Mauricio Ferraz de Arruda ; Daniela de Carvalho Rufino Lucas Langoni Cassettari .
Introdução
Motoristas profissionais podem apresentar alterações biomecânicas por passarem horas na posição sentada, apresentando dor, levando à alteração da qualidade de vida, sendo que a dor fraca é a de maior incidência e a área de dor mais intensa é a coluna lombar (SANTOS; NETO, 2002).
A prevalência de lombalgias entre motoristas de ônibus de turismo e coletivo constatou-se baixa, levando a indicar novos estudos sobre o assunto (NETO; BARRETO, 2007).
Hamill e Knutizen (1999) apud Barbosa; Penoni (2004) relatam que a retificação lombar associada à retroversão pélvica, aumenta a compressão intradiscal, maior que 50%, que se dissipa para a pelve e membros inferiores.
A vibração é apontada como um dos riscos ocupacionais mais comuns na indústria britânica, estando diretamente ligada à incidência de dores nas costas em motoristas profissionais (BALBINOT; TAMAGNA, 2002).
Segundo Kawase (2006), as dores lombares atingem com grandes proporções os profissionais que realizam levantamento de carga ou exercem a sua atividade sentada, como é o caso dos motoristas.
Justificativa e Relevância
Sendo um trabalho que exige uma postura dinâmica, na posição sentada com as variáveis e agravantes de movimentos repetitivos bruscos.
Atualmente a ergonomia e análise postural em motocicleta é pouco estudada pelos acadêmicos, o que é demonstrado pela falta de bibliografias e artigos publicados sobre o assunto.
Desta forma pode-se avaliar a importância de se realizar esse estudo para aguçar outros profissionais da área da saúde ou da engenharia sobre o assunto, para que se possa adequar a máquina ao homem e seu tipo de trabalho e não o inverso
Objetivos
Objetivo geral
Analisar a ocorrência de sintomas osteomusculares dolorosos e sua correlação com distúrbios posturais de moto taxistas em Monte Alto.
Objetivos específicos
Correlacionar escoliose por ângulo de Tales frente a sintomas osteomusculares.
Correlacionar escoliose por diferença de cinturas escapular a sintomas osteomusculares.
Correlacionar escoliose por diferença de altura de ângulos inferiores de escápula frente a sintomas osteomusculares.
Casuística e Métodos
Amostra
O estudo foi desenvolvido na cidade de Monte Alto estado de São Paulo, com população de quase 47.000 habitantes (P.M.M.A. – PREFEITURA MUNICIPAL de MONTE ALTO, 2008).
Onde segundo o setor de (ISS) – Imposto Sobre Serviço (2008), a cidade tem uma cota máxima de 97 vagas para moto taxistas constando hoje em atividade 90 vagas preenchidas.
Segundo o (IBGE) – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2007), a frota de veículos de Monte Alto era de 12.054 automóveis, 6.721 motocicletas, 1.414 caminhonetes, 1.352 motonetas, 1.262 caminhões, 166 caminhões tratores, 94 ônibus, 36 micro-ônibus e 1 trator de rodas, com uma população de 44.085 habitantes.
Constituiu-se de 30 moto- taxistas com faixa etária entre 20 e 64 anos do sexo masculino, de três empresas distintas que se encontram na área central da cidade, a escolha foi aleatória desde que aceitassem participar da pesquisa que foi realizada em horário oportuno.
Metodologia
(QNSO) – Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares
O questionário foi aplicado na versão traduzida por Pinheiro (2002), em sua forma resumida ao término do turno de trabalho. Sendo esclarecidas todas as dúvidas remanescentes e após concordar com a pesquisa e assinar o termo livre e esclarecido de consentimento o questionário foi auto-aplicável
Biofotogrametria computadorizada (posturograma 2.8)
Os moto taxistas foram fotografados, em sala fechada e restrita cedida por uma empresa de moto táxi especialmente para realização da pesquisa e de forma individual.
Todos estes procedimentos foram realizados de acordo, para que não houvesse constrangimento frente aos demais motociclistas.
Foram demarcados, utilizando marcadores adesivos circulares hipoalergênicos de aproximadamente, 0,5 cm de diâmetro e fotografados por uma máquina fotográfica digital Sony 2.0 megapixels posicionada sobre um tripé, a dois metros do voluntário depois de usado um nivelador de solo.
