PHYSICAL THERAPY AND THE INCLUSION OF PEOPLE WITH DISABILITIES IN PRIVATE GYMS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202510232220
Bruno Silva Lomazzi1
Ester Reis de Sousa2
Camila Ferreira Panta Dos Santos Costa3
Duicilene Soares de Oliveira4
Janielly Priscilla Santos Silva5
Joselina da S. O. Araújo6
Kassiany S. Silva7
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo analisar o papel da fisioterapia na promoção da inclusão de pessoas com deficiência (PcD’s) em academias de musculação. A pesquisa foi realizada por meio de revisão bibliográfica, com base em estudos nacionais e internacionais, legislações vigentes e documentos institucionais. A partir da análise de conteúdo, foram identificadas barreiras físicas, sociais e profissionais que dificultam o acesso das PcD’s a esses espaços, bem como estratégias que podem ser adotadas para garantir a acessibilidade e a participação plena. O estudo destaca a importância da atuação crítica e humanizada do fisioterapeuta, que deve compreender seu papel social e contribuir para a construção de ambientes inclusivos, respeitando a diversidade funcional e promovendo a equidade. A inclusão em academias não se limita à adaptação estrutural, mas exige uma mudança de paradigma na formação e nas práticas profissionais.
Palavras-chave: Fisioterapia; Inclusão; Pessoas com deficiência; Academias; Acessibilidade.
ABSTRACT
This study aims to analyze the role of physiotherapy in promoting the inclusion of people with disabilities in fitness centers. The research was conducted through a bibliographic review, based on national and international studies, current legislation, and institutional documents. Content analysis revealed physical, social, and professional barriers that hinder access to these spaces, as well as strategies to ensure accessibility and full participation. The study highlights the importance of a critical and humanized approach by physiotherapists, who must understand their social role and contribute to the creation of inclusive environments, respecting functional diversity and promoting equity. Inclusion in fitness centers goes beyond structural adaptation and requires a paradigm shift in professional training and practice.
Keywords: Physiotherapy; Inclusion; People with disabilities; Fitness centers; Accessibility.
1 INTRODUÇÃO
A inclusão de pessoas com deficiência (PcD’s) em espaços de prática de atividade física, como academias de ginástica, representa um dos grandes desafios contemporâneos na construção de uma sociedade mais justa, equitativa e acessível. Embora o Brasil tenha avançado em legislações que garantem os direitos das PcD’s, como a Constituição Federal de 1988, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (Decreto Legislativo nº 186/2008) e a Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015), ainda persistem barreiras físicas, atitudinais e institucionais que dificultam o acesso pleno a esses ambientes.
Nesse contexto, a fisioterapia surge como uma profissão estratégica, capaz de promover não apenas a reabilitação funcional, mas também a autonomia, a saúde e a participação social das PcD’s. O fisioterapeuta, ao compreender as especificidades de cada indivíduo, pode atuar diretamente na adaptação de exercícios, na orientação segura da prática física e na transformação dos espaços, contribuindo para que as academias se tornem ambientes verdadeiramente inclusivos.
A proposta deste trabalho é analisar, sob uma perspectiva crítica e interdisciplinar, o papel da fisioterapia na promoção da inclusão de pessoas com deficiência nas academias. Para isso, serão abordadas as dimensões sociopolíticas da deficiência, os marcos legais que sustentam a acessibilidade, os desafios enfrentados pelos profissionais da área e as possibilidades de atuação transformadora. A relevância deste estudo se justifica pela necessidade urgente de ampliar o debate sobre inclusão, rompendo com paradigmas capacitistas e fortalecendo práticas que respeitem a diversidade humana em sua totalidade.
1.1 JUSTIFICATIVA
A presente pesquisa justifica-se pela necessidade de promover melhorias na infraestrutura das academias privadas, com vistas à ampliação da acessibilidade e à efetiva inclusão de pessoas com deficiência. A prática regular de atividades físicas é reconhecida como um fator essencial para a promoção da saúde e da qualidade de vida, sendo, portanto, um direito de todos. No entanto, a ausência de adaptações nos ambientes fitness ainda representa uma barreira significativa para esse público. Ao fomentar reflexões e propor estratégias que envolvam a atuação da fisioterapia, este estudo pretende contribuir para a construção de espaços mais inclusivos, nos quais todos os indivíduos possam usufruir dos benefícios da atividade física de forma segura, eficiente e equitativa.
