RACIAL ETHNIC EDUCATION IN THE CLASSROOM – VALUING AFRO-BRAZILIAN CULTURE
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11360819
Rosane Porsche da Rosa1
Diego Bini2
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Priscila dos Santos Peixoto3
RESUMO
No decorrer deste artigo, será apresentada uma análise qualitativa, baseando- se na leitura da quarta edição da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da nossa educação nacional com publicações já existentes, as quais exploram este tema. A metodologia utilizada será abordagem qualitativa, estudo bibliográfico e uma pesquisa documental. O objetivo maior é discutir a efetividade da lei 10.639/03 em sala de aula no município de São Vicente do Sul. O objetivo é analisar como está se efetivando a cultura afro-brasileira com os educandos, identificando a figura do negro na construção do Brasil. Vamos falar sobre algumas mudanças feitas pela LDB (2020), para saber de que forma os docentes estão ensinando sobre a educação Afro-Brasileira, num país diverso, porém, ainda tão intolerante. Com os resultados notamos que a efetivação das práticas pedagógicas da cultura Afro-Brasileira acontece de forma interdisciplinar revelando a sua diversidade cultural e as diferenças étnicas raciais. Ressaltamos que o continente Africano ainda é pouco caracterizado em sala de aula, onde as práticas pedagógicas englobam os países mais pobres deste continente, sobrepondo a cultura da Europa aos demais povos.
Palavras-chave: Lei 10.639/03. Cultura Afro-Brasileira. Práticas Pedagógicas.
RESUMEN
A lo largo de este artículo se presentará un análisis cualitativo, basado en la lectura de la cuarta edición de la Ley de Lineamientos y Bases (LDB) de nuestra educación nacional con publicaciones existentes, que exploran este tema. La metodología utilizada será un enfoque cualitativo, estudio bibliográfico e investigación documental. El objetivo principal es discutir la efectividad de la ley 10.639/03 en el aula del municipio de São Vicente do Sul. El objetivo es analizar cómo se está implementando la cultura afrobrasileña con los estudiantes, identificando la figura del negro en la construcción. de Brasil . Hablemos de algunos cambios realizados por la LDB (2020), para descubrir cómo los docentes están enseñando sobre la educación afrobrasileña, en un país diverso, pero aún tan intolerante. Con los resultados, observamos que la implementación de prácticas pedagógicas de la cultura afrobrasileña ocurre de manera interdisciplinaria, revelando su diversidad cultural y diferencias raciales-étnicas. Destacamos que el continente africano aún está mal caracterizado en las aulas, donde las prácticas pedagógicas abarcan a los países más pobres de ese continente, superponiendo la cultura de Europa con la de otros pueblos.
Palabras clave: Ley 10.639/03. Cultura afrobrasileña. Práticas pedagógicas.
ABSTRACT
In the course of this article, a qualitative analysis will be presented, based on the reading of the fourth edition of the Law of Directives and Bases (LDB) of our national education with existing publications, which explore this theme. The methodology used will be a qualitative approach, bibliographic study and documental research. The main objective is to discuss the effectiveness of law 10.639/03 in the classroom in the city of São Vicente do Sul. The objective is to analyze how the Afro-Brazilian culture is being implemented with the students, identifying the figure of the black in the construction of Brazil . Let’s talk about some changes made by LDB (2020), to find out how teachers are teaching about Afro-Brazilian education, in a diverse country, however, still so intolerant. With the results we noticed that the effectiveness of the pedagogical practices of the Afro-Brazilian culture happens in an interdisciplinary way, revealing its cultural diversity and racial ethnic differences. We emphasize that the African continent is still poorly characterized in the classroom, where pedagogical practices encompass the poorest countries of this continent, overlapping the culture of Europe to other peoples.
Keywords: Law 10.639/03. Afro-Brazilian Culture. Pedagogical practices.
1. INTRODUÇÃO
Trago neste trabalho, o intuito de discutir a importância da lei 10.639/03 (Brasil, 2003) nas escolas, mostrando a relevância de aprofundar o ensino da história e da cultura Afro Brasileira e Africana. O objetivo é desenvolver nos educandos uma mentalidade que visa acabar com preconceitos e despertar para o respeito do ser humano, independentemente de sua cor, etnia ou classe social.
