A IMPORTÂNCIA DA AULA PRÁTICA NO ENSINO DE BIOLOGIA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11384817


Joana Josiane Andriotte Oliveira Lima Nyland1; Fernando Leite Terto2; Joelma Nascimento de Castro3; Dandara Xavier Roberto Tomiatti4; Roseli Maria de Jesus Soares5; Bruna Karolayne Oliveira Malta6; Idalécio dos Santos7; Leticia da Silva Valandro8; Pablo Bezerra da Silva9; Jamilson Oliveira Ribeiro10


RESUMO: Hoje, com inúmeros recursos tecnológicos, a prática do ensino de biologia tornou-se essencial para facilitar a compreensão dos alunos de determinados conceitos de forma simples e dinâmica. O objetivo deste trabalho é encontrar na literatura vínculos entre teoria e prática para a construção do conhecimento, utilizando estratégias diferenciadas de ensino e, assim, tornando o processo de ensino mais significativo. Trata-se de um estudo qualitativo por meio de pesquisa teórica de obras e artigos, complementada por observação participante, relato e análise documental. Concluímos que a realização do projeto de biologia garante que os alunos consolidem os conhecimentos teóricos em múltiplas sessões práticas, garantindo assim a possibilidade de aplicar o que foi aprendido no dia a dia.

PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem. Biologia. Aula prática.

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, a educação ainda possui muitas das características do ensino tradicional, onde o conhecimento é visto como um conjunto de informações que são simplesmente passadas de professor para aluno e nem sempre levam a uma aprendizagem efetiva (ANTUNES, 2001). Os alunos fazem o papel de ouvintes, e o conhecimento transmitido pelos professores não é realmente absorvido por eles na maioria das vezes, apenas memorizado por um curto período de tempo, comprovando que o aprendizado real não acontece (NICOLA; PANIZ, 2016).

Diante das novas tecnologias educacionais, a configuração curricular escolar do ensino fundamental e médio precisa ser explorada para que a escola possa desempenhar adequadamente um papel na formação do cidadão.

Como parte desse processo, a disciplina de biologia pode se transformar de trivial e pouco atraente para se tornar mais relevante e digna de atenção do aluno, dependendo do que é ensinado e de como é implementado (TESORI, 2018).

Portanto, o processo de ensino para crianças e adolescentes requer abordagens diferenciadas que sejam envolventes, atraindo a atenção e promovendo a compreensão do que está sendo ensinado (ANTUNES, 2001). Para tornar a sala de aula mais dinâmica, os professores podem utilizar uma variedade de recursos para promover o aprendizado e a motivação dos alunos (FREITAS; GHEDIN, 2019).

Quando os recursos utilizados apresentam resultados positivos, os alunos tornam-se mais confiantes, capazes de se interessar por novos ambientes de aprendizagem e construir conhecimentos mais complexos (ANTUNES, 2001). Para isso, é importante que os professores sejam capazes de ensinar os alunos por meio de cursos e experiências profissionalizantes, utilizando diversos recursos, focando nas necessidades específicas de cada aluno, ajudando-os a integrar-se à inclusão da aprendizagem nas escolas e, portanto, na sociedade (STELLA; MASSABNI, 2019).

Portanto, uma boa estratégia é desafiar os próprios alunos a confeccionarem modelos biológicos com materiais de baixo custo e prontamente disponíveis. É importante que os alunos manipulem o material, produzam algo, ou até mesmo observem um fenômeno ou experiência por si mesmos (TESORI, 2018).

O objetivo deste trabalho é buscar a articulação entre teoria e prática por meio da observação e demonstração de materiais biológicos para construção do conhecimento, utilizando diferentes estratégias de ensino a fim de que esta metodologia possa ser ferramenta em seu processo ensino e aprendizagem.

2. A IMPORTÂNCIA DA AULA PRÁTICA NO ENSINO DE BIOLOGIA

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), estudar biologia nas escolas primárias pode ampliar a compreensão do mundo biológico e, em particular, contribuir para a percepção da singularidade da vida humana em relação a outros organismos devido à sua capacidade inigualável de intervenção. (Brasil, 2000). Os alunos utilizam a prática como estímulo à aprendizagem e veem o ambiente em que vivem se transformar e se tornar um meio de aprendizagem (ANTUNES, 2001).

A utilização de diferentes recursos didáticos no processo de ensino é muito importante tanto para alunos quanto para professores (SILVA, 2012). Os alunos acabam demonstrando maior interesse pela aula, tornando o processo mais fácil e empolgante, enquanto o professor poderá perceber de forma mais efetiva os resultados de seu trabalho e pensar em como proceder com novas atividades educacionais (NICOLA; PANIZ, 2016).

Segundo Matos et al (2009), dentre vários recursos didáticos, os cursos laboratoriais permitem que os alunos compreendam no sentido de construir conhecimentos relevantes para diferentes áreas. Por meio de atividades práticas, os professores tentam despertar os interesses dos alunos. Através deste tipo de atividade, seja através da visualização, construção de objetos, observação e manipulação de espécimes biológicos com o auxílio do professor, vários pontos importantes podem ser desenvolvidos, enfim, todas as explorações possíveis por parte de alunos e professores (MATOS et al., 2009).

