Dr. Marcio Rogerio Modenese
Fisioterapeuta do Hospital e Maternidade Beneficência Portuguesa
de Santo André
marcio.modenese@terrra.com.br
Dra. Profa. Mestre Edna Aparecida Ribeiro
Orientadora de trabalho conclusão de curso,
Universidade Federal de SP – Unifesp
edna_ribeiro119@hotmail.com
Resumo: Este estudo tem como objetivo avaliar a importância do profissional da fisioterapia em compor uma equipe de Estratégia de Saúde da Família (ESF), melhorando e otimizando o atendimento integral do paciente e a qualificação da equipe multidisciplinar. Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica. Foram analisados artigos da área de saúde sobre o programa saúde da família, voltados para prevenção, saúde pública, integralidade e promoção da saúde, assim como dados epidemiológicos referentes a população do Município de São Paulo. A partir do que foi observado na literatura pesquisada e do cruzamento destas informações com os dados epidemiológicos da população paulistana, se verifica a importância da inserção do fisioterapeuta nas equipes de saúde, já que o atendimento é efetuado a uma população carente, que envelhece rapidamente e necessita de uma equipe multidisciplinar com profissionais capacitados a atender suas necessidades. Concluiu-se, diante dos casos apresentados, que houve diminuição das sequelas físicas e das hospitalizações ocasionadas pelas doenças crônicas não transmissíveis com diminuição das intervenções por condições sensíveis à atenção básica. Essas constatações justificam a inserção do fisioterapeuta nas equipes de ESF, além de uma diminuição de custos para o Estado.
Palavras-chave: Fisioterapia. Saúde. Prevenção. Sistema Único de Saúde.
INTRODUÇÃO
A Estratégia Saúde da Família (ESF) é um modelo assistencial fundamentado na promoção de Atenção Básica a saúde, onde a família passa ser o foco de equipes multiprofissionais no ambiente que elas vivem, permitindo o desenvolvimento de ações de promoção em saúde a partir do conhecimento da realidade local e das necessidades de sua população. No Município de São Paulo, a Saúde da Família vem se consolidando como estratégia de reorganização das Unidades Básicas de Saúde, em consonância com as Diretrizes da Política Nacional da Atenção Básica.
Segundo informações disponibilizadas pela Prefeitura de São Paulo (2019), minimamente no município, cada equipe de ESF é composta por 1 médico, 1 enfermeiro, 2 auxiliares de enfermagem e 5 a 6 agentes comunitários de saúde (ACS).
Tendo em vista um atendimento de mais qualidade aos pacientes e, devido às dificuldades de locomoção dos pacientes aos centros de referências por questões como dificuldades financeiras e também de problemas físicos como as patologias crônicas debilitantes e incapacitantes, pergunta-se: a inclusão de profissional de fisioterapia nas equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) no Município de São Paulo ampliaria a qualidade do atendimento, contribuindo com a prática da clínica ampliada? Qual a importância desse atendimento, especialmente para a população idosa?
Segundo Trelha et al. (2002), o desenvolvimento de políticas de saúde que insiram e valorizem o trabalho do fisioterapeuta dentro das equipes, são necessárias para promover a integração do profissional na comunidade. Considerando-se o aumento da expectativa de vida e consequentemente, o aumento da população idosa, pretende-se avaliar a importância do profissional de fisioterapia integrar, de forma permanente, uma equipe da Estratégia de Saúde da Família (ESF) no município de São Paulo e identificar, com base na literatura disponível e dados epidemiológicos, em que medida a composição de um fisioterapeuta à ESF promoveria a redução dos agravos e a melhoria da qualidade de vida, principalmente nas incapacidades funcionais decorrentes de da marcha, melhora das atividades de vida diária, considerando esta população. O estudo foi realizado por meio de uma revisão bibliográfica, concentrada em artigos da área da saúde até maio/2019 relacionados ao Município de São Paulo, onde já existe o programa saúde da Família, voltados principalmente a prevenção, promoção de saúde e qualidade de vida. (Pereira, 2016, p. 158).
