A GESTÃO DE UMA EDUCAÇÃO ÉTICA CONCERNENTE A VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8384186


Anny Kely Vinhal Casagrande1
Sérgio Alves de Almeida2
Euliene da Silva Gonçalves3


RESUMO

Este presente artigo, tem a finalidade de elucidar sobre a gestão de uma educação ética concernente a violência nas escolas. Reflete sobre o comportamento dos estudantes, dos professores e dos gestores na área de educação em relação a estes acontecimentos que têm assolado muitas escolas. Buscou-se atentar para os acontecimentos em algumas escolas, através de internet, e alguns dizeres de gestores de escolas. destaca-se também conceitos sobre ética, violência e sobre o papel dos gestores. Conclui-se que a violência escolar compromete a formação do cidadão, faz-se necessário que este assunto seja sempre pautado como prioridade.

Palavras-chave: Escolas. Comportamento. Gestores. Formação.

SUMMARY

This present article aims to elucidate the management of an ethical education concerning violence in schools. It reflects on the behavior of students, teachers and managers in the field of education in relation to these events that have plagued many schools. We tried to pay attention to the events in some schools, through the internet, and some sayings of school managers. concepts about ethics, violence and the role of managers are also highlighted. It is concluded that school violence compromises the formation of the citizen, it is necessary that this subject is always guided as a priority..

Keywords: Schools. Behavior. Managers. Training.

1-INTRODUÇÃO

            Tendo em vista os grandes acontecimentos que a educação vem vivenciado nos dias atuais, se faz necessário que a ética no currículo escolar se faça presente, pois norteia o equilíbrio social. Este artigo vai ser sobre a gestão de uma educação ética concernente a violência nas escolas, um artigo bibliográfico. Alguns autores irão fazer parte deste artigo com suas opiniões e assertivas como por exemplo: Balander, Georges; Chevalier, Jean; Durkheim, E. Esta necessidade de vislumbrar esse assunto, torna-se imprescindível, onde a orientação mediante da nova realidade social e que sempre está em discussão em relação ao comportamento humano em uma sociedade.

            Não se pode confundir ética e moral apesar de serem indissociáveis elas são distintas, possuindo significados comuns e estão inseridas no mesmo propósito de valores humanos. Sabe-se que é um dos grandes pilares de preocupação, de reflexão e de discussão entre a sociedade, onde tentam discernir o certo ou o errado, onde deve haver uma conciliação dos interesses tanto individuais quanto sociais.

            Nenhuma sociedade evoluiria se não tivesse em conta um conjunto de princípios ou normas que porventura delineasse o comportamento social ajustado como ético. Portanto, a ética globaliza a prática cotidiana com reflexões que proporciona equilíbrio de pensamento e norteia as práticas nas atitudes. Por exemplo, a ética na área pedagógica, tem a tendência de valorizar os conhecimentos dos educandos e encontrar a harmonização de convívio entre os que ali são inseridos.

            Considerando que a ética é um conjunto de valores que direciona o comportamento humano, em relação aos demais, diante da sociedade em que vive, esta deve ser instituída na educação com o objetivo de formalizar o bem-estar social. Poucas são as vezes em que a ética entra em discussão abertamente no currículo pedagógico.

A ética é a teoria ou a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade, ou seja, é a ciência de uma forma específica de comportamento humano. (…) enquanto conhecimento cientifico, a ética deve aspirar a racionalidade e a objetividade mais completas e, ao mesmo tempo, deve proporcionar conhecimentos sistemáticos, metódicos e, no limite do possível, comprováveis. (VASQUEZ, 2003, p.23).

            Portanto, a ética no espaço pedagógico é também levar desafios segmentados no sentido de ensino-aprendizagem buscando supostas atitudes críticas. Nesse sentido o educando é levado a um desenvolvimento social e autônomo onde lhe será oferecido a capacidade de posicionar-se diante de ações coletivas a serem realizadas.

