OS DESAFIOS PRESENTES NO COTIDIANO DE ESTUDANTES DO TERCEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO DEVIDO: A PRESSÃO DE UMA PERSPECTIVA FUTURA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8099715


Beatriz Queiroz Ferreira1
Bianca de Pinho Rocha2
Eduarda Almeida Barreto3
Joiza Maria de Oliveira Santana4


Resumo 

Esse projeto de intervenção teve como objetivo identificar os aspectos que geram pressão em estudantes do terceiro ano do ensino médio da instituição João Bento da Costa em relação ao seu futuro, onde o estudo é do tipo quantitativa com múltiplas opções objetivas para marcar a respeito de suas experiências e pressão no âmbito escolar através do questionário, sendo investigado em adolescentes de 17 à 19 anos em escola pública onde foi constatado que cerca de 70% se sente pressionado sobre seu futuro, 10% não se sente pressionado e 20% sentem pouco pressionado. Vale salientar que foi produzido por meio da aplicação de questionários e, com isso, foi realizado a construção da cartilha de orientação de estudantes que se encontram no último ano do ensino médio onde o objetivo foi de orientar os alunos sobre temas diversos relacionados a saúde mental dentro do contexto escolar e as suas adversidades. As causas relacionadas a tal desconforto nesse período são diversas, como ingressar no ensino superior, adentrar no mercado de trabalho, ter uma perspectiva de vida sobre o futuro e entre outros fatores. Além disso, verifica-se a necessidade de acompanhamento psicológico dos estudantes a fim de evitar a instalação de comorbidades estressoras que afetem o desempenho escolar e também ter um direcionamento sobre os programas educacionais de ensino superior, como ProUni, Fies e Sisu. 

Palavras-chave: Educação; Pressão Escolar; Psicologia Escolar; Saúde.

Abstract

This intervention project aimed to identify the aspects that generate pressure in students of the third year of high school at the João Bento da Costa institution in relation to their future, where the study is of the quantitative type with multiple objective options to mark about their experiences and pressure in the school environment through the experimental, being investigated in adolescents aged 17 to 19 years in a public school where it was found that about 70% felt sense about their future, 10% did not feel felt and 20% felt little sense. It is noteworthy that it was produced through the application of guidelines and, with that, the construction of the guidance booklet for students who are in the last year of high school was carried out, where the objective was to guide students on various topics related to mental health within the school context and its adversities. The causes related to such discomfort in this period are diverse, such as entering higher education, entering the job market, having a life perspective on the future and among other factors. In addition, verify the need for psychological follow-up of students in order to avoid the installation of stressful comorbidities that affect school performance and also to have guidance on higher education educational programs, such as ProUni, Fies and Sisu.

Keyword: Education; School Pressure; School Psychology; Health

1. INTRODUÇÃO 

O presente trabalho é fruto da disciplina Projeto Integrador: Intervenções na Educação que identificou as principais queixas apresentadas pelo público alvo sendo uma turma de alunos do ensino médio da escola João Bento da Costa, na qual foi verificada as principais demandas a fim de intervenções por meio de questionário, uma roda de conversa e apresentação da cartilha digital.

Os indivíduos que se encontravam no último ano do ensino médio, estavam saindo da adolescência e adentrando na vida adulta, onde surgem novas responsabilidades ou o acréscimo de perspectivas futuras com estes jovens. Ademais, é válido destacar que cada sujeito possui uma certa singularidade e experiência única de vida dentro da sociedade, ou seja, dizer que todos os adolescentes enfrentavam dificuldades e aprendiam a ter responsabilidades, principalmente financeiras, apenas quando chegam na vida adulta é um equívoco, visto que muitos vivenciavam em meio às adversidades bem cedo. 

“A vivência da adolescência envolve o sujeito em descobertas, anseios, escolhas e desafios, e têm como consequência marcante sua reestruturação psíquica, bem como a mudança de seu papel na sociedade” (Erikson, 1987; Cole e Cole, 2003; Santrock, 2003) o período entre a infância e a adultez caracterizado como adolescência por si só já é rodeado de mudanças sejam elas físicas ou psicológicas, diante disso, foi abordado sobre a pressão psicológica existente na vida destes adolescentes sobre uma perspectiva de futuro, baseada normalmente em crenças e expectativas de outras pessoas.

Na década de 1980, surgiu no país um movimento de repensar, surgindo também em conjunto o repensar da educação e da escola e, nesse movimento, os dois saberes, a Educação e a Psicologia, tornam-se interdependentes passando a compartilhar entre si uma reflexão e planejamento de ações voltadas para o contexto escolar, desmistificando a realidade social e cultural dos atores no processo educacional (MAROLDI, 2012). Surge então o que hoje conhecemos como Psicologia Escolar que tem como objetivos mediar os processos de desenvolvimento humano e de aprendizagem, onde sucedeu para a sua promoção, além de propor um olhar para o processo de escolarização e para o contexto sócio-político-cultural em que estavam inseridos os processos educativos. (OLIVEIRA; MARINHO-ARAÚJO, 2009).

A psicologia escolar veio, portanto, para trazer este olhar da psicologia para a educação, no que se refere aos adolescentes cuidando de todos os fatores relacionados à manutenção de sua saúde mental. Na atualidade, um dos principais problemas enfrentados pelos adolescentes é a pressão escolar sofrida pelos estudantes. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 10% de toda a população brasileira se sente ansiosa. (Organização Mundial da Saúde)

O estudo decorreu através de pesquisas em uma escola pública da cidade de Porto Velho, onde foi analisado o contexto em que estes estudantes estavam inseridos para além da sala de aula, afinal, o aluno não é tão somente um estudante, mas também, um filho, um irmão, um amigo, e vários fatores para além da sala de aula que influenciou na vida acadêmica e na pressão por uma escolha de futuro desses adolescentes. 

