PROFILE OF THE CAREGIVER OF THE AGED DEPENDENT IN THE COMMUNITARIAN SPACE
*ANNA CLARA AMORIM DE BRITO TENUTES, **JOSÉ ALVES MARTINS, *KÉSIA DA SILVA
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** Professor Orientador
*Graduandas de Fisioterapia
RESUMO
Introdução: Com o advento da transição demográfica e epidemiológica brasileira há um aumento nos casos de idosos com incapacidade física e conseqüentemente a necessidade do indivíduo recorrer a um cuidador em tempo integral. Este se torna importante para o sistema de saúde à medida que sua atuação, durante a provisão contínua dos cuidados, pode influenciar a qualidade de vida do idoso dependente. Sendo, assim, este estudo, tem por objetivo identificar o perfil do cuidador do idoso dependente, nas áreas 7 (sete), 8 (oito) e 9 (nove) do PSF Unipark, em Várzea Grande/MT. Metodologia: Estudo de base populacional, exploratório e descritivo realizado junto aos cuidadores de idosos dependentes residentes na área de abrangência do PSF Unipark no município de Várzea Grande. Resultados e Discussão: Os dados revelaram que no grupo pesquisado a faixa etária prevalente está entre 31 e 49 com 72,08%, que na sua maioria os cuidadores são mulheres (81, 04%) da raça negra (59,03%), casados (65%) que não completaram ainda o primeiro grau (61,1%) e com renda familiar entre 1 e 3 salários mínimos. Quanto aos aspectos relacionados ao ato de cuidar os dados apontam que o tempo de cuidado é superior a 12 meses (81,4%), que na maioria dos casos cuidam de pessoas com doenças neurológicas (44,4%) e que desenvolveram ao longo das atividades de cuidar algum tipo de agravo geralmente reumático ou ortopédico (44,7). Na maioria das vezes residem junto com o idoso dependente (77,7%) e apontam como maior obstáculo o espaço físico da residência (33,3%) e também a relação conflituosa com os serviços da Unidade Básica de Saúde (29,6%). Ao se tratar de envelhecimento populacional, deve-se ter em mente que embora o envelhecimento não seja uma enfermidade, as mudanças de estruturas e funções corporais que ocorrem no organismo, levam os indivíduos a perderem sua capacidade funcional para exercer suas atividades de vida diária. Por isso, é preciso atenção dos profissionais de saúde que indicam cuidados em casa a idosos dependentes, que sejam consideradas as mudanças sociais e econômicas que estão transformando as estruturas familiares e nas cidades brasileiras e como estas podem afetar a posição e o papel tradicional do cuidador de idosos fragilizados e dependentes. Enfim, conhecer o perfil do cuidador do idoso dependente na área de abrangência da Estratégia de Saúde da Família se torna importante à medida que possibilita integrar saberes e práticas populares e técnicas no sentido de otimizar as formas de cuidar no espaço comunitário.
Palavras – chaves: Cuidador, Dependente, Idoso e Perfil.