            MORETTO, (2001), enfatiza também que “A ação do educador deve pautar-se na ética profissional vista como o compromisso de o homem respeitar os seus semelhantes, no trato da profissão que exerce…” (MORETO, 2001, p. 32) concluindo então que o exercício pedagógico exige ética, tendo em vista representar um compromisso político-social, as relações na sua reciprocidade e o respeito ao composto de normas e regras social.

            Mas, infelizmente a ética ainda não é praticada em todo o seu ser, falta ainda e muito na área educacional como também em outros segmentos. Ela não é vista com bons olhos em todo segmento social. Há muito ainda que trabalhar para que a ética seja prioridade socialmente falando, pois far-se-á necessária a sua presença mediante a necessidade individual para um comportamento aceitável na vida social.

2- COMPREENDENDO UM POUCO SOBRE ÉTICA

            Compreendendo melhor sobre ética, o texto abaixo mostra como o caráter de uma pessoa pode dizer muito sobre se atua eticamente falando. Muitas vezes as pessoas confundem moral com ética, mas não é isso. A palavra moral tem origem no termo latino morales que significa relativo aos costumes, ligado a costumes.

Éthos e Ética: Éthos, conduz ao modo de ser o caráter isso indica o comportamento do ser humano e originou a palavra Ética. Na antiguidade, os gregos entendiam que a palavra éthos tinha o significado de a morada do homem isto é a natureza. Que uma vez modificada pelas atitudes humanas na forma de cultura, os fenômenos naturais foram transpostos para a dimensão dos costumes de uma determinada sociedade. Eles entendiam que o ser humano habita o éthos, entendendo assim expressamente como a normativa de sua própria natureza. (TAVARES, 2013, p. 233).

            Continuando definir sobre ética o autor Motta (1984) ainda fala que:

Ética é sinônimo de éthos (idioma grego) ele tem duas variantes: éthos (caráter) e éthos (costume). Ética é o estudo da filosofia que busca a fundamentação e teorização dos aspectos morais da vida social individual como a conduta e as ações. “conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo, outrossim, o bem-estar social. (MOTTA, 1984, p 2).

            Ética enfim, é o comportamento do ser humano diante de uma sociedade, onde prevalece o seu modo de conviver com os demais e que seu dia a dia venha falar individualmente com o seu ponto de vista da sua realidade.

            Entendendo bem, Ética é a forma que o homem deve se comportar no seu meio social. A ética também está ligada as atitudes do indivíduo, quando se é definido suas ações, que podem ser consideradas corretas e incorretas ao definir o que é certo ou errado. (Maristela 1, crc-ce, p. 3).

            Como os estudos mostram, que a filosofia sempre tem despertado para esse ponto, estudando sobre ética desde a antiguidade. Vê-se também que com o passar do tempo essa análise vem mostrando cada vez mais coerente.

            Não se pode confundir ética com moral, são parecidas, mas não são iguais, a ética deve ser compreendida de modo universal, enquanto a moral está ligada aos fatores sociais e culturais que têm influência no comportamento do indivíduo.

            Essa parte do trabalho deixa bem claro sobre o que é ética e deixa bem claro que ética não é moral, e que um ambiente em que a ética é levada em um bem estar social.

3- A GESTÃO E SEUS DESAFIOS DIANTE DA PROBLEMÁTICA DA VIOLENCIA ESCOLAR

            O noticiário, redes sociais, abrangem muito esse tema, a violência no ambiente escolar tem se agravado muito. Ela começa com pequenas atitudes que deixam marcas, como por exemplo: o bullying, quando o (a) colega começa a chamar o outro de nomes pejorativos, nomes que atacam a integridade do seu semelhante, este é um dos exemplos mais conhecidos, é quando começa aqui, começa ali e assim vai, um dia o(a) adolescente, o (a) jovem, até mesmo um adulto, pode se cansar e surtar, são atitudes que remetem a pensar como é o dia a dia de uma pessoa, como é a reação dela mediante uma situação assim de discriminação.

