A PEDAGOGIA DA PRESENÇA DE ANTÔNIO CARLOS GOMES DA COSTA: UM REFERENCIAL PARA A PRÁTICA EDUCATIVA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NA AMAZÔNIA

La Pedagogía de la presencia de Antônio Carlos  Gomes da Costa: uma referencia para la práctica educativa de niños y adolescentes em la Amazonía 

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7433028


Michael Vinícius Figueira Lopes1


Resumo 

Esta tese vem abordar a reflexão sobre a concepção da educação de forma comprometida com o fazer que transforme a partir do sujeito de direitos. Estas ideias estão contidas nos acervos bibliográficos do autor Antônio Carlos Gomes da Costa, educador, pedagogo, pouco difundido, mas com uma abordagem significativa para os rumos da educação. Este trabalho tem por finalidade trazer para a região amazônica uma proposta chamada de pedagogia da presença, em que parte do contexto social para o educativo. Tendo como objetivos analisar e correlacionar à realidade da criança e do adolescente na Amazônia e as ideias de Antônio Carlos Gomes da Costa em sua pedagogia própria experiencial; além disso, sintetizar os impactos desta proposta para a emancipação e participação social do indivíduo como agente transformador da realidade. Concluiu que o processo de desenvolvimento chegou a propor uma metodologia socioafetiva como referencial em contradição à infância desumana vivenciada. Vislumbrando esta pesquisa conclusiva como forma de divulgar as teorias do autor, conhecer os futuros resultados, e a entender os paradigmas e estudos de Antônio Carlos Gomes da Costa, destacando o afeto na infância como pressuposto fundamental na construção da pessoa humana. 

Palavras chave: Pedagogia da Presença. Infância e adolescência. Social e educacional. Afetividade. Protagonismo.  

Resumen 

Esta tesis aborda La reflexión sobre el concepto de forma comprometida de La educación para hacer que se apartan de la titular de los derechos. Estas ideas están contenidas em lãs colecciones de la biblioteca del autor Antonio Carlos Gomes da Costa, educadores, maestros, poco difundida, pero conun enfoque significativo a La dirección de La educación. Este trabajo tiene como objetivo traer a La región amazónica una pedagogia llamada propuesta de la presencia enesa parte del contexto social de La educación; Además, la síntesis de los impactos de esta propuesta por La emancipación y La participación social del individuo. Llegó a La conclusión de que El proceso de desarrollo ha llegado a proponer un enfoque socioafectivo como referencia em contradicción com La infância in humana experiencia. Vislumbrando esta investigación concluyente como una forma de difundir las teorias del autor, conocerlos resultados e nel futuro, y para comprenderlos paradigmas y los estudios de Antonio Carlos Gomes da Costa, destacando e La fectoen la infancia como um supuesto fundamental en La construcción de la persona humana. 

Palabras clave: Pedagogía de la Presencia. Infancia y adolescencia. Social y educativo. Afectividad. Rol. 

1 Introdução 

Esta pesquisa surgiu mediante preocupação com a qualidade de educação da região Amazônica, e a partir deste contexto na ideia contemporaneidade pretende-se entender as dificuldades das crianças e adolescentes no seu desenvolvimento biopsicossocial. E na partir desta realidade que surge uma proposta diferenciada para compreender este contexto social e educacional, que compromete os atores no processo emancipatório de participação, protagonismo e cidadania. E que para isso aconteça à mobilidade social, foi necessário desenvolver um esquema que integra o estado, a escola e a sociedade nesta trilogia que deve manter seu fluxo de atenções, seja ela afetiva, utilitária ou conceitual. 

Como ponto de partida da pedagogia da presença, pôde-se registrar indícios sobre a necessidade de homens viverem em sociedade, como afirmou Aristóteles, filósofo grego quando diz que “o homem é um animal social”, (Aristóteles 384 a.C.). Os gregos já concebiam a importância do outro na formação plena do sujeito, fazendo com outros pensadores do desenvolvimento humano, do século mais tarde, darem maior atenção ao termo construtivista e sociointerativista, por Jean Piaget e Vygotsky, que abordaram a importância da sociabilidade para o desenvolvimento de crianças e adolescentes, nas questões cognitivas dos alunos. 

Mas além da vida atual, há a necessidade contínua de busca da afetividade, do carinho na busca do saber. Contudo, este conceito da pedagogia da presença na contemporaneidade foi bem inaugurado por Antônio Carlos Gomes da Costa, pedagogo, brasileiro, Mineiro, comprometido tanto com campo educacional, bem como com o social, e alerta para a necessidade do acompanhamento dos educadores para fortalecer a aquisição da aprendizagem significativa, ou seja, a constituição social da criança e do adolescente, que devem estar interligados para que a aprendizagem emancipatória aconteça, e que estes processos devem ser analisados a partir da realidade em que o indivíduo está inserido. 

Na abordagem da realidade de crianças e adolescentes no contexto amazônico, que trata de observar os dados levantados mais recentes do processo de mudanças estruturais, do diagnóstico e dados relevantes que direcionaram para as conclusões desta tese de pesquisa e definições de novos paradigmas. Considerou-se ainda, a primeira infância como fundamental para a concepção de uma pedagogia comprometida com a vida e o crescimento para a cidadania. Por isso a importância do cuidado com esta fase inicial do ser humano em seu desenvolvimento biopsicossocial na abordagem de Urie Bronfenbrenner, um dos maiores e atuais pensadores contemporâneos da teoria do desenvolvimento humano das crianças e seu mundo exterior considerando-se de forma integral.  