REFERÊNCIAL TEÓRICO
A Atenção Básica é o primeiro Ponto de Atenção à Saúde e a Principal Porta de Entrada do SUS.
Caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, redução de danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde das coletividades. (SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE SÃO PAULO, 2019).
Atualmente, no âmbito de atenção básica, Município de São Paulo conta com 453 Unidades Básicas de Saúde, mais de 1300 equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) e 123 equipes de Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). A ESF privilegia a construção de redes de atenção e cuidados visando ampliação de resolutividade.
Na ESF o trabalho em equipe é considerado um dos pilares para a mudança do atual modelo hegemônico em saúde. Nas equipes da ESF propõe-se a presença de profissionais diferentes categorias e com diversidade de conhecimentos e habilidades que interagem entre si para que o cuidado do usuário seja de forma integral (NASCIMENTO e OLIVEIRA, 2010, p.7).
Em 2008, o Ministério da Saúde criou o Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), com o objetivo de apoiar a consolidação da atenção básica no Brasil, ampliando as ofertas de saúde na rede de serviços, objetivando garantir a presença de apoiadores multidisciplinares como Terapeuta Ocupacionais, psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais, médicos, educadores físicos, fonoaudiólogos e fisioterapeutas.
Segundo Neri (2004), há a necessidade de adoção de estratégias multi e interdisciplinares enfocando a avaliação da qualidade de vida. Nesse sentido, essa atuação integrada permite realizar discussões de casos clínicos, possibilita o atendimento compartilhado entre profissionais, permitindo a conduta terapêutica de forma ampla e qualificada aos grupos populacionais, tanto na unidade de Saúde como nas visitas domiciliares.
Segundo a portaria 3.124 de 28 de dezembro de 2012, poderão compor os NASF: médico acupunturista, assistente social, educador físico, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista, assim como diversas especialidades médicas:
ginecologista, obstetra, homeopata, pediatra, psiquiatra, geriatra.
A composição de cada um dos NASF será definida pelos gestores municipais, seguindo os critérios de prioridade identificados a partir dos dados epidemiológicos e necessidades locais e das equipes de saúde que serão apoiadas.
Segundo Baena (2012), a expansão do PSF tem favorecido a equidade e universalidade da assistência, uma vez que as equipes têm sido implantadas, prioritariamente, em comunidades antes restritas quanto ao acesso aos serviços de saúde. Todavia, a integralidade das ações continua a ser um problema para o sistema de saúde.
Diante desse contexto, a aproximação entre a fisioterapia e o nível primário apresenta-se como alternativa capaz fortalecer a atenção básica, aumentando a resolutividade do sistema e contribuindo para a garantia da integralidade na assistência.
A fisioterapia, embora historicamente tenha se mantido no nível da reabilitação, possui competências e habilidades suficientes para a atuação em outros níveis. Neste sentido, apresentam-se algumas possibilidades de atuação do fisioterapeuta na atenção básica e em ambiente comunitário.
Doenças crônicas degenerativas compreendem vasto espectro de patologias não transmissíveis, entre elas: doenças cardiovasculares, doenças respiratórias, doenças osteomusculares, doenças neuropsiquiátricas, diabetes mellitus, Hipertensão Arterial Sistêmica e certos tipos de câncer. Essas por sua vez estão diretamente relacionadas à incapacidade funcional encontrada em idosos e diminuição da qualidade de vida (BISPO JÚNIOR, 2010, p.3)
As doenças crônicas degenerativas repercutem, no indivíduo portador, em vários domínios de sua vida. Um dos principais fatores é a dor, que pode dificultar a realização de atividades de vida diária e instrumental ou a dor que pode ser desencadeada pelas mesmas. Podem apresentar marcha dificultosa, instabilidade postural e quedas, com aumento do risco de fraturas e consequente imobilismo.
Pode haver presença de incontinência urinária e/ou fecal, perdas cognitivas e declínio sensorial. Estes sinais e sintomas diminuem a sensação de bem-estar e qualidade de vida, predispondo os idosos à depressão, isolamento social e diminuição de atividades físicas e recreativas. (FELIPE, e ZIMMERMANN, 2011, p. 222).
