A IMPORTÂNCIA DA INSERÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF)

THE IMPORTANCE OF THE PHYSIOTHERAPIST’S INSERTION IN THE FAMILY HEALTH PROGRAM (FHP)
RENATA PEDRÃO ROSA1; EVELINE FRONZA DA SILVA2
1 Acadêmico do Curso de Fisioterapia da Universidade Luterana do Brasil, Campus Cachoeira do Sul/RS;
2 Mestre em Ambiente e Desenvolvimento; Professora do curso de Fisioterapia da Universidade Luterana do Brasil, Campus Cachoeira do Sul/RS;
1 Endereço para correspondência: Augusto Brandão – 362, Ponche Verde, Cachoeira do sul/RS; CEP: 96503400; Telefone: (51) 93177319; E-mail: rprfisio@gmail.com
2 Endereço para correspondência: Dr. Milan Krás – 910, Centro, Cachoeira do Sul/RS; CEP: 96506570; Telefone: (51)96559157 ; E-mail: evelinefronza@yahoo.com.br
Inserção do fisioterapeuta no Programa de Saúde da Família
Physiotherapist’s insertion in the family health program
Palavras-chave: fisioterapia, saúde pública, programa de saúde da família.
Key-words: Physiotherapy, Collective Health, Program of Family’s Healthy.
RESUMO
O fisioterapeuta vem destinando sua atenção para a prevenção e educação da saúde do paciente, diante disto, é muito importante ressaltar que seu trabalho no PSF, fortalece a prevenção de patologias e promoção da saúde da comunidade. Objetivos: Mostrar a importância da inserção do fisioterapeuta no PSF em uma cidade do interior do Rio Grande do Sul. Material e métodos: A amostra foi composta por 17 pacientes cadastrados no PSF, que realizaram tratamento fisioterapêutico domiciliar, efetuado pelos acadêmicos de fisioterapia de uma instituição de ensino superior. Para a coleta dos dados, foi aplicado um questionário com perguntas fechadas para analisar a satisfação dos atendimentos e a caracterização das patologias presentes nos pacientes. Resultados: Dentre as patologias, observou-se que o Acidente Vascular Cerebral (AVC) predominou, ocorrendo em 7 ( 41,17 %) casos e, através do questionário aplicado, pode-se observar que os pacientes acham que a fisioterapia deve fazer parte do PSF, atribuindo à melhora de seu problema e com isso trazendo satisfação com o trabalho realizado. Dessa forma, puderam conhecer e reconhecer o papel do fisioterapeuta na comunidade. Conclusão: Pode-se observar que a integração do acadêmico com os pacientes foi satisfatória, ocorrendo assim, um maior reconhecimento da comunidade em relação ao trabalho do fisioterapeuta, pois esses, em sua grande maioria, perceberam que houve melhora na sua qualidade de vida, após o tratamento fisioterapêutico.
ABSTRACT
The physiotherapist comes destining its attention for the prevention and education of the patient’s health, of that is ahead, very important to stand out that its work in the FHP, will go to fortify the prevention of pathologies and promotion of the community’s health. Objectives: Showing the importance of the physiotherapist’s insertion in the interior of Rio Grande do Sul. Material and methods: The sample was composed for 17 patients registered in cadastre in the FHP, that had domiciliary physiotherapeutic treatment, made by academics of Physiotherapy of a superior teaching institution. For the collection of datas, it was applied a questionnaire with closed questions for the analysis of satisfaction and the characterization of the pathology in these patients. Results: Amongst the pathologies, it was observed that Vascular Accident in the Brain (AVC) predominated, occurring in 7 (41,17%) cases e, through the applied questionnaire, can be observed that the patients think that physiotherapy must be part of the FHP, attributing to the improvement of their problem and the satisfaction with the work done. Being this way they could be able to know and recognize which is the paper of the physiotherapist in the community. Conclusion: It can be observed that the integration of the academic with the patients was satisfactory, thus occurring, a bigger community’s knowledge in relation to the physiotherapist’s work, therefore these, in its great majority, had noticed an improvement in its quality of life, after the physiotherapeutic treatment.