1.2 PROBLEMA DA PESQUISA
Embora haja avanços nas políticas de acessibilidade, as academias privadas continuam enfrentando obstáculos para garantir a inclusão plena de pessoas com deficiência. Entre os principais desafios estão a carência de infraestrutura adequada, a escassez de profissionais capacitados para atender às demandas específicas desse público e a limitada conscientização sobre a importância da inclusão no contexto fitness. Diante desse cenário, emerge a seguinte questão norteadora: como a fisioterapia pode contribuir para a inclusão de pessoas com deficiência nas academias privadas, promovendo acessibilidade, segurança e eficiência nos treinamentos? A investigação busca compreender as barreiras existentes, propor soluções viáveis e evidenciar o papel fundamental do fisioterapeuta na construção de ambientes mais acessíveis e inclusivos.
2 MÉTODO
2.1. TIPO DE PESQUISA
Este trabalho caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa de natureza exploratória, realizada por meio de revisão bibliográfica. A escolha por esse tipo de abordagem se justifica pela necessidade de compreender, a partir de estudos já publicados, os desafios, avanços e perspectivas relacionados à inclusão de pessoas com deficiência (PcD’s) em academias de musculação, com foco na atuação dos profissionais de fisioterapia.
2.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A revisão bibliográfica foi conduzida com base em obras científicas, artigos acadêmicos, legislações, documentos institucionais e relatórios técnicos que abordam temas como acessibilidade, inclusão social, políticas públicas, fisioterapia, educação física adaptada e direitos das PcD’s. Foram selecionadas fontes nacionais e internacionais, publicadas entre os anos de 1990 e 2025, com ênfase em estudos que discutem a atuação profissional em ambientes de prática física.
A seleção dos materiais seguiu critérios de relevância temática, credibilidade das publicações e atualidade dos dados. Foram consultadas bases como SciELO, PubMed, Google Scholar, além de revistas especializadas em educação física, saúde pública, fisioterapia e ciências sociais. Também foram incluídas legislações brasileiras pertinentes, como a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) e a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (Decreto Legislativo nº 186/2008).
2.3 ESTRATÉGIA DE ANÁLISE
Os textos selecionados foram submetidos à análise de conteúdo, conforme proposta de Bardin (2011), permitindo a identificação de categorias temáticas recorrentes, como: formação profissional, barreiras ambientais, políticas públicas, percepção sobre inclusão e práticas fisioterapêuticas. Essa abordagem possibilitou uma leitura crítica e integrada dos materiais, favorecendo a construção de uma discussão fundamentada e contextualizada.
2.4 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
Por se tratar de uma pesquisa exclusivamente bibliográfica, sem envolvimento direto de seres humanos, este estudo não exigiu submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa. No entanto, todas as fontes utilizadas foram devidamente referenciadas, respeitando os princípios éticos da produção científica e os direitos autorais dos autores consultados.
3 RESULTADOS
Quadro 1: Principais autores usados na construção do estudo



Legenda: Principais fontes usadas na construção da discussão do estudo.
4 DISCUSSÃO
A deficiência é compreendida como uma alteração ou perda, seja temporária ou permanente, de alguma função ou estrutura anatômica, fisiológica ou psicológica (Amiralian et. al., 2000). De acordo com dados do Censo Demográfico de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aproximadamente 46 milhões de brasileiros declararam possuir algum tipo de deficiência, física, motora, visual, auditiva ou intelectual, o que representa cerca de 24% da população nacional (Brasil, 2021).
Esse número expressivo evidencia, por si só, a urgência de políticas e práticas inclusivas em diversos setores da sociedade. Contudo, o histórico social brasileiro revela uma persistente inadequação nas estratégias voltadas à inclusão, dificultando que pessoas com deficiência (PcD’s) tenham acesso equitativo às oportunidades de desenvolvimento e autonomia. A inclusão, nesse contexto, deve ser entendida como a garantia de acesso irrestrito às oportunidades, independentemente das características individuais ou coletivas (Aranha, 2000).
