DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS E (M) EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA – O CASO DO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE EXTENSÃO E CULTURA DO IFPB.

DEVELOPMENT OF PROJECTS AND (IN) EDUCATION FOR CITIZENSHIP
THE CASE OF THE IFPB EXTENSION SUPPORT PROGRAM

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10248261816


Kleber Fernando Rodrigues1
Maria Martins Formiga2
Assis Leão da Silva3


RESUMO

No Brasil, a Lei 11.892/2008 incorporou a extensão à educação profissional e tecnológica nos Institutos Federais, com contornos idênticos aos das universidades. No entanto, a extensão no âmbito da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica apresenta algumas especificidades fazendo-se necessário compreender o seu significado, os desafios educacionais que lança e também suas possibilidades de implementação.  Nesse sentido, partilhamos, neste texto, os resultados parciais de um estudo, o Caso do Programa Institucional de Bolsa de Extensão e Cultura (PROBEXC) do IFPB (Campus Monteiro), realizado no âmbito da

Dissertação de Mestrado em Educação Profissional e Tecnológica no Programa de pós-graduação em Educação Profissional e Tecnológica- PROFEPT do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Pernambuco, Campus Olinda. Assim, os objetivos desse artigo consistem em discutir e refletir sobre como e quais são os ganhos relacionados à educação para a cidadania que se desenvolvem durante a participação de alunos extensionistas do Ensino Médio Integrado em projetos de extensão fomentados pelo PROBEXC. Para tanto, consideramos a realização de observações e apontamentos em notas de campo feitas entre maio a dezembro de 2017 e embasamos a nossa partilha, fazendo ressaltar alguns autores, como é o caso de Freire (2015), Sousa (2001), Tavares (2001), Cover (2014), Pacheco (2011), Xavier et al (2013), Cortina (2005), Nussbaum (2015), Afonso (2014) e Simons (2014). Os vídeos gravados e as notas nos permitiram perceber como se processa o desenvolvimento das relações entre alunos extensionistas/alunos externos durante a execução de projetos de extensão do Programa Institucional de Bolsa de Extensão e Cultura do IFPB (Campus Monteiro).  Essa relação se desenvolve em função da inserção dos alunos extensionistas em contextos ainda não vivenciados pelos alunos do Ensino Médio Integrado, possibilitando assim o seu desenvolvimento com base em atitudes e experiências que podemos relacionar com uma educação para a cidadania.    Portanto, podemos considerar que o PROBEXC é uma política de fomento à extensão no IFPB que contribui para a construção da extensão como uma prática educativa por meio da interação com a comunidade externa. O nosso estudo vai apontar possibilidades para isso acontecer e mostrar que podem ser programas e projetos realizados em contexto real e comunitário. No entanto, é preciso não dissociar a extensão como princípio educativo das dimensões do ensino e da pesquisa, para esbater tradicionais preponderâncias e fragmentação de saberes, o que parece conseguir-se com sucesso se existir participação e cooperação.  

Palavras-chave: Programa Institucional de Bolsa de extensão e Cultura (PROBEXC); Ensino Médio Integrado; Projetos; Comunidades; Educação para a Cidadania.

ABSTRACT

In Brasil, the Law 11.892/2008 incorporate the extension to the professional and tecnológica education in the Federal Institutes, with idênticos conteurs to the universities.  However, the extension in the Federal Network of Professional and Tecnológica Education presents some specificities máquina, the understanding of its meaning, the educational challenges and the possibilities of implementai-o nécessaire. In tis sense, we are in tis Text, the partia results of a stud, the case of the Programa de Apoio Institucional à Extensão (Institucional Suporta to Extension Programa – PROBEXC) of the IFPB (Campus Monteiro), cárie in the activities of the Mestrado Themis in Education.  The objectives of the article are to discuss and publicize how and what are the gains related to citizenship education that are developed during the participation of extension students of Integrated High School in extension projects fostered by PROBEXC. To do it, we considered observations and notes in field notes betem May and receber 2017 and suporta ouro sparing, emphasizing some autor, suco às Freire (2015), Sousa (2001), Tavares (2001), Cover (2014), Pacheco (2011), Xavier et al (2013), Cortina (2005), Nussbaum (2015), Afonso (2014) and Simons (2014).  The record vídeos and the notes embalde os to understand how the development of the relativos betem extension students / externa students during the executivo of projects of extension of the Programa de Apoio Institucional à Extensão (Institucional Suporta to Extension Programa – PROBEXC) of the IFPB (Campus Monteiro). This relationship is developed as a result. Of the inclusivo of extensível students in contextos nota yet experiente by the students of the Integrated High School, enabling the ir development base nas atitudes and experientes that we can.  Relate to and education for a citizenship. Therefore, we can. Considera that the PAIE si a políc. To promoter extension in the IFPB that contributos to the constructo of extension as and educacional pratique through interaciona with and outsider comunista.  Our.  Stud points out possibiliteis for tis and shows that it can.  Bem programas and projects cárie out in a real and comunista context. However, it is necessary not to dissociate an extension as an educational principle from the dimensions of teaching and research, to blur traditional preponderance and fragmentation of knowledge, which seems to be successfully achieved.