2 Referencial teórico para uma nova proposta pedagogia  

A concepção da Pedagogia da Presença, de Antônio Carlos Gomes da Costa torna-se um diferencial na vida escolar de crianças e adolescentes da região amazônica, devido a sua diversidade cultural e social, que requer novos estudos na área, propondo a descoberta do afeto e da aproximação na prática pedagógica e na formação docente, avança com a necessidade de uma pedagogia mais próxima e caracterizada pela conquista de direitos. 

Este tema será abordado levando em consideração os escritos de Antônio Carlos Gomes da Costa, que retrata este modelo de proposta para a resolução de conflitos, a aproximação entre educador e educando, na realidade pessoal e social, como forma de promover a vida e a cidadania (1995), para a sua emancipação e autonomia. 

No estudo sobre os aspectos do desenvolvimento biopsicossocial, serão utilizados os estudos do teórico Urie Bronfenbrenner, autor contemporâneo que destaca o ser humano de forma integral retratados com seus aspectos físicos, biológico, psicológico e social, integrando o desenvolvimento de crianças e adolescentes e suas interações com o mundo que o rodeia.  

E neste destacam-se os direitos humanos fundamentais nas discussões de mudanças estruturais da Região Amazônica muitas vezes esquecida e excluída do sistema educacional brasileiro e escassa de pesquisas na área, que fomente a necessidade de ter uma visão mais humanizada, considerando sua particularidade e territorialidade. E diante da sociedade atual tecnológica, observou-se que este acesso não aconteça de forma igualitária, pois a população vulnerável que se encontra no Norte e Nordeste do país encontram entraves e dificuldades de interligação com o mundo virtual, pela localização e pela distância movidas pelos rios e igarapés que dividem a região, em que os programas sociais e educacionais não acolhem esta especificidade, neste ponto, são necessários interferir nesta conjuntura de forma participativa nas instâncias e órgãos de defesa de direitos, para mudar este contexto. 

A pedagogia da presença representa um passo na direção do grande esforço, que se faz necessário, para a melhoria da qualidade da relação estabelecida entre o educador e educando, tendo como base a influência construtiva, criativa e solidária favorável ao desenvolvimento pessoal e social das crianças, adolescentes e jovens. (COSTA, 2013, p.21) 

E, portanto, esta pesquisa embasada nos referenciais teóricos e conceituais, como proposta de intervenção debruça-se na definição do ser humano em sua constituição, que se dá partindo do afeto e do processo de conhecimento em escalas e definem-se as atitudes2 (valores). Esta base de concepção é que sustenta a linha da pedagogia da presença ou da ternura, como são comparados os conceitos de autores que chegam próximos da teoria de Antônio Carlos Gomes da Costa. Destacando ainda, que o afeto é o ponto de partida da composição que identificará e influenciará a formação inicial do indivíduo.  

2.1 Conhecendo a biografia de Antônio Carlos Gomes da Costa  

Neste enfoque descritivo, experimental, em que se propõe interferir no contexto educacional na região Amazônia, apresentando um novo paradigma internalizado pelo autor Antônio Carlos Gomes da Costa, é necessário determinar uma autobiografia sobre o referido escritor que se expressava um tanto manso e calmo, como detalhe os indícios sobre este magnífico educador que se dedicou ao trabalho da educação junto ao contexto social, por isso se diferencia. Era de Minas Gerais, tinha uma sabedoria de quem atuava na promoção e defesa dos direitos infanto-juvenis desde o início da década de 1980. Formado em pedagogia e um dos redatores do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).  

Na trajetória de sua vida de educador teve início ao lecionar no ensino supletivo e, depois, no ensino regular dos antigos 1º e 2º graus, atuais ensinos Fundamental e Médio, há mais de 25 anos. Mas, a experiência que ele considera marcante, tem como base para toda sua atividade social e educativa até hoje, foi dirigir a Escola-FEBEM Barão de Camargos, em Ouro Preto, em que se dedicou e foram anos de luta. E com o tempo, tornou-se dirigente e técnico de políticas públicas para a infância e juventude, tendo uma vasta experiência in locu junto à construção dos direitos humanos de crianças e adolescentes, viveu esta relação entre educação e cidadania a partir dos direitos. 

Antônio Carlos Gomes da Costa é autor de dezenas de livros e artigos sobre o atendimento, a promoção e a defesa dos direitos da população infanto-juvenil, publicados no Brasil e no exterior. Com o tempo, tornou-se dirigente e técnico de políticas públicas para a infância e juventude, tendo experiência em diferentes órgãos governamentais e não governamentais. Foi oficial de projetos do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e representou o Brasil no Comitê dos Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas (ONU) em Genebra (Suíça). Colaborou, inclusive, na criação da Convenção Internacional dos Direitos da Criança. Nessa trajetória, segundo ele próprio, sua maior realização, como cidadão e educador, foi em participar do grupo que redigiu o ECA e que também atuou junto ao Congresso Nacional para sua aprovação e, logo depois, sanção presidencial. 

Na difusão de sua história de vida, Antônio Carlos foi consultor independente, diretor-presidente da Modus Faciendi (sua empresa de consultoria), além de autor de diversos livros e textos, no Brasil e no exterior, sobre promoção, atendimento e defesa dos direitos de crianças e adolescentes. Apesar de não ter filhos, junto à esposa, criou em 2006 a Fundação Antônio Carlos e Maria José Gomes da Costa, com o objetivo de deixar uma “descendência pedagógica”, pela experiência que ambos possuem na educação. Esse legado foi inspirado na máxima do empresário Norberto Odebrecht de que o maior monumento que alguém pode deixar são as pessoas que educou e formou. É foi com enorme pesar que a Fundação Telefônica e o CEATS comunicou o falecimento do Professor Antônio Carlos Gomes da Costa, um dos principais colaboradores e defensores do Estatuto da Criança e do Adolescente. 