INTRODUÇÃO
A partir da década de 1970, os postos de saúde e centros de saúde serviram de “porta de entrada” para um sistema público de serviços, que visava às necessidades primárias de saúde da população1. Então, criou-se o Sistema Único de Saúde – SUS – através da Constituição Federal de 1988, regulamentado pelas Leis nº 8080/90 (Lei Orgânica da Saúde) e nº 8.142/90, com a finalidade de alterar a situação de desigualdade na assistência à saúde da população, tornando obrigatório o atendimento público a qualquer cidadão, sendo proibidas cobranças de dinheiro sob qualquer pretexto2.
Atualmente o SUS se propõe a promover a saúde, priorizando as ações preventivas, democratizando as informações relevantes para que a população conheça seus direitos e os riscos à sua saúde3. A despeito das críticas constantes, o SUS é, hoje, um importante mecanismo de promoção e igualdade no atendimento das necessidades de saúde da população4. Nesse processo histórico, a atenção básica foi gradualmente fortalecendo-se e constituindo-se, sendo assim, o ponto de partida para a estruturação dos sistemas locais de saúde5.
O processo de reorientação da gestão do SUS, desenvolvido ao longo dos últimos dez anos, pode ser caracterizado como um movimento pendular de descentralização/centralização, que induziram a redefinição de funções e competências das três esferas de governo6.
Com a reorganização do SUS durante o período citado acima, foi implantado o Programa de Saúde da Família (PSF), criado em 1994 pelo Ministério da Saúde (MS), tendo como objetivo ampliar a cobertura de atenção à saúde da família, atingindo equidade e melhor qualidade na atenção à população7,8.
Com essa atenção à Saúde da Família, o SUS vem adquirindo uma nova dinâmica para sua forma de trabalho. Por causa dessa nova estratégia de trabalho, alguns autores asseguram que a saúde pública tem três campos fundamentais: investigação, educação e prática dos serviços de atenção preventivos – curativos. Relatam que a prevenção e a educação devem ser os maiores objetivos nas ações preventivas, pois podem fazer com que a comunidade troque seus hábitos e comportamentos 9,10.
Então, devido a esses campos fundamentais, a formação do fisioterapeuta deve objetivar a capacitação de um profissional habilitado a atuar na saúde nos níveis de promoção, prevenção, preservação e na recuperação da saúde do ser humano8,11,12.
A profissão de fisioterapia, que era tida como um curso técnico, foi instituída no Brasil em 1969, através da publicação do Decreto-Lei 938/69. Mas para se tornar um curso de nível superior, houve publicação de outro Decreto-Lei, o qual deu autonomia profissional ao fisioterapeuta, que infelizmente utiliza sua atenção quase que exclusivamente para ações reabilitadoras13,14.
O fisioterapeuta tem como responsabilidade: ser ético, profissional, inovador e criativo. Mas, os currículos dos cursos existentes no Brasil, ainda priorizam a ação curativa, valorizando pouco o modelo assistencial vigente, dificultando a inserção do fisioterapeuta na saúde pública12.
A interação da fisioterapia e a saúde coletiva estão mais visivelmente no campo dos serviços de saúde, principalmente quando se fala em equipes multidisciplinares15. Essas equipes são muito importantes, pois as suas atuações estão voltadas para a recuperação e bem estar bio-psico-social do indivíduo. Devem ser realizadas nas unidades, reuniões com a participação de toda a equipe, para a resolução do mesmo problema e para a recuperação plena do paciente, para então, ser colocada em prática a humanização dos serviços16,17.
Cada profissional das equipes de saúde da família (ESF) é fundamental para criar vínculos com a comunidade e ter funções específicas. Porém, o trabalho em equipe, é um importante somatório de experiências e idéias18.