            De acordo com o levantamento realizado pelos Centros de Referência da Assistência Social, (CRAS, 2009), a violência começa no ambiente familiar, crianças que crescem não tendo limite, não tendo regras, a falta dos pais estarem presentes no dia a dia da criança, levando-as a fazer pequenas violências e podendo se tornarem até um criminoso, por exemplo, quando riscam as paredes da escola, carteiras, pixam banheiro, quebram também, rasgam o caderno do colega, esses são alguns fatos que começam a aparecer em uma criança que talvez esteja pedindo socorro, alguma coisa não está indo conforme deveria estar, é anormal.

            A gestão por sua vez, o que pode fazer é ficar atento no comportamento individual, providenciar alguns debates sobre a violência e suas consequências, hoje em dia as ações que um gestor pode tomar mediante uma situação de violência é tentar imobilizar a pessoas e chamar autoridades cabíveis para tomar providências. Outra coisa também que o gestor pode fazer é estar atento as atitudes dos alunos, estar cônscio da necessidade de vigiar e procurar um profissional para que trabalhe junto com a equipe educacional e encaminhar assim o aluno que por ventura aparentar alguma atitude suspeito. O gestor segue um manual de convivência escolar, Manuel este editado pelo estado.

            Mas com respeito ao bullying, a gestão segue o regimento escolar e conversa com os alunos, fazem debates e também tem acompanhamento com psicólogos. Contacta os pais ou responsáveis e também se necessário leva ao Conselho Tutelar e se ainda for o caso a polícia também é acionada.

            A gestão ainda também alega que falta estrutura apropriada para caso aconteça o pior. A falta de monitoramento nas escolas através de câmeras eletrônicas, leva a escolar ficar um passo atrás, pois não tem como monitorar todos ao mesmo tempo só através do visual.

            Há uma conscientização geral da equipe gestora e os demais profissionais que trabalham na escola ficam atentos ao comportamento dos estudantes, tanto em sala de aula quanto fora da sala de aula.

            Nesses parágrafos pode-se constatar que a equipe gestora está empenhada em proceder eticamente em todos os seus afazeres, mesmo que encontrem obstáculos para colocar em prática a ética com relação a violência na escola,

4- O QUE VEM A SER VIOLÊNCIA

            É de suma importância saber que a violência da atualidade, vem assolando cidades, bairros e principalmente escolas. Ao se pensar em educação e o bem estar do educando, pensa-se em almejar o melhor para o mesmo, inseri-lo na sociedade e no mercado de trabalho, não tem como fugir deste ideal, o ideal de uma convivência democrática e solidária no ambiente escolar.

            Para Ortega e Del Rey (2002), eles falam o seguinte:

Em todas as comunidades, qualquer que seja sua cultura, as pessoas têm uma inspiração a busca pela paz, e eliminação definitiva da guerra e da violência para melhorar a qualidade de vida dos que os rodeiam. (ORTEGA e DEL REY, 2002, p 63).

            Esta afirmação tem sido a inspiração com respeito a educação, onde lhe cabe o papel de grande relevância nesse processo, pois a busca pela paz é uma necessidade das comunidades, pois viver em sociedade é a transitoriedade entre pessoas de várias personalidades, onde tentam viver em conformidade com os que lhes cercam.

            No atual século as mudanças são nítidas e marcantes como a mundialização, mudanças econômicas, a tecnologia avançada, e como também a massificação dos sistemas de educação (Chrispino e Chrispino, 2002), a diversidade cultural e tantas outras. Há uma necessidade de transformação reflexiva para o perfil dos educadores e dos gestores na atual época. A violência escolar é de total relevância no atual quadro educacional. As escolas têm apresentado mudanças, onde requer o aprendizado na lida com a heterogeneidade. Diante disto, Chrispino e Chrispino (2002), tem que: (a) escola de antes era a escola dos “iguais”. A escola de massa e do futuro será a escola dos “diferentes” e da diversidade, o que pede uma gestão escolar apropriada, a partir da visão do futuro que nos aguarda.