Abstract – Introduction: With the advent of the demographic transistion and Brazilian epidemiologist it has an increase in the cases of aged with disability and consequently the necessity of the individual to appeal to the caregiver one in integral time. This if becomes important for the system of health the measure that its performance, during the continuous provision of the cares, can influence the quality of life of the aged dependent. As well, this study aims to identify the profile of caregivers of dependent elderly in areas 7 (seven), 8 (eight) and 9 (nine) of the Program of Family Health Unipark in Várzea Grande / MT. Methodology: Study of population, exploratory and descriptive base carried through next to the caregivers of aged resident dependents in the area of coverage of the PSF Unipark in the city of Várzea Grande. Results and Discussion: The data had disclosed that in the searched group the prevalent age is between 31 and 49 with 72,08%, in its majority the cuidadores are women (81, 04%) of the black race (59.03%), married (65%) that they had still not completed the first degree (61.1%) and with family income between 1 and 3 minimum wages. How much to the aspects related to the act to take care of the data point that the care time is more the 12 months (81.4%), that in the majority of the cases they take care of of people with neurological illnesses (44.4%) and that they had developed throughout the activities to take care of some type of I aggravate generally rheumatic or orthopedic (44,7). In the majority of the times they inhabit the aged dependent together with (77.7%) and point as bigger obstacle the physical space of the residence (33.3%) and also the conflict relation with the services of the Health Basic Unit (29.6%). To if dealing with aging population, it must be had in mind that even so the aging is not a disease, the changes of structures of the body functions that occur in the organism, take the individuals to lose its functional capacity to exert its activities of daily life. Therefore, she is necessary to call the attention the health professionals who indicate cares in house the aged dependents, who are considered the social and economic changes that are transforming the structures family and in the brazilian cities and as these can affect the position and the fragile and dependent aged traditional paper of the caregiver of. At last, to know the profile of the caregiver of the aged dependent in the area of coverage of the Strategy Family Health if becomes important the measure that it makes possible to integrate to know and practical popular and techniques in the direction to optimize the forms to take care of in the Community area.
Words – keys: Caregiver, Dependent, Aged and Profile.
Introdução
A Fisioterapia, ao longo de sua evolução histórica, tem em a gênese na reabilitação física, ou seja, sua atuação está, basicamente, pautada na prevenção terciária, a qual visa o tratamento e/ou reabilitação do paciente já seqüelado ou incapacitado. Com o tempo adquiriu abertura na atuação hospitalar, desenvolvendo competências para atuar também na prevenção secundária, a qual busca atender o paciente na fase de desenvolvimento da doença, a fim de promover um diagnóstico precoce e nortear o processo de tratamento. Atualmente, a profissão tem como desafio sua inserção no cenário comunitário, agindo de forma direta no cotidiano das pessoas e desta maneira desenvolvendo habilidades e competências para novas formas de cuidar atuando na atenção primária à saúde; trabalhando de forma efetiva nos três níveis de prevenção, isto é, desde a promoção de saúde até a fase reabilitadora do paciente.
Concomitante aos avanços da Fisioterapia, o fenômeno do envelhecimento populacional brasileiro passa a coexistir no mesmo cenário. Não se trata, porém de fenômenos díspares, pelo contrário, as práticas e os saberes, em Fisioterapia sofrem transformações à medida que ocorrem as mudanças nas necessidades da população. No Brasil, à transição demográfica e epidemiológica apresentam, cada vez mais, um quadro preocupante, sobretudo no impacto das políticas públicas de saúde uma vez que o envelhecimento populacional vem ocasionando um incremento das doenças crônico-degenerativas no perfil epidemiológico da população. Esse grupo de doenças, apesar de não possuir um alto nível de letalidade é caracterizado pela capacidade acentuada em provocar seqüelas das mais diversas que podem comprometer o nível de independência do individuo. Estudos estimam que 13% dos indivíduos entre 64 e 74 anos, 25% dos entre 75 e 84 anos e 46% daqueles acima de 85 anos apresentam algum tipo de incapacidades ¹.
Esse fenômeno exige da fisioterapia, assim como das outras profissões da saúde, a percepção sobre o processo de envelhecimento e sua conseqüência natural, a velhice, que implicam em uma série de modificações nos aspectos físicos, psíquicos e sociais do ser humano. Essa condição exige, na maioria das vezes, a presença de um cuidador em tempo integral ². Nesse sentido se conclui que a sobrevivência desses indivíduos está na dependência de uma ou mais pessoas que suprem as suas incapacidades para a realização das atividades de vida diária ³.
Assim, como forma de amenizar o problema, ocasionado por esse fator demográfico e epidemiológico, os serviços de saúde deverão se organizar para, após efetuar um primeiro atendimento assistencial digno ao paciente idoso, assumi-lo em todas as suas necessidades4. Neste contexto, a atuação da Estratégia de Saúde da Família como instrumento de proximidade do sistema de saúde com a comunidade, funciona como ponte de apoio para trabalhar com os cuidadores, idosos e as famílias, dentro de uma visão ampla da vida cotidiana, também, por conceder a esses agentes de cuidados as orientações necessárias para com os idosos dependentes.