Keyboards: Institutional Support to Extension Program (PROBEXC); Integrated High School; Projects; Communities; Education for Citizenship

1.  INTRODUÇÃO

A extensão é uma prática educacional implementada inicialmente nas universidades com o objetivo de levar conhecimento à comunidade externa por meio de atividades que buscavam envolver docentes e discentes. Ao longo do tempo, a perspectiva de transmissão de conteúdos tem migrado para a ideia de construção de conhecimentos entre estudantes extensionistas e comunidade externa, ou seja, a extensão tende a ser compreendida como uma prática educativa que se desenvolve por meio da interação com a comunidade externa em um processo dialógico de troca de conhecimentos.  Entretanto, essa visão ainda é incipiente, visto que as perspectivas assistencialista e de prestação de serviços conduziram, durante décadas, as políticas extensionistas.

 A extensão, compreendida apenas como um ato de transferência de conhecimento perde seu sentido enquanto ato educativo, pois os participantes da comunidade externa passam a ser compartimentos para o depósito de informações, como se fossem seres inanimados, passivos e inertes às ações desenvolvidas. 

Dessa forma, faz-se necessário compreender o significado da extensão como uma prática educativa, suas possibilidades e os desafios de sua implementação no âmbito da educação profissional e tecnológica. O sentido atribuído à extensão como prática educativa precisa ser consolidado para superarmos a perspectiva de educação bancária e construirmos uma visão que compreende a relação instituição-sociedade como um processo de construção recíproca do conhecimento. Compreendida dessa forma, a extensão conduz ao desenvolvimento de processos educativos que ajudam na formação dos educandos e, ao mesmo tempo, dos participantes das ações de extensão.  Para tanto, é necessária a implementação de políticas de fomento que possibilitem o desenvolvimento de atividades de extensão com essa perspectiva, especialmente no âmbito do Ensino Médio Integrado que tem como premissa a formação humana integral do aluno. Como prática educativa, o dialogismo proporcionado pela extensão, pode contribuir com a construção de valores relacionados à educação para a cidadania.

Assim, buscamos neste artigo discutir e refletir sobre como e quais são os ganhos relacionados à educação para a cidadania desenvolvidos durante a participação de alunos extensionistas do Ensino Médio Integrado em projetos de extensão fomentados pelo Programa Institucional de Bolsa de Extensão e Cultura do IFPB. Abordar a extensão como prática educativa é, portanto, compreender que a educação para a cidadania não se desenvolve apenas nos bancos escolares, mas também por meio das relações sociais que se estabelecem com os segmentos sociais. Com isso, a comunidade externa deixa de ser pensada como um espaço para consumo do conhecimento produzido pela instituição escolar e passa a ser um local para a produção de conhecimento por meio de uma relação dialógica entre educandos e sociedade.

2. METODOLOGIA

 Esse estudo é o resultado parcial da dissertação que está em desenvolvimento no âmbito do Programa de Pós-graduação em Educação Profissional e Tecnológica – PROFEPT do Instituto Federal de Pernambuco, Campus Olinda.  Para este artigo, buscamos conduzir a discussão a partir de um estudo de caso do Programa Institucional de Bolsa de Extensão e Cultura (PROBEXC) no IFPB (Campus Monteiro). Para tanto tivemos como base a realização de observações e apontamentos em notas de campo feitas entre maio a dezembro de 2017, além do embasamento teórico de alguns autores como Freire (2015), Sousa (2001), Tavares (2001), Cover (2014), Pacheco (2011), Xavier et al (2013), Cortina (2005), Nussbaum (2015), Afonso (2014) e Simons (2014). 

 O Programa Institucional de Bolsa de Extensão e Cultura (PROBEXC), em função dos seus objetivos e dinâmica, se constitui como uma política institucional que fomenta o desenvolvimento de projetos de extensão que podem contribuir com a promoção da educação para a cidadania dos estudantes do Ensino Médio Integrado. Dessa forma, fomos instigados a compreender a seguinte questão:  como e quais são os valores relacionados à educação para a cidadania no Ensino Médio Integrado do IFPB (Campus Monteiro) desenvolvidos pelos os alunos extensionistas no Programa Institucional de Bolsa de Extensão e Cultura (PROBEXC)?

Assim, buscamos desenvolver uma pesquisa a nível de Mestrado com o intuito de perceber como o PROBEXC contribui com a educação para a cidadania dos estudantes do Ensino Médio Integrado do IFPB ao fomentar o desenvolvimento de projetos de extensão. Para tanto, realizamos nossa pesquisa no Campus Monteiro por meio do acompanhamento de dois projetos de extensão, desenvolvidos entre maio e dezembro de 2022, fomentados pelo Edital nº 002/2022/PROEXT do PROBEXC. 

Considerando-se os objetivos propostos para o estudo, adotamos os seguintes critérios de escolha dos projetos que integram a nossa pesquisa: (C1) os alunos participantes estão matriculados no Ensino Médio Integrado?  (C2) Os projetos possibilitam a participação de pessoas da comunidade externa durante sua execução? (C3) os projetos apresentem perspectiva de extensão como princípio educativo?  (C4) A área temática apresenta-se pertinente com as questões atuais?