5- VIOLÊNCIA NA ESCOLA: UMA REFLEXÃO E UM DESAFIO PARA A GESTÃO.

            A violência é um fenômeno preocupante, pois é presença marcante nas diversas sociedade de todo o mundo e em várias culturas. O mundo vive e agem em função da violência, muito mais do que é percebido. Esta é a forma que a sociedade vê o mundo. Para Abramovay e Rua (2007), “Este, além de constituir um importante objeto de reflexão, tornou-se, antes de tudo, um grave problema social” (ABRAMOVAY E RUA, 2007, p. 15).

            Também Chrispino e Chrispino, (2007) fala sobre o pensamento em relação a escola “antes em passado remoto, a escola era procurada por um tipo padrão, com passados semelhantes” (CHISPINO E CHRISPINO, 2007, p. 16) .

            A violência mostra muitas vezes de forma sutil, e perseverante, camufladas por trás de um cenário tranquilo na dinâmica das relações sociais. O que muitas vezes a violência em algumas culturas torna-se natural em outras formas de organização social. Levando o indivíduo a conviver com a violência no seu cotidiano, sem se dar conta que isto é prejudicial. Não há como tratar a violência como causa natural, a violência é mesmo violência, onde fere o direito do outro cidadão.

            Dentro deste pensamento o cotidiano escolar está sendo palco de grandes manifestações agressivas, onde varia desde a depredação até agressões verbais e físicas. Ela está inserida nas escolas, não tem como tampar os ouvidos, nem vedar os olhos, tem que encarar a realidade e para o governo tem que dar sustentação para que a escola tenha mais condições de monitorar o andamento escolar.

            Os gestores escolares, que queira ou não estão envolvidos diretamente na ação educativa, ainda não estão preparados e nem conseguido lidar com essa questão, onde o despreparo e a falta de conhecimento são exorbitantes no mundo real. As inúmeras vezes em busca e anseio para agir amenizando a problemática, o fracasso é inevitável, onde agrava-se muito o desempenho das atividades desenvolvidas no ambiente escolar. Policiais, detectores de metais, as advertências ou até mesmo expulsões são medidas que não têm surtido efeito referente ao combate a violência, pois são também atuações agressivas. Essas atitudes têm agido somente superficialmente, são apenas efeitos aparentes. Concordando com Áurea Guimarães (1996), ao lidar com a questão violência ainda maiores, tomando medidas punitivas, simplesmente adia a questão e camufla seus efeitos, para que mais tarde tudo volta à tona.

            A violência é de uma abrangência profundas, que vão além das aparências e de tudo aquilo que se pode palpar e visível aos olhos. Se torna de grande necessidade que os gestores escolares se aprofundem e estudem este tema, as suas implicações, suas características, seus conceitos e expressões, livres de preconceitos, alarmismos ou redundantes retóricas.

            É de suma importância que a gestão envolva nesta questão tendo em vista que suas ações alcançam diretamente o dinamismo do trabalho escolar, como também o seu envolvimento na comunidade escolar e na sociedade, pois é através da gestão educacional que se pode atingir todos os atores do cenário escolar. É através da gestão que os pais ou responsáveis colocam seus filhos na responsabilidade deles.

            A gestão escolar deve estar preparada, não pode se fechar em ações isoladas, ignorando o que está acontecendo, o que está além dos muros da escola. Tendo em vista que as instituições traduzem o reflexo da sociedade com todos os seus dilemas e contradições. Deve-se refletir sobre os problemas, muito além da necessidade, é um grande desafio para os gestores. Neste sentido Waiselfsz (1998) afirma que: “O aumento da violência cotidiana configura-se como aspecto representativo e problemático da atual organização da vida social nos grandes centros urbanos, manifestando-se nas várias esferas da sociedade e constituindo-se como um dos principais problemas do momento”.