Segundo ele mesmo, sua maior realização, como cidadão e educador, foi participar do grupo que redigiu o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), e que também atuou junto ao Congresso Nacional para sua aprovação e, logo depois, sanção presidencial. Foi autor de diversos livros e textos, no Brasil e no exterior, sobre promoção, atendimento e defesa dos direitos de crianças e adolescentes, o professor foi uma das inspirações para o Portal Pró-Menino, do qual participou ativamente na concepção e construção. Continuou colaborando sempre com o Portal, por meio de artigos e consultorias, sendo um dos idealizadores da Cidade dos Direitos e do Concurso Causos do ECA. Além de contribuir para o desenvolvimento do Portal Pró-Menino, foi essencial no desenho e construção de diversos outros programas e projetos da Fundação Telefônica, assim deixa sua mensagem de luta ao escrever: 

(…) meu primeiro artigo de 2011, pode ser resumido numa palavra de ordem de sólida objetividade: ATACAR! ATACAR! ATACAR! Se não fizermos isso, em vez de construir o futuro, passaremos a terceira década do ECA e, talvez o resto do século, nos defendendo de um fantasma que nada tem de camarada”. 

E finaliza seu artigo com seu contagiante otimismo destacando que temos pela frente uma década de “tantas esperanças para nós, brasileiros”. Seu falecimento representa uma grande perda para o movimento de defesa dos direitos da criança e do adolescente. Mas, sem dúvida, os ideais que ele defendeu continuarão sendo na próxima e nas décadas que estão por vir um referencial para todos. Promover o ECA e torná-lo uma realidade em todos os cantos do país é a maior homenagem que podemos fazer a este educador que dedicou sua vida a nossas crianças e adolescentes. Equipes Fundação Telefônica e CEATS relataram que o velório ocorre no Cemitério Parque da Colina, na Rua Santarém, no Bairro Nova Cintra, em Belo Horizonte. O enterro será no mesmo local no sábado(05/03) às 9h.  

Então, pode-se fazer uma breve reflexão sobre que lhe inspirava com relação aos direitos, iniciado com a aprovação em 13 de julho de 1990, no ano passado o ECA completa 25 anos, em 2015. Em torno dessa data, muito se debateu, se discutiu, se polemizou, abordando aspectos sérios, substantivos e também os estandartes e as picuinhas de sempre, usados como bandeirolas pelos detratores do Novo Direito, acenando-os em todas as ocasiões que lhes pareçam propícias. 

Neste sentido, em crises atuais sobre os direitos humanos, que ataca por trás e, principalmente, explora a falta de cultura cidadã do povo, para induzi-lo a combater o ponto de vista e os interesses das crianças, adolescentes e jovens, que são os portadores do futuro de cada família, de cada povo e da humanidade. Assim, entendeu-se a necessidade de mapear os motivos subjacentes a essas argumentações falaciosas, pô-los a nu e não perder nenhuma oportunidade de expô-los de maneira clara, concisa e didática à opinião pública. Só assim estará expondo as capazes de dar a ver a todos que o rei, além de morto, está nu. Por que, então, desperdiçar com ele uma década que se anuncia como portadora de tantas esperanças para os brasileiros, questionando-se. 

Aborda que educar com afetividade sabendo dizer ‘NÃO’, em que a afetividade acompanha o ser humano desde a sua vida intrauterina, até a sua morte, se manifestando como uma fonte geradora de potência e energia, ela seria o alicerce sobre a qual se constrói o conhecimento racional. Segundo 

Rossini, 2002, as crianças que possuem uma boa relação afetiva são seguras, têm o interesse pelo mundo que as cerca, compreendem melhor a realidade e apresentam melhor desenvolvimento intelectual, visto que a aprendizagem deve se prazerosa e ligada à ação afetiva. 

Portanto, o maior desafio para este século, seria acompanhar este desenvolvimento tecnológico sem olvidarmos de que enquanto profissionais da educação, trazemos em mãos, seres humanos em desenvolvimento, que carecem de uma educação mais humanística, voltada para o ser humano em suas características de um ser dotado de corpo, espírito, razão e sentimento. Se o mundo quase se tornou mecanizado, e os seres humanos quase se tornaram insensíveis, o homem está despertando a tempo de perceber que a consistência humana é imbuída de sentimentos, e que precisamos estar atentos a eles, uma vez que todo o progresso tecnológico e científico do século não garantiu ao homem alcançar a felicidade, assim como todos os comprometidos com as causas educacionais, encontram-se em busca de estratégias que permitam resgatar a autoestima e valorizar as capacidades.  

2.2 A Contextualização social e educacional da Região Amazônica: Um olhar sobre a infância e adolescência e o entendimento do “fator amazônico”   

Neste contexto observam-se indicadores sociais que interferem no desenvolvimento da aprendizagem das crianças e adolescentes, as que mais sofrem pela desestrutura da sociedade e na ausência de competência para desenvolvimento desta área brasileira, por não conhecer esta realidade e por diversos fatores que serão abordados nesta leitura e análise dos fatos. Uma delas é a falta de acesso aos serviços básicos de saúde, assistência social, em uma realidade sociocultural desafiadora, que preserva suas tradições e que precisam ser potencializados em suas particularidades regionais.  

Uma das questões observadas para o entendimento foi a sua localização territorial e os impactos relevantes do uso de novas tecnologias de comunicação e informação escassos, que não são compatíveis e deixa-os fora do acesso ao mundo global causando a exclusão social, e este dificulta o desenvolvimento da região, distanciando dos serviços e das estatísticas comparativas, pelo distanciamento das áreas, do tempo que se passa para chegar de uma comunidade a outra. Por haver poucos estudos e análises das condições sociais e econômicos que atingem a vida de crianças e adolescentes, que se locomovem por embarcações na zona rural(ilhas), assim restringe-se a coleta de relatos, opiniões, debates e fóruns, na expectativa de fomentar o levantamento de dados e demonstração de futuras pesquisa sobre esta área do Brasil, que atualmente prende-se a dados do Censitários3, que darão direcionamento, considerando a necessidade de tratar a região ou área como um todo, para assim entender suas particularidades.  