Alguns autores relatam que, ao invés do fisioterapeuta depositar seus conhecimentos somente de forma tradicional, ele deve utilizar abordagens com diálogos que incluem: atividades teatrais, oficinas, palestras, aulas, etc. Afirmam também, que o fisioterapeuta deve ter suas metas direcionadas, não apenas para cura ou reabilitação de doenças, mas, principalmente, à promoção e a manutenção da saúde. Essa é uma opção que traz implicações de ordem social, econômica e política19.
O fisioterapeuta, na saúde pública, tem ação no planejamento de todos os níveis de atenção à saúde, participando, assim, na saúde básica (promoção e educação). Porém, tem-se observado que ainda há uma baixa participação da fisioterapia em programas de promoção e educação voltados à saúde. Por isso, os profissionais de fisioterapia devem conquistar seu espaço na saúde pública, promovendo atenção específica na sua área, agindo como educador, promovedor de idéias e tendo ações que contribuam para o controle das enfermidades 12,20. Mas, essa inserção do fisioterapeuta deve ser feita de maneira planejada, para que o profissional tenha condições de exercer seu papel na saúde de maneira adequada e completa17.
Diante deste contexto, fundamenta-se a preocupação de existir cinco PSFs e uma Unidade de Saúde na cidade do interior do Rio Grande do Sul e somente um PSF, oferece atendimento fisioterapêutico domiciliar. Atendimentos esses, realizados pelos estagiários do curso de fisioterapia de uma instituição de ensino superior, que buscam, juntamente com os pacientes, uma melhora na qualidade de vida.
Com a finalidade de mostrar a importância da inserção do fisioterapeuta no PSF, integraram-se os acadêmicos de fisioterapia nessa comunidade, o que tornou possível conhecer a satisfação em relação aos atendimentos realizados pelos acadêmicos e a caracterização das patologias tratadas.
MATERIAIS E MÉTODOS
Este é um estudo transversal que relata analiticamente informações sobre a importância da inserção do fisioterapeuta no PSF, a partir da visão dos pacientes. Essa amostra foi composta por 17 pacientes cadastrados no PSF, de ambos os sexos, que realizaram tratamento fisioterapêutico domiciliar através do estágio curricular da disciplina de Fisioterapia Comunitária em uma instituição de ensino superior.
No primeiro momento, foi realizada uma conversa informal, visando a integração e esclarecimentos. Posteriormente, foram expostos os objetivos, benefícios e eventuais riscos da pesquisa, através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos e Animais sob protocolo 2008-387H, conforme normas vigentes expressas na Resolução N°196/1996 do Conselho Nacional de Saúde/ Ministério da Saúde. Logo após, houve a aplicação do questionário com 11 perguntas fechadas. No qual constava questões referentes a dados pessoais, satisfação dos atendimentos e a caracterização das patologias. O mesmo foi aplicado na residência do paciente, no período de setembro a outubro de 2008, por uma pessoa não envolvida nas atividades do PSF, para que não houvesse constrangimento por parte do entrevistado.
Nos casos em que o paciente, estava impossibilitado de responder com certeza as perguntas, como exemplo, ter falta de cognição, seu cuidador/responsável foi quem forneceu os dados e assinou o TCLE.
Após a revisão do conteúdo e a codificação dos questionários foi realizada a estatística descritiva e o cruzamento dos dados que foram apresentados por porcentagens, com variáveis qualitativas e quantitativas, analisadas através do programa, StatSoft, Inc. (2004). STATISTICA (data analysis software system), version 7.
RESULTADOS
De acordo com a tabela 1, foram acompanhados 17 pacientes, sendo 6 do sexo masculino e 11 do feminino. Observa-se então que idade média dos entrevistados foi de 61 anos, sendo o mínimo de 40 anos que referente ao sexo masculino e máximo de 80 anos relacionada ao sexo feminino. A média de idade para o sexo masculino foi de 54 ± 13,17 anos e 64 ± 12,11 para o feminino. Quanto a variação relativa observada através do coeficiente de variação (CV) o sexo feminino apresentou uma menor variação.