Para que a inclusão se concretize, é essencial a presença de recursos humanos e físicos que assegurem a acessibilidade aos espaços e às práticas sociais. Um ambiente verdadeiramente acessível é aquele em que barreiras, sejam elas estruturais ou comportamentais, são eliminadas, permitindo igualdade de condições para todos os indivíduos (Mazzoni et. al., 2011).
Um exemplo prático de inclusão pode ser observado na promoção de programas de atividade física adaptada, que respeitam as especificidades dos praticantes. Segundo Cardoso (2011), o esporte e os exercícios físicos adaptados envolvem ajustes em regras, equipamentos e locais, viabilizando a participação das PcD’s em diferentes modalidades. Essas adaptações, oriundas da Educação Física Adaptada, ampliam as possibilidades de envolvimento e incentivam ações inclusivas.
Nas aulas de Educação Física, a prática de exercícios adaptados tem se mostrado eficaz na adesão a um estilo de vida mais ativo entre PcD’s, contribuindo para a adoção de hábitos saudáveis que tendem a se perpetuar ao longo da vida (Lehnhard et. al., 2018). A literatura científica aponta que a atividade física exerce efeitos positivos sobre aspectos cognitivos e emocionais, estando associada à redução do risco de demência e declínio cognitivo (Marmeleira, 2018).
Entre os diversos benefícios proporcionados pela prática regular de exercícios físicos, destacam-se melhorias na saúde mental, na vitalidade, na funcionalidade e na condição física geral (Macedo et. al., 2003). Além disso, Noce et. al., (2009) ressaltam que tais benefícios se estendem às dimensões psicológica, social e ambiental da vida das PcD’s, reforçando a relevância da atividade física como ferramenta de promoção da saúde e bem-estar.
Apesar dos avanços e das evidências otimistas, estudos revelam que PcD’s tendem a adotar estilos de vida menos ativos em comparação com pessoas sem deficiência, apresentando maiores índices de obesidade e condições de saúde menos favoráveis (Rimmer et. al., 2004; Kirchner et. al., 2008). Portanto, é fundamental que sejam implementadas adaptações adequadas e necessárias para superar as desigualdades enfrentadas por esse grupo, conforme apontado por Feliciano et. al., (2019).
A participação em atividades físicas deve ser assegurada a todos os cidadãos, independentemente de suas condições individuais, considerando que, no Brasil, o acesso ao lazer, ao esporte e à saúde constitui um direito garantido pela Constituição Federal (Brasil, 1988). Essa garantia deve se estender a todas as fases da vida, contemplando desde a infância até a terceira idade.
No caso de crianças e adolescentes, cuja principal ocupação está vinculada ao ambiente escolar, ações inclusivas nesse espaço, especialmente no âmbito da Educação Física Adaptada, têm se mostrado fundamentais para a promoção da justiça restaurativa. Contudo, é necessário que as iniciativas de acessibilidade ultrapassem os limites escolares e se expandam para a comunidade em geral, permitindo que o exercício dos direitos constitucionais, como o lazer e o esporte, seja efetivado também para adultos e idosos.
Nesse cenário, as academias de ginástica ganham destaque como espaços contemporâneos voltados à prática de exercícios físicos. Nos últimos anos, observa-se um crescimento significativo na procura por atividades físicas por parte de pessoas com deficiência (PcD’s), motivadas pela busca por melhor qualidade de vida (Barros et. al., (2000), sendo a musculação uma das modalidades mais procuradas.
Segundo Marcellino (2003), 90% dos participantes de seu estudo associaram a frequência à academia de musculação a sensações de prazer, redução do estresse, relaxamento, socialização e quebra da rotina. Esses fatores indicam um potencial aumento na adesão de PcD’s a essa prática, o que nos leva a refletir sobre a real capacidade das academias em receber e atender adequadamente esse público.
A acessibilidade em atividades físicas e esportivas enfrenta barreiras que podem ser classificadas como pessoais e ambientais (Feliciano et. al., 2019). No que diz respeito às barreiras pessoais, aqui denominadas atitudinais, é essencial que os profissionais envolvidos estejam devidamente capacitados e possuam conhecimento sobre as especificidades de cada tipo de deficiência, atuando de forma inclusiva (Reis, 2018).