Segundo Neves et al. (2018), problemas de saúde, sinais, sintomas, doenças e condições crônicas, que não se configuram em diagnóstico específico podem ter sua presença estimada na população por inquéritos de saúde de base populacional. Estes representam aspectos frequentemente negligenciados pelos serviços de saúde, especialmente quando da abordagem centrada em queixa-conduta e com baixa vinculação dos serviços de saúde com as pessoas, o que acarreta a manutenção da condição e do sofrimento.
Segundo o Inquérito de Doenças e Condições Crônicas (2014), as doenças ou problemas de coluna apresentam-se em quinto lugar, 10,6% em prevalência no ranque definido para indivíduos adultos e em terceiro lugar, 25,4% em prevalência no ranque definido para indivíduos idosos. Artrite, Reumatismo e Artrose ocupam quarto lugar em prevalência, 25,2% no ranque definido para indivíduos idosos, considerando
dados do Município de São Paulo. Considerando-se sinais e sintomas, foi verificado que a “dor nas costas” (lombalgia) é a queixa mais frequente entre adultos, 35,7% e idosos 41,6%. Ainda Citando o Inquérito de Doenças e Condições Crônicas (2014), outro dado relevante verificado nos inquéritos de Saúde é sobre acidentes por queda. Segundo este estudo, a frequência de quedas é maior entre indivíduos idosos (14,0%) e adolescentes (13,9%), sendo que das referidas quedas, 38,8 % acontecem em domicilio. Verificou-se também que, dentre a população idosa, a necessidade de ficar acamado depois de uma queda foi de 19,8% e houve ocorrência de sequela ou incapacidade em 10,1% dos casos.
Considerando a conjuntura de mudanças e transformações por que passa o campo das políticas e práticas de saúde, com o paulatino avanço de organização e efetivação do SUS, tem levado a fisioterapia a se inserir gradativamente na atenção básica, ampliando seu campo de atuação para além da reabilitação, com enfoque também para a prevenção de doenças e promoção de saúde. (AVEIRO et al, 2014, p.111)
Nessa perspectiva a participação do profissional Fisioterapeuta nas Estratégias de Saúde da Família será de grande ajuda na promoção, prevenção e proteção à saúde da população usuária do Sistema Único de Saúde.
Diante deste cenário defende-se hoje, que a inclusão de um fisioterapeuta no atendimento integral de pacientes aumentaria a resolubilidade os casos e a prevenção de incapacidades. O desenvolvimento de políticas de saúde que valorizam a fisioterapia dentro das equipes de saúde é necessário para promover a integração do profissional na comunidade. (PORTAL DA SAÚDE, 2015).
Campos, (2006) ressalta que as equipes ou profissionais de referência são aquelas que tem responsabilidade pela condução de um caso individual, familiar ou comunitário, ampliando as possibilidades de construção de vínculos entre profissionais e usuários, oferecendo a população ações de saúde acessíveis, resolutivas e humanizadas. A atuação do Fisioterapeuta á entendida como assistência ao nível secundária ou terciária, porem quando inserido na atenção primária pode ser de grande
valia para ações de promoção de saúde, prevenção de doenças e educação em saúde. (CASTRO. et al, 2006, p. 8.)
Apesar de pontual a inserção do Fisioterapeuta em equipes de ESF, nota-se que esta prática esta em ascensão e percebe-se uma valorização de sua atuação na qualificação das equipes. Isso tem contribuído para a resolução e diminuído o encaminhamento destes usuários para outros níveis de atenção, reduzindo custos e diminuindo a falta de vaga nos leitos hospitalares. (FUNDAÇÃO SEADE, 2019)
O fisioterapeuta contribui em atividades coletivas, individuais, domiciliares, promovendo saúde, prevenção e reabilitação, tendo em vista um atendimento mais qualificado aos pacientes, devido as dificuldades de locomoção aos centros de referências, por problemas financeiros e problemas físicos. (PORTAL DA SAÚDE, 2014).