A equipe técnica de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) deverá trabalhar dentro de um novo conceito de prática gerontológica, denominado atenção progressiva, a qual promove a união de serviços médicos com os sociais em base de uma avaliação multidimensional, destinada a determinar os variados níveis de intervenção de que cada paciente precisará5. Essa forma de atenção compreende a avaliação clínica e social que se complementa com as Atividades de Vida Diária (AVDs), diagnóstico familiar e do estado de saúde mental. Além dos serviços oferecidos pelo Programa de Saúde da Família (PSF), tais como: atendimento médico; assistência farmacêutica; tratamento odontológico e cuidados emergenciais da enfermagem; deve-se oferecer também o atendimento fisioterápico como parte do processo de reabilitação global, visto que esse é um aspecto fundamental no seguimento das pessoas idosas5. Com isso, o fisioterapeuta para desenvolver as habilidades de assistência ao idoso, atua no PSF, no qual trabalha diretamente intervindo na vida do paciente, e junto ao cuidador, não somente com o objetivo de reabilitação, mas também com o intuito de procurar reintegrar o idoso ao meio em que vive com maior autonomia possível.
De modo geral, as propriedades referentes à saúde do idoso, devem ir total ou parcialmente, ao encontro de um conceito mais abrangente da situação, cujos aspectos multidimensionais da saúde englobam o equilíbrio positivo com o ambiente, o potencial para perseguir objetivos pessoais e conviver com demandas ambientais, e sociais, e o processo de ação direcionado para um objetivo, como o processo de convívio efetivo 4.
Nos rearranjos culturais brasileiros o cuidar da pessoa idosa é, naturalmente uma função da família, tendo a figura feminina como a mais indicada para tal função. Portanto, para a equipe de saúde, o seu objetivo é o bem-estar biopsicossocial do paciente idoso, do cuidador e da família; pois, na assistência domiciliar, se lida, freqüentemente com pacientes dependentes em suas Atividades Básicas de Vida Diária (ABVDs) e Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVDs), criando-se a necessidade de um cuidador, o qual é uma pessoa que dispensa todos os cuidados ao paciente, assistindo-o em grande parte de suas funções sociais e orgânicas, variando de acordo com seu grau de dependência 6. Deste modo, a forma de cuidar em conjunto (paciente-cuidador-família-serviço de saúde), alivia o trabalho e a responsabilidade do cuidador único e solitário, possibilitando o retardar ou minimizar o aparecimento do estresse para a família, o cuidador e para o próprio idoso.
O trabalho de Neri citado por Karsch esclarece que a relação entre cuidador e o idoso dependente é complexa e, dependendo do perfil psicológico de ambos, poderá tornar-se difícil, principalmente em relação à autonomia do idoso que, apesar de estar dependente e frágil, muitas vezes tem expectativas de exercitá-la tão plenamente quanto seu passado 3. Porém, segundo a Política Nacional do Idoso e a Política Nacional da Saúde do Idoso, determina-se que assistência a essa população deve ter como preocupação básica a sua permanência na comunidade, no seu domicílio, de forma autônoma pelo maior tempo possível 1.
Nessa vertente, o PSF pode ser uma estratégia eficiente face ao desafio que é cuidar, com inclusão de novos profissionais diretamente ligados à reabilitação, como o próprio Fisioterapeuta, imbuídos por uma visão holística do problema, comprometidos, não em tratar de uma doença, mas em cuidar de um individuo que convive com outros indivíduos, os quais também sofrem influências do processo de cuidar e, portanto, devem ser alvos do sistema oficial de saúde7.
O cuidador familiar, dentro de uma proposta mais ampla de cuidados deve ser entendido como um membro da equipe de saúde e para tanto, deverá ser preparado, sobretudo porque é a partir dele que a equipe pode acessar informações reais e instantâneas, imprescindíveis para a uma melhor resolutividade no processo de cuidar.