Já as barreiras ambientais ou estruturais, dizem respeito a aspectos como acesso, circulação, largura de portas, mobiliário, sanitários e áreas de estacionamento, que devem estar em conformidade com os parâmetros estabelecidos pela Norma Brasileira (NBR) 9050, de 2015. Apesar dos avanços, ainda há escassez de estudos na literatura especializada que abordem os fatores que influenciam a adesão de PcD’s à prática de atividades físicas, especialmente no contexto brasileiro (Marmeleira et. al., 2018).
4.1 ANÁLISE SOCIOPOLÍTICA DA INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NAS POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS
A inclusão das pessoas com deficiência (PcD’s) no Brasil tem avançado nas últimas décadas, especialmente no campo das políticas públicas. No entanto, esse progresso ainda é marcado por tensões ideológicas, limitações estruturais e desafios na efetivação dos direitos garantidos constitucionalmente. A análise sociopolítica da inclusão exige compreender não apenas os marcos legais, mas também os discursos dominantes que moldam as práticas institucionais e sociais.
Historicamente, a deficiência foi tratada sob uma perspectiva biomédica, centrada na limitação individual. Com o tempo, emergiu o modelo social, que desloca o foco para as barreiras impostas pela sociedade, reconhecendo que a exclusão não decorre da condição física ou sensorial, mas da ausência de acessibilidade, equidade e respeito à diversidade (Oliver, 1990). Esse modelo influenciou a formulação de políticas públicas mais inclusivas, como a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, que estabelece diretrizes para garantir o acesso à educação, saúde, trabalho, lazer e participação política.
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, ratificada pelo Brasil com status constitucional, reforça o entendimento de que a deficiência deve ser abordada sob a ótica dos direitos humanos. Ela define PcD como “aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas” (Brasil, 2015).
Apesar desses avanços normativos, o país ainda enfrenta desafios significativos. Segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, pessoas com deficiência apresentam menor escolaridade, menor renda, menor empregabilidade e maior exposição à violência em comparação com a população sem deficiência. Esses dados revelam que a efetivação dos direitos ainda está distante da realidade cotidiana.
Em 2023, o governo federal relançou o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Novo Viver Sem Limite, com o objetivo de superar o capacitismo e promover ações intersetoriais voltadas à inclusão. O plano foi construído com ampla participação social, incorporando mais de 2.500 contribuições da sociedade civil, e tem como lema “Nada sobre nós, sem nós”. Entre os eixos estratégicos estão: acessibilidade urbana, educação inclusiva, saúde integral, inclusão produtiva e combate à violência.
Outro avanço recente é o Cadastro Nacional de Inclusão das Pessoas com Deficiência, que visa reunir dados em uma plataforma única, facilitando o acesso aos serviços públicos e à certificação da condição de deficiência. A iniciativa busca eliminar a “romaria administrativa” enfrentada por PcD’s para comprovar seus direitos (Panoeiro, 2022).
Contudo, mesmo com esses instrumentos, a lógica neoliberal ainda permeia parte das políticas públicas, tratando a inclusão como um meio de inserção produtiva, e não como um fim em si mesmo. Santos e Barros (2018) alertam que, sob essa ótica, a pessoa com deficiência é valorizada apenas enquanto produtora de capital, o que reduz sua cidadania à funcionalidade econômica.
A análise sociopolítica da inclusão exige, portanto, uma crítica às estruturas de poder que perpetuam desigualdades. Foucault (2010) e Spivak (2018) defendem que é necessário criar espaços para que os grupos historicamente silenciados possam exercer sua voz, não apenas como beneficiários, mas como protagonistas das políticas públicas. O conceito de “local de fala”, oriundo da standpoint theory, reforça essa perspectiva, ao reconhecer que as experiências coletivas de grupos marginalizados devem ser consideradas na formulação de políticas (Collins, 1997; Ribeiro, 2017).
A atuação dos fisioterapeutas nesse contexto também deve ser revista. Como profissionais da saúde, ocupam posições de poder que precisam ser reconhecidas e problematizadas. Hammell (2006) destaca que o fisioterapeuta deve compreender seu papel social e participar ativamente das lutas por equidade, rompendo com a lógica hierárquica que ainda marca a relação profissional-paciente.