No ano de 2003, o então Presidente Luiz Inácio Lula da silva, sancionou a lei 10.639/03, alterando a Lei de Diretrizes e Bases (LBD) lei 9.394/96 a qual decretou que as instituições de ensino no Brasil passassem a implementar o estudo da história e da cultura Afro-Brasileira e Africana. Essa lei foi alterada mais tarde pela lei 11.645/08.
O objetivo era de levar para dentro da sala de aula mais conhecimento sobre a cultura afro-brasileira e africana do que somente falar sobre escravidão4. Dessa forma, as escolas deveriam se adequar à nova lei, estudando e executando uma maneira de encaixar os novos conteúdos exigidos em acordo com os objetivos desta lei, que é contribuir para a superação dos preconceitos e atitudes discriminatórias por meios de práticas pedagógicas de qualidade, assim, incluindo o estudo das influências africanas.
A Lei de Diretrizes e Bases teve acréscimo de dois artigos através da Lei 10.639/03:
Art. 1o
A Lei no9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 26-A, 79-A e 79-B:
“Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. § 1oO conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.
§ 2oOs conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.
§ 3o(VETADO)”
“Art. 79-A. (VETADO)”
“Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’.” (LEI No 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003.)
Com tudo, existiram algumas dificuldades para a adequação da lei, no qual podemos destacar: o despreparo dos professores para com o tema, o pouco conhecimento, o pouco material existente de estudo sobre a história e cultura afro no Brasil, o preconceito de alguns docentes, etc.
Vários foram os limites enfrentados pelo corpo docente. Corroborando com esta ideia, podemos ressaltar:
A abordagem das questões étnico-raciais na Educação Básica depende muito da formação inicial de profissionais da educação. Eles ainda precisam avançar para além dos discursos, ou seja, se por um lado, as pesquisas acadêmicas em torno da questão racial e educação são necessárias, por outro lado precisam chegar à escola e sala de aula, alterando antes os espaços de formação docente. (BRASIL, 2006, p. 128).
A efetivação da Lei 10639/03 precisa acontecer não somente em sala de aula, mas na formação dos futuros docentes.
Precisam estar preparados para usar seus conhecimentos adquiridos na graduação com seus educandos, efetivando assim a construção de uma sociedade mais igualitária para todos. Isso resultou em uma série de mudanças para facilitar a vigência da lei 10.639/03. O Ministério da Educação (MEC) criou políticas e programas voltados para a valorização da diversidade sociocultural, como por exemplo, o Conselho Nacional de Educação (CNE), que por sua vez estabeleceu que o conselho de educação dos municípios, estados e distritos federais devem se responsabilizar e regulamentar, como também desenvolver as diretrizes previstas pela lei. Para que todos tenham uma participação ativa nas políticas públicas e no compromisso com a história do povo negro.
Segundo Freire (1999, pág. 97) “A educação é um ato de amor, por isso, um ato de coragem, não pode temer debate, a análise da realidade, não pode fugir à discussão criadora, sob pena de ser farsa”. Para despertar o interesse do aluno sobre esse assunto é necessária uma elaboração de materiais que os incentive a refletir sobre a vida e o mundo, que desenvolva sua capacidade crítica e avaliativa, e que mostre o valor das raízes africanas, além de sua cultura, religião e arte.
Como por exemplo, apresentar trabalhos que discutam a lei 10.639/03, amplamente em sala aula, pode incentivar progressivamente o rompimento dos estereótipos enraizados há décadas na sociedade brasileira sobre a história e cultura africana, músicas, danças, artes, resgatando a essência dessa cultura. Portanto, as crianças, os jovens e adultos devem ter acesso ao ensino da história e da cultura Africana e Afro-Brasileira regrado no respeito na diversidade, valorização das matrizes africanas e conteúdos relacionados a essa temática (CARDOSO; FEITOSA, 2015).
Desta forma, a escolha do tema veio como uma forma de reflexão sobre como posso e irei abordar este assunto de forma natural durante minha carreira, enquanto futura docente do curso de Licenciatura Plena em Geografia EAD-Unipampa, quais formas didáticas de incluir a cultura Afro na educação de maneira interdisciplinar e/ou transdisciplinar, pois não quero que a cultura e os lutas do povo afro, se resuma apenas a semana da “Consciência Negra”.