As fotos foram obtidas em uma vista anterior e posterior, realizando posição de passo, isto é, partiram de um passo ou dois atrás da demarcação (local da obtenção da foto) para que não houvesse um rearranjo de posicionamento corporal na hora do registro fotográfico.
Sendo assim, os voluntários foram posicionados em posição ortostática anterior e posterior com a face para frente, braços pendentes, joelhos retilíneos e estendidos, conforme as orientações de Kendall (1980). Para a análise das distâncias entre os pontos anatômicos, os mesmos foram
demarcados segundo Hoppenfeld (1987).
Resultados
Discussão
Segundo Santos e Neto (2002), motoristas de ônibus de uma empresa de Mogi das Cruzes apresentam dor mais intensa na coluna lombar com 33% em amostra de 32 voluntários.
Neste estudo, realizado especificamente com motociclistas profissionais consta, mais referida também à dor lombar com 56%, em amostra de 30 voluntários.
Em estudo realizado por Carneiro et al. (2007), em 40 motoristas de ônibus a prevalência de sintomas osteomusculares observada nos ombros foi de 32,5% e 48,7% na coluna lombar nos 39 cobradores de ônibus. Enquanto que ficou constatado em motoqueiros na análise de ocorrências osteomusculares, 36% sentiam dor nos ombros e 56% na coluna lombar.
Conclusão
A amostra demonstrou coerência de resultados nas ocorrências dolorosas em correlação a distúrbios posturais, através da metodologia utilizada.
Porém os indivíduos com discrepância das distâncias estudadas e que se apresentam assintomáticos em alguns casos, podem estar presentes por alto limiar doloroso que ainda não alcançou o ponto de deflagre e/ou por questões psicológicas, etc.
Já os indivíduos que possuem ângulos simétricos e que se apresentavam queixosos, possuem outros aspectos ou conjunções desencadeantes dos sintomas relatados no questionário utilizado.
Referências Bibliográficas
BALBINOT, A.; TAMAGNA, A. Avaliação da transmissibilidade da vibração em bancos de motoristas de ônibus urbanos: um enfoque no conforto e na saúde. Revista Brasileira de Engenharia Biomédica, Porto Alegre (RS), v. 18, n. 1, p. 31-38, jan./abr. 2002
BARBOSA,J ,.PENONI,A.C.O Comparação biomecânica entre a posição sentada e ortostática, durante atividade, da coluna lombar. Revista ETHOS, Lavras (MG), v.2n.1, p.11-17,2004.
CARNEIRO,L.R.V Sintomas de Distúrbios osteomusculares em motoristas e cobradores de ônibus.Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano,v.9,n.3,2007.
HOPPENFELD, S Propedêutica Ortopédica: Coluna e Extremidades. São Paulo: Editora Ateneu, 1987.
KAWASE, P. R. Constrangimento postural ocupacional determinado pelo equipo odontológico: um estudo de caso, 2006; Dissertação de Mestrado Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
KENDALL, H. O.; KENDALL, F. P.; WADSWORTH, G. E. Músculos: provas e funções. 12. ed. São Paulo: Manole, 1980. p. 296.
NETO, J. F. M.; BARRETO, A. C. M. Análise comparativa da prevalência de lombalgia entre motoristas de ônibus de turismo e coletivo urbano. Revista Saúde – Fisioterapia, São Paulo, v.6, 2007.
PINHEIRO, F. A.; TRÓCCOLI, B. T.; CARVALHO, C. V. Validação do Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares como medida de morbidade. Revista Saúde Pública, Brasília, v.36, n.3, 2002.Disponível em: http://tede.ufsc.br/teses/PEPS5093.pdf, acesso: 17/ago/2008
Portal do IBGE. Perfil dos municípios Brasileiros, 2007. Disponível em: WWW.ibge.gov.br,acesso : 16/jun/2008.
SANTOS, L. L.; NETO, R. C. Dor: Fator que altera a qualidade de vida em motoristas de ônibus, 2002. Disponível em: http://www.inicepg.univap.br/INIC_2006/epg/03/EPG00000180-ok.pdfacesso: 14/ago/08.