Após a leitura da proposta formal dos cinco projetos que foram aprovados pelo Edital 002/2022/PROEXT que regulamentou o PROBEXC no ano de 2022, procedemos à aplicação dos critérios estabelecidos para a escolha dos projetos que se tornaram as unidades de análise integradas do caso.

Assim, delimitamos o caso e aplicamos os critérios descritos acima para chegarmos aos projetos que serviram como as unidades integradas de análise, os quais, juntamente com outros elementos, contribuíram para a compreensão do caso. Os critérios aplicados apontaram para três projetos, mas, em função de problemas na execução de um dos projetos, utilizamos no estudo somente dois projetos de extensão como unidades integradas de análise.

O  plano  de  recolha  de  dados  incluiu:  análise  documental:  edital  002/2022/PROEXT  e  dos  projetos  aprovados  pelo  PROBEXC  em  Monteiro;  contato  com  os  coordenadores  dos  projetos  selecionados; observação direta dos seguintes eventos: reunião de gestores, planejamento de ações  entre  coordenadores  e  estudantes  dos  projetos  selecionados,  ações  realizadas  pelos  estudantes para fazer a interação com a comunidade e ações junto à comunidade; elaboração de guião de entrevistas; realização de entrevistas com pró-reitora de extensão, coordenador de extensão, coordenadores de projetos do PROBEXC e estudantes participantes do PROBEXC.

A observação direta em um estudo de caso visa descrever detalhadamente algum evento que ocorre em um contexto e deve registrar o tempo, local, incidentes específicos, transações e diálogos dos envolvidos (Simons, 2014). A recolha de informações por meio dessa técnica é bastante fidedigna, visto que os dados não estão condicionados à opinião e aos pontos de vista dos informantes, como no caso de entrevistas (Afonso, 2014). Em virtude de sua relevância, a observação direta foi uma técnica fundamental de recolha de dados para o desenvolvimento dessa pesquisa.

Os dados das observações diretas foram registrados por meio de vídeos, fotos e através de notas de campo, em formulário próprio pensado para este fim considerando o contexto estudado. As notas tinham o intuito de conhecer, da maneira mais detalhada possível, todas as atividades desenvolvidas pelos estudantes participantes do projeto de extensão.

As notas incluíram, para além dos dados básicos de identificação, a sequência de atos que ocorreram, a descrição dos fatos ocorridos e as impressões e sentimentos observados pelo pesquisador. Buscamos descrever todos os detalhes dos ambientes onde as ações aconteceram, especialmente dos espaços fora da escola para onde o estudante se deslocou a fim de realizar alguma ação do projeto de extensão. A descrição incluía as ações e atitudes dos estudantes diante da comunidade externa, anotações sobre suas decisões diante dos contextos previsíveis e imprevisíveis, bem como suas formas de lidar com os aspectos sociais transmitidos na comunidade.

Os vídeos foram gravados e as ações acompanhadas por meio de uma grelha de observações estruturada em sete eixos de análise:  relação organizacional, relação atividade/projeto, relação atividade/conteúdo abordado, relação atividade/extensão, atividade/alunos extensionistas, relação aluno extensionistas x alunos da comunidade externa (Educação para a cidadania), ações e reações dos participantes da comunidade externa.

Cada projeto de extensão tinha uma particularidade e para definirmos quais ações seriam observadas, precisamos ter em mente os objetivos do estudo. Logo, toda ação que envolvia um contato entre os estudantes e a comunidade se mostrava relevante, visto que a nossa pesquisa defende que, por meio dessa relação é possível o desenvolvimento da educação para a cidadania dos alunos do Ensino Médio Integrado. Assim, procedemos às observações dos dois projetos.

A primeira unidade de análise integrada do caso observada foi o projeto, denominado P5, que consistia em um projeto de informática desenvolvido por quatro alunos/as do Curso Técnico de Nível Médio em Informática na forma integrada junto aos alunos de escolas públicas municipais e estaduais do município de Monteiro. Esse projeto foi o que mais manteve relação com a comunidade, pois os alunos passaram aproximadamente quatro meses desenvolvendo atividades diretas com a comunidade externa por meio de um curso de informática básica com duração de 80h.

A segunda unidade de análise integrada do caso que fizemos observação foi o projeto, denominado P1, que consistia em um projeto de extensão desenvolvido por cinco alunos/as do Curso Técnico de Nível Médio em Mecânica na forma Integrado.  Esse projeto tinha como objetivo possibilitar o entendimento dos conceitos básicos da mecânica dos fluidos por meio de experimentos práticos junto a alunos de escolas públicas municipais e estaduais.  Esse projeto desenvolvia atividades de curta duração com alunos de escolas públicas, por meio de minicursos com duração de 6h.

3. EXTENSÃO COMO PRÁTICA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA NO ENSINO MÉDIO INTEGRADO

  A gênese da extensão passa por uma compreensão que a associava ao assistencialismo ou à prestação de serviços e se incorporou à história das universidades ao longo do tempo como um instrumento de potencialização das ações universitárias. A extensão coloca o educando em contato direto com a sociedade, o que faz dessa atividade pedagógica um meio prático para a constituição da educação para a cidadania dos alunos extensionistas. Tendo em vista o fato da extensão está imbricada às universidades, a literatura que versa sobre o assunto apresenta-a de forma associada ao mundo universitário, mas o conceito e os princípios da extensão, considerando-se algumas distinções e peculiaridades, tem a mesma representatividade para a educação profissional e tecnológica de nível médio.