A difícil tarefa de entender a Amazônia a partir de informações escassas e incompletas, acompanhado em matérias de revistas e jornais, vem trazer à tona um alerta de melhoria no aspecto de acesso as informações, este campo pouco estudado, requerem estar in locu, para compreensão de toda sua complexidade. Alguns indicadores relacionam-se com as condições de vida de crianças e adolescentes na Região Norte mais na parte urbana, onde se tem maior possibilidade de levantamento de dados, em que estes indicadores são confrontados com a região Nordeste, pela aproximação e onde as situações de desigualdades sociais são visíveis.  A região norte se apresentou, desde 1995, dentre todas as regiões, com a maior parcela de crianças e adolescentes na área urbana chegando a 45,7%, sendo que em segundo ficou Nordeste com 41,5%.  

A participação do grupo etário de crianças e adolescentes consideravelmente estão presentes de forma significativa no contexto social, como um grupo de maior carência tanto de políticas públicas, quanto de atenção em sua fase peculiar (especial de desenvolvimento). Em foco, a situação é crítica e preocupante na Amazônia, no que se refere a garantia de direitos a esses sujeitos, pois os serviços não conseguem trazer a população uma melhoria na condição de vida e de novas perspectivas de sobrevivência. Por exemplo, quando se fala de esgotamento sanitário, minimamente que deveria ser garantida, no Norte, na área urbana a proporção de domicílios que não tem esta necessidade básica é de 92%, ou seja, indica que apenas uma mínima parte de crianças e adolescentes estão sendo esquecidos, e perdendo o privilégio de residir em domicílios onde este serviço seja adequado. 

Destaca-se que esta ausência de saneamento, em que a renda vai até ½ salário mínimo per capta nas áreas urbanas do Norte, fica estampada claramente a exclusão social de seguimentos importantes da população brasileira. E no que tange ao acesso a serviços básicos de saúde a situação ainda piora, e causando aparecimento constante de doenças motivadas pela falta de condições básicas de alimentação e higiene.  

Segundo Joaquina Barata Teixeira4, no ano de 2013, que traz uma abordagem do tema do “fator amazônico”, destacando que no contexto social, este termo encontra-se defasado na história, e propõe a desconstrução do significado, ora usado e vinculado no período dos anos 70/80 para designar um discurso de planejamento de integração de área de forma tradicional e exploradora. E ainda indica duas preocupações saudáveis a considerar nesta análise amazônica, sendo a primeira relevante refere-se à contextualização do solo e da historicidade da região, já que as políticas públicas sociais destinam-se a um país com dimensões continentais, em que a diversidade é uma riqueza e a desigualdade social uma contradição.

E na segunda observação ressalta a necessidade de historicizar e atualizar as categorias conceitos e noções que instrumentalizam a leitura da expressão sobre “questão social” e do planejamento da Amazônia. Estas considerações conceituais encontram-se ancoradas em um princípio metodológico dialético, necessário em análises dos processos sociais.  

3 Metodologia 

Pela escassez de pesquisa neste contexto, o tema apresentado, a priori, e os pressupostos comparativos serão utilizados para retratar a realidade educacional brasileira com dados estatísticos, entre 2015 e 2017, diante disso será utilizado o método quantitativo e qualitativo, e no que se refere aos aspectos da fenomenologia, para obter maiores informações sobre o tema e assim fazer uma análise das experiências sobre a concepção pesquisada. 

As entrevistas serão utilizadas para subtrair dados qualitativos dos professores, e equipe da escola, bem como alunos e famílias envolvidas, como ferramenta qualitativa feita nas rodas de conversas sobre o relacionamento intra e extrafamiliar, como percepção de como se dá a aproximação das crianças, adolescentes, escola e familiar em seus vínculos de convivência, a fim de fazer uma análise do sistema educacional no cenário amazônico e sobre a pedagogia da presença como contraponto a esta realidade. 

Outro recurso que será utilizado para obtenção das informações passíveis de comparação é o método autobiográfico, utilizando-se de histórias de vida dos alunos e educadores para construção de novas concepções da pedagogia da presença, como metodologia de incorporação das ações socioeducativas que favoreçam o desenvolvimento para a vida e a cidadania dos atores, para assim chegar aos resultados da pesquisa e suas conclusões. 

Para compreender esta temática deve-se considerar o aspecto de concepção e uma nova metodologia desafiadora que aproxime e interaja com os seres humanos, no intuito de promover a ação educativa e suas modalidades dentro da pedagogia moderna que possam integrar a psicologia, antropologia, sociologia, psicologia, as ciências e direito. Neste sentido em que se apresente a problemática desta necessidade, diante das dificuldades na aprendizagem, estando ligada a questões pessoais e sociais inerente do ser humano. 

Diante deste contexto de promover a educação comprometida com a vida, surge o problema de conceber uma Pedagogia da Presença na superação das dificuldades pessoais e sociais, na prática educativa de crianças e adolescentes, particularmente da região Amazônica, com sua diversidade cultural e territorial. Esta problemática apresentada consiste em questionar as formas de resolução de conflitos, feitas de maneira tradicionalista, sem compromisso com o ser humano. 

Os conflitos atuais são complexos e distanciam os seres humanos de seus princípios, do relacionamento interpessoal, da coletividade, causando solidão a muitos alunos e professores que, diante da tecnologia e das novas descobertas e acessos no mundo contemporâneo, ainda se sente a necessidade de estar próximo, com o objetivo de promover a educação para a cidadania e para a resolução de problemas internos e externos. É preciso criar mecanismos de defesa e retornar a preocupação com a aproximação das pessoas fisicamente e que este tem o propósito de promover a aprendizagem, através da confiança e do estar juntos. 

