A INFLUÊNCIA DO OBJETO LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO: COMO A CONSTRUÇÃO DESSE OBJETO INFLUENCIA NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA CRIANÇA?

THE INFLUENCE OF THE PLAYFUL OBJECT ON DEVELOPMENT: HOW DOES THE CONSTRUCTION OF THIS OBJECT INFLUENCE THE CHILD’S COGNITIVE DEVELOPMENT? 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249231659


Andre Costa Carrilho1
Leticia Soares Ferreira2


RESUMO

Introdução: O lúdico está presente principalmente na fase infantil da vida de todo ser humano. Ele pode ser entendido como objeto de grande importância para o processo de ensino-aprendizagem na fase da infância, sendo de grande valia para o desenvolvimento das crianças, por serem caracterizados como estímulos e atividades primárias, as quais divertem, trazem benefícios e aprimoram o desenvolvimento dos seus aspectos físico, intelectual e social. O lúdico promove a vontade de criar e recriar, de usar sua imaginação proporcionando uma aprendizagem completa, de qualidade, sem cobranças, e realmente prazerosa. Objetivo: Compreender como o objeto lúdico influencia no desenvolvimento psíquico da criança, despertando a curiosidade, estimulando a imaginação, o desenvolvimento do intelecto e do seu senso crítico. Métodos: Pesquisa de natureza básica e dialética, qualitativa, de caráter explicativo, com pesquisa bibliográfica e para a coleta dos dados utilizará de documentos, artigos, livros etc. Resultados: Demonstrar a eficiência ou não dos objetos lúdicos apresentados no que diz respeito a aprendizagem e desenvolvimento psíquico das crianças. Conclusão: Através da apresentação dos objetos lúdicos mais comuns na atualidade será possível compreender a forma como influenciam nas habilidades e capacidades da criança em desenvolver sua criticidade, suas capacidades motoras e cognitivas, além de estimular a sua imaginação e sua criatividade.

PALAVRAS CHAVES: Objeto Lúdico; Desenvolvimento; Infância; Aprendizagem; 

ABSTRACT

Introduction: The ludic is present mainly in the childhood phase of any human being. It can be understood as an object of great importance for the teaching-learning process in childhood, being of great value for the development of children, as they are characterized as primary stimulus and activities, which amuse, bring benefits and improve the development of their physical, intellectual and social aspects. The ludic promotes the will to create and recreate, to use your imagination providing a complete and quality learning, free of charge, and really pleasurable. Objective: To understand how the playful object influences the child’s psychic development, stimulating curiosity and imagination, the development of the intellect and its critical sense. Methods: Research from a basic and dialectical nature, qualitative, explanatory, with bibliographic research and for data collection documents, articles, books etc. will be used. Results: Demonstrate the efficiency or not of the playful objects presented with regard to learning and psychic development of children. Conclusion: Through the presentation of the most common playful objects nowadays, it will be possible to understand how they influence the children’s abilities and capacities to develop their critical, motor and cognitive abilities, besides stimulating their imagination and creativity.

KEY WORDS: Playful Object; Development; Childhood; Learning;

INTRODUÇÃO

A CONSTRUÇÃO DA CRIANÇA 

          As concepções que possuímos acerca da infância na atualidade foram moldadas através do processo histórico ao qual ela se constituiu, levando em consideração o contexto no qual elas foram produzidas. Por volta do século XII não havia lugar para o sentimento de infância, o de preocupação com a educação moral e pedagógica, ou com o comportamento no meio social, uma vez que a sociedade medieval desconhecia tais necessidades (ARIÈS, 1978). Segundo Philippe Ariès (1981) “na sociedade medieval a criança a partir do momento em que passava a agir sem solicitude de sua mãe, ingressava na sociedade dos adultos e não se distinguia mais destes”. (p.156). 