Freire (2015) questiona a acepção do termo extensão pela universidade, por compreender que a ideia de estender/alcançar não contemplava a dimensão que deveria comportar dentro dos processos educativos.  A educação é um processo que envolve estritamente relações humanas e como tal é preciso considerar as diferentes maneiras de dialogar para que se possa desenvolver novas possibilidades de aprendizado. A extensão, compreendida apenas como um ato de transferência de conhecimento perde seu sentido enquanto ato educativo, pois “[…] o conhecimento não se estende do que se julga sabedor até aqueles se julgam não saberem; o conhecimento se constitui nas relações homem-mundo, relações de transformação, e se aperfeiçoa na problematização crítica destas relações”. (FREIRE, 2015, p. 42-3).

Dessa forma, não dá para comportar dentro de um processo educativo apenas a perspectiva de estender um conhecimento, pois o diálogo é próprio do ser humano e por meio dele é possível travar relações que podem conduzir a um percurso multidirecional de troca de conhecimentos envolvendo todos os sujeitos participantes do processo de aprendizagem. 

Segundo Freire (2015, p. 65), o diálogo “[…] é a problematização do próprio conhecimento em sua indiscutível reação com a realidade concreta […] para melhor compreendê-la, explicá-la, transformá-la”.  A extensão em uma perspectiva dialógica deve, portanto, manter uma relação de igualdade entre os extensionistas vinculados a uma instituição de educação formal e os membros da comunidade externa que participam da atividade ou projeto de extensão.  O diálogo e a problematização conscientizam e podem desenvolver uma postura crítica da qual resulta a percepção de que é possível contribuir com a transformação da realidade (FREIRE, 2015).  Esse processo dinâmico é capaz de desenvolver a educação para a cidadania dos alunos participantes de atividades de extensão.

Compreendida dessa forma, a extensão conduz ao desenvolvimento de processos educativos que contribuem com a formação dos educandos e, ao mesmo tempo, dos participantes das ações de extensão.  A partir do momento em que o educando se confronta e conhece realidades específicas, inicia-se, mesmo que de maneira intrínseca, um processo de produção de conhecimento.  Instigado à reflexão sobre a realidade que lhe é apresentada, o educando coloca-se em posição de agente de transformação e internaliza o interesse de participar ou de desenvolver outras ações que possam contribuir com a mudança de realidade da comunidade.

Assim, a extensão é considerada um processo educativo e não uma prática assistencialista ou um mecanismo de prestação de serviços que deve ser desenvolvido de maneira integrada ao ensino e à pesquisa. Esse processo educativo desenvolve-se a partir de uma relação dialógica, conforme defendido por Freire (2015), entre a instituição educacional e a sociedade, de maneira a criar um fluxo que possibilita a troca de conhecimentos e proporciona aos docentes e discentes novos aprendizados que não seriam plenamente alcançados apenas nos intramuros da instituição. Ao inserir o educando no contexto da realidade de uma comunidade, a extensão leva-o à problematização sobre o seu papel no mundo e à reflexão sobre como agir com os demais diante da situação sobre a qual foi confrontado. 

A extensão pode ser entendida como uma prática acadêmica que visa integrar-se com a sociedade a partir da produção do conhecimento gerado pelo ensino e a pesquisa.  Essa produção não se dá apenas nos bancos escolares, mas por meio das diferentes relações que se estabelecem com os segmentos sociais, ou seja, a comunidade não é um setor social que vai apenas consumir e usufruir dos conhecimentos produzidos pela instituição escolar, mas ao contrário, vai tornar esse conhecimento um ponto de partida para a construção de uma relação dialógica entre educandos e público das ações de extensão. 

Corroborando com essa visão, Tavares (2001) reitera que a extensão como uma ação articulada ao ensino e à pesquisa, incentiva a criação e recriação de conhecimentos que estimulam e fortalecem a pesquisa, além de possibilitar novas práticas interdisciplinares de ensino, pautadas em um novo conceito de sala de aula que considera outros espaços para a realização do processo histórico-social.

O educando insere-se em uma realidade com o objetivo de contribuir com seu desenvolvimento. Em virtude do seu estreito contato com a sociedade, associa suas ações ao resgate da cidadania dos setores populares, mas compreendida como um movimento dialógico, uma via de mão dupla na construção do conhecimento, podemos afirmar que, o desenvolvimento de ações de extensão contribui também com a construção da educação para a cidadania dos educandos participantes. Na opinião de Sousa (2001), a extensão é um instrumento de interação para a efetivação do compromisso social que a instituição tem com o seu meio, a partir da integração das práticas acadêmicas do ensino e da pesquisa.

