A COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA E EFETIVA NO ENSINO MÉDIO MEDIADA PELO USO DE MEMES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202510151235


Ana Paula Guarnieri; Erica Groth; Lara Francisca Ferreira Val; Letícia Maria Rosa; Luciene Christiane de Oliveira Almeida; Maria Carolina Souza de Jesus; Roberta Maciel Fernandes Alencar; Tamires Cristina Stucchi Ferreira


RESUMO

O projeto busca orientar os alunos do ensino técnico (ETEC) a desenvolver a linguagem científica, elemento necessário para toda a trajetória pessoal e profissional dos indivíduos. A linguagem é um instrumento fundamental para comunicação no meio acadêmico e científico, sendo caracterizado pela precisão, clareza e objetividade. Para alcançar tal objetivo, aplicamos uma atividade com os alunos do ensino técnico do terceiro ano do ensino médio integrado, localizada em São Carlos (SP). A aula consiste em apresentar um slide com denominados memes e frases na linguagem informal, onde os alunos sejam capazes de correlacionar qual a frase correspondente na forma acadêmica, em sequência escolham um ditado popular do slide e transcrevem na norma culta, a seguir uma frase na forma acadêmica e transcrevem na forma informal. Os resultados obtidos com aplicação do plano de aula foram positivos, os alunos ficaram bem interessados e não apresentaram dificuldade em realizar a atividade.

PALAVRAS-CHAVE: Diferentes Linguagens, Contexto, Comunicação, Clareza, Cotidiano.

1 INTRODUÇÃO

De início cumpre esclarecer que o termo meme originou-se no ano de 1976 do trabalho do respeitável biólogo Richard Dawkins em sua obra denominada “O gene egoísta”. O referido autor procurava um meio para intitular analogicamente ao gene a unidade de informação cultural que se trata basicamente de informação genética.

A partir dessa busca por analogia do termo indicado acima, Dawkins referiu-se ao termo meme sob o contexto de facilidade de divulgação no plano das ideias, cultura e do cotidiano dos indivíduos, sofrendo mutações ao longo do processo.

Assim, pode-se concluir que o termo meme passou a ser um meio facilitador da propagação de uma ideia complexa, tornando o assunto simples para melhor compreensão dos indivíduos.

No entanto, na época da sua criação pelo eminente biólogo as redes sociais ainda caminhavam a passos lentos, de modo que, o termo ficou adormecido, sendo elencado a partir do século XXI como principal meio de divulgação de informação virtual.

Isso porque, atualmente com a ascensão das tecnologias digitais passamos a viver a era das informações em massa, facilitadas pelo grande número de plataformas digitais criadas com o intuito de propiciar as relações virtuais entre os indivíduos. Assim, a era da informação alterou significativamente a forma de ensino, de modo que, as redes sociais tornaram-se um forte meio de pesquisa e estudo pelos alunos.

Diante disso, o advento da propagação de informações em massa pelo crescimento exponencial das redes sociais trouxe a necessidade de flexibilização do uso da linguagem formal, evidenciando com o passar do tempo a aplicação pelas novas gerações cada vez com maior frequência a linguagem informal com amplo uso de aspectos visuais e de linguagem apelativa como mais um meio de comunicação e interação social.

Dessa forma, a utilização de memes no contexto educacional tornou-se uma necessidade a ser enfrentada pelos profissionais da área, a fim de adequar o ensino a realidade da geração que tem a internet e as redes sociais inclusive como meio de pesquisa e estudo diário.

Trata-se, portanto, de um meio de linguagem informal a ser um facilitador e mais um instrumento para se alcançar a atenção dos alunos, almejando assim difundir os temas fundamentais do ensino de forma clara e simples, já que os memes possuem um forte teor comunicativo através do gênero textual discursivo, que mescla aspectos de comunicação visual através de imagens que se ligam ao assunto proposto pela materialidade linguística.

Portanto o tema escolhido para o presente trabalho, tem como enfoque o uso de memes para aproximar os estudantes do terceiro ano do ensino médio com a linguagem científica e ajudar a superação das dificuldades de comunicação dos mesmos com a interpretação textual e capacidade de leitura e síntese de artigos e livros.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 OBJETIVOS

Temos como objetivo do presente trabalho contribuir com o desenvolvimento das habilidades de escrita e interpretação de texto de alunos do terceiro ano do ensino médio da escola na qual iremos realizar este projeto integrador. Por se tratar de alunos de uma escola de ensino médio integrado ao ensino técnico, é necessário que esses alunos sejam capazes de compreender que existem diferentes tipos de textos para diferentes finalidades.