           Podendo assim dizer que não havia uma concepção concreta de infância, onde elas eram vistas e tratadas como crianças e não como pequenos adultos. Não era permitido às crianças passar pelos estágios da infância estabelecidos pela sociedade atual, elas eram logo inseridas no mundo adulto a partir do momento em que apresentavam independência física. De acordo com Áries (1981), foi quando a igreja católica passou a considerar o matrimônio e o ato de procriar sagrados o momento exato onde a infância passou a ser reconhecida. A partir desse momento que a sociedade apresenta uma considerável mudança relacionada a preocupação com a educação, bem como a exposição das crianças aos costumes atualmente considerados “adultos”. Com toda essa preocupação com a educação sendo introduzida na época, um novo conceito de literatura pedagógica surgiu destinada apenas a crianças e adolescentes. 

          Essa individualização gerou nos pais uma preocupação com a educação e com os comportamentos das crianças consequentemente fazendo com a que a criança passasse a ser controlada pelo meio familiar. Tal fato favoreceu a criação das instituições escolares específicas paras as crianças proporcionando a uniformização dos ensinamentos a serem passados com o intuito de educar e disciplinar moralmente os pequenos. “A escola surge junto com a ideia de que a infância é um período da vida que precisa ser cuidada e moldada.” (COSTA 2009). 

           Quando a criança passa a ser entendida como um ser competente, inteligente e que possui necessidades, apesar da sua ingenuidade e fragilidade, é comum haver uma visão romanceada da infância ao longo do tempo, onde passa a ser compreendida como um momento repleto de encanto e ludicidade, diferente de qualquer outra fase da vida onde há um aumento considerável das responsabilidades. No entanto, essa compreensão varia de acordo com a colocação de criança na família, na sociedade, pela sua classe social, gênero, etnia, grupo etário, entre outros contextos sociais. 

A CRIANÇA E A SUBJETIVIDADE 

          O termo subjetividade na psicologia é entendido como o espaço íntimo do indivíduo, ou seja, a forma como ele sozinho se relaciona com o mundo social, resultando em características singulares presentes na formação desse indivíduo e na construção das suas crenças e valores, que são influenciadas principalmente pela dimensão cultural em que cada um está inserido e que constitui sua experiência de vida única e intrasferível. A subjetividade é vista como o mundo interno de todo ser humano, composto por emoções, sentimentos e pensamentos únicos que são influenciados pelo decorrer das experiências do indivíduo.

          A perspectiva histórico-cultural do psiquismo humano, permitiu que Fernando González Rey (1997-2012), apresentasse a concepção teórica de uma subjetividade desenvolvida por onde, segundo ele, a subjetividade se mantém em contínua construção e se deriva principalmente das intersecções entre o indivíduo e a sociedade, emoção e pensamento, consciente e inconsciente, tendo como base as trajetórias de vida do sujeito. De acordo com o autor, “a subjetividade não é algo que se internaliza, não é algo que vem de ‘fora’ e que aparece ‘dentro’, o que seria uma forma de manter a dualidade” (p. 78), explicitando que a subjetividade de um indivíduo não deve ser pensada separadamente do seu meio social, pois é através dele e todas as suas interferências na vida do sujeito que a subjetividade é moldada. Pensando nesse conceito, se faz possível levantar a questão de que se a subjetividade é constituída pelas experiências e influencias do meio social, como então pensar na subjetividade de um sujeito que ainda se encontra em “construção”.

          Segundo Mikhail Bakhtin (1895) a construção da subjetividade se inicia no despertar da consciência, através das primeiras interações da criança onde ela passa a “imitar” discursos para então produzir o seu próprio, ou seja, as crianças utilizam da intersubjetividade partilhada por aqueles que convivem ao seu redor. Sendo assim, a subjetividade da criança é influenciada por aqueles que ela admira, que estão no seu convívio, influenciando seus gostos e excepcionalmente o lúdico, onde os influenciadores estipulam o que lhe é apresentado ou não, levando uma maior importância para o lúdico que é capaz de satisfazer as suas necessidades de aprendizagem. Em concordância com Ariès (1981), é admissível considerar que a particularidade da infância não será vivida por todas as crianças devido aos contextos sociais, econômicos e culturais em que elas estão inseridas. A concepção de infância atual foi construída através das condições socioculturais impostas ao decorrer da sua história. “A infância seria um conceito, uma representação, um tipo ideal a caracterizar elementos comuns a diferentes crianças” (FERNANDES; KUHLMANN JÚNIOR, 2004, p. 28). 