Nos subtítulos que seguem: 1-Da Emergência da criação da Lei 10.639/03 abordarei a relevância da criação dessa lei que irá mostrar a cultura africana e afro brasileira em sala de aula; 2- Estratégias do professor no cumprimento da lei em sala de aula, fala como a Lei 10.639/03 vem sendo efetivada em sala de aula e como os educandos recebem esse conteúdo importante para a sociedade, pois desmistificar estereótipos ao mostrar a diversidade étnica que o Brasil é formado; 3-Considerações Finais trazer uma conclusão geral do que foi trabalhado ao longo do artigo.
2. DA EMERGÊNCIA DA CRIAÇÃO DA LEI 10.639/2003
A aprovação da Lei 10.639/03 passou por longo período de lutas para que ocorresse o reconhecimento do povo negro, reparando as desigualdades que ocorrem entre as etnias brasileiras. Sendo reconhecida como um marco governamental e legal da promulgação no espaço escolar através de práticas pedagógicas contemplando a cultura Afro-Brasileira e a sua contribuição na formação étnica racial do Brasil.
A Lei 10.639/2003 modificou o currículo oficial, trazendo uma representação verdadeira de conteúdos para a sala de aula, o currículo é o guia no qual os conteúdos são apresentados de forma disciplinar onde a sociedade passa a adquirir de forma obrigatória e frequente através da educação Básica no Brasil.
A Lei 10.639/03 permite aos educandos reconhecer e valorizar identidades na construção da sociedade brasileira. Com a Lei há avanço ao democratizar o currículo para todos. Conforme Santos (2001, pág. 20) “É tarefa da escola fazer com que a história seja contada a mais vozes, para que o futuro seja escrito a mais mãos”.
A cultura Afro-Brasileira passa a ser valorizada com a Lei 10639/03, pois trouxe conhecimentos específicos sobre essa cultura na escola procurando garantir à população negra a valorização e o reconhecimento de sua cultura na comunidade escolar e o seu sucesso valorizando o patrimônio histórico cultural Afro-Brasileiro e Africano. Com a inserção da cultura negra no meio escolar há a aquisição das competências e dos conhecimentos que são indispensáveis aos estudos culturais sobre a história africana.
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular ( BNCC):
No Brasil, um país caracterizado pela autonomia dos entes federados, acentuada diversidade cultural e profundas desigualdades sociais, os sistemas e redes de ensino devem construir currículos, e as escolas precisam elaborar propostas pedagógicas que considerem as necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes, assim como suas identidades linguísticas, étnicas e culturais. […] a igualdade educacional sobre a qual as singularidades devem ser consideradas e atendidas. Essa igualdade deve valer também para as oportunidades de ingresso e permanência em uma escola de Educação Básica. […] Para isso, os sistemas e redes de ensino e as instituições escolares devem se planejar com um claro foco na equidade, que pressupõe reconhecer que as necessidades dos estudantes são diferentes (BNCC, 2018, p.15).
Vivemos em uma sociedade com grandes diferenças sociais, é na escola com as práticas pedagógicas que os discentes adquirem conhecimentos que são importantes para o seu futuro. Precisamos trazer para a sala de aula a realidade desse educando, assim poderemos transformar o seu futuro permitindo que possa ter acesso e direitos iguais na sociedade.
Professor e alunos devem estar integrados em conjunto para realizar e transmitir o conhecimento de forma eficaz e que crie possibilidades para a construção de saber com qualidade onde os alunos consigam aprender sem sofrimento e obrigação e busquem com as suas dúvidas e curiosidades satisfazer suas perguntas com respostas esclarecedoras e que com o professor proporcionem o diálogo aberto com toda a classe de forma interativa produzindo assim o conhecimento. Desta forma podemos destacar que a educação é uma forte agente transformadora de indivíduos dentro de uma sociedade.