Para alcançar este objetivo apresentaremos alguns exemplos de memes, que serão expostos nos próximos capítulos deste relatório, que resumidamente consistem em transformar frases escritas em uma linguagem coloquial para frases com linguagem científica e/ou que se utilizem da norma culta. Em seguida, solicitaremos que os alunos desenvolvam textos utilizando o mesmo raciocínio.

Ao fim do presente projeto esperamos que os educandos sejam capazes de perceber que a linguagem escrita apresenta diferentes nuances quando alterada sua finalidade, ou seja, ela será diferente quando utilizada para redigir um artigo científico, uma resenha, uma redação, um relatório técnico e, também, um trabalho de conclusão de curso – obrigatório a todos os alunos da instituição onde estamos aplicando este projeto.

2.2 JUSTIFICATIVA E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA

Este projeto se desenvolve abordando um dos maiores problemas encontrados no ensino da atualidade, comunicação ineficiente com foco no Ensino Médio.

Muitos alunos desse período acham o currículo de ensino tradicional desconectado de sua realidade e interesses, o que pode os tornar desmotivados. Diferenças culturais, sociais e linguísticas também fazem parte dos problemas encontrados e dificultam a comunicação efetiva entre alunos e professores.

Pensando nisso e sabendo da presença constante de estímulos digitais, manter a concentração em atividades tradicionais de aprendizagem pode ser um desafio, por isso usaremos “memes” como um recurso familiar e atraente para os alunos, pois os memes já são uma parte integral da cultura digital em que esses jovens se encontram.

Acreditamos que ao usarmos algo da cultura desses jovens, os memes, iremos capturar sua atenção de forma eficiente, rápida e divertida. Promovendo a facilidade da compreensão, simplificando conceitos, estimulando a criatividade, incentivando-os a pensar sobre o conteúdo e a forma como ele pode ser interpretado/expressado.

2.3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A sociedade contemporânea é caracterizada pela rapidez, dinamicidade e necessidade de socialização (Calixto, 2018). As redes sociais criaram novos tempos e espaços, bem como possibilitaram o compartilhamento de fatos da vida cotidiana com milhares de pessoas ao mesmo tempo, em diversas localidades. Atualmente, no Brasil, 79% dos jovens interagem através de plataformas digitais, tais como o Twitter, Instagram, entre outros (CGI, 2016).

A internet é permeada pelos intitulados memes, termo cunhado por Richard Dawkins em sua obra O Gene Egoísta, de 1976. Segundo o autor, os memes são responsáveis, através de imitação e reprodução, pela difusão cultural. Esta teoria considera o indivíduo como passivo e mero copiador. Em nosso trabalho, entretanto, adotaremos a perspectiva mais ampla de meme, compreendido como gênero discursivo que promove a criação de narrativas e a reflexão acerca do cotidiano, caracterizado, portanto, pelo protagonismo (Calixto, 2018). Por esse viés, entendemos que os memes proporcionam trocas simbólicas e, ao serem utilizados, nos permitem entrar no território de comunicação e compartilhamento dos jovens brasileiros.

A educação escolar é responsável por organizar os conhecimentos social e historicamente construídos e acumulados, bem como permitir aos educandos que se apropriem deles (Saviani, 2009). O saber sistematizado permite que indivíduos estruturalmente marginalizados façam a reflexão crítica acerca da realidade e se insiram nas esferas de poder. Dessa forma, adota-se a função social de letramento (Soares, 1998) para promover a ação cidadã.

Analisando as proposições elencadas até agora, é possível concluir que a linguagem imediata e informal das redes sociais não é suficiente para o contexto escolar, que exige a mobilização de conhecimentos científicos. No entanto, se objetivamos desenvolver as habilidades comunicativas formais, o uso dos memes pode representar uma adequação metodológica, visto que insere o educador no contexto dos jovens. Através da mediação do docente, é possível promover o protagonismo dos estudantes e auxiliar na produção de enunciados acadêmicos.

2.4 APLICAÇÃO DAS DISCIPLINAS ESTUDADAS NO PROJETO INTEGRADOR

Através do Projeto Integrador temos a oportunidade de identificar vários assuntos abordados em disciplinas em todo o decorrer da nossa trajetória acadêmica na Univesp até o momento, o que torna o curso mais instigante e preparatório para a profissão e ainda podemos contribuir para o meio acadêmico. Isto nos motiva, pois sabemos que mesmo o curso sendo totalmente EAD não deixa a desejar em comparação aos cursos presenciais de licenciatura, não nos priva da aplicação e vivência social necessárias para o aprendizado. Assim, conseguimos elencar algumas disciplinas que nos inspiraram e despertaram para identificarmos um tema e solução para a necessidade da comunidade escolhida.