 Sousa (2001) reforça ainda que o ponto de partida para construção do conhecimento se dá a partir das relações que os homens desenvolvem nos diferentes ambientes sociais e, dessa forma, as instituições formadoras não devem ignorar o ambiente externo à instituição, pois ele também contribui para a formação dos educandos. Isso significa que, atuando sobre a mudança de determinadas circunstâncias, o sujeito também pode ser transformado por estas mesmas circunstâncias (SOUSA, 2001), ou seja, à medida que ele se transforma também é transformado.  As visões de mundo, as histórias de vida e o conhecimento empírico dos sujeitos participantes das ações de extensão se interligam à identidade dos educandos e proporcionam uma forma de aprendizado que não seria possível apenas pelo ensino e a pesquisa. Assim, a extensão assume uma função que a torna um elemento de extrema relevância na formação humana integral dos estudantes do ensino médio integrado.  Entretanto, não deve ficar restrita apenas aos setores necessitados, pois assim irá perpetuar seu cunho assistencialista e não deve apenas deter-se à prestação de serviços por meio de convênios institucionais, mas sim ser institucionalizada como um processo acadêmico que atende a todos os segmentos da sociedade.

Essa visão se justifica, especialmente, em virtude das constantes mudanças ocorridas em termos sociais, econômicos, políticos e tecnológicos que presenciamos no início do século XXI no Brasil e no mundo.  A instituição da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e a criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia se inserem nesse contexto de transformações e conquistas sociais perpetrados pelos governos brasileiros no período de 2003 a 2016 (644 em funcionamento).

 Nesse contexto, a extensão assume um papel de destaque, pois os Institutos Federais nasceram como uma instituição social comprometida com todos e não exclusivamente com os setores dominantes na perspectiva de formar “[…] cidadãos como agentes políticos capazes de ultrapassar obstáculos, pensar e agir em favor de transformações políticas, econômicas e sociais imprescindíveis para a construção de outro mundo possível. (PACHECO, 2011, p. 29). Cover (2014) relembra ainda que, ao contrário das universidades, os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, além de oferecerem cursos superiores, por lei, devem garantir que cinquenta por cento das vagas sejam ocupadas pelos alunos do ensino fundamental em cursos integrados de nível médio. Com isso, temos um público jovem que inicia seus estudos no ensino médio e que estão regidos pelo tripé ensino, pesquisa e extensão (COVER, 2014). 

Nesse cenário, o projeto político-pedagógico tem o desafio de formar sujeitos integralmente, capazes de atuarem profissionalmente e de se compreenderem como cidadãos capazes de transformar a sociedade onde estão inseridos. Tal perspectiva se coaduna com a visão de Freire (1996), ao afirmar que uma das tarefas mais relevantes da prática educativo crítica é fazer com que os educandos, a partir das relações com os outros, possam desenvolver experiências que lhes possibilitem assumir-se como um ser social e histórico capaz de criar, transformar e de se reconhecer como agente de transformação.  Os Institutos Federais, que integram a Educação Profissional e Tecnológica, podem propiciar essa formação, com vistas à educação para a cidadania durante o ensino médio, mediada pela extensão, que necessariamente, pressupõe a realização de práticas interacionistas na comunidade para que haja a partilha e a construção de novos saberes. 

Segundo Xavier et al.  (2013, p.13), “por meio da extensão, os Institutos poderão proceder à difusão, à socialização e à democratização do conhecimento produzido e existente nos mesmos”.  Isso implica que a extensão deve se tornar uma prática integrante da educação profissional e tecnológica, uma vez que essa foi reestruturada com um caráter transformador para o desenvolvimento humano e social. Nesse sentido, o Instituto Federal da Paraíba (IFPB), tomando como base a Lei nº 11.892 de 29/12/2008, a qual determinou que um dos objetivos dos Institutos é “desenvolver atividades  de  extensão  de  acordo  com  os  princípios  e  finalidades  da  educação  profissional  e  tecnológica, em articulação com o mundo do trabalho e os segmentos sociais, e com ênfase na produção, desenvolvimento e difusão de conhecimentos científicos e tecnológicos” (Brasil, 2008), implantou em 2011 o Programa Institucional de Bolsa de Extensão e Cultura (PROBEXC) que será discutido a seguir.

4. PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE EXTENSÃO E CULTURA (PROBEXC) DO IFPB: PRÁTICA DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA NO ENSINO MÉDIO INTEGRADO

O Programa Institucional de Bolsa de Extensão e Cultura (PROBEXC) está previsto na Resolução nº 35/2006-CD, de 22 de novembro de 2006 do CEFET/PB como uma das ações de extensão possíveis de serem desenvolvidas no âmbito do IFPB. O art. 2° da Resolução nº35/2006-CD define programa como: conjunto de ações de extensão de caráter orgânico institucional, com clareza de diretrizes e orientadas a um objetivo comum.  Na prática, são formas de articulação de ações e outras ações existentes (cursos, eventos e prestação de serviços) em uma grande ação de médio e longo prazo. “ (Resolução nº 35/2006-CD) as diretrizes do PROBEXC se fundamentam no art. 31 da Resolução nº 66/2009-IFPB que define as ações de extensão no IFPB como:  “[…] um processo educativo, científico, artístico-cultural e desportivo que se articula ao ensino e à pesquisa de forma indissociável, com o objetivo de intensificar uma relação transformadora entre o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba e a sociedade. “ (Resolução nº 66/2009-IFPB) conforme discutimos no tópico anterior, a extensão como um processo educativo consiste em uma atividade pedagógica capaz de levar à produção de novos conhecimentos e aprendizados por meio da interação entre estudantes do IFPB e comunidade externa. Dessa forma, estamos intensificando o processo de transformação social, pois possibilita-se aos estudantes a sua imersão em realidades diversas, impulsionando-os à reflexão e desenvolvendo alguns valores relacionados à educação para a cidadania que, certamente, apenas as atividades de ensino e de pesquisa não proporcionaram. A primeira edição do Programa aconteceu no ano de 2011 e se consolidou nos anos seguintes com fomentos anuais ao desenvolvimento de ações de extensão nos Campi do IFPB. O PROBEXC se materializa nos 21 Campus do IFPB por meio da execução de Projetos de Extensão orientados por servidores (docentes e/ou técnicos administrativos) e desenvolvido com alunos regularmente matriculados no Instituto. O quadro 01 mostra o quantitativo de projetos financiados pelo Proex entre 2011 e 2022 e o quadro 02 apresenta o número de projetos financiados por Campi em 2022.