          Para pensar na infância é importante levar em consideração esse conjunto de variáveis que colaboram para a construção da sua subjetividade e dos modos de viver e pensar da criança tais como, família, a escola, pai, mãe, entre outros. Mesmo com a diversidade de entendimentos em relação a infância, o autor J. Gélis (1991) expõe que devido a individualização da infância “houve uma maior preocupação em relação à saúde e educação das crianças por parte de seus pais.” O início desse pensamento de individualização fez com que os pais começassem a se sentir responsáveis pelo futuro da criança, acarretando uma maior rigidez com relação a educação das mesmas. 

OS OBJETOS LÚDICOS COMO ESTÍMULO 

          As mediações e discursos narrativos que caracterizam o domínio comunicativo são determinantes para a subjetividade infantil. A criança vai sendo constituída no âmbito de sua socialização, sendo moldada e conduzida por regras e normas que vão construindo um pré-determinado modo de ser criança. Porém independente de época, cultura e classe social, os jogos e brinquedos fazem parte da vida da criança, pois elas vivem em um mundo de fantasia, de encantamento, de alegria, de sonhos onde a realidade e o faz de conta se confundem. 

          Além dos elementos pedagógicos tradicionais, o processo de aprendizagem na infância envolve principalmente o elemento da ludicidade. O lúdico dá impulso a essa construção da subjetividade infantil e o desenvolvimento das atividades lúdicas proporcionam estímulos positivos que influenciam no desenvolvimento intelectual, físico e social de uma criança, assim, possibilitando um desenvolvimento completo, prazeroso e real através da criatividade, afeição, socialização e motivação. Os conhecimentos na infância partem na maioria da imitação de algum comportamento assistido na televisão, no cinema, de uma experiência vivida, narrados em livros ou em músicas. 

          O lúdico tem sua origem na palavra latina ludus, que quer dizer “jogo”. Mas ele está além de ser apenas jogos e brincadeiras ou propor divertimento. Ele tem como objetivo produzir prazer na execução de atividades de aprendizagem e suas características são bem mais acentuadas como desenvolver habilidades motoras e intelectuais, permitindo a criança construir sua aprendizagem, além de ser capaz de alterar o funcionamento psíquico, como um conforto de tensões internas permitindo que fatos do inconsciente se tornem símbolos e fiquem configurados e simbolizados em imagens desvendando conflitos abandonados e esquecidos, afetos reprimidos, talentos bloqueados e escondidos, aumentando assim, a possibilidade de estruturação da personalidade do indivíduo. É possível rever nas obras de grandes ícones e teóricos do conhecimento infantil como Piaget, Maria Montessori e Vygotsky, o reconhecimento da importância de alguns bens como desenhos, livros, da brincadeira, da musicalidade, entre outras, para o processo de desenvolvimento infantil. A pesquisa caracteriza-se por ser qualitativa, explicativa, que utilizando de documentos previamente existentes a respeito do tema como um todo, tem objetivo de conceituar como os principais objetos lúdicos na atualidade influenciam na aprendizagem e desenvolvimento da criança. 

LITERATURA INFANTIL

          A literatura infantil se faz presente na vida de qualquer sujeito desde a primeira infância, antes mesmo da alfabetização, seja por meio das brincadeiras de roda, cantigas de ninar, e até mesmo as histórias contadas por nossos familiares. Porém seu poder lúdico no mundo da imaginação se faz presente com maior intensidade no período escolar, onde a literatura passa a ter maior contribuição para a aprendizagem, enfatizando a importância de estimular a escrita e a leitura, utilizando de obras literárias voltadas para as crianças. O ato de contar e ouvir histórias estimula a imaginação da criança, despertando cada vez mais seu interesse em explorar aquele novo mundo que lhe está sendo apresentado, proporcionando momentos mágicos de grande valor educativo, ligando a escrita, a literatura e a oralidade, fortalecendo seu desenvolvimento cognitivo, social e emocional. Além de divertir a criança, os contos de fadas esclarecem as percepções que elas possuem sobre si e colaboram para o desenvolvimento da sua personalidade por apresentar a elas personagens que de alguma forma apresentam características semelhantes com a vida da mesma.