4 Análise dos resultados: teoria da pedagogia da presença de Antônio Carlos Gomes da Costa  

No contexto de análise dos resultados da pesquisa, tendo como finalidade expor as mudanças ocorridas com as práticas socioeducativas, faltam os atores que possam instituir um debate acerca de questões polêmicas, e dever ser o promotor do fenômeno para da mobilidade social das pessoas, em que a globalização se converteu em um monstro sem controle, urge mudanças na questão mental e de atitudes, e a necessidade de propor a partir de experiências vivenciadas na área socioeducativa, por conceber a educação como fonte fundamental de mudança da sociedade, e com esse propósito está à disseminação dos direitos a partir da constituição cidadã, como é chamada, e que concretiza no esquema abaixo: 

Esquema de consolidação da Pedagogia da Presença 

No esquema acima, destaca como se dá o envolvimento com direitos e a sociedade, em primeira instância em que a interpretação da pedagogia da presença, faz-se levando em conta que se forma a partir de uma junção entre social e o educativo e se constitui em uma proposta de intervenção, a partir das experiências vividas no coletivo e no pessoal, de como são internalizadas as aprendizagens.  

Neste campo que propõe um novo pensar para as práticas atuais pedagógicas, inaugura-se o resgate da construção do saber afetivo, em primeiro plano de sua concepção. Essa junção está relacionada a problemática abordada anteriormente, que leva a reflexão de um envolvimento com o contexto social que se apresenta, e que pela ação educativa se interferirá nas mudanças estruturais e conceituais.

4.1 A Teoria, princípios e concepção da Pedagogia da presença, de Antônio Carlos Gomes da Costa: Um referencial para a Prática educativa 

Ao destacar a teoria pouco conhecida de Antônio Carlos Gomes da Costa, na difusão de suas concepções no contexto social e educacional, vale ressaltar que se depara com comprometimento ao expor e explicitar suas ideias e propor uma nova proposta pedagógica para guiar os rumos da educação e participação ativa dos cidadãos, que surge desde a preocupação com a infância. Vale salientar que se utilizou como base para estas conclusões e apresentações, destaca-se o livro “Por uma pedagogia da Presença”, como instrumento que permite o entendimento lógico e coerente desta proposta de intervenção no contexto educacional considerando o meio social que se está inserido. 

A Pedagogia da Presença, enquanto teoria que implica os fins e os meios desta modalidade de ação educativa se propõe a viabilizar este paradigma emancipador, através de uma correta articulação do seu ferramental teórico com propostas concretas de organização das atividades práticas. (COSTA, 2001, p.6) 

Nesta teoria emancipatória detalha-se uma necessidade básica enquanto proposta pedagógica teórica, e por outro lado, a necessidade da criança e do adolescente terem uma vida mais próxima e afetiva para superarem as suas dificuldades e obstáculos para o seu desenvolvimento e formação enquanto cidadão. Nestes princípios, vale ressaltar o ser humano incorporado. 

Em primeiro lugar está à conciliação consigo mesmo e com os outros, enquanto primeira condição para se entender a possibilidade e capacidade de mudança da sociedade, que significa nesta fase não somente a ressocialização, mas a iniciativa de propor ao adolescente/jovem a possibilidade de socializar-se, no intuito de percorrer um caminho mais digno e humano. Por isso, estabelece a interligação com a primeira infância desde o nascimento desta importante e fundamental determinante para a construção do ser humano, em suas particularidades e diversidade de seu meio social, suas vivências e partilhas. 

Apresentando os conceitos, tem-se em destaque como primeiro ponto a considerar dentro da teoria da Pedagogia da presença, o cuidado de si mesmo e do outro, por vez, que se dá influenciado pelas situações vividas e construídas na infância, e que outrora influenciarão na concepção do desenvolvimento biopsicossocial difundido pelo autor Urie Bronfenbrenner, nos caminhos percorridos na trajetória experiencial. Sendo assim, referem-se ao sentido do cuidar da infância e adolescência, em seus limites, consequências e efeitos de situações vividas que podem causar danos para o indivíduo em formação, no caso da criança e do adolescente que são considerados em fase peculiar de desenvolvimento. 

Outra consideração a observar é o estudo sobre os problemas que afetam o indivíduo de forma pessoal e social, numa reivindicação mais humanizada, no que concerne aos princípios norteadores da teoria desenvolvimentista. Quando se refere ao adolescente, é claro atentar para a fase de contradições e extremos, visto que está aberto a novas descobertas e que, por isso, torna-se mais vulnerável dentro da sociedade capitalista. E que muitas vezes, dentro de seus conflitos pessoais, existenciais, retratam uma sensação de indiferença, ignorância, julgamentos, preconceitos, dentre outro. Estes resultam em perdas e danos à sua personalidade, marcada com histórias de vida, o qual lhe foi negado os direitos fundamentais. Nisso, interfere a necessidade de estar presente no cotidiano e conhecer a realidade encontrada na região amazônica para entender os procedimentos acessíveis de intervenção social.  

Nestes pressupostos, considera-se que nenhum método, técnica ou quaisquer recursos, pode substituir a presença solidária, comprometida, aberta e construtiva do educador, junto ao educando no contexto educacional emancipatório, que requer um envolvimento com cuidado consigo e com o outro, de forma coletiva e que estabeleça confiabilidade, transformação e mudanças estruturais. Neste caso, fazer-se presente na vida do educando, é o maior pressuposto da ação educativa dirigida ao adolescente em situação de vulnerabilidade social ou que se encontra em uma situação de dificuldades tanto pessoal quanto social. 