Segundo o Portal da Saúde (2014), dentre as atividades do Fisioterapeuta, destacam-se o treino de marcha, higienização brônquica, orientação respiratória, reabilitação para deficientes físicos, orientação para idosos, prevenção de quedas, diminuição de dores e bem-estar dos pacientes. As ações na atenção primária não devem ser restritas às unidades de saúde da família, mas abranger todo o “território”, como nas escolas, indústrias, associações de moradores, creches. O fisioterapeuta deve articular suas ações integrando a recuperação, a prevenção de incapacidades e/ou doenças e a promoção da saúde. Intervindo não só no indivíduo, mas também no coletivo.
Ainda segundo, o Portal da Saúde (2014), o fisioterapeuta deve programar suas ações levando em consideração os aspectos sociais, econômicos, culturais e ambientais que podem estar intervindo no processo saúde‐ doença; as visitas domiciliares devem ter uma abordagem familiar, não centrada no indivíduo acometido por alguma doença, mas compartilhar a responsabilidade da intervenção com todos os membros, buscando soluções mais eficientes e próximas da realidade da família.
Deste modo, não se propõe uma omissão da responsabilidade dos governos neste processo, mas apenas uma participação mais ativa da população, o planejamento das ações do fisioterapeuta deve ser feito em equipe, nos diversos níveis de atuação.
Neste contexto, os problemas de saúde devem ser abordados dentro do campo comum de atuação dos profissionais de saúde e a partir daí cada categoria deve buscar sua especificidade e integralidade na atenção.
Segundo Aveiro (2008), em situações de prevenção de agravos e promoção a saúde, de um modo geral, o Fisioterapeuta pode contribuir com a identificação de grupos vulneráveis da área de atuação e de fatores de risco para doenças crônicas, na investigação de efetividade de ações práticas. A inserção do profissional da fisioterapia na comunidade deve ser priorizada pela educação permanente bem direcionada e elaborada.
Segundo Bispo Junior (2010), um desafio a ser enfrentado é decorrente da grande quantidade de pacientes que não consegue ter acesso ao serviço de fisioterapia.
Desta forma o fisioterapeuta da atenção básica fica em situação crítica pela alta demanda, e impossibilitado de realizar outras ações.
Conforme Aciole e Batista (2013), os autores afirmam que: é necessário que os serviços de saúde atuem de forma preventiva, tanto para diagnosticar e diminuir os fatores de risco quanto para orientar sobre as alterações decorrentes do envelhecimento; ou mesmo reabilitar, assumindo assim, uma ampliação do cuidado, os serviços de saúde podem auxiliar não só os idosos, mas também sua família, a adotarem hábitos de vida saudáveis para que possam amenizar tais alterações e suas consequências, contribuindo para o acesso e a obtenção de uma qualidade de vida que se sobreponha às incapacidades e aos limites aduzidos com a idade; isto é, atuando para ampliar os modos de andar a vida por parte dos indivíduos da terceira idade. Esta ampliação pode se traduzir, por exemplo, na formulação de diretrizes para uma política de saúde que amplie a composição das equipes com a incorporação de novos saberes e práticas, entre elas, os profissionais da atividade e terapia física. ACIOLE & BATISTA, 2013, p. 15).
Ademais, a prevenção ajuda a reduzir os custos do Sistema Único de Saúde, sem afetar a qualidade, pois aumentar a eficiência, eficácia e efetividade dos serviços públicos.
METODOLOGIA
O presente artigo caracteriza-se como uma revisão narrativa de literatura, realizado com o intuito de avaliar a importância do profissional de fisioterapia fazer parte de uma equipe de estratégia de Saúde da Família (ESF), melhorando o atendimento integral do paciente e a qualificação da equipe multidisciplinar, verificando assim a necessidade da inserção do fisioterapeuta nas equipes de saúde.
Os critérios de busca foram as últimas publicações de artigos científicos no município de São Paulo.