Face ao exposto, entende-se que é de fundamental importância o conhecimento do perfil dos cuidadores desses idosos, bem como o que pensam e o que fazem, pois são determinantes nos resultados das ações da Fisioterapia no espaço comunitário, potencializado ou reduzido os efeitos desta assistência.
Sendo, assim, este estudo, tem por objetivo identificar o perfil do cuidador do idoso dependente, nas áreas 7 (sete), 8 (oito) e 9 (nove) do PSF Unipark, em Várzea Grande/ MT.
Metodologia
Trata-se de um estudo de base populacional, exploratório e descritivo, aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Cuiabá, registro nº 023 CEP/UNIC/2009 – Protocolo nº 2009-013, realizado junto aos cuidadores de idosos dependentes residentes na área de abrangência do PSF Unipark, no município de Várzea Grande. Este estudo teve uma amostra de 27 (vinte e sete) cuidadores de idosos dependentes alocados junto aos prontuários das famílias cadastradas na Unidade Básica de Saúde (UBS) do PSF Unipark e, portanto, moradores das micro-áreas 7 (sete), 8 (oito) e 9 (nove); de ambos os sexos; acima de 18 (dezoito) anos de idade; com ou sem grau de parentesco com a pessoa cuidada.
Para obtenção das informações, foram realizadas técnicas de coleta de dados na forma de entrevistas conduzida pelos próprios pesquisadores com uso de questionário estruturado, no período de abril a maio de 2009.
As mesmas foram efetuadas nas residências de toda a amostra selecionada com o objetivo de analisar as seguintes variáveis do estudo: idade, raça, sexo, nível de escolaridade, grau de parentesco, nível sócio-econômico (em salário mínimo), patologias prevalentes, estado civil, religião, existência de vínculo empregatício, tempo de atuação como cuidador, existência de assistência da UBS ao cuidador, as dificuldades apontadas pelo cuidador quanto a sua atuação e, o nível de dependência do idoso cuidado. Tais variáveis foram submetidas à análise estatística descritiva, que foram expressas em forma de tabelas, deste modo, efetivando a análise quantitativa dos dados coletados.
Resultados e Discussão
Os dados colhidos no campo apontaram para um perfil heterogêneo quanto aos aspectos sócio-demográficos dos informantes, variando em diferentes padrões de repostas, principalmente quanto às variáveis: idade, raça, grau de parentesco e religião; o que pode ser observado na Tabela 1. Nesse sentido passamos a descrevê-la e analisá-la. A maioria dos cuidadores se encontra na faixa etária dos 31 aos 49 anos de idade. O estudo de Fonseca e Penna, que contou com 10 cuidadores familiares, em Salvador- Bahia encontrou uma média de idade de 54 anos 8. Quanto a esta variável Ribeiro et. al. diz ser um aspecto importante na atividade de cuidador, pois a dependência dos idosos, principalmente em relação às AVDs, demanda esforço físico daqueles que atuam nesta função, o que remete a pensarmos que cuidadores com idades mais avançadas terão maiores limitações no ofício de cuidar 9.
Quanto ao sexo, houve uma recorrência nas respostas apontando que mais de 80% dos informantes são do sexo feminino, o que corrobora alguns achados de outros pesquisadores, como Euzébio e Laham, citados por Fonseca e Penna, de que as mulheres em sua grande maioria se prestam ao papel de cuidadora, devido à contextualização histórica e cultural da sociedade brasileira 8. Laham diz que, apesar de todas as mudanças sociais e as transformações na composição familiar – que impõe novos papéis à figura da mulher, que acaba por assumir uma maior participação no mercado de trabalho, ainda assim, em nossa sociedade espera-se da mulher a iniciativa em assumir mais essa função de cuidar dos entes enfermos 8. Esse autor afirma ainda que, geralmente, os homens participam do cuidado de uma forma secundária, através de ajuda material ou em tarefas externas, como transporte do paciente e pagamento de contas 8. Contudo, Muraro e Boff acrescentam que a relação afetiva das mulheres com o cuidar pode contribuir na humanização das instituições 9.