Assim, concluiu-se que o protagonismo visou desenvolver a ação do indivíduo na sociedade, buscando a sua transformação na maneira de pensar, e isso passa pelo reconhecimento individual, do seu valor para a melhoria de seu ambiente de vida. A descoberta do protagonismo aconteceu quando se conheceu o próprio valor, acreditouse no potencial e estimulou as práticas das crianças e adolescentes. Tendo em vista, o olhar curioso dos adolescentes, como sujeitos da história, através da reflexão de novas práticas, no entanto, foi preciso desmistificar qualquer preconceito ou descrença das capacidades dos meninos e meninas, este ainda, sendo uma meta a seguir, criando condições junto a eles, baseando-se em valores solidários para enfrentarem as dificuldades da vida. (FERREIRA, 2014, p.103) 

A pedagogia da presença define como ideia central, a conceituação de presença, o que é ser presença viva, que é a chave do entendimento da proposta de intervenção na vida cotidiano das pessoas. Sendo que o objetivo maior desta pedagogia é a força que pulsa no coração subjetivamente, devido Antônio Carlos Gomes da Costa, dedicar sua vida a estes pensamentos que experimentou na prática do dia a dia, como ser ativa deste processo, suas ideias sobre o contexto de ser presença estão interligadas diretamente as suas vivências junto ao povo, as pessoas, tanto no contexto educacional quanto no social, fazendo a diferença em comprovar com sua própria história de vida. 

Um dos princípios primordial nesta proposta é o aprender a fazer-se presente, em que esta capacidade é medida de maneira construtiva e coletivamente, que não se nasce com algum dom ou com predisposição para tal comportamento, ou que caracteriza uma pessoa. Mas Costa, 2001, destaca em seus livros, que é necessário adquirir uma aptidão que pode ser aprendida, é preciso uma disposição interior para quem se propõe a enfrentar este desafio. Além disso, precisa-se ter uma abertura para as questões conflituosas e a vontade em resolvê-las, e principalmente em primeira sequência resolver-se no campo pessoal, para assim dar conta do outro em suas crises e internalizações e construções e reconstruções.  

Outro aspecto a considerar é o princípio da sensibilidade e do compromisso para isso, em que essa aprendizagem de estar presente, requer um envolvimento do educador no ato de educar. Nestes termos, podem-se associar as concepções de Paulo Freire, quando se refere ao ato de educar, quando afirma que: 

Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo. 

Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda possibilidade que tenha para não apenas falar de minha utopia, mas participar de práticas com ela coerentes. (FREIRE, 1987, p. 57) 

As contribuições de Paulo Freire foram fundamentais para se estabelecer um envolvimento com o ato de educar, e sem estar presente não irá passar de apenas uma interpretação, ou um rito qualquer, despido de significação profunda e restringindo-se a uma mera obrigação funcional ou técnica. No desenvolvimento de uma nova proposta de autonomia e emancipação que ainda se almeja, torna-se necessário o empenho e dedicação, tolerância e descendência do compromisso estabelecido como ponto essencial e pleno para a efetivação de novo paradigma de testemunhar a solidariedade e o compromisso com o outro, após consolidar-se a si mesmo, reconhecendo que a prática em sua essência limitada, em que a educação só se torna eficaz, na medida em que reconhece e respeita seus limites e exercita suas possibilidades, oportunizando mudanças de comportamentos e/ou posturas conservadoras.  

Este alerta que Paulo Freire nos faz é um sinal de que o compromisso com a causa da criança e do adolescente requer uma reflexão sobre os princípios das práticas educativas e pedagógicas, que vem se afirmando nesse sistema capitalista. E isso se constrói com o envolvimento político e não partidário nas experiências coletivas e na formação continuada, buscando conhecimentos e aprimorando a ação que sinalize a transformação da realidade, retratado nas reflexões feitas de um dos formadores. (FERREIRA, 2014, p.119) 

Segundo Costa, Do ponto de vista relacional entre educador e educando, deve acontecer um entender e agir acompanhado de despojamento e aceitação do outro diferente, na dialética da proximidade em contradição ao distanciamento, comparando as questões: 

Conceituações de proximidade e distanciamento 

Conceituação de proximidade Conceituação de distanciamento 
Em que o educador se acerca ao máximo do educando. O educador se afasta do plano da crítica, garantindo ponto de vista de totalidade do processo. 
Educador procura identificar-se com a problemática de forma calorosa e afetiva e significativa. Percebe seus atos se encadeiam no decorrer dos acontecimentos que configuram no desenrolar da ação educativa. 
Busca de interação relacional de qualidade. Clara noção do processo e uma ágil inteligência do instante, sendo prático e teórico. 
Fonte: Pesquisador /2015 

Sendo que nas bases comportamental do educando podem surgir sensações e impulsos agressivos, cinismo, indiferença, e outras posturas negativas que influenciarão na aprendizagem e seu desenvolvimento pessoal e coletivo. Considerando que para entender a Pedagogia da presença o educador deve ver além dos aspectos negativos, e sim perceber mais visivelmente o pedido de ajuda do indivíduo, do educando que se apresenta, muitas vezes, com seus transtornos e conflitos internos. O educador deve estabelecer uma familiaridade com as situações que se apresenta, e estabelecer um cuidado para estar certo do encaminhamento a ser tomado. No entanto, deve notar quando o educador se envolve emocionalmente, que se configura em um entrave para o estabelecimento da presença, ao ponto que isto pode levar a fragilidade na dimensão afetiva da relação, onde pode ocorrer a manipulação, chantagem afetivas, apegos, dependência e outros comportamentos, em que o educador deve dosar e ser capaz de evitar esta tendência, para que se crie a emancipação no processo.  