Quadro 01: quantitativo de projetos financiados pelo Proex no período de 2011 a 2022

AnoNúmero do edital Número de projetos financiados
2011Edital 02/2010-PROEXT/IFPB64
2012Edital Nº. 03/2012-PROEXT/IFPB84
2013Edital Nº. 01/2013-PROEXT/IFPB88
2014Edital Nº. 01/2014-PROEXT/IFPB91
2015Edital Nº. 01/2015-PROEXT/IFPB97
2016Edital Nº. 02/2016-PROEXT/IFPB65
2017Edital Nº. 02/2017-PROEXT/IFPB54
2018Edital Nº. 02/2018-PROEXT/IFPB22
2019Edital Nº. 02/2019-PROEXT/IFPB32
2020Edital Nº. 02/2020-PROEXT/IFPB44
2021Edital Nº. 05/2021-PROEXT/IFPB76
2022Edital Nº. 03/2022-PROEXT/IFPB54
 Fonte: elaboração própria a partir de dados fornecidos pela PROEXT/IFPB. 

Quadro 02: distribuição do limite de projetos de extensão por Campus do IFPB em 2022

Item CampusNúmero máximo de projetos
01João Pessoa02
02Campina Grande03
03Cabedelo02
04Santa Rita03
05Esperança02
06Princesa Isabel02
07Santa Luzia02
08Patos05
09Areia08
10Sousa02
11Monteiro03
12Catolé do Rocha02
13Guarabira02
14Itaporanga02
15Cajazeiras02
16Mangabeira02
17Pedras de Fogo 02
18Itabaiana 02
19Cabedelo – centro 02
20Picuí 02
21Reitoria 02
Total  54
  Fonte: Edital nº 03/2022/PROEXT/IFPB 

A interação entre o aluno extensionistas e os alunos da comunidade externa é o fator determinante da compreensão do fenômeno dessa pesquisa, visto que por meio dos processos interativos, os alunos extensionistas têm a hipótese de desenvolver novas aprendizagens que contribuem para a sua formação cidadã.  Nesse sentido, Cortina (2005) argumenta que os valores morais são componentes inevitáveis do mundo humano e que, portanto, a nossa vida não acontece sem eles. Os demais valores (religiosos, estéticos, saúde, intelectuais) não seriam menos importantes, mas seriam ajustados a partir dos valores morais, já que estes atuam como integradores dos outros, não como substitutos deles. ”  (Cortina, 2005, p.  172).  Nessa mesma perspectiva, Nussbaum (2015) discorre sobre os valores que caracterizam o espírito das humanidades e defende uma educação que tenha como base um tipo de cidadania inclusiva que teria como característica o raciocínio crítico e a compreensão das experiências humanas e complexidade do mundo. Isso significa que para a escola desenvolver a educação para a cidadania, precisa formar os educandos criticamente e conscientizá-los do seu papel transformador na sociedade.

 Isso implica desenvolver nos educandos as capacidades de raciocinar e refletir criticamente (Nussbaum, 2015) para que os mesmos possam viver em “[…] uma sociedade na qual as pessoas se diferenciam bastante segundo um grande número de parâmetros, entre eles religião, etnia, riqueza e classe, incapacidade física, gênero e sexualidade […]. “ (Nussbaum, 2015, p. 10-11) Nesse sentido, educar para a cidadania significa educar em valores, ou seja, desenvolver situações pedagógicas que favoreçam aos educandos o cultivo de condições que os preparem para certas atitudes diante da sociedade.  Segundo Cortina (2005) quando nos deparamos com algumas situações contextuais, fazemos relações que nos permitem compreendê-las, compará-las entre si ou classificá-las e partir dessas operações intelectuais decidimos o grau de importância que damos a elas, ou seja, valoramos ou não determinadas coisas. A extensão, ao inserir os alunos do ensino médio integrado em contato com a comunidade externa, possibilita aprendizados que criarão valores próprios, decorrentes dessa prática pedagógica.  Dentre eles, podemos apontar a solidariedade, a criticidade, a tolerância,