Quando começamos a disciplina do curso de Pedagogia Alfabetização e Letramento I, no 1º bimestre de 2024, tínhamos muitas expectativas a respeito de técnicas sobre e como alfabetizar e que iríamos aprender um método excelente para este fim, porém o que vivemos foi uma desconstrução a respeito da mentalidade sobre “métodos de alfabetização”, então foi descortinado um novo sentido para a expressão “palavra mundo” que Paulo Freire criou e que a mentalidade que pensávamos estar correta estava somente reforçando uma ideia de escola que “ensina o mundo longe do mundo” (Colello, 2003, p.1), ideia que não cabe mais para nossos dias se desejamos uma sociedade que se posicione. E desta forma seguimos desconstruindo velhos paradigmas para contribuirmos com um sistema escolar que tenha equidade, com a disciplina Alfabetização e Letramento II.

Na disciplina Fundamentos da Educação Infantil I, também do curso de pedagogia, conseguimos perceber como a estrutura do ensino no Brasil se estabeleceu e se construiu, justificando nossos insucessos na educação, pois de forma assistencialista e migrando disto para suprir uma necessidade do mercado profissional, que era formar mão de obra a infância foi tragada pela industrialização, o que não produziu um povo capaz de escolher por si seu destino, como resume bem a figura que segue (Freire, et.al. 1987).

Figura 1: A escola reproduz as desigualdades sociais.

Fonte: livro Cuidado, escola!, página 36, de Paulo Freire e equipe Idac..

Alunos sendo simplesmente colocados nas escolas, precisando decorar o conteúdo para se tornarem adequados para a sociedade, o que infelizmente ainda persiste com a resistência a mudanças que se encontra nos sujeitos responsáveis por educar.

Vimos uma esperança de mudar quando chegou o movimento escolanovista ao Brasil trazendo consigo novas perspectivas sobre o ensinar a aprender, através de estudiosos como Froebel, Decroly, Montessori e Freinet, contudo este processo foi interrompido pela ditadura impedindo teorias mais atuais, como Piaget e Vygotysky, marcando um período de grande retrocesso até a Constituição de 1988. A partir disso o processo educacional precisou passar por várias mudanças de conceitos, de como e quando e qual a posição do educador na educação infantil, o que o difere dos demais.

Por fim, pensando no objetivo deste projeto, adicionamos aqui a disciplina do curso de Letras “Laboratório de Produção Textual”, que dentre os temas abordados, trouxe também uma aula repleta de reflexões sobre a escrita acadêmica, como vemos em Bosco Medeiros, João, Tomasi, Carolina, Atlas, 2021, p.17:

“Primeiramente, verificamos que o maior número de cursos de pós-graduação, de mestrado e doutorado, levou nos últimos tempos à ampliação da produção acadêmica e científica. Os concursos, por sua vez, têm valorizado mais e mais os currículos Lattes recheados de produção de artigos científicos.

Motivações as mais diversas impulsionam a pesquisadora e o pesquisador a realizarem investigações rigorosas e a publicarem o resultado de seu trabalho. Para se comunicarem com a comunidade acadêmica, apresentam textos que seguem convenções e normas de produção científica, ajustam-se às orientações dos periódicos, utilizam registros verbais adequados, ocupam-se de argumentação consistente. Daí a preocupação com informações sobre como pesquisar, como redigir textos apropriados à publicação, como escolher um periódico adequado ao que se escreveu, como alcançar a divulgação da produção científica.” (Bosco Medeiros, João, Tomasi, Carolina, Atlas, 2021, p.17).

Considerando que estamos aplicando uma aula a estudantes do terceiro ano do ensino médio-técnico que precisam redigir um trabalho de conclusão de curso ao final deste ano letivo, agregando também as preocupações expostas pelas professoras da escola juntamente com a nossa própria experiência de redigir relatórios durante a graduação, sentimos que nosso projeto pode verdadeiramente auxiliar na conscientização da importância da produção textual condizente com o contexto.

Não podemos afirmar os caminhos que a vida destes alunos irá tomar, mas nos apegamos à preocupação de conscientizá-los sobre a importância da adequação da linguagem, tanto escrita quanto oral, às diferentes situações em que poderão se encontrar tanto na vida profissional quanto acadêmica.