Em suma, embora o Brasil tenha avançado em marcos legais e programas estruturantes, a inclusão plena das pessoas com deficiência depende de uma transformação cultural e política mais profunda. É necessário que as políticas públicas sejam construídas com base na escuta ativa, na participação social e na valorização da diversidade, para que a cidadania das PcD’s seja efetivamente reconhecida e respeitada.
4.2 FISIOTERAPEUTA E O PACIENTE
A concepção binária que classifica pessoas sem deficiência como “normais” e pessoas com deficiência como “anormais” está profundamente enraizada na cultura social contemporânea (Katbamna et. al., 2002). Essa lógica é sustentada por uma ideologia dominante que, por ser amplamente aceita, raramente é questionada, moldando os valores e comportamentos de uma sociedade (Thompson, 2020).
Fisioterapeutas, enquanto profissionais formados dentro desse contexto sociocultural, muitas vezes reproduzem essas premissas, inclusive no ambiente acadêmico, onde o profissional de saúde é frequentemente percebido como superior ao paciente com deficiência. Essa dinâmica estabelece uma relação assimétrica, marcada por uma lógica de opressor e oprimido (Hammell, 2006).
Em vez de serem vistos como facilitadores das conquistas das PcD’s, fisioterapeutas podem acabar assumindo um papel que perpetua desigualdades (Barnes & Mercer, 2005; Hammell, 2006). A ausência de questionamentos sobre as ideologias e relações de poder que envolvem esses profissionais reforça a necessidade de que a fisioterapia reconheça seu lugar social e os privilégios que carrega, a fim de compreender como essas hierarquias impactam diretamente os grupos minoritários, especialmente as pessoas com deficiência (Hammell, 2006).
Entre essas ideologias está o pensamento neoliberal, que enxerga o ser humano como parte do capital, promovendo a figura do homo oeconomicus, em que o governo se estrutura a partir da racionalidade individual e dos interesses econômicos, excluindo o coletivo e o social (Foucault, 2010). Dentro dessa lógica, práticas de inclusão voltadas às PcD’s são implementadas de maneira superficial e insuficiente. A pessoa com deficiência é tratada como o “outro”, sendo pressionada a se adaptar às normas políticas, sociais e hierárquicas vigentes, sem que haja uma troca de saberes entre ela e os indivíduos considerados “normais” (Pagni, 2015).
Diante disso, é fundamental que o fisioterapeuta seja incentivado a questionar o sistema vigente. Avanços significativos têm sido observados na compreensão da deficiência e na relação entre profissional e paciente. A Organização Mundial da Saúde desenvolveu a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), que propõe uma abordagem integrada entre condições clínicas, estrutura e função corporal, e fatores ambientais e sociais que influenciam a limitação de atividades e a restrição da participação (World Health Organization, 2007). Esses princípios devem ultrapassar o âmbito clínico e ser aplicados na sociedade, reconhecendo o paciente como parte ativa dela.
No modelo social de deficiência, entende-se que a limitação não decorre das características individuais, mas sim das barreiras impostas pela sociedade (Oliver, 1990). Já na prática centrada na pessoa, abordagem clínica baseada no respeito e na parceria com o paciente, considera-se o indivíduo em sua totalidade, levando em conta suas dificuldades cotidianas e o contexto social em que está inserido (Leplege et. al., 2007). Pessoas com deficiência devem ser reconhecidas como cidadãos plenos, sem que seus aspectos culturais, sociais e políticos sejam negligenciados.
Portanto, se é necessário enxergar o paciente como um ser integral, é igualmente importante que o fisioterapeuta compreenda como a sociedade enxerga a deficiência e reconheça a relevância das lutas enfrentadas por esse grupo. Ainda há muito a avançar na formação e na atuação desses profissionais. Um exemplo inspirador vem da terapia ocupacional, que adota uma abordagem conhecida como terapia ocupacional social. Essa prática se articula diretamente com a população, buscando romper com a lógica biomédica e focando nas necessidades socioculturais e políticas das PcD’s no Brasil (Farias & Lopes, 2020). Tal perspectiva crítica pode servir como referência para que fisioterapeutas repensem suas práticas e se engajem nas questões sociais que envolvem a deficiência.