Souza (2007) destaca que diversos materiais podem ser utilizados para auxiliar no desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem e fomentar a relação professor-aluno.

Quando bem elaboradas, as atividades práticas podem complementar as aulas teóricas e ajudar a melhorar o processo de aquisição de novos conhecimentos (ANTUNES, 2001). Os mesmos autores observaram que atividades como realizar experimentos, observar espécimes fixos, etc., ajudam a fixar o conteúdo, vinculando-o diretamente à teoria. No entanto, não há necessidade de um laboratório bem equipado com os melhores equipamentos, e testes práticos também podem ser realizados em sala de aula com materiais do cotidiano dos alunos o que confere mais proximidade com o dia a dia dos alunos (MATOS et al., 2009).

As origens do trabalho experimental ocorreram há mais de cem anos, influenciadas pelo trabalho realizado pelas universidades para melhorar a aprendizagem do conteúdo científico, pois os alunos aprendiam o conteúdo, mas não sabiam como aplicá-lo (MATOS et al., 2009). No entanto, a aprendizagem não se dá por meio da escuta e do folheamento de cadernos, mas pela relação entre teoria e prática, e o objetivo não é comparar, mas estimular o interesse dos alunos, estimular a discussão e aproveitar melhor a sala de aula e os recursos apresentados pelo professor. (POSSOBOM, OKADA e DINIZ, 2007).

Com o objetivo de transformar informação em conhecimento, Celso Antunes (2001) enfatizou a importância de utilizar estratégias de ensino instigantes e diversificadas, e os professores precisam conhecer outras estratégias de ensino e saber alternar com aulas expositivas. Com essa abordagem, busca-se o aprendizado no material cotidiano, resultando na prática de extração de DNA de células eucarióticas (SANTOS, 2017).

Segundo Santos (2017), um de seus estudos realizou uma pesquisa aplicando um questionário de 4 perguntas a uma turma do Ensino Fundamental com a presença de 32 alunos de uma escola pública da cidade de Pelotas/RS, sendo esta escola participante do Programa Institucional de Ensino (PIBID) que oferta bolsas de estudo, onde buscou-se avaliar o conhecimento prévio dos alunos sobre o assunto DNA.

O questionário continha as seguintes questões: “O que significa DNA?”; “Onde está o DNA?”; “Você acha que os vegetais têm DNA?”; “Você já ouviu falar? Onde?”.

Para as aulas práticas, foram utilizados os bulbos de cebolas, frascos de detergente, sulfato de sódio, e álcool gelado em ambiente salino, seguido de choque térmico de água quente para a geladeira

Esses materiais foram distribuídos aos alunos, incentivando-os a participar da aula e tendo eles aprendem com os materiais fornecidos para extração de DNA (SANTOS, 2017).

Os questionários trouxeram os seguintes resultados: A primeira questão “O que significa DNA”, 8 pessoas costumavam entender a ancestralidade, 13 pessoas costumavam entender o tipo sanguíneo, 6 pessoas costumavam distinguir diferenças biológicas, 4 pessoas costumavam definir código genético e 1 são os logos presentes em todos os seres vivos.

Já na questão de número 2 “Onde está localizado o DNA?”, cerca de 15 alunos responderam que está no sangue, 4 nas células, 10 nos cabelos/saliva/unhas e 3 no nosso corpo.

E por fim, a terceira pergunta que diz “Você acha que os vegetais têm DNA?”, cerca de 5 pessoas responderam que não e 27 responderam que sim. Na quarta pergunta “Você já ouviu falar? Onde está?” 1 pessoa respondeu no jornal, 3 pessoas responderam no hospital, 2 pessoas responderam online, 12 pessoas responderam na TV e 14 pessoas responderam. na escola.

Na segunda parte da aula é aplicada a prática de extração de DNA de células eucarióticas, que consiste basicamente em três etapas sendo a 1ª. – ruptura da célula para liberação do núcleo; 2ª. – desmembramento dos cromossomos em seus componentes básicos, DNA e proteínas; e 3ª. separação do DNA de outros componentes celulares existentes.

O bulbo da cebola é usado porque possui células grandes que explodem quando a cebola é picada. Os detergentes quebram o núcleo e os cromossomos de uma célula, liberando DNA. Um dos componentes dos detergentes, o lauril sulfato de sódio, desnatura as proteínas, separando-as do DNA cromossômico, facilitando sua observação (SANTOS, 2017).

Álcool frio, em ambiente salino, faz com que as moléculas de DNA se aglutinem, formando uma substância filamentosa e branca, e obtemos os resultados do DNA.

Ao final da atividade, notamos uma melhora significativa na compreensão dos alunos sobre o tema por meio deste exercício, por isso afirmamos a importância da aula prática respondendo às questões colocadas oralmente (SANTOS, 2017).