          A maioria dos adultos acreditam que os contos de fadas sejam prejudiciais as crianças, principalmente por serem de caráter irreal, sendo considerados como algo “que impossibilita o acesso à realidade e é taxado como mentira” (RADINO, 2003

p.116), por isso buscam de alguma forma torná-los mais realistas ou racionais. Mas segundo Bruno Bettelheim (1980), as crianças utilizam dos contos de fadas para se imaginar na história, lidando com seus conflitos internos e aprendendo a enfrentar a sua realidade, pois sua visão de mundo se assemelha ao mundo fantasioso dos contos, dando “asas” à sua imaginação e permitindo que ela elabore no imaginário, várias soluções para seus conflitos. Sendo por meio dessas narrativas, que a criança vislumbra maneiras de lidar com seus medos, suas falhas, assim como de resolver as questões que se colocavam como obstáculos para seu desenvolvimento. “A forma e estrutura dos contos de fadas sugerem imagens à criança com as quais ela pode estruturar seus devaneios e com eles dar melhor direção à sua vida.” (BETTELHEIM, 1980, p.16).

          De acordo com Freud (1856-1939) e Bettelheim (1980), os contos dispõem de uma linguagem simbólica que, quando traduzida, pode ser entendida como um estímulo motriz para revelar aspectos reprimidos da vida mental infantil, formando um acesso direto para o inconsciente. Para os autores, é através da imaginação que se torna possível compreender características presentes na personalidade da criança por meio de diferentes situações experienciadas através dos contos. O ato errôneo de os pais reprimirem a magia e fantasia passada pelos contos impede a criança de desenvolver suas habilidades e lidar com elas, tais como o medo e agressividade. Em concordância, Radino (2003) alega que “o que traumatiza as crianças não é o contato com os elementos escabrosos, mas o significado e a relevância que os adultos lhe dão” (p.196). As crianças só temerão imagens assustadoras, quando os adultos insistirem no seu caráter assustador (GRIMM, 1999; apud. RADINO, 2003). 

MÚSICA 

          “A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio. A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações: festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas etc.” (BRASIL, 1998, p. 45). Ela se insere na vida da criança como um dos principais estímulos para o desenvolvimento da linguagem, pois se faz presente desde o ventre materno, enquanto a mãe canta suavemente para acalantar seu bebê. Cantar e ouvir uma música desde os primeiros meses de vida, incentiva a criança a desenvolver sua oralidade de uma forma única e divertida, promovendo momentos agradáveis e imensuravelmente produtivos. Segundo Weigel (1988), a musicalização permite que a criança conheça melhor a si mesma, desenvolvendo sua noção de esquema corporal, favorecendo a comunicação com o outro e contribuindo para o desenvolvimento cognitivo-linguístico, psicomotor e socio-afetivo.

          A musicalidade na evolução infantil tem forte conexão com o movimento, tornando atividades mais prazerosas, aperfeiçoando sua expressão corporal e desenvolvendo suas habilidades motoras e cognitivas. Em concordância, Bréscia (2003) diz que a “musicalização desperta e aprimora o gosto musical, além de favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, do ritmo, do prazer de ouvir música, da imaginação, memória, atenção, autodisciplina, socialização e afetividade.” Portanto é possível compreender a música como objeto lúdico de grande importância, já que o estimulo apresentado através do canto e da sonoridade é essencial para o desenvolvimento cognitivo, ou seja, a criança desenvolve inúmeras habilidades, como pular, cantar, dançar, imitar e dentre outros. “O trabalho com música deve considerar, portanto, que ela é um meio de expressão e forma de conhecimento que deve ser acessível as crianças. É a linguagem musical que desenvolve a expressão, o equilíbrio, a autoestima e autoconhecimento, além de ser um poderoso meio de integração Social.” (RECNEI, Brasil, 1998, s.p.).