            Pesquisas atuais têm prontificado a enredar neste assunto, violência, alguns autores expõem seus pensamentos com respeito a este tema, como por exemplo:

            Guimarães (1996) destaca o assunto em sua obra “A Dinâmica da Violência escolar- Conflito e Ambiguidade” em que retrata uma pesquisa em uma cidade em São Paulo em sua tese de doutorado, sendo o enfoque a depredação escolar e a violência manifestada na escola.

            Sposito (2001) em seu artigo “Um Breve Balanço da Pesquisa sobre Violência Escolar no Brasil”, onde realiza um resumo da pesquisa realizada sobre as relações entre violência e escola no Brasil, após 1980.

            E assim vários outros autores falam sobre a violência na escolas como Chrispino e Chrispino (2002) em “Políticas Educacionais Redução da Violência: Mediação do Conflito Escolar”; Debarbieus & Blaya (2002) em sua obra “Violência nas Escolas e Políticas Públicas”; Abramovay (2002) no livro “Violência nas Escolas”; Gomes (2003) escreveu no seu curso de Mestrado em Educação na Universidade Católica de Brasília, em sua pesquisa “A Violência Vista pela Ótica de Adolescentes Escolarizados do Distrito Federal”; Oliveira (2003) desenvolveu uma dissertação de mestrado na Universidade Católica de Brasília, com o tema “Percepção de Valores e Violências nas Escola pelos Docentes do Ensino Médio”.

            Então vê-se que o mundo está preocupado com tal situação, situação esta que está deixando muitas pessoas, famílias, sociedade de cabeça branca, pois vê a cada dia uma sociedade doente e cheia de amargura no seu interior.

            Como foi falado, sobre a violência e atual da gestão nesse sentido, a gestão procura agir conforme a lei e conforme as diretrizes que a entidade escolar passa para ela, pois tem que seguir conforme os ditames da lei.

6- COMO APRESENTA E MANIFESTA A VIOLÊNCIA

            A violência vem do latim, “violentia”, que seu significado violência, caráter bravio. Esses significados estão cotidianamente ligados a uma forma de força ou potência, uma atitude agressiva, que transgrida algo ou alguém. Michaud (1989) afirma que “a força se torna violenta quando passa da medida ou perturba uma ordem”.

            Realmente quando se passa do limite uma atitude, ela se torna violência, tudo que é exagerado de uma forma ou de outra gera ou é violência. Ao estudar a história de humanidade, há uma constatação que a violência existe desde a antiguidade, desde os primórdios. Os ancestrais da humanidade, os hominídeos, tiveram sua sobrevivência garantida pela força física pela construção de artefatos de defesa e ataque. Esta força é uma manifestação violenta como uma forma de sobrevivência do homem pré-histórico.

            Nos dias atuais, esta violência, tem assumido uma forma sutil de se manifestar. A questão agora não viver ou morrer. Há um grande vácuo entre a civilização passada com a atual, quando se trata dos meios brutais de sobrevivência e ao desenvolvimento tecnológico. Esta violência tem entrado nos lares, nas escolas, através da mídia, através dos meios tecnológicos, enfim, tem entrado com mais facilidade no ambiente onde o ser humano vive.

            Hoje em dia a violência muitas vezes tem sido tratada com naturalidade, pequenas atitudes violentas, são passadas por despercebido, “o ato violento se insinua, frequentemente, como um ato natural, cuja essência passa despercebida” (Odália, 1983). Isto deixa marcas profundas, mas de acordo com a lei de cada país, pode muitas vezes de tornar irrelevante certas violências, algumas culturas têm certas violências que para muitos são graves, para eles são naturais. Por exemplo a pena de morte, que em certos países (China, Estados Unidos) é uma medida punitiva, que faz parte da cultura e das regras sociais.

            Ao definir violência há uma implicação variada de expressão. Cada grupo da sociedade está envolvida com sua própria violência, com aquilo que supõe como violento, depende dos critérios de valores, leis, normas, religião, tradição, história e outros fatores.

