EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS: DIÁLOGOS EM COMUNIDADES  PESQUEIRAS A RESPEITO DA VULNERABILIDADE SOCIAL DE CRIANÇAS NA  AMAZÔNIA BRAGANTINA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7520319


Yan Ramon da Costa Lopes1  


RESUMO 

Nesta pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso, apresenta-se os resultados do Projeto de Extensão Educação e Direitos Humanos: diálogos em comunidades  pesqueiras a respeito da vulnerabilidade social de crianças na Amazônia bragantina em que se propôs as atividades dialogadas sobre formas de violência contra as  infâncias com pais e professores de Escolas da Comunidade da Vila do Bacuriteua.  A problemática de estudo originada das narrativas dos sujeitos sobre a  vulnerabilidade social de infâncias, no sentido, de questionar quais ações para o  combate da violência e do abuso infantil pelas atividades do Projeto Educação e  Direitos Humanos. Para isso, metodologicamente o estudo assume o diálogo  interdisciplinar na área de conhecimento das Ciências Humanas e Aplicadas pela  abordagem qualitativa, do tipo pesquisa ação-participativa, por se caracterizar em  estudo de intervenção na situação de crianças, com a finalidade de modificar aquela  realidade e da participação do bolsista de extensão no planejamento de ações. Os  resultados das atividades confirmaram a vulnerabilidade social de crianças em  Comunidades pesqueiras da Amazônia bragantina, principalmente, na Vila do  Bacuriteua. O projeto estreitou a relação e integrou as comunidades com a  Universidade ao promover as oficinas pedagógicas de escuta e orientação dos pais  e responsáveis por crianças; promoveu o debate acerca de violência doméstica;  estimulou pais e responsáveis a compartilhar suas experiências com casos de  violência contra crianças; revelou discursividades que demonstraram  desconhecimento acerca do desenvolvimento das crianças por meio do brincar;  confirmou os quadros de negligência e abuso sofridos por crianças. Ainda como um  dos resultados apresenta-se a cartilha ilustrada do projeto, forma de socializar com a  comunidade acadêmica e com as comunidades o conceito de vulnerabilidade social  e forma de combatê-la tendo como base os ordenamentos jurídicos de proteção às  infâncias. Identifica-se nos discursos dos pais a ausência de políticas sociais nas  comunidades, exceto pelas ações pontuais realizadas pela escola. Conclui-se que  nas comunidades Bacuriteua e Vila de Bacuriteua os responsáveis valorizam a  Escola, a escolarização de seus filhos, do contrário outros pais, mães e professora  defendem o trabalho infantil na vida de crianças e adolescente como educativo,  valorizam esse fenômeno e depois a educação escolar. Conclui-se da necessidade  de projetos de extensão direcionados para o Conselho Tutelar de Bragança e de  outras ações formativas para os responsáveis e a formação continuada de  professores por um currículo que atenda as especificidades de Escolas bragantinas  de comunidades pesqueiras. Ainda, é preciso ampliar as parcerias com órgãos  públicos, centros comunitários e setores da sociedade civil e política a fim de  estabelecer ações e promover atividades de enfrentamento à vulnerabilidade social  de crianças e adolescentes da Amazônia bragantina. 

Palavras-chave: Educação. Direitos Humanos. Vulnerabilidade Social. Infâncias. Comunidades Pesqueiras. 

1. INTRODUÇÃO 

A pesquisa do Trabalho de Conclusão de Curso de Pedagogia do Campus  Universitário de Bragança tem como objeto de estudo a participação de estudante/bolsista do Curso de Pedagogia nas ações do Projeto de Extensão  Educação e Direitos Humanos no diálogo em Comunidades Pesqueiras3 a respeito  da vulnerabilidade social de crianças na Amazônia bragantina. O projeto promoveu  ações a partir do resultado de outros estudos4realizados pela Linha Trabalho e  Infâncias5 do Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Trabalho e Educação (GEPTE6) em Comunidades campo-costeiro-praieiro no entorno da Reserva Extrativista Caeté Taperaçu. 

As pesquisas realizadas pelo GEPTE Linha Trabalho e Infâncias revelam as discursividades de crianças e adolescentes a respeito da vulnerabilidade social de  infâncias da Amazônia bragantina, como o trabalho infantil em vias públicas, no lixão  do Rocha, nas feiras da cidade, nos bares etc., naturalizado no discurso do adulto,  bem como, a violência física e o abuso sexual contra criança. Todas essas  negligências causam sofrimento à criança.  

Os relatos de crianças da Amazônia bragantina indicam os maus tratos  físicos, levar uma surra de facão nas costas, apanhar nas mãos com palmatória,  surra com fio elétrico, socos, tapa no rosto, abusos, estupros e outras agressões  físicas. Todas essas negligências causam sofrimento à criança e demandou ações  de intervenção na realidade social dessas infâncias, em parceria com a Escola e  responsáveis pelas infâncias. 