          Através das letras e melodias a criança é capaz de aprender conceitos que estão presentes em seu dia a dia, por meio da imitação e da diversão. A música para esta fase na infância está entrelaçada ao brincar, mas com objetivo de educar e fazer com que a aquisição do conhecimento aconteça com maior facilidade, além de permitir a criança uma maior interação social através dos diferentes gostos musicais e proporcionar essa troca de experiências musicais se faz importante para o processo de aprendizagem e de uma postura crítica e reflexiva. É notável os benefícios que a música traz desde a calma, alegria e diversão e por este motivo que se deve de maneira lúdica e responsável transmitir essas emoções para as crianças.

TELEVISÃO E CINEMA 

          É incontestável o contato exacerbado das crianças com os meios de comunicação em massa, especialmente a televisão. Pelo fato de estar inserida no cotidiano, a televisão se torna principal objeto lúdico atualmente, pois está presente na maioria das casas independente do contexto social onde tal criança está inserida. Ela pode ser considerada um dos maiores meios de adquirir informação, entretenimento, influências, de desenvolver hábitos e fomentar culturas lúdicas, pois estão diretamente ligadas às experiências e vivências da criança. As brincadeiras das crianças são repletas de elementos oriundos da mídia televisiva, como os desenhos animados, filmes de super-heróis, princesas, entre outros. O cinema e a televisão proporcionam de forma vivida e realista, o encontro com os sonhos e anseios da criança através da identificação com os personagens e absorção da visão ambiental dos filmes, conduzindo meios de buscar de soluções dos problemas que habitam em sua mente. É notável como uma brincadeira tradicional, pode se tornar mais divertida e interessante, quando ressignificada usando o conteúdo da televisão como matériaprima de sua imaginação.

          “A televisão fornece para as crianças, através de imagens, conteúdos para suas brincadeiras. Não bastando que as imagens sejam apresentadas na TV, para gerar a brincadeira é preciso estar integrada no universo lúdico da criança.” (BROUGÈRE, 2010). É fato dizer que a televisão é bastante questionada a respeito de seus benefícios e malefícios na vida das crianças. Muitas famílias se preocupam com a possibilidade da perda da infância devido à “quebra” entre os meios adulto e infantil, já que a criança tem o acesso facilitado ao mundo adulto através dessa plataforma, ou até então o medo de a imaginação da criança ser ou não danificada devido a possível limitação quanto à criação de imagens, já que as crianças as recebem prontas. Porém de acordo com a autora Girardello (1999), “a televisão alimenta ainda mais a imaginação das crianças, os enredos tornam-se pré-roteiros para a imaginação, ou seja, imaginar a partir das histórias, criando novas formas de brincar.” Trazendo essa nova perspectiva de que os conteúdos televisivos precisam sim ser mediados, porém eles também podem servir de grande aprendizado.

JOGOS E BRINCADEIRAS 

          Os jogos e brincadeiras são o exemplo principal quando falamos de objeto lúdico. São atividades alegres e livres que apresentam grande valor social e englobam maior significação no contexto cultural, oferecendo diversas possibilidades educacionais. Eles ensinam conteúdos por meio de regras, proporcionando uma aprendizagem prazerosa para criança e ao mesmo tempo desenvolvendo suas habilidades cognitivas, motoras e críticas. Introduzir esse objeto lúdico na aprendizagem proporciona uma maior integração social entre as crianças participantes, além de favorecer o aprendizado pelo erro, estimulando a busca e solução de problemas, o desenvolvimento das suas habilidades socias, auxiliando a criança a viver em sociedade e estimulando sua vida psíquica. “Os jogos e as brincadeiras são fontes inesgotáveis de interação lúdica. Eles são um excelente recurso para facilitar a aprendizagem” (FANTACHOLI [s/d p.6).