Já, quanto à variável raça, prevaleceu à raça negra com percentual de 59,03%, seguida pela branca com 29,06% e a parda que apontou 11,01%, com base nas respostas referidas pelos informantes. E a respeito, do estado civil dos informantes identificou-se uma maior prevalência de cuidadores casados (65%) seguido pelos solteiros (20%). E o estudo do Ribeiro et. al., sobre o perfil de cuidadores de idosos institucionalizados observou que nas instituições privadas, mais da metade eram casados (50,6%) e nas filantrópicas, o percentual de casados foi igual ao de solteiros (37,8%) 9.
Em relação à existência de vínculo familiar, dentre os 27 entrevistados, 55% não possuem grau de parentesco com os idosos cuidados. Esses achados são divergentes dos encontrados por Fonseca e Penna, que revelou uma predominância para os filhos, seguidos pelos cônjuges 8. Esses mesmos autores ao citarem Cattani e Girardon-Perlini relatam que os cônjuges são os principais a assumirem o cuidado, movidos principalmente por uma “obrigação matrimonial”, pelo projeto de vida comum assumido pelo casamento e o compromisso de estar junto na saúde e na doença 8. Nesta circunstância, a relação entre o cuidador e o idoso dependente é complexa e, dependendo do perfil psicológico de ambos, poderá ser muito difícil, principalmente em relação à autonomia do idoso que, apesar de estar dependente e frágil, muitas vezes tem expectativas de exercitá-la tão plenamente quanto em seu passado, segundo o que diz Neri, citado por Floriani e Schramm 10. Quanto à religião a mais prevalente é a evangélica (51,85%), seguida pela católica (48,15%) o que diverge dos achados de Marques, Rodrigues e Kusumota que em seu estudo realizado com 8 (oito) famílias, todos os membros do núcleo familiar eram católicos 11.
Na Tabela 2, observa-se outros dados sócio-econômicos como: o vínculo empregatício, o grau de escolaridade, renda familiar e a contribuição com a renda familiar (se o idoso contribui ou não). Assim, quanto à existência de vínculo empregatício apenas 7,41% da amostra possui vínculo empregatício. O baixo nível de instrução foi uma realidade observada entre os informantes. O grau de escolaridade prevalente foi de 1º grau incompleto (61,10%), seguido por 1º grau completo (12,05%) e, 2º grau completo (12,05%), já no estudo de Fonseca e Penna, em relação à escolaridade, apenas 6 (seis) dos 10 (dez) entrevistados declararam ter concluído o ensino médio, no entanto, a amostra também inclui 2 (dois) analfabetos. Assim sendo, segundo Restá e Budô, citados por Fonseca e Penna, é importante conhecer a escolaridade dos cuidadores, pois são eles que recebem as informações e orientações da equipe de saúde 8. Nesse sentido a educação em saúde está muito ligada à capacidade de compreensão das pessoas. Laham levanta a hipótese de que o nível de escolaridade possa influir nos sentimentos dos cuidadores, sendo que a pouca aprendizagem dificultaria a compreensão do que acontece com o paciente 8.
O índice de renda familiar mais encontrado foi de 1 a 3 salários mínimos (70,36%), seguido por menor que 1 salário mínimo (19,33%). Este resultado é explicado pelo acesso ao sistema de previdência social – aposentadoria ou benefício de prestação continuada, que lhes garantem um salário mínimo, sendo que apenas duas pessoas, dentro de cada família dos idosos, receberem remuneração salarial. Quanto à contribuição ou não do idoso na renda familiar 92,59% afirmaram que contribuem no sustento da casa. Esse fato se dá em virtude dos gastos associados aos cuidados com o idoso e, por isso, a sua remuneração financeira se torna imprescindível a manutenção da casa.