Seq.ValoresDescrições 
01SolidariedadeAs atividade realizadas proporcionaram vivências,  estudos    e aprendizagens que    estimularam a geração de compromisso social?- Os alunos extensionistas se sentem cidadãos participativos  na  vida  social  da  comunidade  externa?Interação     entre os membros do     projeto;  auxílio  no  desenvolvimento  de  experimentos/aulas;
02CriticidadeOs   alunos   extensionistas   se   posicionam   criticamente diante  de situações trazidas, vividas ou apresentadas pelos participantes da comunidade externa?Reações  com  tranquilidade  diante  de  questionamentos  dos  alunos  externos;  capacidade   de   rebater   conceitos   e   opiniões;   capacidade   de   perceber   as   diferenças  entre  as  escolas  dos  alunos  externos e a que estudam;
03Tolerância–  Como  ocorrem  as  relações  no  campo  social  de interação que se estabelece entre os alunos extensionistas   e   membros  da   comunidade   externa?Respostas  tranquilas  diante  de      perguntas  não  relacionadas  às      atividades  do  projeto;  atitudes  serenas  diante de comportamentos inadequados por parte dos alunos externos.
04Disponibilidade para o diálogoOs  alunos  extensionistas  se  socializam  no  interior do campo social que ocorre o processo interativo  proporcionado  pelas  atividades  de  extensão?-   A   forma   de   interação   das  atividades   de   extensão  favorecem  a  produção  dialógica  de  conhecimentos?Negociação   de   horários   de   chegada;   adiamento  de  atividades  em  função  de  outras atividades da escola dos alunos externos;   conversas   individuais   com   alunos  desestimulados  para  que  não  desistissem;  não  mantiveram  relações  autoritárias
05PreocupaçãoO  discurso  utilizado  nas  ações  aponta  para  uma  visão  de  transformação  social  por  meio  do    conhecimento técnico  que    os alunos extensionistas desenvolvem?- Os alunos extensionistas demonstram aplicar os seus conhecimentos técnicos em função da transformação  dos  indivíduos  da  comunidade  externa,    ou seja, o    aluno extensionistas  demonstra    preocupação com a    troca de saberes que se estabelece entre eles?Atenção   ao   aprendizado   dos   alunos   externos; apoio individualizado aos    alunos externos diante de dificuldades de compreensão; desenvolvimento de estratégias para adequar as atividades ao grau    de cognição dos    alunos externos; tradução da linguagem técnica para linguagem mais cotidiana; preocupação com a ausência de alunos; atenção a problemas pessoais relatos pelos alunos externos;   

disponibilidade para o diálogo, autonomia, preocupação com o outro e o respeito ao próximo.  (CORTINA, 2005 & NUSSBAUM, 2015).  Durante as observações realizadas entre maio e dezembro de 2017 acompanhamos o desenvolvimento dos valores acima tendo como base as indagações apresentadas no quadro 03.

Quadro 03: valores e atitudes observados entre maio e dezembro de 2022.

Os valores acima, relacionados à educação para a cidadania, foram identificados por meio de ações e atitudes que só eram possíveis de serem desenvolvidas por meio da interação proporcionada pela participação nos projetos de extensão fomentados pelo PROBEXC.  Os vídeos gravados e as notas nos permitiram perceber como se processa o desenvolvimento das relações entre alunos extensionistas/alunos externos durante a execução de projetos de extensão do Programa de Apoio Institucional à Extensão do IFPB (Campus Monteiro).  Essa relação se desenvolve em função da inserção dos alunos extensionistas em contextos e atitudes ainda não vivenciadas pelos alunos do Ensino Médio Integrado, possibilitando assim o desenvolvimento de valores relacionados à educação para a cidadania.  Portanto, podemos considerar que o PROBEXC é uma política de fomento do IFPB que condiz com a perspectiva de formação humana integral, além de reforçar a função social da Educação Profissional e Tecnológica ao se aproximar o Instituto da comunidade de seu entorno.

CONCLUSÃO

Compreendemos que a extensão, como princípio educativo, desenvolvida no âmbito da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, é uma prática pedagógica que, assentada nas dimensões trabalho, ciência, cultura e tecnologia, permite a socialização do conhecimento e se associa à transformação do mundo, na medida em que possibilita a interação dialógica entre educando e sociedade com o objetivo de formar integralmente o cidadão. Os valores e aprendizados desenvolvidos por meio de atividades de extensão vinculam-se à produção de conhecimentos que se confrontam com a realidade, gerando no educando a capacidade crítica de não aceitação do contexto e construindo o espaço para forjar as mudanças da sociedade.  O conhecimento torna-se, assim, um meio pelo qual é possível alcançar a cidadania, sendo a educação formal a mediadora entre ambos.

Nesse sentido, Xavier et al.  (2013) defendem que a extensão na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica “consolida a formação de um profissional cidadão e se credencia junto à sociedade como espaço privilegiado de produção e difusão do conhecimento na busca da superação das desigualdades sociais”. (XAVIER et al., 2013, p. 13). 