2.5 METODOLOGIA

O presente trabalho foi realizado em uma Escola Técnica Estadual (ETEC), situada na cidade de São Carlos, no interior do estado de São Paulo. Para ingressar nessa entidade, os alunos passam por um vestibular classificatório ao invés de eliminatório, e vão sendo convocados até que todas as vagas oferecidas sejam preenchidas. A escola oferece cursos técnicos e ensino médio integrado ao técnico.

Na primeira visita, o grupo conversou com a diretora e a coordenadora pedagógica da unidade, que nos contaram que já haviam recebido outros alunos da Univesp para a realização de Projetos Integradores e, por essa razão, já estavam predispostas a aceitar nosso projeto. Nos pediram então que voltássemos no dia seguinte para conversar com as professoras a fim de ouvir as demandas apresentadas pelos alunos e que pudessem ser exploradas pelo nosso projeto.

Conversamos com três professoras diferentes, sendo duas delas responsáveis pelo curso técnico e uma outra responsável pelo médio-técnico. Quando apresentamos a proposta do projeto, houve unanimidade em dizer que a maior dificuldade dos alunos, principalmente do terceiro ano do ensino médio-técnico, é na adequação da parte comunicativa, tanto em interpretação como em produção textual. Uma das professoras reforçou que a necessidade de saber escrever os acompanha durante todo o curso, mas principalmente na elaboração do trabalho de conclusão do curso, que é um trabalho obrigatório a todos os alunos.

As professoras também nos disseram que os ingressantes no ensino médio-técnico chegam na escola muito habituados à rotina do ensino fundamental e, por isso, se sentem um pouco assustados e sobrecarregados tanto com a quantidade maior de disciplinas para estudar, como também com as disciplinas da parte técnica. Uma das demandas que mais se apresenta aos alunos nessa nova etapa é a necessidade de escrever fichas técnicas, mapas mentais e resenhas, – atividades necessárias em praticamente todas as disciplinas da grade curricular além de desenvolver e apresentar seminários. E diante dessas novas competências a serem desenvolvidas, as professoras observam que a maior dificuldade dos alunos é saber escrever e adequar a escrita a cada uma das diferentes atividades.

Na tentativa de unir os pontos levantados pelas professoras e encontrar uma atividade prática que pudesse envolver de forma lúdica os alunos, consideramos que era necessário encontrar uma linguagem que fizesse sentido para a faixa etária do terceiro ano do ensino médio para auxiliar os alunos a compreenderem as diferentes formas de se escrever um texto e que os levasse à compreensão da adequação da linguagem à modalidade de escrita desejada, chegando então à conclusão de que poderíamos trabalhar com memes da internet.

Um estudo linguístico envolve a interpretação e a adequação de um texto ao contexto, considerando não somente o significado das palavras, também devemos levar em conta as imagens, os gestos, entonação, entre outras. Além disso, temos que considerar que algumas palavras têm a capacidade de ter mais de um significado ou interpretação.

Essa aula foi pensada e aplicada para destacar a importância de interpretar e adequar a linguagem ao contexto em que ela é utilizada.

Os alunos da escola ETEC foram convidados a examinar as imagens de Memes , além de ditados populares. Logo após ocorreu o debate proposto pelo plano de aula, a integrante do nosso grupo Roberta Maciel atuou como mediadora incentivando a reflexão dos alunos.

3 RESULTADOS: SOLUÇÃO FINAL

Tomando como ponto de partida o tema norteador da Univesp – Perspectivas sobre dificuldades de aprendizagem versus inadequação metodológica, vemos pela leitura do Currículo Paulista – Etapa do Ensino médio, todo um movimento do estado por suprir as demandas sociais, econômicas, regionais, culturais e históricas dos 645 municípios que compõem o Estado de São Paulo e que a escola e os professores precisam se organizar para executar todo o direcionamento que este documento provoca. (Currículo Paulista, 2020, p.9)

Na primeira visita à escola, a direção e o corpo docente demonstraram grande preocupação com o futuro dos jovens. Segundo a comunidade escolar, os estudantes aprendem, mas não conseguem explicar o que aprenderam e têm grande dificuldade de expor suas ideias de maneira adequada. Por este motivo, escolhemos trabalhar o uso da linguagem científica, dotada de caráter mais formal, mas aproximando-a da realidade dos educandos a partir do uso de memes.

Durante debates no grupo de whatsapp uma colega sugeriu a mudança de tema, no entanto, decidimos em conjunto continuar nos debruçando sobre esta temática por sabermos da importância do conhecimento científico. Acessar o conhecimento histórico e socialmente acumulado é, também, adentrar as esferas de poder e tornar-se um agente social. No entanto, para que este conhecimento seja acessível às jovens mentes, é necessário inseri-lo em seu universo simbólico: o virtual.