A BNCC apresenta conteúdos que incluem diversos aspectos da memória que caracterizam a formação da população brasileira de maneira mais clara a fim de assegurar a equidade sobre a história étnica do nosso povo, resgatando as contribuições nas áreas social, econômica e política de cada um, significativo para a história do Brasil. A Lei 10.639/03 propõe novas diretrizes curriculares para o estudo da história e cultura afro-brasileira e africana. Educadores precisam evidenciar a cultura afro-brasileira na construção e formação do Brasil, onde negros são constituintes históricos, valorizando grandes nomes negros em nossa sociedade que com suas contribuições e legados nos deixaram heranças culturais, suas músicas, as comidas típicas, suas danças, e a religião africana e afro-brasileira.
Citando um exemplo trazemos o dia Nacional da Consciência Negra celebrada no dia 20 de novembro, é uma homenagem ao grande líder quilombola Zumbi dos Palmares, bravo guerreiro negro que lutou por seus ideais deixando um grande legado em nossa história. Esse dia marca a luta contra o preconceito racial no Brasil.
3. ESTRATÉGIAS DO PROFESSOR NO CUMPRIMENTO DA LEI EM SALA DE AULA
Devemos começar a construção de uma base humana livre de preconceitos, primeiro dentro da constituição familiar, pelos pais ou responsáveis e ser reforçada pelos docentes nas instituições de ensino. O educador precisa começar a trabalhar em sala de aula sobre culturas, exemplificando espontaneamente a diversidade local da sua região, adentrando para a história dos ancestrais, onde os educandos possam processar essas informações. Normatizando a fala sobre povos (indígenas, africanas, etc.) exaltando pontos positivos, as benfeitorias, estimulando a coordenação psicomotora através de danças, empatia, educação, dentre outras, dos pequenos os quais serão o futuro do país.
Há várias formas de demonstrar às crianças as diferentes culturas que existem em nosso país como a cultura africana e indígena, estimulando eles com apresentação de comidas como a feijoada, músicas como o samba, objetos como o pandeiro, etc., que foram introduzidas em nossa cultura através desses povos que são tão importantes em nosso país.
A BNCC fala:
Essas decisões precisam, igualmente, ser consideradas na organização de currículos e propostas adequados às diferentes modalidades de ensino (Educação Especial, Educação de Jovens e Adultos, Educação do Campo, Educação Escolar Indígena, Educação Escolar Quilombola, Educação a Distância), atendendo-se às orientações das Diretrizes Curriculares Nacionais. É imprescindível que os alunos identifiquem a presença e a sócia diversidade de culturas indígenas, afro-brasileiras, quilombolas, ciganas e dos demais povos e comunidades tradicionais para compreender suas características socioculturais e suas territorialidades (BNCC, 2018, p.366).
Dessa forma a BNCC propõe habilidades, construindo valores, pois o educando pode construir argumentos contundentes de acordo com seu ponto de vista, em relação à história sócio cultural do país, garantindo assim um bom ensino- aprendizagem sobre as temáticas em sala de aula.
O ensino da Filosofia e da cultura africana e afro-brasileira no Brasil é um tema que apresenta controvérsias e necessita de maior atenção, pois mesmo com a existência de legislação prevendo a obrigatoriedade do ensino da cultura africana nas escolas do Brasil, na prática não se tem uma observância adequada e plena do ensino da cultura africana e afro brasileira nas salas de aula brasileiras.
Conforme escreve Ana Paula Borges dos Reis Queiroz Santos (2016):
Durante décadas o ensino nas escolas brasileiras reforçou a visão eurocentrista. Ou seja, colocou a cultura europeia como a mais importante na formação da sociedade brasileira. Os conteúdos voltados ao continente africano eram muito sucintos, o que não deixava evidente a real influência que esta cultura possuía no Brasil.
No entanto, conforme afirma Graham Connah (2013, p. 262):
De fato, a história do passado africano é muito importante para ser relegada a uns poucos e merece ser conhecida e apreciada não só na África, mas em todo o mundo. Embora o papel da África na história mundial tenha sido usualmente negligenciado
[…] devemos nossa própria existência ao continente africano.