            Olhando por outro ângulo, Debarbieux (2002) diz que a exclusão em todos os níveis sendo um dos maiores fatores de risco de violência e, o principal está apontado para a exclusão social como desafio para os governos da atualidade.

A Violência representa um desafio às democracias: o desafio da guerra contra a exclusão e a desigualdade social essa desigualdade não se refere apenas aos “bairros sensíveis”, ela existe em escala planetária: existe uma comunidade global de problemas, porque, se existe de fato essa coisa chamada globalização, ela é a globalização da desigualdade, que afeta os bairros de classes trabalhadoras tanto nos países desenvolvidos quantos nos países em dificuldade. A mobilização deve ser, portanto, em nível internacional. (DEBARBIEUX, 2002, p. 13).

            Quando usa a expressão violência, há uma revelação em que a sociedade enfrenta uma degradação humana, onde expressa o reflexo da inconformidade diante das injustiças sociais. Provavelmente esta situação será amenizado diante da organização social não houver desigualdade e tanta exclusão.

            Entretanto, o homem é um ser sonhador com aspirações a realizar, em uma sociedade que oprime e reclama disciplina. Daí vem a rebelião ou integra-se às regras. Quando se busca um equilíbrio interno, nos altos e baixos de abnegação e de desejos é que fazem parte da composição da organização e reorganização interior humana e social. Entende-se que neste sentido, a violência pode ser reflexo destes conflitos internos e externos que a sociedade enfrenta em seu dia-a-dia, com os quais ainda não aprendeu-se a lidar.

            Esses conflitos não são atuais, eles existem desde o nascimento e no dia-a-dia , onde está pautado por inúmeras decisões conflitantes. Chrispino e Chrispino (2007) definem conflito da seguinte forma:

O conflito, pois, é parte integrante da vida e da atividade social, quer contemporâneo, quer antiga. Ainda no esforço de entendimento do conceito, podemos dizer que o conflito se origina da diferença de interesses, de desejos e de aspirações. Percebe-se que não existe aqui a noção estrita de erro e de acerto, mas de posições que são defendidas frente a outras, diferentes (CHRISPINO E CHRISPINO, 2007, p. 16).

            Os conflitos se dão devido as diferenças de pensamento e até mesmo instinto malicioso, isso tornou-se uma coisa quase que “normal”. Se vê muito hoje, pessoas exaltadas por mínimas coisas e na adolescência, hoje em dia parece que eles não têm mais paciência, gerando conflito por coisas banais, mas muitas vezes por causa de serem tratados com menosprezo e até mesmo chacota.

            Como bem explicado aqui, a violência é o uso da força bruta, e ela começa com pequenos atos de negligencia até atingir o ápice da causa se não for parado antes. Às vezes começa rasgando o material escolar do colega, rasgando o boné, se não colocar freio, pode virar uma coisa maior.

7- O CONTEXTO ESCOLAR EM RELAÇÃO A VIOLÊNCIA.

            Ao analisar a violência no contexto escolar, tem-se notado as variadas forma, e não estão restritas aos atos mais explícitos como as agressões físicas ou até mesmo o uso de armas. Ao classificar ou explicar tal atitude é uma tarefa difícil porque sua abrangência é heterogênea onde envolvem contextos múltiplos.

            Os escritores Abramovay e Rua (2002) eles associaram esses atos violentos como: gênero, idade, etnia, família, ambiente externo, insatisfação/frustação com as instituições e a gestão pública, exclusão social e exercício do poder. Eles ainda enfatizam que a violência no Brasil está inserida a escola, suas imediações, seu contexto, a localização, são estes os fatores que estão representando o ponto mais crítico de influência à ocorrência de atos violentos mais explícitos.

