais e das características próprias de cada ocupação, tais estudos mostraram resultados bastante semelhantes no que concerne ao principal local dos membros inferiores acometido por DME. Equiparar as regiões que apresentaram maior prevalência de DME torna-se difícil, pois verifica-se que nem todos os estudos disponíveis na literatura disponibilizaram os resultados de forma estratificada, constatando-se, entre eles, diferentes formas de agrupamento das regiões anatômicas do segmento inferior.
Conforme Trabuco (2015) as principais queixas encontradas nos prontuários revisados foram: dor nos ombros (47,5%), dor lombar (37,7%), parestesia em membros superiores (31,1%), dor em punhos (29,5%), dor em joelhos (24,6%), dor na região cervical (19,7%) e diminuição de força muscular (18%). O autor ainda ressalta que o uso de analgésicos e anti-inflamatórios, prescritos ou não, pode refletir o modo de vida com dor crônica a que esses trabalhadores.
No estudo de Muller (2017) confirmou comprometimento do membro superior de pescadoras com uma unidade funcional e demonstrou que o funcionamento físico e domínio da dor corporal que interferem no funcionamento.
Segundo Marinho (2020) quanto às queixas osteomusculares mais comuns relatadas entre os pescadores artesanais foram relacionadas à dor, formigamento ou dormência nas regiões do pescoço, parte superior das costas e parte inferior das costas nos últimos 12 meses.
É importante observar que há muitos estudos relacionados a problemática de DME em pescadores artesanais, deste modo, percebe-se a necessidade de ações preventivas utilizando recursos existentes na área da fisioterapia, para promover a esses trabalhadores uma qualidade de vida adequada.
Quadro 2. Síntese dos artigos selecionados e incluídos no estudo acerca da atuação da Fisioterapia como forma de prevenção em LER/DORT.
ANO | AUTOR | TIPO DE PESQUISA | RESULTADOS |
2013 | NUNES, D. E; MEJIA, D. P. M | Revisão literária | A melhor forma de controlar o acometimento das LER/DORT é através dos programas de prevenção, a respeito de algumas funções que o fisioterapeuta desempenha num ambiente laboral, como inclusões dos programas de prevenção tendo como retorno um percentil considerável em relação à Ginástica Laboral e Palestras de Conscientização (22%), sendo que esses com a Ergonomia atingiram 50%. |
2018 | ZANDONADI, L. H et al | Revisão literária | Foram feitas análises e modificações ergonômicas, orientações posturais e de atividade física e a realização de ginástica laboral em parte dos estudos, os estudos apresentaram resultados positivos em relação a medidas preventivas aos DORT, além de relatarem a consequente melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores. |
2016 | SILVA, W. R | Exploratória | Houve predominância de profissionais do sexo feminino, correspondendo a 80%, com a faixa etária entre 20 e 54 anos. Com relação às atividades realizadas pelos participantes, foi visto que 40% eram professores. O questionário nórdico evidenciou que todos os pesquisados apresentaram algum sintoma nos últimos 12 meses, sendo punhos/mãos (17%) a região mais prevalente. Sobre sintomas nos últimos 7 dias, a área mais acometida foi a parte inferior das costas (16%), e nos 7 dias posteriores ao programa, parte inferior e superior das costas tiveram valores iguais (16%). |
2013 | FERREIRA L. L et al | Exploratório e descritivo | Houve um ganho de conhecimento e uma melhora na condição de saúde/trabalho e na qualidade de vida das funcionárias. |
2016 | PANDOLPHI, J. L. DE A; VASCONCELOS, E. DE F. L; ALMEIDA, I. DE A. D. L | Descritivo | As ações realizadas, destacam-se a ginástica laboral, as orientações posturais e ergonômicas e os atendimentos e acompanhamentos individuais dos colaboradores, contribuem para a diminuição do número de atestados CID-M (Doenças musculoesqueléticas) na empresa, ajudando consequentemente na prevenção dessas patologias. |
De acordo com Nunes (2013) apesar de serem consideradas como encabeçando a lista das doenças ocupacionais, a maioria dos trabalhadores e organizações não têm conhecimento a respeito destas doenças e desconhecem os riscos e implicações a que estão sujeitos.
Zandonadi (2018) ressalta que os estudos apresentaram resultados positivos em relação a medidas preventivas a DORT, sendo utilizada a ginástica laboral, avaliação e intervenção ergonômica, palestras e panfletos informativos sobre postura e atividade física.
Silva (2016) diz que várias evidências demonstram à importância da ginástica laboral na prevenção de doenças ocupacionais, tais como LER/DORT, redução das faltas, bem como, o aumento da produtividade, a diminuição dos gastos com assistência médica.
Através da pesquisa de Ferreira et al (2013) mostra que a atuação preventiva do fisioterapeuta no contexto ocupacional é de suma importância, pois concede aos trabalhadores conhecimentos indispensáveis sobre os DORT e uma melhor condição de vida/saúde no trabalho.
De acordo com Pandolphi (2016) a fisioterapia ergonômica é importante nas três esferas de atenção à saúde, bem como acompanhamento das queixas musculoesqueléticas e ainda a aplicabilidade dos diversos serviços, ferramentas e recursos na realidade laboral.
5 CONSIDERAÇÕES FINAL
Este estudo permitiu chegar à conclusão que longas jornadas, a inserção no âmbito da pesca de forma precoce, as condições ergonômicas de forma precárias para o desenvolvimento laboral são os principais fatores de risco para a ocorrência de LER/DORT.
Desta forma podemos concluir que os estudos mostram uma eficácia da Fisioterapia preventiva através de cartilhas informando posições adequadas, proferindo palestras, através da prática de exercícios laborais em trabalhadores acometidos por LER/DORT, isto é, há uma grande possibilidade de ser um método competente para os pescadores artesanais, visto que, as disfunções laborais são provenientes do mesmos fatores de riscos, porém será necessário realização de pesquisas sobre pescadores artesanais com ênfase na atuação fisioterapêutica, pois as mesmas são escassas ou inexistentes.
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BARDUZZI, G. O.; ROCHA JÚNIOR, P. R.; SOUZA NETO, J. C.; AVEIRO, M. C. Capacidade funcional de idosos com osteoartrite submetidos à fisioterapia aquática e terrestre. Fisioterapia em movimento, v. 2, n. 26, p. 349-360, 2013.
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