Na tentativa de solucionar essa situação foi promulgada no dia 09 de janeiro do ano de 2003, a Lei nº 10.639/03, a qual tornou obrigatória a inclusão no currículo escolar brasileiro o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil, ou seja, iniciou se, desde então, a realização de um estudo mais aprofundado acerca da cultura africana e afro-brasileira nas salas de aula do Brasil. Entretanto, outro desafio surge a partir de então, qual seja, a prática efetiva em sala de aula dos temas tornados obrigatórios, pois, seja pela falta de conhecimento e conteúdo ou até mesmo pela cultura racista que submerge o tema, a tarefa de ensinar os mencionados temas não é das mais fáceis, porém é necessária, conforme mencionado na newsletter da Fundação Telefônica Vivo (2021): “A inclusão de pautas afirmativas no currículo escolar e a ampliação do debate proporcionam aos alunos reconhecimento de sua identidade, autoaceitação e resgate cultural da sua ancestralidade”.
Importante, destarte, saber desenvolver os temas da Filosofia e da cultura africana e afro-brasileira nas salas de aula de forma que o aprendizado seja leve e, ao mesmo tempo profundo, destacando a importância que a cultura africana e afro-brasileira exerceu e ainda exerce sobre os campos do saber. A equipe do CENPEC Educação (2019) listou cinco dicas para a escola trabalhar na Lei 10.639/03, quais sejam: 1. Contação de histórias, por meio da qual utilizando os contos e as lendas poderiam despertar debates frutíferos sobre as questões raciais; 2. Oficinas artísticas, através do incentivo do exercício de culturas como a capoeira, por exemplo, a qual auxiliaria no desenvolvimento do aluno, instigar a curiosidade sobre danças e músicas africanas; 3. Brincadeiras, o que conduz as crianças a assimilar conceitos e conteúdo, introduzindo o tema da pluralidade e da diferença cultural desde cedo; 4. Filmes, por meio dos quais os alunos serão inseridos, utilizando-se a linguagem audiovisual, em universos e representatividades plurais, envolvendo diversos temas e conhecimentos e provocando a empatia dos alunos; 5. Dinâmicas de participação, nas quais, além de apresentar aos alunos o lado positivo da herança afro-brasileira e da cultura africana, temas como racismo também foram introduzidos no ambiente escolar através de interações em sala de aula.
No tocante à contribuição da cultura africana quando de pensa em Filosofia, pode-se mencionar o filósofo Tales de Mileto e a influência que ele teve da cultura africana, conforme se observa na newsletter da Fundação Telefônica Vivo (2021):
O que pouco se comenta é que Tales de Mileto, considerado o primeiro filósofo da tradição ocidental, estudou no Egito. E a partir dos conhecimentos adquiridos, desenvolveu parte dos seus pensamentos, reforçando a contribuição africana para o desenvolvimento da Humanidade.
Evidencia-se, portanto, que o ensino da cultura africana e afro-brasileira prática em sala é algo relativamente novo e que ainda está em desenvolvimento, tornando-se um tema desafiador, haja vista que ao longo dos séculos da alfabetização brasileira, a cultura africana e afro-brasileira foi deixada em segundo plano e, muitas vezes, até mesmo excluída, pelos mais vis e variados motivos. Com a prescrição legal da Lei 10.639/03 que tornou obrigatório o ensino da cultura africana e afro-brasileira prática em sala, foi dado um passo importantíssimo para reparar essa injustiça histórica com a cultura africana e afro-brasileira, todavia, o caminho a ser percorrido ainda é extenso e apresentará vários outros obstáculos a serem superados.
Na escola a qual estive junto aos professores de Geografia pude observar que eles estão trabalhando a Lei 10.639/03, realizando um trabalho conjunto das disciplinas de Geografia, Artes e História, abrindo possibilidade para integrar Ciências neste ofício. Os educadores realizam o planejamento de acordo com a BNCC contemplando a Lei vigente, nessa efetivação da cultura Afro-brasileira e Africana é utilizado a transdisciplinaridade das disciplinas que efetivam o tema em sala de aula facilitando o ensino aprendizagem dos educandos.
Ao acompanhar os educadores observei que utilizam a culinária como a feijoada, o bolo de milho, etc, para trazer aos educandos a diversidade étnica do Brasil para a sala de aula, também há confecção de bonecas de pano negras evidenciando a diversidade de nosso país, assim podemos observar que a cultura afro-brasileira pode ser efetivada de várias formas em sala de aula.