Após várias leituras sobre os aspectos que move a proposta metodológica, o pesquisador desenvolveu algumas esquemas para demonstrar como se concebe esta pedagogia, de forma simples e reflexiva, a partir da análise das ideias deixadas pelo autor Antônio Carlos Gomes da Costa interpretada como possibilidade de desenvolver particularmente na Região Amazônica, por ser uma área que necessita de um trabalho de base, onde se sente a necessidade de estar presente tanto nos conflitos sociais quanto nas possibilidades de intervenção no contexto de garantia de direitos, enquanto princípios apresentados na abordagem. 

Esta proposta tem a presença construtiva, ou seja, caminha com as dificuldades pessoal e social, este assim torna-se o primeiro critério de entendimento da conceituação da pedagogia da presença, em que o educador que quer assumir a tarefa de emancipador na vida dos seus educandos, é convidado a ter um papel de promover o protagonismo infanto-juvenil. Salientando que esta presença afetiva, passa a ser uma habilidade que se adquire de forma fundamentalmente pelo exercício do cotidiano nas relações sociais e educativas. Neste sentido resume abaixo o esquema que expressam claramente a consolidação do aprendizado na praticidade, nas relações articuladas e por fim na conclusão desta base conceitual:  

Esquema das relações na concepção da Pedagogia da Presença 

A base conceitual é estabelecida a partir de um aprendizado prático considerando a relação sólida construída no cotidiano, e da relação articulada das questões de necessidade e intervenção dos conflitos pessoais e sociais existentes no contexto estudado, que se estabelece como um caminho de emancipação do educando no processo de aquisição do conhecimento de forma autônoma e protagonizadora.  

Quer dizer que esta aquisição do conhecimento teórico e tanto filosófico estabelecida na proposta, requer uma análise referente ao contexto vivencial ora abordada no trabalho de base, no processo de interlocução necessário inicialmente como aspecto acolhedor, observador, no sentido de garantir a expressão dos atores envolvidos na mudança de intervenção. Este adquirido no envolvimento com o grupo, comunidade e ou pessoas envolvidas na discussão de determinado ambiente de construção de saberes. 

Neste caso, a pedagogia da presença, deve levar por fim o indivíduo a uma emancipação de amadurecimento de aquisição do conhecimento, envolto de resistência ao autoritarismo e na implantação de uma nova mentalidade, que passe da hierarquia para uma pedagogia da autonomia, a qual Paulo Freire retrata em seus escritos. Tendo como base esta estrutura inicial, passa-se para uma próxima etapa de concepção desta abordagem, destacada em três processos abaixo, desenvolvidos pelo pesquisador, que novamente expõe o caminho da emancipação:  

Processos de emancipação e amadurecimento da Pedagogia da Presença

Fonte: Dados do Pesquisador/2015

Para explicitar, é dado um exemplo da fase da adolescência, que se apresenta internalizada por vários conflitos, condutas graves, e outros, e os educadores devem seguir estes enfoques básicos: amputação, reposição e aquisição. A amputação é vista por meio de abordagem correcionais e repressivas, que, considerando os aspectos da personalidade do educando, produzirá dois tipos de pessoas: as rebeldes e as submissas.  

O processo de reposição dá-se através das práticas assistencialistas, no aspecto material e/ou paternalista, que atinge o emocional, ou que se negou a existência, baseia-se nas privações e nas carências, quer suprir mecanicamente. Visto que o processo da aquisição é feito pelo próprio educando, por meio de uma atitude autocompreensiva, orientada para a valorização e o fortalecimento dos aspectos positivos de sua personalidade, gerando um autoconceito, autoconfiança, necessários à superação de suas dificuldades. Assim parte do que o adolescente é, sabe e se mostra capaz de criar espaços estruturados à partir do empreendimento dele próprio à construção de seus saberes e de sua cidadania, como parte atuante no processo de construção da sociedade e do espaço onde vive. 

No terceiro enfoque a aquisição é que está estampada a proposta da pedagogia da presença, na linha de atuação, e nesta comparação para entender seus conceitos e teoria, destaca-se uma vertente de pouca divulgação e poucas experiências publicadas, e quando se trata de adolescentes fica ainda mais complicada a resolução dos conflitos, muitas vezes, por interpretação do processo de desenvolvimento do ser humano, para adquirir uma concepção de educação emancipatória e libertadora, como afirma o educador Paulo Freire, quando alerta que o compromisso com a causa da criança e do adolescente requer uma reflexão sobre os princípios das práticas educativas e pedagógicas, que vem se afirmando nesse sistema capitalista. E isso se constrói com o envolvimento político e não partidário nas experiências coletivas e na formação continuada, buscando conhecimentos e aprimorando a ação que sinalize a transformação da realidade, retratado nas reflexões feitas de um dos formadores. 

E o que dizer, mas, sobretudo que esperar de mim, se, como professor, não me acho tomado por este outro saber, o que de preciso estar aberto ao gosto de querer bem, às vezes, à coragem de querer bem aos educandos e à própria prática educativa de que participo. Esta abertura ao querer bem não significa, na verdade, que, porque professor me obrigo a querer bem a todos os alunos de maneira igual. Significa, de fato, que a afetividade não me assusta que não tenho medo de expressá-la. Significa esta abertura ao querer bem a maneira que tenho de autenticamente selar o meu compromisso com os educandos, numa prática específica do ser humano. (FREIRE, 1996, p.159). 