          Em concordância, Silva (2012, p.10) relata que “as brincadeiras e os jogos são imprescindíveis no desenvolvimento da criança, tornando-se atividades adequadas no processo de ensino e na aprendizagem significativa dos conteúdos curriculares. Pois, possibilita o exercício da concentração, da atenção e da produção do conhecimento.” Dessa forma, o jogo pode ser entendido como um meio simbólico que possibilita que a criança construa sentidos, expressando seus modos de interpretar o mundo. Os jogos carregam as representações de cada sociedade que os produz, muitas vezes incapazes de discernir classes socias, etnias, sexo por serem simples e inclusivos, sendo assim se apresentam como importante atividade lúdica na atualidade. “Os jogos na vida da criança são de fundamental importância, pois quando se brinca a criança explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, desenvolvendo habilidades físicas se mentais, sem se sentir coagida pelo adulto, começando a ter sentimentos de liberdade.” (Carvalho, 1992, p.14).

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

           Através de um levantamento teórico tornou-se plausível compreender que a formação da subjetividade se inicia a partir do momento da tomada de consciência, processo continuo e constante na vida de qualquer sujeito, porém que caminha em paralelo ao desenvolvimento principalmente na fase da infância. A subjetividade também se constrói conforme o indivíduo entra em contato com o ambiente e seu círculo de convivência, consequentemente tomando como correta a afirmação de que os estímulos apresentados por esse ambiente/círculo onde ele está inserido se torna influente para esta construção. Assim, a influência dessa subjetividade sendo cultural, de classe, de região, entre outros, se faz questionar a capacidade dos objetos lúdicos que são presentes nas diferentes experiências das crianças, por isso se fez necessário apresentar os objetos de ludicidade mais comuns e conceituar sua finalidade para com o desenvolvimento e aprendizagem infantil. 

 O objeto deste estudo foi à investigação da Importância do Lúdico para o desenvolvimento infantil através da conceitualização da subjetividade na infância e dos principais objetos de ludicidade presentes atualmente, tornando possível entendelos como grandes contribuintes para estimular diversas áreas no âmbito social, cognitivo, afetivo e motor, além de ser algo inerente na vida da criança. O lúdico aliado aos seus objetos é de fundamental importância principalmente para aprendizagem, pois ensinam brincando e colocam regras às atividades, despertando na criança o desejo do saber, desenvolvendo sua personalidade e auxiliando sua capacidade de socialização. Portanto é importante ressaltar que o lúdico proporciona um desenvolvimento sadio e prazeroso, pois enquanto a criança está brincando, ela é capaz de aprender os conteúdos de maneira mais leve e divertida.

          A importância desse estimulo externo na experiência de criação da subjetividade se estabelece na forma como ela estimula o desenvolvimento da linguagem, do movimento, da socialização da criança. Seria possível diferenciar de forma abrupta uma pessoa que se desenvolve sem esse estimulo de outra que desde a primeira infância é apresentada a todos esses objetos de ludicidade, então é estabelecido a discussão principal dessa pesquisa: o quão importante é esse estímulo e o quanto ele beneficia e potencializa tal desenvolvimento na infância. O quanto o lúdico nos jogos e brincadeiras na infância, nas músicas e clipes coloridos assistidos na televisão ajudam a desenvolver criatividade, abrindo oportunidades de conversas, permitindo a criança experienciar novas descobertas, novos sentimentos e desejos, ampliando sua percepção sobre a vida ao ser descoberta. Esse artigo chega à conclusão de que o objeto lúdico é essencial para o desenvolvimento proveitoso e prazeroso da linguagem oral, da atenção, do raciocínio, desenvolve também a imaginação, a espontaneidade, o raciocínio mental e a criatividade, além de estabelecer sua subjetividade com intuito de auxiliar a desenvoltura da personalidade individual da criança.

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1 Graduando Em Psicologia – Universidade Estácio De Sá

2 Graduanda Em Psicologia – Universidade Estácio De Sá