4.3 COMO O FISIOTERAPEUTA PODE CONTRIBUIR NA LUTA DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Nos últimos anos, observa-se um avanço significativo nas conquistas das pessoas com deficiência, especialmente nos âmbitos político, midiático e no mercado de trabalho (Pereira, 2009). Embora haja maior visibilidade e discussões sobre políticas públicas voltadas a esse grupo, tais debates ainda estão permeados por uma lógica neoliberal, que enfatiza a diferença sob uma perspectiva funcionalista e mercadológica. Nesse modelo, o indivíduo com deficiência é valorizado apenas enquanto agente produtivo, inserido em uma estrutura que prioriza o capital (Santos & Barros, 2018).
Com o crescimento da representatividade das PcD’s, também se ampliaram os espaços de fala na mídia e nas redes sociais. Nesse contexto, o conceito de “local de fala” ganha relevância, oriundo da standpoint theory, que propõe que as experiências de determinados grupos ultrapassam o plano individual, refletindo um posicionamento social coletivo e histórico (Collins, 1997). As barreiras que dificultam o acesso das minorias são justamente o que permite a construção de uma fala comum entre essas comunidades. Falar, nesse sentido, não se limita ao ato de emitir palavras, mas representa o direito de existir e de contestar narrativas impostas por grupos dominantes, promovendo uma reconfiguração das hierarquias sociais (Ribeiro, 2017).
É importante destacar que o pertencimento a um grupo minoritário não garante, por si só, uma compreensão crítica das opressões vividas. Uma pessoa pode integrar esse grupo e, ainda assim, não reconhecer ou refletir sobre os mecanismos de exclusão que a afetam seja por usufruir de outros privilégios ou por não ter acesso a espaços de conscientização (Ribeiro, 2017). Por exemplo, um cadeirante pode afirmar nunca ter sofrido capacitismo, o que não invalida o fato de que seus direitos e oportunidades são frequentemente limitados. Em um sistema que marginaliza grupos minoritários, é essencial criar mecanismos que possibilitem que o “outro” tenha voz (Foucault, 2014; Spivak, 2018).
O fisioterapeuta, enquanto profissional com formação acadêmica, ocupa uma posição social privilegiada em relação ao paciente, o que pode ser intensificado por fatores como classe social, raça, identidade de gênero, orientação sexual e capacidade física (Hammell, 2006). Esse privilégio, muitas vezes não reconhecido (Whalley Hammell, 2015), dificulta a desconstrução das hierarquias e impede que o fisioterapeuta se perceba como agente ativo nas lutas das pessoas com deficiência.
Contudo, é necessário lembrar que o fisioterapeuta também integra a classe trabalhadora. A profissão conquistou seus direitos por meio de mobilizações e enfrentamentos históricos (Marques & Sanches, 1994). Assim como outras categorias, os fisioterapeutas enfrentam ataques e desafios impostos por um sistema burguês que restringe direitos tanto da classe trabalhadora quanto das minorias sociais (Marx & Engels, 2008). Embora existam profissionais engajados na causa das PcD’s, essa postura ainda não é amplamente difundida na categoria.
Diversos grupos têm desenvolvido estratégias para enfrentar barreiras institucionais, por meio de organizações políticas, culturais e intelectuais. No entanto, questões sociais estruturais dificultam a legitimação e visibilidade dessas lutas (Ribeiro, 2017). Por isso, é fundamental que indivíduos inseridos nas normas hegemônicas também se posicionem. Participar de debates sobre deficiência não deve ser responsabilidade exclusiva das PcD’s, mas sim de toda a sociedade. A ausência de reflexão por parte das pessoas sem deficiência sobre as opressões vividas por esse grupo contribui para a manutenção do capacitismo (Hammell, 2006). Reconhecer nossa posição dentro da hierarquia social é um passo essencial para que o capacitismo seja compreendido, enfrentado e superado.