É preciso pensar na extensão como prática educativa em comunidade que “[…] colaborar no aprimoramento da formação do aluno e que contribua decisivamente no manejo do conhecimento por parte da sociedade […]” (DEMO, 2001, p. 156). Para tanto, a troca de saberes entre comunidade e Institutos deve se dar em uma relação dialógica articulada com a realidade socioeconômica (XAVIER et al., 2013), pois dessa forma podemos consolidar a indissociabilidade entre o ensino, pesquisa e extensão, bem como atender aos princípios da formação humana integral.  Nesse contexto, insere-se o Programa Institucional de Bolsa de Extensão e Cultura (PROBEXC) que visa fomentar o desenvolvimento de projetos de extensão nos Campi do IFPB.  Os resultados parciais de um Estudo de Caso do Programa Institucional de Bolsa de Extensão e Cultura (PROBEXC) do IFPB no Campus Monteiro realizado entre maio e dezembro de 2017 mostram que a interação dos alunos extensionistas com alunos da comunidade externa proporcionou o desenvolvimento de valores relacionados à educação para a cidadania.  As atitudes e ações observadas apontam aspectos como solidariedade, criticidade, tolerância, disponibilidade para o diálogo, preocupação, respeito ao próximo e autonomia.

Esses valores, dentre outros, desenvolvidos durante a participação de alunos Extensionistas do Ensino Médio Integrado em projetos de extensão fomentados pelo PROBEXC no Campus Monteiro, evidenciam o caráter transformador e formativo que uma política institucional de extensão pode desencadear, quando pensada como uma prática educativa por meio da interação com a comunidade externa. A inserção dos alunos em contextos diversificados e o convívio com alunos externos oriundos de outras realidades desencadeiam processos em espaços reais e comunitários que possibilitaram o desenvolvimento de valores vinculados à educação para a cidadania que não teriam sido possíveis por meio de outras práticas.

 O nosso estudo vai apontando possibilidades para isso acontecer por meio dos projetos de extensão fomentados pelo PROBEXC.  No entanto, é preciso não dissociar a extensão como princípio educativo das dimensões do ensino e da pesquisa, para esbater tradicionais preponderâncias e fragmentação de saberes, o que parece conseguir-se com sucesso se existir participação e cooperação de alunos extensionistas, alunos externos e servidores da educação profissional e tecnológica que se confrontam com a realidade, gerando no educando a capacidade crítica de não aceitação do contexto e construindo o espaço para forjar as mudanças da sociedade.  O conhecimento torna-se, assim, um meio pelo qual é possível alcançar a cidadania, sendo a educação formal a mediadora entre ambos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AFONSO, N. Investigação naturalista em educação: um guia prático e crítico. Vila Nova de Gaia: Fundação Manoel Leão, 2014. 

BRASIL.  Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008.  Institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, e dá outras providências. Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília, DF, n. 253, p. 1, dez. 2008. Seção 1.

CEFET-RN.  Resolução nº.  35, de 22 de novembro de 2006.  Aprovar, na forma do anexo, as Normas para as Atividades de Extensão do Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba.   João Pessoa, PB:   CEFET.   Disponível   em: <http://portal.ifpb.edu.br/extensao/resolucoes/resolucao-no-35-de-22-de-novembro-de-2006> Acesso em: 07 mar. 2022. 

CORTINA, A.  Cidadãos do mundo:  para uma teoria da cidadania.  São Paulo:  Edições Loyola, 2005.

COVER, I. Práticas de extensão no ensino médio integrado: construindo possibilidades de emancipação.  Florianópolis:  ANPED, 2014.  Disponível em: <http://xanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/485-0.pdf> Acesso em: 09 set. 2022.

 DEMO, P.  Lugar da extensão.  In:  FARIA, D.  S.  De.  (Ed.), Construção Conceitual da Extensão Universitária na América Latina. Brasília: UNB, 2001.

FREIRE, P. (1996). Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e terra.8. FREIRE, P. Extensão ou comunicação? (17 eds.). São Paulo: Paz e terra, 2015.

 IFPB.  Resolução nº 66, de 31 de agosto de 2009.  Aprova o estatuto do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte.  Natal, RN:  IFPB.  Disponível em:<http://portal.ifpb.edu.br/institucional/normas-e leis/Resolucao%20n.66.zip/at_download/file> Acesso em: 08 mar. 2022.

NUSSBAUM, M. Sem fins lucrativos: por que a democracia precisa das humanidades. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2015.

 PACHECO, E. Institutos Federais uma Revolução na Educação Profissional e Tecnológica. Brasília, São Paulo: Fundação Xantilina, Editora Moderna, 2011.

 SIMONS, H. Case stud research: In-depth understanding in context. In: LEAVY, P. (Ed.), The Oxford Handebol of Qualitativa Research (pp.  455–470).  New York:  Oxford University Press, 2014.

 SOUSA, A. L. L. Concepção de extensão universitária: ainda precisamos de falar sobre isso? In:  FARIA, D.  S.  De.  (Ed.), Construção conceitual da extensão universitária na América Latina. Brasília: UNB, 2001.

  TAVARES, M.  Das G.  M.  Os múltiplos conceitos de extensão.  In: 

 FARIA, D.  S.  De.  (Ed.), Construção conceitual da extensão universitária na América Latina. Brasília: UNB, 2001.

 XAVIER A. C. G. et al. Concepções, diretrizes e indicadores da extensão na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica – EPCT. In: Extensão tecnológica: rede federal de educação profissional, científica e tecnológica. Cuiabá: CONIF/IFMT, 2013.


1Doutor em Sociologia pela Universidade Sorbonne – Paris 5 – Université Paris Descartes – (2011) – França
2Mestranda em Educação Profissional e Tecnológica- PROFEPT pelo IFPE Campus Olinda
3Doutor em Educação pela UFPE