O que se refere aos aspectos relativos ao ato de cuidar, observados na Tabela 3, evidenciou- se ainda que: o tempo de cuidado encontrado neste estudo foi superior a 1(um) ano, prestando cuidados aos idosos dependentes, entretanto, no estudo de Fonseca e Penna, o tempo em que os cuidadores estavam exercendo esta atividade variou de 1 (um) a 4 (quatro) meses, com média de 2 (dois) e 4 (quatro) meses.
Outro importante, dado pesquisado foi sobre a existência de doença ou agravos apresentados pelo idoso cuidado, que repercuti efetivamente no ato de cuidar. Os achados desse estudo apontam que 44,45% das doenças são de caráter neurológico, seguido pelas ortopédicas ou reumáticas com 33,33%. Já segundo, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, demonstra que as doenças de coluna/costas, artrite/reumatismo e hipertensão são as doenças crônicas mais freqüentes, que chegam a atingir quase 50% das pessoas com a faixa etária acima dos 45 (quarenta e cinco) anos 12;
A doença do cuidador, também pode influenciar muito na qualidade do cuidado e na relação dele com o idoso. Dentro da amostra estudada a doença mais encontrada foi à ortopédica ou reumática com 44,74%. No estudo de Karsch, os dados sobre a saúde dos cuidadores dos casos entrevistados, 40,7% tinham dores lombares, 39,0% depressão, 37,3% sofriam de pressão alta, 37,3% tinham artrite e reumatismo, 10,2% problemas cardíacos e, 5,1% diabete, e segunda esta autora, as condições físicas desses cuidadores levam a inferir que os cuidadores são doentes em potencial e que sua capacidade funcional está constantemente em risco 3.
Quanto à relação com os serviços da atenção básica, a maioria dos entrevistados possui cadastro e fazem uso da Unidade Básica de Saúde – UBS, além disso, residem junto ao idoso cuidado, por serem pessoas próximas a eles ou de suas famílias.
As dificuldades no ato de cuidar também foram alvos desse estudo, revelando que quanto a esse fator, os entrevistados em sua maioria, vêem o espaço físico como maior dificuldade (33,33%), seguido pela relação com a UBS (29,63%) e por último a relação com o contexto familiar (25,93%).
Quanto ao nível de dependência (auto-referido) do idoso, dos 27 (vinte e sete) entrevistados 18 (dezoito) são parcialmente dependentes, correspondendo há 66,67% e, os outros 9 (nove) são totalmente dependentes, correspondendo há 33,33% da amostra, este fator sugere certa cautela por parte do cuidador, que em alguns momentos não se sentem apto a função de cuidar, devido à condição física e funcional do idoso.
Considerações Finais
Esse estudo pretende chamar a atenção dos profissionais de saúde que indicam cuidados em casa a idosos dependentes, no sentido de se considerar as mudanças sociais e econômicas que estão transformando as estruturas familiares, sobretudo das camadas populares das grandes cidades brasileiras, e como estas podem afetar a posição e o papel tradicional do cuidador de idosos fragilizados e dependentes ³. Como afirma a autora e também profissional da saúde, Úrsula M. Karsch, devemos nos ater a olhar de modo mais humanista dentro de um contexto biopsicossocial 3. Atentando-nos as perspectivas apontadas pelo Ministério da Saúde e pelas Secretarias de Saúde do Estado de Mato Grosso e da Municipal de Várzea Grande, quanto às ações tomadas no âmbito da Saúde da Família, principalmente a respeito da saúde do idoso. Pois, o fato de se ter um cuidador, não significa que os médicos e todo o grupo multiprofissional do PSF Unipark, deve deixar a mercê essa população idosa que requer muitos cuidados, do mesmo modo que os cuidadores (que são parte responsável pelo bem estar desses idosos) não devem deixar de reivindicar e fazer valer os direitos desses idosos dentro da UBS do PSF Unipark, em Várzea Grande.
Nessa vertente a Fisioterapia, vem otimizar e contribuir quanto à relação dos cuidados aos idosos dependentes, pertencentes às equipes de saúde da família.
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