Desta forma, o plano de aula foi elaborado visando trazer exemplos de memes que usam a linguagem informal do dia-a-dia e, logo em seguida, apresentam a forma culta de dizer o que se pretende. O objetivo era também colocar em pauta o debate do uso adequado da oralidade ou da escrita de acordo com o ambiente.

A aula foi ministrada no dia 09 de Maio de 2024 no período da manhã, para uma turma do 3º ano do Ensino Médio integrado ao Técnico de Administração. No primeiro momento, a docente que ministrou a atividade mostrou três exemplos de frases coloquiais e solicitou aos educandos que as relacionassem com suas formas acadêmicas. Os estudantes se mostraram bastante interessados.

Em seguida, foram apresentados dez exemplos de ditados populares, dentre os quais os educandos poderiam escolher para transcrever utilizando a linguagem científica. Todos os integrantes da turma se empenharam bastante nesta tarefa, e até mesmo aqueles rotulados como “mais bagunceiros” pelos professores envolveram-se na dinâmica.

A conclusão da aula consistiu em solicitar aos estudantes que realizassem o caminho contrário: escolher uma frase escrita de maneira formal e passar para a linguagem cotidiana, enfatizando a importância de adequar seu discurso e sua escrita ao contexto.

A aula foi tão proveitosa que a equipe pedagógica solicitou à responsável pela aplicação da atividade que realizasse a aula novamente, desta vez em outra sala de 3º ano, mas da turma de exatas. O êxito da atividade se repetiu nesta classe, onde os estudantes participaram com entusiasmo.

A produção dos estudantes foi muito rica e a experiência muito proveitosa. Aproximar o conteúdo de sua realidade, utilizando memes e ditados conhecidos, favoreceu a aprendizagem, conforme observa-se os exemplos abaixo.

Figura 2: Reescrita do ditado popular “Pimenta nos olhos dos outros é refresco”.

Figura 3: Reescrita do ditado popular “A pressa é inimiga da perfeição” e da citação de Isaac Newton.

Figura 4: Reescrita do ditado popular “O barato sai caro”.

Figura 5: Reescrita do ditado popular “A pressa é inimiga da perfeição”.

Figura 6: Reescrita do ditado popular “Antes só do que mal acompanhado”.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este projeto buscou explorar a intersecção entre o entretenimento, o ensino e a comunicação, utilizando memes como ferramenta para essa conexão. Ao longo do trabalho, pudemos observar que a utilização de memes no contexto educacional não apenas desperta o interesse dos alunos, mas também os incentiva a participar mais ativamente na aula. A familiaridade dos adolescentes com essa forma de comunicação digital mostrou-se uma ponte valiosa para a compreensão e o debate dos conceitos apresentados nos memes e ditados populares.

A avaliação dos resultados demonstrou que os alunos não apenas se envolveram mais ativamente nas atividades, mas também desenvolveram uma compreensão mais profunda dos conceitos apresentados em cada meme. Além disso, a criatividade envolvida ao trabalhar com memes e ditados populares permitiu que os estudantes explorassem diferentes perspectivas e aplicassem o conhecimento de maneira original e divertida. Pudemos trabalhar características importantes com os estudantes como o pensamento crítico ao serem desafiados a analisar criticamente os memes, discernindo entre humor e conteúdo educativo.

O projeto reforçou a ideia de que métodos de ensino inovadores, como o uso de memes, podem ser extremamente eficazes na educação de adolescentes. Ao final deste estudo, fica evidente que os memes têm potencial de transformar a sala de aula, tornando o aprendizado uma experiência dinâmica, interativa e, acima de tudo, divertida.

Esperamos que as descobertas e experiências compartilhadas neste projeto possam servir de inspiração para outros educadores que buscam renovar suas práticas pedagógicas e conectar-se com seus alunos de maneira significativa.

REFERÊNCIAS

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CALIXTO, Douglas. Memes na internet: a “zoeira” e os novos processos constituidores de sentido entre estudantes. Revista Tecnologias na Educação, Artigo 1, v. 15, Junho 2018. Disponível   em: https://tecedu.pro.br/wp-content/uploads/2018/07/Art1-vol.25-Junho-2018.pdf>. Acesso em: 1 abr. 2024.

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SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia. Edição Comemorativa. Campinas: Autores Associados, 2008.

SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.