            Para o autor Bernard Charlot (apud Abramovay e Rua, 2002, p. 166) há uma certa dificuldade em delimitar e definir as questões relativas aos atos violentos nas escolas porque neste tema há contradição nas representações sociais e nos valores como por exemplo a inocência no caso da infância e a escola como um refúgio, um “porto seguro”. Ele tem classificado os atos violentos na escola em três níveis conceituais:

Violência: golpes, ferimentos, violência sexual, roubos, crimes, vandalismo Incivilidades: humilhações, palavras grosseiras, falta de respeito;
Violência simbólica ou institucional: compreendida como a falta de permanecer na escola por tantos anos, o ensino como um desprazer, que obriga o jovem a aprender matérias e conteúdos alheios aos seus interesses; as imposições de uma sociedade  que não sabe acolher os jovens no mercado de trabalho; a violência na relação de poder entre professores e alunos. Também o é a negação da identidade e satisfação profissional aos professores, a sua obrigação de suportar o absentismo e a indiferença dos alunos. (BONETI; PRIOTTO, 2009, p. 166)

            Para Michaud (1989), diz que a noção de violência é ambígua porque expressa uma multiplicidade, e não está restrita aos atos mais explícitos como as agressões físicas. Ele afirma ainda que:

Há violência quando, em uma situação de interação, um ou vários atores agem de maneira direta ou indireta, maciça ou esparsa, causando danos a uma ou mais pessoas em graus variáveis, seja em sua integridade física, seja em sua integridade moral, em que suas posses, ou em suas participações simbólicas e culturais. (MICHAUD, 1989, p. 10).

            Ainda falando da violência no contexto escolar, o destaque vai para o bullying, que é uma forma de violência que tem sido alvo de análises e estudos, principalmente na Europa. Mesmo que suas manifestações passem despercebidos no cotidiano escolar, mas as consequências são arrasadoras quando não são notadas a ponto de serem impedidos de forma adequada.

            Este fenômeno é estudado e pesquisado deste a década de 90 quando repetidas ações de tirania, opressão, dominação e agressão passaram a serem observadas com muita frequência no ambiente escolar. Bullying é uma palavra inglesa que tem como tradução oprimir, amedrontar, maltratar, ameaçar, intimidar. De acordo com Lopes Neto e Saavedra (2003), eles entendem por bullying como:

Todas as atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angustia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder, tornando possível a intimidação da vítima. (LOPES NETO E SAAVEDRA, 2003, p. 29).

            O aluno oprimido pelas circunstancias, se sente ameaçado, inseguro e outros sentimentos que muitas vezes o leva a cometer certos crimes, ou ter atitudes violentas.

            O contexto escolar, como já colocado acima, é de grande importância a gestão resolver da melhor maneira possível, sem que isso venha afetar o caráter do cidadão, desde que ele se proponha a mudar suas atitudes. O acompanhamento com psicólogos tem ajudado e muito a resolver alguns detalhes em relação a violência, basta o governo se inteirar totalmente nesse sentido.

            Em seguida os gráficos abaixo vão mostrar duas realidades, a violência contra os professores gráfico 1 e a violência contra os estudantes no gráfico 2.

GRÁFICO 1: Violência mais comum contra professores

Fonte dos gráficos: https://g1.globo.com>educação>noticia> 27/03/2023

            Como pode ver no gráfico, a agressão verbal contra os professores é alto o índice, seguido de assédio moral e bullying, depois vem discriminação, furto/roubo, agressão física e roubo ou assalto a mão armada. Isto tem que parar, os alunos devem ser conscientizados do erro que estão cometendo.

GRÁFICO 2: Violência mais comum contra os estudantes

Fonte dos gráficos: https://g1.globo.com>educação>noticia> 27/03/2023

            A agressão contra os estudantes o índice mais é alto a agressão verbal, seguido de assedio moral como também o bullying, e em seguida vem discriminação, furto/roubo, agressão física e por último roubo ou assalto a mão armada, pode-se ver que isso leva os estudantes a serem agressivos, com professores e com os colegas, isso também deve parar.