4.4 A FISIOTERAPIA COMO AGENTE DE INCLUSÃO NAS ACADEMIAS
A inclusão de pessoas com deficiência (PcD’s) em academias de ginástica representa um avanço necessário na construção de uma sociedade mais justa e equitativa. Nesse contexto, a fisioterapia se destaca como uma profissão estratégica, capaz de promover acessibilidade, autonomia e qualidade de vida por meio da prática de exercícios físicos adaptados. O fisioterapeuta, ao compreender as especificidades funcionais de cada indivíduo, atua não apenas na reabilitação, mas também na prevenção de agravos e na promoção da saúde, contribuindo diretamente para a inserção das PcD’s em ambientes tradicionalmente excludentes.
A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) estabelece que todos os espaços públicos e privados devem garantir acessibilidade e igualdade de oportunidades. Academias, como ambientes voltados à promoção da saúde, devem se adequar a essas exigências, oferecendo estrutura física acessível e profissionais capacitados para atender às demandas específicas desse público. No entanto, estudos apontam que muitas academias ainda não cumprem os requisitos mínimos de acessibilidade, como banheiros adaptados, equipamentos inclusivos e rotas acessíveis (Alécio, 2020).
A atuação do fisioterapeuta nesses espaços é reforçada pelo Projeto de Lei nº 3676/2020, que propõe a obrigatoriedade da presença de fisioterapeutas em academias adaptadas para PcD’s, em todos os turnos de funcionamento. A proposta reconhece que esses profissionais possuem formação específica para lidar com limitações motoras, disfunções funcionais e prevenção de complicações, oferecendo segurança e incentivo à prática de exercícios físicos. Além disso, o projeto prevê a dedução do Imposto de Renda para academias que contratem fisioterapeutas exclusivamente para atender PcD’s, estimulando a reestruturação dos espaços e a abertura de novos estabelecimentos inclusivos.
A inclusão, no entanto, não se limita à presença física do profissional ou à adequação arquitetônica. É necessário que o fisioterapeuta compreenda seu papel social e político, reconhecendo os privilégios que carrega e atuando de forma crítica frente às estruturas que perpetuam desigualdades (Hammell, 2006; Ribeiro, 2017). A prática centrada na pessoa e o modelo social da deficiência devem orientar a atuação profissional, promovendo uma relação horizontal entre fisioterapeuta e paciente, baseada no respeito, na escuta ativa e na valorização da diversidade (Leplege et. al., 2007; Oliver, 1990).
Portanto, a fisioterapia tem potencial para ser um agente transformador na luta pela inclusão das PcD’s nas academias. Para isso, é necessário investimento em formação profissional, políticas públicas eficazes, fiscalização das normas de acessibilidade e, sobretudo, uma mudança de paradigma que reconheça as PcD’s como sujeitos de direitos e protagonistas de suas próprias histórias.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho buscou compreender o papel da fisioterapia na inclusão de pessoas com deficiência nas academias, evidenciando os desafios, avanços e possibilidades que envolvem essa temática. A análise teórica e política demonstrou que, embora existam marcos legais importantes, como a Lei Brasileira de Inclusão e o Projeto de Lei nº 3676/2020, a efetivação da inclusão ainda enfrenta barreiras estruturais, culturais e profissionais.
A presença do fisioterapeuta em academias adaptadas é uma estratégia fundamental para garantir segurança, autonomia e bem-estar às PcD’s. No entanto, essa atuação precisa ser acompanhada de uma postura crítica e engajada, que reconheça as desigualdades sociais e promova práticas inclusivas baseadas no respeito e na equidade.
A inclusão não é apenas uma questão técnica, mas também ética e política. É preciso romper com a lógica capacitista e neoliberal que reduz o valor da pessoa com deficiência à sua capacidade produtiva. A fisioterapia, como profissão da saúde e do cuidado, tem o dever de contribuir para a construção de uma sociedade mais acessível, diversa e justa.
Que este trabalho sirva como instrumento de reflexão e transformação, inspirando profissionais, gestores e educadores a repensarem suas práticas e a se comprometerem com a inclusão plena das PcD’s nos espaços de saúde, lazer e convivência.
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1Orientador; Docente do Curso de Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP).
2Coorientadora, Docente do Curso de Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP).
3Graduanda do Curso de Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP).
4Graduanda do Curso de Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP).
5Graduanda do Curso de Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP).
6Graduanda do Curso de Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP).
7Graduanda do Curso de Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP).