Na estatística descritiva, excluindo o tamanho da amostra, para a idade geral e sexo masculino foi desconsiderada a amostra referente ao paciente com um ano de idade, portador de Síndrome de Down. Isto se deve ao fato de que as estatísticas são relacionadas com a média e, principalmente, porque as médias foram fortemente afetadas por valores extremos. Desta forma, a idade média assim como: o desvio padrão, coeficiente de variação e valor mínimo geral e masculino, não seriam estimativas confiáveis das variáveis em estudo.
A tabela 2 refere-se aos problemas e freqüência desses, de acordo com o sexo. Observa-se que, dos 10 problemas apresentados pelos 17 entrevistados, os relacionados com AVC, encontraram-se em 41,17%, prevalecendo no sexo feminino, seguida pelas doenças broncopulmonares obstrutivas crônicas, 11,76 % e 11,76% câncer.
Verifica-se na tabela 3, que praticamente a totalidade dos entrevistados marcaram a alternativa 1 em todas as questões, sendo esta alternativa relacionada a situações que indicam satisfação no tratamento bem como melhora no estado de saúde.
Com o objetivo de verificar a situação do problema relacionada com a realização do tratamento, efetuou-se o cruzamento da Questão1 (Situação do problema) X Questão 6 (Recebeu todo ou parte do tratamento), observando-se que, 88,24% dos entrevistados referiram melhora no problema com a realização do tratamento, sendo que 100% dos entrevistados receberam todo ou parte do tratamento e apenas 5,88% relataram que o problema permaneceu igual, assim como o relato de problema resolvido (tabela 4).
Então, com a finalidade de verificar o prognóstico do problema e a realização do tratamento efetuou-se o cruzamento da Questão4 (Prognóstico do problema) X Questão 6 (Recebeu todo ou parte do tratamento) onde, constatou que, 70,29% dos entrevistados relatam um prognóstico de melhora com a realização do tratamento, sendo que 100% dos entrevistados receberam todo ou parte do tratamento e apenas 29,41% referiram que seu prognóstico é imprevisível, ocorrendo assim, a ausência de resposta pela alternativa em que o prognóstico continuará igual (tabela 5).
No sentido de analisar a relação profissional paciente e a satisfação com o atendimento, realizou-se o cruzamento destas duas variáveis (tabela 6), onde foi visto que, 94,12% dos entrevistados demostraram satisfação com a realização do tratamento e 5,88% estavam mais ou menos satisfeitos com os atendimentos, sendo que 94,12% dos entrevistados disseram que sua relação com o profissional foi muito boa e apenas 5,88% disseram que suas relações com o profissional foram boas.
Quando questionados sobre: recebeu orientações sobre as atividades da vida diária” e “Foram realizadas orientações aos cuidadores”; “Está conseguindo fazer algo que antes da fisioterapia não era possível” e “A fisioterapia é uma forma de prevenir, educar e reabilitar a vida do paciente”; “Gostaria de continuar recebendo tratamento” e “ o fisioterapeuta deve ser inserido no PSF”. Os resultados das três foram satisfatórios onde, 88,23% responderam que receberam orientações, 100% que a fisioterapia é forma de prevenir doenças, educar e reabilitar o paciente e 100% que o fisioterapeuta deve ser inserido no PSF, (dados não demonstrados).
DISCUSSÃO
Dentre vários fatores analisados neste estudo, houve um que chamou mais a atenção, quando analisados os problemas e a freqüência destes, observamos que dentre os 17 casos, 41,14% relataram terem acidente vascular cerebral (AVC), ocorrendo na maioria dos casos no sexo feminino, totalizando 5 casos e no masculino 2. Esse resultado confirma que a ocorrência do AVC em mulheres está aumentando e que o quadro de incapacidade é mais freqüente no sexo feminino21.
Observa-se que a inserção da fisioterapia na saúde coletiva deve correr conforme as necessidades e características da população envolvida, tendo como principal objetivo a promoção da saúde e a prevenção de doenças e não somente como um reabilitador.