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As aulas de biologia em ambiente escolar oferecem uma abordagem pedagógica que reforça o estudo de conceitos científicos, bem como os procedimentos e atitudes comportamentais claramente observados ao longo do processo de aprendizagem deste estudo.

Dessa forma, pode-se concluir que o ensino de biologia nas escolas pode se tornar mais prazeroso e interessante, pois na maioria das vezes seu conteúdo é muito abstrato, o que acaba gerando frustração na aprendizagem dos alunos.

As atividades laboratoriais são apenas uma das diversas formas de ensino em que os professores devem trabalhar com conteúdos escolares, porém, ao ensinar Biologia, configura-se como uma importante ferramenta para otimizar o ensino de conceitos científicos, permitindo maior interação entre professores e alunos, e contribui para uma melhor compreensão do processo científico.

REFERÊNCIAS

ANTUNES, C. Como transformar informações em conhecimento. Local de Edição: Editora Vozes, 2001.

BRASIL. Ministério da Educação.  Lei de Diretrizes e B ases Educação Nacional. Brasília: Lei nº 9.394; 1996.

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BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Orientações Curriculares para o Ensino Médio: Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília, DF, 2006. Disponível em: www.portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_02_internet.pdf. Acesso em 20 de agosto de 2022.

FERNANDES H.L. Um Naturalista na Sala de Aula. Revista Ciência & Ensino (5): 3-5. 1998.

FRANZIN, C.P.  et.  Al.  O uso da experimentação e do cotidiano no ensino de Ciências:  1ª e 5ª séries do Ensino Fundamental, São Paulo. s/d.

KRASILCHIK, M. Prática de ensino de biologia. 4ª ed., São Paulo: Editora Edusp, 2008.

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NICOLA, J. A.; PANIZ, C. M. A importância da utilização de diferentes recursos didáticos no ensino de biologia. Inovação e Formação – Revista do Núcleo de Educação a Distância da Unesp. v. 2, n. 1, p. 355-381, 2016.

POSSOBOM, C.C.F.; OKADA, F.K.; DINIZ, R.E.S. As atividades práticas de laboratório no ensino de Biologia e Ciências: relato de uma experiência. In: Universidade Estadual Paulista – Pró-reitora de Graduação. (Org.). Núcleos de Ensino. São Paulo: Editora da UNESP.

ROCHA, J.B.T & SOARES, F.A. O Ensino de Ciências para além do muro do construtivismo. Educação Não – Formal / Artigos 26 27 Santa Maria/ RS. 2012.

SANTOS, M. B.; GOMES, F.T. Biologia na escola: entre a teoria e a prática. In: Semana da FACED. 4., 2017, Juiz de Fora, Anais… Juiz de Fora: Universidade Federal de Juiz de Fora, 2017, p.872-880.

SILVA, M. A. S. et al. Utilização de Recursos Didáticos no processo de ensino e aprendizagem de ciências naturais em turmas de 8º e 9º anos de uma escola pública de Teresina no Piauí. In: CONGRESSO NORTE NORDESTE DE PESQUISA E INOVAÇÃO, 7., 2012, Palmas. 2012.

SOUZA, S. E. O uso de recursos didáticos no ensino escolar. In: I ENCONTRO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO, IV JORNADA DE PRÁTICA DE ENSINO, XIII SEMANA DE PEDAGOGIA DA UEM, 2007, Maringá. 2007.

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TESORI, S. P. Produção de materiais pedagógicos como estratégia de ensino de biologia. 2018. 22 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Educação: Educação e Prática de Ensino) – Instituto Federal Catarinense – Campus Avançado Abelardo Luz, Abelardo Luz, 2018.

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VIVEIRO, A. A.; DINIZ, R. E. S. Atividades de campo no ensino das ciências e na educação ambiental: refletindo sobre as potencialidades desta estratégia na pratica escolar. Ciência em tela, Rio de janeiro, v. 2, n. 1, 2009. Disponível em: www.cienciaemtela.nutes.ufrj.br/artigos/0109viveiro.pdf> Acessado em 20 de agosto de 2022.


1Especialização em Neuropsicopedagoga –  Universidade Federal de Rio Grande

2Especialização em Educação ambiental interdisciplinar – Universidade Federal do vale do São Francisco

3especialização em Educação Ambiental – Faculdades Integradas Mato-Grossense de Ciências Sociais e Humanas

4especialização em gestão escolar e Educação e escola em tempo integral- Faculdade Educacional da Lapa

5Especialização em Educação digital: Ação docente para uma atuação inovadora – Universidade Virtual do Estado de São Paulo

6Licenciatura em Química – Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal

7UNEB, especialização em  Educação e  Gestão Ambiental pela Faculdade Vasco da Gama

8Especialização em Metodologia do Ensino das Ciencias e Biologia – UNIASSELV

9Bacharel em Medicina Veterinária – UNIFESSPA

10mestre em ensino física – UNIVASF