            Como pode perceber através dos gráficos, a violência tem tomado conta das escolas. O nível é muito alto, o que leva a pensar, como vai ser daqui para frente, se as autoridades não tomarem providência, as coisas tendem a piorar.

            Existe violência de todas as formas, mas o indivíduo às vezes retrai por medo de sofrer algum outro tipo de violência, por isso, as escolas têm que estar preparadas para proteger os alunos e saber enfrentar a situação quando houver necessidade.

            Como foi constatado, a agressão verbal e o bullying são os mais comuns no ambiente escolar. Como sugestão, deveria ser realizado palestras para os estudantes juntamente com os professores e gestores em relação a violência e mostrar o que realmente se torna violento no dia a dia. A ética e a moral devem estarem unidos para um só objetivo

8- CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Como foi visto neste artigo científico, há violência de várias formas, mas a forma mais usada é ainda o bullying, que muitas vezes desencadeia outros tipos de violência.

            Professores, alunos e gestores estão cônscios da necessidade de procurar a viver e trabalhar sem nenhum atrito. Os gestores ainda não estão preparados para se caso acontecer uma tragédia, mas procuram conscientizar os alunos e professores sobre a necessidade do respeito mútuo.

            A violência que existe é um fator preponderante nas escolas onde em seu todo é representado por um papel incompatível, onde precisa ser representado pela vontade de não haver essa manifestação que é totalmente deprimente, a sociedade às vezes remete a tal violência, mas o controle deve existir em todos os âmbitos da sociedade.

            O papel que a gestão tem ao lidar com questões de violência, tanto no interior da escola quanto nos sistemas de ensino, é de suma importância, onde necessita no entanto, de alguns ajustes conceituais e práticos, uma vez que a gama de peculiaridades e necessidades que a tarefa educativa nos coloca à frente, na atualidade.

            Como é do conhecimentos de todos, pois a mídia divulga no dia a dia, a violência está em todo lugar, infelizmente não pode-se prever onde será e quando será o ataque, mas as pequenas violências, se é que pode chamar de pequenas, muitas vezes, repetidamente, ela se torna um tronco de amargura, onde a pessoa ou o aluno vem a enfurecer e provocar uma violência maior. Por isto as escolas, sempre estão em contato com os pais ou responsáveis colocando a par sobre o aluno na escola. Se caso acontecer algum tipo de violência por determinado aluno, os pais serão informados, ou até mesmo o Conselho Tutelar e se precisar, junto com o Conselho Tutelar, também a polícia é acionada.

            Existe no Brasil vários projetos para amenizar esse fato, mas depende muito da família, pois ela é o foco principal em uma sociedade. Família desestruturada é família problemática.

            Este artigo atingiu seu objetivo, onde explanou sobre a violência e a ética da gestão em relação a violência, um assunto que tem sido muito destacado nos dias atuais, levando a sociedade como um todo a preocupar-se com essas atitudes.

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LOPES NETO, Aramis e SAAVEDRA, Lucia Helena. Diga não para o Bullying- programa de redução de comportamento agressivo entre estudantes, Rio de Janeiro/RJ. ABRAPIA e PETROBRAS, 2003.

MICHAUD, Yves. A violência. Coleção princípios e fundamentos. São Paulo, Editora Ática, 1989.

ODÁLIA, Nilo. O que é a violência. Coleção primeiros passos. 4ª edição, São Paulo. Editora Brasilense, 1981.

ORIENTAÇÕES Técnicas Centro de Referências de Assistência Social-CRAS – 2009.


1Graduanda em Gestão Pública pelo Instituto Federal de Educação, ciência e Tecnologia de Rondônia, e-mail: annykelivinhal@hotmail.com.

2graduando em Gestão Pública pelo Instituto Federal de Educação, Ciências e tecnologia de Rondônia, e-mail: almeidasergioalvesalves@gmail.com.

3Professora Mestre Orientadora – Instituto Federal de Educação, Ciências e tecnologia de Rondônia