Conforme citam os autores8,11,12, até pouco tempo atrás, o profissional de fisioterapia desenvolvia suas ações, para a atenção secundária e terciária, apresentando pouco destaque na atenção primária à saúde. Como também relatam outros autores sobre o problema de clareza do objetivo do trabalho do fisioterapeuta, que induz as indefinições do campo de atuação do profissional, ocorrendo assim um foco maior na área curativa dos pacientes 22.
Mas este foco está mudando, conforme vário autores8,19,23,24, o PSF é o espaço ideal para o fisioterapeuta, pois esse, é peça fundamental para o desenvolvimento da inclusão social, tendo o foco não somente na doença, mas sim na saúde e na qualidade de vida, proporcionando assim, a promoção e a manutenção da mesma, sendo assim um profissional que enxerga o paciente de forma global.
Semelhante ao que está citado acima, outro autor descreve que, além do desenvolvimento humano, a fisioterapia será direcionada às coletividades humanas, buscando transformar hábitos e condições de vida, promovendo saúde e evitando distúrbios do sistema locomotor13.
Quando os entrevistados questionados em relação à situação do problema e o prognóstico, verificamos que em relação ao recebimento de todo ou parte do tratamento fisioterapêutico, mostrou -se melhora na maior parte dos casos. Este resultado foi atribuído ao atendimento humanizado e diferenciado que o fisioterapeuta pode oferecer à comunidade, qual deve estar ciente do trabalho deste profissional. O profissional é transformador, criativo, responsável, dinâmico contribuindo assim para o fortalecimento do SUS18,25,26. Baseando-se nisto o fisioterapeuta tem a missão de esclarecer à população qual é o seu papel na atenção à saúde. Outros autores também relatam, que o fisioterapeuta pode prevenir muitas patologias com ações educativas intervindo, desse modo, na redução dos custos públicos onerosos e prolongados17,24.
Os resultados da satisfação dos atendimentos relacionada com a relação do profissional com o paciente, foram surpreendentes, pois a maioria da população, obteve grande satisfação com os atendimentos e que sua relação com o profissional (acadêmico) foi muito boa. Logo podemos afirmar que o acadêmico pode atuar como um profissional diferenciado na comunidade. Por isso, é muito importante que seja proporcionado o contato dos acadêmicos com a comunidade.
A formação deve incluir e valorizar os conhecimentos inerentes à saúde coletiva, ao SUS, e deve proporcionar ao aluno oportunidades práticas em que ocorram intervenções que promovam a qualidade de vida da comunidade. E para que haja essa humanização do profissional e o desenvolvimento de novas propostas de atuação, devem ser proporcionados estágios em Saúde Coletiva aos alunos. Os autores relatam também, que o atendimento em uma comunidade de baixa renda é uma nova realidade para o fisioterapeuta. Ao atender a domicílio, o futuro profissional se vê convivendo e formando vínculos com os familiares e com a própria comunidade, o que na maioria das vezes ele não está acostumado a vivenciar13,26,27,28,29.
Além dos procedimentos fisioterapêuticos, o profissional deve orientar o paciente e seus familiares sobre as atividades da vida diária, como foi mostrado no resultado de duas questões (n° 7 e 8). A grande parte dos entrevistados recebeu orientações juntamente com seus cuidadores, o que mostra que o profissional deve agir de forma abrangente. O profissional deve estar voltado para a educação, prevenção e assistência fisioterapêutica coletiva e individual12. Como também, relatam outros autores, o indivíduo deve receber um atendimento integral, resolutivo e com qualidade, reconhecendo a importância da orientação, reeducação e auto cuidado. O fisioterapeuta não deve ter uma visão fragmentada do corpo humano, mas deve preocupar-se com o ser humano como um todo 18,26,31.