A efetivação dos temas é feita de uma forma muito diversificada, os estudantes se divertem e conseguem compreender a história, através de aulas interativas com outras disciplinas. De acordo com Bernd (2003) “é necessário afastar-se dos fanáticos indenitários para não criarmos uma apologia ao etnocentrismo. A busca por uma identidade nacional está mais intimamente ligada ao processo de identificação”. Vivemos em uma sociedade de múltiplos costumes, culturas e tradições, e com o ensino aprendizagem os estudantes precisam compreender como a história evoluiu produzindo essa grande diversidade cultural no Brasil. Ou seja, não podemos continuar presos aos estereótipos, que desvalorizam a etnia negra, mantendo-os hierarquicamente inferiores aos demais. Volto a salientar, que a esperança ainda é educação, educação com conhecimento, com igualdade de direitos e deveres, direito de ir e vir, de ser, para seres pensantes, uma educação libertadora. De acordo com FREIRE (1992) “Olhar para o passado deve ser apenas um meio de entender mais claramente, o que e quem eles são, para que possam construir mais sabiamente o futuro”, isso significa, é necessário um trabalho humanitário de ensino não apenas científico, tão necessário quanto, mas sobre valores, sentimentos, humanismo. Não podemos permitir a normatização da exclusão de algumas pessoas pela sociedade pela sua cor ou classe.
Percebe-se assim, uma necessidade das instituições de ensino ressignificar seus métodos de ensino, suas didáticas, seus projetos, para que através do conhecimento igualitário, formando cidadãos, empáticos, educação para todas as pessoas que desejam aprender, como disse Lilian Thuram (2021) em entrevista a Mad for minds: “Ninguém nasce racista, tornamo-nos racistas”, o fato é, estamos dispostos a dizer não ao qualquer tipo de julgamento? Ou fazer parte do “rebanho” é mais importante?
Apesar de toda a inovação da tecnologia, o professor ainda é o centro da disseminação da educação de qualidade, um orientador, um mestre na arte de ensinar. Os obstáculos são enormes e o caminho é longo, mas a educação é a esperança de pessoas mais sábias, justas, empáticas em todas as relações, independente de classe ou etnia.
A cultura de uma forma geral não pode ser tratada apenas como temas transversais, seja africana, indígena, imigrante, etc. O Brasil é um país diverso e precisa ser educado como um todo, exaltando toda sua pluralidade.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A lei 10.639/03 tornou obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira nas instituições da educação básica no Brasil, para que seja conhecida a cultura negra em nossa sociedade abrangendo conhecimentos com práticas pedagógicas que envolvam os educandos de forma interdisciplinar.
Na escola com práticas pedagógicas, é efetivada a Lei 10.639/03 trazendo a contribuição dos descendentes africanos que aqui chegaram escravizados e grande cultura, costumes e tradições deixaram o nosso país.
De acordo com o que foi aqui exposto podemos observar que a Lei 10.639/03 está sendo efetivada em sala de aula de forma diversificada trazendo a variedade de significados que a cultura afro-brasileira apresenta ao nosso Brasil.
Educadores conseguem efetivar esse conteúdo revelando a diversidade étnica de povos que contribuíram na formação e construção brasileira.
Podemos observar que os professores utilizam a diversidade para que possam transmitir o conteúdo através da Lei 10639/03 aos estudantes e que assim promovem conhecimentos eficazes de valorização igualitários entre etnias diversas.
Com a educação podemos transformar o mundo transpondo barreiras e através da diversidade em sala de aula promovendo a Lei 10639/03 com variadas disciplinas efetuamos a igualdade étnica de um povo.
Na sociedade contemporânea é relevante quebrar paradigmas de preconceitos raciais étnicos que ainda existem na sociedade. A partir desta discussão, se torna possível ao menos refletir através de práticas pedagógicas alicerçando vínculos de forma interdisciplinar e elencar a igualdade de direitos entre as etnias que formam o Brasil e no ambiente escolar poder efetivar a cultura Afro-Brasileira com os educandos.
4Processo em que pessoas são forçadas ao trabalho sem remuneração, em condições desumanas, sofrendo tortura e privação da liberdade e de seus direitos perante a sociedade. No Brasil os descendentes africanos foram escravizados por mais de 300 anos.
5. REFERÊNCIAS
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