De acordo com Rother (2007), os artigos de revisão narrativa são publicações amplas apropriadas para descrever e discutir o desenvolvimento ou o ‘estado da arte’ de um determinado assunto, sob ponto de vista teórico ou conceitual. São textos que
constituem a análise da literatura científica na interpretação e análise crítica do autor. Este estudo terá caráter essencialmente qualitativo, com ênfase em revisão bibliográfica, narrativa ao mesmo tempo que será necessário o cruzamento dos levantamentos dos dados disponíveis com a pesquisa bibliográfica já realizada até junho/2019.
RESULTADOS E ANÁLISES
A Política Nacional de Atenção Básica, desenvolve um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, promovendo a promoção de saúde, prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. A ESF foca no tratamento integral, e a presença do Fisioterapeuta é de extrema importância na qualificação da equipe e resolução dos casos. A atuação do Fisioterapeuta seria voltada para o atendimento individual, coletivo e domiciliar, facilitando assim o atendimento de pessoas com incapacidades e dificuldades de irem até a UBS.
Com base nos dados apresentados acima, fica explícito que a atuação do fisioterapeuta na Estratégia da Saúde da Família (ESF) apresentaria impacto direto nos casos de indivíduos adultos e ou idosos que apresentaram problemas de coluna, atrite, reumatismo e artrose. Estas doenças apresentaram prevalência significativa entre a população do Município de São Paulo e relacionando estes dados com a possibilidade de atuação de um profissional de fisioterapia no ESF os objetivos seriam além de prevenir maiores deformidades, estimular a coordenação motora, atuar com a manutenção de força, amplitude dos movimentos, manutenção das atividades de vida diária e ou
profissional, além de melhorar a qualidade de vida destes indivíduos. (NASCIMENTO e OLIVEIRA, 2010, p.7).
Com relação às queixas de Lombalgia ou “dor nas costas”, mais frequentes relatadas pelos indivíduos adultos e idosos, o fisioterapeuta pode aliviar os sintomas apresentados por estes realizando tratamento cinesioterapêutico (exercícios físicos e alongamentos), além de orientação postural relacionados a atividades domiciliares e profissionais. A analgesia também poderá ser de suma importância para tais indivíduos que apresentam dor limitante.
Casos: além disso é de extrema importância a atuação do fisioterapeuta no que diz respeito as quedas, que apresentam altos índices de incapacidades e limitações no indivíduo em seu próprio domicílio. A prevenção de quedas domiciliares consiste em um dos objetivos principais a ESF, que além de orientar os idosos, poderá modificar o ambiente domiciliar do mesmo e auxiliar a manutenção e ganho de força muscular, tônus, trofismo e melhoria de coordenação motora, objetivando minimizar o número de quedas apresentadas nos trabalhos pesquisados.
Outra ação importante do Fisioterapeuta, é a sua atuação em pacientes que já se encontram acamados. Nem sempre recebem apoio necessário para sua saúde, ou seja, o importante trabalho de mudança de decúbito, orientações familiares, alongamentos, exercícios posturais, principalmente focados na prevenção de úlceras de decúbito, encurtamentos musculares, retrações musculares, hipotrofias, rigidez articular, características muito comuns, presentes na síndrome do imobilismo, onde estas condutas irão auxiliar aos familiares, uma maior facilidade de movimentos do paciente, troca de roupas, higiene, alimentação, entre outras.
Quando é citado a equipe multidisciplinar proposta, onde envolve diversos profissionais tais como: fisioterapeuta, Terapeuta Ocupacional, nutricionista, assistente social, enfermeiros, médicos de diversas especialidades, educador físico objetiva-se como resultado uma atenção global ao paciente domiciliar e consequentemente uma diminuição de incidência de complicações maiores por patologias associadas às alterações de saúde apresentadas pelos mesmos, uma vez que o caso está sempre sendo avaliado por uma equipe frente a diversos pontos de vista.