Na afirmação de Paulo Freire, é notória a expressão da pedagogia do afeto, uma relação de amor ao ato de educar, o adquirir no processo de aquisição do conhecimento o cuidado com o outro, que por sua vez, encontra-se em condições vulneráveis e que precisa ser visto de forma diferenciada. Numa teoria que implica os fins e os meios desta modalidade de ação educativa. Que trata estas orientações básicas desta pedagogia desafiante nos dias de hoje, mas necessária para quebrar paradigmas de fluxo pragmático, e retomar a reflexão do resgate ao que é positivo na conduta dos adolescentes, por exemplo, sem usar de preconceito e rótulos desnecessários, deficiente no que se refere a punição, negociando sem ignorar as exigências da ordem social, mas pôr em discussão que permita abrir caminhos e espaços para a interação para a tomada de iniciativas de compromisso consigo e com o outro. 

A perspectiva da Pedagogia da presença, Costa, 2001, destaca que é mister observa outras vertentes que o educador deve aprender a lidar com os jovens e suas exigências, em que muitos dos adolescentes vivem em um universo desafiador, complicado e que acabam escapando daquilo que pode levá-los a entender as consequências, numa desarticulação entre necessidade e oferta, em que os educadores oferecem meios e instrumentos para ponderar, os adolescentes almejam encontrar-se nesta dimensão confusa de ser. Com isso, acabam não permitindo uma intervenção que venha dar respostas as suas crises existenciais, portanto, o educador deve favorecer o olhar sobre a situação compreendendo e atuando de forma construtiva a partir de confrontos com sua realidade, assim os aspectos sociais passam a adquirir uma importância fundamental neste processo de construção, que passa a ser parte de um esforço coletivo na direção de um conceito movido pela prática mais humana de educação para as dificuldades das crianças e adolescentes, como afirma: 

A pedagogia da presença é parte de um esforço coletivo na direção de um conceito e de uma prática menos irreais e mais humanos de educação de adolescentes em dificuldades. Contribuir para o resgate da parcela mais degradada, em termos pessoais e sociais, de nossa juventude é, sem dúvida alguma- embora apenas um número reduzido de pessoas realmente acredite nisto-uma das grandes tarefas do nosso tempo. (Costa, 2001, p.8) 

Neste paradigma desafiador que resgate a proposta da pedagogia da presença, pode-se dizer que extremamente se busca uma pedagogia do afeto, o retorno ao olhar a si mesmo e ao outro em sua dimensão pessoal e social, em que o individualismo, os avanços tecnológicos cada vez mais permitem um distanciamento corporal e estabelece um relacionamento mais virtual, esta necessidade de estar próximo ou presente é uma chamada de alerta para os dias atuais.  

Enquanto exemplo lógico e atual pode-se salientar esta necessidade dentro do contexto escolar e dos espaços de promoção socioeducativa, no encantamento de retorno a aquisição de saberes a intervenção da vida humana e nos garantia do sujeito de direitos, estarem presente do problema e intervir, estar presente nas dificuldades e encontrar caminhos para vencê-las. 

Esta concepção ainda é inovadora na compreensão da realidade amazônica onde a pedagogia da presença, faz sentido e seus princípios coincide com esta lógica de interpretar uma diversidade complexa, mas, que é entendida através desta proposta pedagógica, onde a internet e conectividade é um desafio a ser enfrentado, pela localização geográfica de difícil acesso, a presença é fundamental. E que, partindo da necessidade de conhecer a realidade para intervir nela de forma significativa, na consideração do desenvolvimento humano de crianças e adolescentes, haja a iniciativa de práticas pedagógicas presenciais, como base teórica complementar para estudos relacionados a esta área, que esta pesquisa possa servir de intervenção e aprofundamento de uma nova concepção sobre a pedagogia da presença e seus paradigmas conceituais, a fim de contribuir para o conhecimento científico de educação integral para o exercício da cidadania. 

5 Conclusões e recomendações da proposta metodológica da pedagogia da presença na prática educativa na região amazônica 

A relevância deste estudo se fundamenta a partir da carência de dados disponíveis sobre a educação do campo e particularmente sobre a realidade da educação nos assentamentos; da situação de abandono dos sujeitos do campo, no que concerne a políticas públicas implementadas no âmbito dos direitos humanos fundamentais e das condições dignas de vida, trabalho e educação; e a precarização histórica da educação oferecida aos sujeitos do campo, muitas vezes deslocada da sua realidade, baseada em uma matriz urbanocêntrica de sociedade, que nega a identidade e a cultura do homem e da mulher do campo, e que tem sido efetivada em condições infraestruturais adversas sem as mínimas condições necessárias a construção de conhecimentos significativos por parte dos sujeitos que dela participam.  

Nesta análise concebida como inovação significa assumir o projeto político pedagógico como um conjunto de atividades que gerarão uma resposta as indagações do fazer na educação. Sem deixar de lado o processo de construção coletivo internalizado no trabalho. Assim, podemos destacar que não se trata de um processo de cunho regulatório ou técnico, mas uma ação a qual todos participam e se sentem parte como protagonistas e com certeza com o papel de serem responsáveis por sua efetivação. Tratando-se de um conjunto de ferramentas necessários, com suas diretrizes, parâmetros, critérios e outros. E que estes devem ser incorporados nas instituições educativas nos projetos pedagógicos.  

Diante das experiências conceituadas, dos processos históricos e teóricos destacados, em consonância com a pesquisa de dados regionais no estudo do entendimento da realidade local, e a preocupação em entender a fase peculiar de desenvolvimento da criança e do adolescente, como sujeito de direitos. 

Recomenda-se que, as práticas socioeducativas da concepção de Antônio Carlos Gomes da Costa, sejam relevantes e concebidas para o aprofundamento da intervenção social e educativa na implementação de políticas sociais e educacionais mais presentes e de acordo com a realidade das crianças e adolescentes, em favorecer as mudanças estruturais necessárias, e no estabelecimento de vínculos socioafetivos entre educador e educando. 

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1Universidade Estadual da Paraíba
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0758-008X 
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4271-6555