2. METODOLOGIA 

O trabalho foi realizado na escola Prof. João Bento da Costa, localizada na Rua das Camélias, 5301 – bairro Eldorado, Porto Velho, com duas turmas do terceiro. 

Em primeiro lugar, o grupo realizou através do projeto alcance do público de alunos do terceiro ano do ensino médio com a aplicação de um questionário, onde foi identificado as principais demandas existentes sobre a pressão no cotidiano em relação ao futuro. 

A partir dos conteúdos levantados através do questionário, foi produzida uma cartilha digital com informações sobre como cuidar da saúde mental no contexto escolar e as principais demandas apresentadas a partir dos resultados dos questionários. 

E por fim foi realizada uma roda de conversa com duração de até 1 (uma) hora com a devolutiva das informações coletadas proporcionando ao aluno um local de fala sobre o que sentiu, suas experiências escolares e como se sentiram depois da escuta. Além da entrega da cartilha digital finalizada que serve como recurso didático de ajuda e acolhimento.

3. EM PRÁTICAS 

Em primeiro plano, a discente Eduarda Barreto compareceu na escola João Bento da Costa no dia 20 de outubro (quinta-feira) no período matutino onde mostrou para a diretora a carta, questionário e o projeto. No entanto, a mesma estava sem tempo e encaminhou-a para a coordenadora do terceiro ano onde a mesma é formada em psicologia, mas não exerce a profissão. A coordenadora conversou com os professores sobre o projeto e autorizou a ida junto com os professores nas salas do terceiro ano, sendo o T1, T2 e T3. 

Os alunos da classe T2 foram bem receptíveis e colaboraram para preencher o questionário disponibilizado, sendo considerados uma sala mais preocupada em relação à perspectiva futura e sobre o ENEM do que a classe T3. Já na classe T3, poucas pessoas conseguiram responder o questionário, pois a maioria se encontrava sem internet no momento, onde eles responderam posteriormente. 

Em relação à infraestrutura, os banheiros não estavam nas melhores condições, tendo relatos como falta de tranca nas portas dos banheiros, sem tampas nas privadas, privadas quebradas e até mesmo torneiras sem funcionar por estar entupidas. Em relação ao acesso de salas, é disponibilizado rampas e escadas para todos os públicos.

Ademais, sabe-se que o papel do psicólogo dentro das escolas é promover a melhoria no aprendizado e detectar possíveis falhas no processo. Além disso, são responsáveis por fornecer ajuda necessária aos programas de prevenção, desenvolvimento das habilidades socioemocionais e promovem o bem-estar e ajustamento dos estudantes. Entretanto, essa não é uma realidade vivenciada frequentemente pelos estudantes da escola João Bento, visto que os mesmos sofrem uma grande pressão por parte dos familiares, dos professores e, na maior parte das vezes, interna. É de grande relevância destacar que os alunos desta escola possuem aulas de segunda-feira a sábado com conteúdos voltados para o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e, nos domingos, os alunos possuem simulados para colocar em prática o que foi estudado. Nota-se, uma busca incansável por parte dos colaboradores da escola (coordenadores, diretores e professores), por uma aprovação maior de alunos no exame, pois matematicamente falando, quanto mais alunos que frequentam a escola são aprovados no ENEM, maior a probabilidade dos pais ou responsáveis quererem que os seus filhos estudem na escola.

No âmbito escolar se faz extremamente necessário a presença do(a) psicólogo(a) para ser trabalhado no antecedente de demandas do dia a dia dos alunos e também da equipe que se encontra ali, assim todos nesse contexto podem se encontrar com uma confiança maior pelo apoio recebido, com isso até mesmo fluindo melhor  a convivência. Com isso também surgem os desafios de reconhecimento e apoio da equipe técnica para ter a liberdade da atuação na profissão e até encontrando desafios encontrados na estrutura física da escola, não tendo o mínimo para trabalhar de forma adequada e desejada. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Nota-se que, o percurso traçado neste trabalho acadêmico possibilitou observar de forma panorâmica a construção da prática das relações entre escola e psicologia e, além disso, as implicações sobre inclusão e exclusão nos ambientes escolares, de maneira a atingir os objetivos deste trabalho. Com base nisso, considera-se que é de suma importância o papel do psicólogo(a) dentro do ambiente escolar, visto que se faz necessário a presença do profissional para que a segurança da equipe e alunos se sintam mais seguros. Em síntese, envolver a teoria da psicologia escolar com a prática foi de grande relevância para o grupo que realizou o projeto, onde os mesmos obtiveram grandes conhecimentos com a disciplina. Diante disso, nós, como psicólogos em formação, tomamos conhecimento sobre a psicologia Escolar e aprendemos na prática a importância e necessidade do profissional dentro deste ambiente. Infere-se, portanto, a importância da continuidade deste trabalho para futuros artigos acadêmicos que escolham abordar sobre o tema da pressão escolar no ensino médio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

Iracema Neno Cecilio Tada, Marilene Proença Rebello de Souza, Marilda Gonçalves Dias Facci Fracasso Escolar: história, políticas educacionais e possibilidades de enfrentamento / organização. Porto Velho, RO: EDUFRO, 2020. 270 p.; il.

MAROLDI,  A.  M.  Psicologia  escolar:  um  estudo  bibliométrico  da  literatura  nacional  (1962-2011). 2012, 133 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade Federal de Rondônia, Porto Velho, 2012.

OLIVEIRA, C. B. E. de; MARINHO-ARAÚJO, C. M. Psicologia escolar: cenários atuais. Estudos em Psicologia, Rio de Janeiro, ano 9, n. 3, p. 648-663, 2009.