A efetiva e eficiente gestão da clínica possibilita que seja proporcionada atenção mais intensa e adequada aqueles que dela mais necessitam, seja pela gravidade dos problemas apresentados, seja pela vulnerabilidade social das pessoas e de suas famílias, sem deixar de oferecer os cuidados necessários a toda a população. O Ministério da Saúde concluiu que quanto maior a cobertura da ESF, o encaminhamento a hospitais cai em 20%. Para que isto aconteça, é necessária a adoção de estratégias multi e interdisciplinares, fazendo-se assim necessária a participação de um Fisioterapeuta atuando de forma permanente. (PORTAL DA SAÚDE, 2015).
Contudo, a atuação do fisioterapeuta no programa saúde da família poderá ser uma ferramenta contra a despersonalização da atenção à saúde, contra o descuido com as pessoas que apresentam múltiplas condições crônicas, geradoras de sofrimento muitas vezes não percebido pelas equipes assistenciais. Fazendo parte do ESF e realizando visitas em domicilio é possível para o fisioterapeuta também atuar na educação da comunidade para a segurança dos pisos do domicílio, principalmente, os externos e as escadas. Faz-se necessária a educação sobre a prevenção nos ambientes domiciliares, enfocada principalmente no idoso.
Embora a inserção na assistência básica não se apresente ainda como uma realidade nacional, os incrementos de experiências municipais revelam um crescimento da atuação do fisioterapeuta no SUS com o apoio dos gestores locais. ((AVEIRO et al, 2014, p.111).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de incipiente e pontual a inserção do fisioterapeuta em equipes de ESF, nota-se que esta prática está em ascensão e percebe-se uma valorização de sua atuação na qualificação das equipes, isso tem contribuído com a resolubilidade e diminuído os encaminhamentos desses usuários para outros níveis da atenção, reduzindo custos e contribuindo para amenizar a falta de vagas nos leitos hospitalares.
Evidenciou-se, por meio desta revisão bibliográfica narrativa, a importância do fisioterapeuta nas equipes de Estratégias de Saúde da Família-ESF para prevenção de doenças, promoção e educação em saúde, além do atendimento integral ao usuário, ampliando e qualificando o cuidado.
Assim, essa prática pode contribuir para uma melhor qualidade de vida – principalmente entre os idosos que apresentam patologias crônicas advindas do envelhecimento como melhorias na autoestima e na autonomia, realização das suas atividades de vida diária com menor limitação e independência.
Diante dos casos apresentados, que houve diminuição das sequelas físicas e das hospitalizações ocasionadas pelas doenças crônicas não transmissíveis com diminuição das intervenções por condições sensíveis à atenção básica além de uma melhora no bem estar dos pacientes com uma melhor interação social, quando da inserção do fisioterapeuta nas equipes de ESF.
Com relação a materiais científicos, revistas e artigos, muito pouco se fala sobre o assunto, tornando-se visível a necessidade de novas pesquisas sobre o assunto.
Nesse sentido, novas pesquisas seriam de grande utilidade para ampliar o conhecimento sobre a importância da ESF como ordenadora da rede e na coordenação do cuidado de forma integral além de pesquisas para analisar se a atenção básica cumpre ou não o seu papel na saúde pública do país.
A partir do que foi observado na literatura pesquisada, verifica-se a necessidade da inserção do Fisioterapeuta nas equipes de saúde. Uma população carente e que envelhece rapidamente necessita de uma equipe multidisciplinar com profissionais capacitados, que atenda às suas necessidades básicas de saúde.
Concluiu-se, diante dos casos apresentados, que houve diminuição das sequelas físicas e das hospitalizações ocasionadas pelas doenças crônicas não transmissíveis com diminuição das intervenções por condições sensíveis à atenção básica.
AGRADECIMENTOS
Ao programa de Pós-graduação Latu Sensu (especialização) em Gestão Pública da UIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – UNIFESP, em parceria com o programa UIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL – UAB, instituído pelo Ministério da Educação/ MEC, o âmbito do Programa 1061 – Brasil escolarizado, ação 8426 – Formação Inicial e Continuada a Distância com a Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES).
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