Então, devido a este tratamento diferenciado, a comunidade conhece e reconhece o tratamento fisioterapêutico, como demostra a resposta de uma das perguntas realizadas, de que o fisioterapeuta pode prevenir, reabilitar e educar os pacientes, 100% disseram que sim. Isto, reforça o achado de alguns autores que comentam: o fisioterapeuta atuante na atenção básica, deve ser considerado um agente multiplicador de saúde, objetivando qualidade de vida dos indivíduos18,25.
Ao questionarmos se o fisioterapeuta deve fazer parte dos PSFs, 100% dos entrevistado responderam que sim. Isso mostra que, com o seu trabalho, o fisioterapeuta se faz necessário na saúde pública e PSFs. A saúde pública é uma alternativa viável para o trabalho do fisioterapeuta, pois, este tem o potencial de participar efetivamente na transformação social que se faz necessária na saúde27.
As atividades do profissional são: conhecer a realidade das famílias; identificar os problemas de saúde e situação de risco; realizar o planejamento e programação local com a participação comunitária; estabelecer vínculo de confiança com os usuários através de uma conduta ética; resolver problemas de saúde em nível de atenção básica; coordenar e/ou participar de grupos de educação em saúde; incentivar a participação ativa da comunidade nos conselhos locais de saúde, dentre outras32.
A aproximação da fisioterapia com a atenção primária à saúde é uma alternativa capaz de fortalecer a atenção básica, garantindo a atenção primária à saúde a integralidade na assistência à saúde da população, comentam também que a integralidade deve resgatar um tratamento de qualidade, e esta integralidade da atenção talvez seja aquela que tenha maior impacto sobre a atuação do fisioterapeuta13,25.
O presidente do Coffito, Dr. José Euclides Poubel destaca que, os profissionais da fisioterapia que atuam na saúde pública precisam se sentir inseridos de fato no SUS, e precisam estar preparados e qualificados para atuar no sistema, assim como outras profissões que atuam na multidisciplinaridade30.
O fisioterapeuta já vem adquirindo seu espaço no PSF e sua inserção no mesmo, é um processo em construção o qual se faz de forma lenta, mas que, por meio de sua atuação pode-se reduzir a demanda de atendimento em níveis de maior complexidade de atenção à saúde e melhorar a qualidade de vida da população. Esses profissionais devem seguir lutando para se integrarem ao o conjunto de profissionais que atuam no SUS 33,34.
O resultado do questionário foi positivo, pois foi possível verificar o quanto é importante a presença de um fisioterapeuta no PSF e o quão é bem visto seu trabalho. Porque, além da comunidade enxergar que se faz necessário a presença de um fisioterapeuta nos PSFs, temos uma lei ao nosso lado que diz, a partir do projeto Lei n°4261/2004, os profissionais de fisioterapia tem autonomia para atuarem nos PSFs, porém, a forma de inserção encontra-se interrogada e uma das tentativas do Ministério da Saúde são os Núcleos de Saúde Integral (NSI)22.
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Tabela 2 – Patologias e freqüência destes de acordo com o sexo.

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Tabela 3 – Número de casos relacionado a cada alternativa das 11 questões do questionário proposto.

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Tabela 4 – Cruzamento da Situação do problema X Recebeu todo ou parte do tratamento

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Tabela 5 – Cruzamento das variáveis Prognóstico do problema X Recebeu todo ou parte do tratamento

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Tabela 6 – Cruzamento das variáveis satisfação com o atendimento X Relação profissional- paciente

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4 comentários em “A IMPORTÂNCIA DA INSERÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF)”

  1. Renata Rosa

    Muito obrigada Danieli Buzó!
    Ficamos felizes em poder contribuir para o conhecimento de umas das áreas da Fisioterapia.

  2. Thyalle Melo

    Podem me informar a data de publicação desse artigo, ti precisando pra colocar em uma referência

Comentários encerrados.