A coordenação da Linha Trabalho e Infâncias ao observar as discursividades  recorrentes de crianças e adolescentes sobre o trabalho infantil e outras formas de  violências viu a necessidade de realizar atividades em Escolas para os responsáveis e profissionais da Educação em que esses interlocutores tinham matrículas. As  crianças são moradoras da Vila do Bacuriteua, o que justificou a escolha das Escolas.  Diante desse imperativo, de encontrar outras formas para proteger as infâncias da  Amazônia bragantina, o Grupo planejou as ações do Projeto de Extensão  Educação e Direitos Humanos. 

A proposta do Projeto de Extensão Educação e Direitos Humanos: diálogos  em comunidades pesqueiras a respeito da vulnerabilidade social de crianças na  Amazônia bragantina se alinha à missão da Universidade Federal do Pará, disposta  no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI, 2016-2025), de “produzir, socializar  e transformar o conhecimento na Amazônia para a formação de cidadãos capazes  de promover a construção de uma sociedade igualitária, inclusiva e sustentável  (UFPA, 2016). Ainda, se alinha ao tripé da UFPA, ensino, pesquisa e extensão entre  acadêmicos, docentes e moradores de Comunidades Tradicionais, Escola de Educação Infantil da Rede Municipal e moradores adjacentes ao Campus  Universitário de Bragança, a fim de promover diálogos, escuta e fala com a intenção  de ampliar a aproximação da população à realidade da Universidade e à  democratização do acesso ao conhecimento acerca das Infâncias da Amazônia  Paraense. 

As ações do Projeto Educação e Direitos Humanos foram realizadas por  meio da oferta de palestras, oficinas e cineclube como ferramenta para dialogar com  a Comunidade da Vila de Bacuriteua. As oficinas pedagógicas propiciaram aos  segmentos da Escola (pais, responsáveis e profissionais da Educação) a  compreensão do desenvolvimento pleno de crianças pelos aspectos do cognitivo,  fisiológico, social, cultural, afetivo; a orientação na utilização de estratégias para  cuidar e educar pelo princípio do brincar; a valorização de tarefas diárias com o  auxílio do cineclube (documentários e músicas). Todas as atividades do Projeto se  alinharam às dimensões ética e política da Universidade Federal do Pará.  

No aspecto do trabalho pedagógico como eixo da formação sólida, teórico prática, o Projeto envolveu o estudante/bolsista de Pedagogia, mestrandos do  PPLSA, acadêmicos do Curso de História e de Pedagogia na realização da pesquisa  como forma de conhecimento e intervenção da realidade social; trabalho partilhado e  coletivo; trabalho interdisciplinar; articulação com a prática educativa e flexibilidade  curricular do Projeto Pedagógico do Curso (PPC) de Licenciatura em Pedagogia do  Campus Universitário de Bragança (UFPA, 2012). 

No campo interdisciplinar o Projeto envolveu Professores, Técnicos,  Acadêmicos e a Comunidade adjacente ao Campus, Comunidades Pesqueiras e  Rede Municipal de Educação. Adotou o princípio metodológico do pluralismo de  ideias como espaços e estratégias de ensino, participação em eventos culturais,  científicos e em outros Projetos de Ensino, como foi a experiência em monitoria,  assumidos como atividades curriculares do PPC de Pedagogia em que também  participei como bolsista. 

Neste estudo assumimos o conceito de vulnerabilidade social como  resultado da soma dos fenômenos sociais causados pela desigualdade social econômica e cultural e pelas ausências de políticas públicas no enfrentamento da  violência contra crianças e adolescentes em condição de risco. Ela é “produto da  desigualdade social, da má gestão dos recursos públicos e da exclusão social,  entendida como a vivência do lado negativo da desigualdade social, da pobreza e  exclusão” (PEREIRA, 2003, p. 359). 

A vulnerabilidade social tem relação com as condições de risco ao expor  crianças e adolescentes as mazelas sociais como o trabalho infantil. Souza (2014,  p.183) explica que o “[…] o trabalho infantil forma negativamente, reforça o medo, é  repetitivo, cansativo, penoso, alienante e embrutecedor”. Para a autora ele “é  educativo sob a lógica do capital”, […] limita a ampla formação humana”. Nas  análises de Souza (2014) o “trabalho infantil é causador de um sofrimento  patogênico e de alienação”, pois é um gatilho para outras formas de violências e  abuso contra crianças e adolescentes.  

O sofrimento é patogênico segundo Dejours (1992) por provocar dor, medo,  ansiedade, portanto é fisiológico causador de violências. A alienação está  relacionada ao trabalho infantil no estranhamento de crianças que não percebem  outras crianças subsumidas a exploração. Para Souza (2014, p. 148) a alienação como categoria marxiana “caracteriza-se pela subordinação do trabalho ao capital,  pelas relações sociais de produção estabelecidas, uma vez que resta ao trabalhador  apenas a sua mão de obra”. 

A Convenção ratificada em 2008 pelo Governo do Brasil7incluiu as piores  formas de trabalho infantil em uma lista. São 93 formas de violência. Souza (2014) explica que o trabalho infantil é causador do sofrimento e da vulnerabilidade social  de muitas crianças da Amazônia, é uma porta de entrada para outros modos de  violências. Para a pesquisadora o trabalho infantil, ainda é presente na Amazônia  paraense e na Região da Amazônia bragantina não é diferente, pois são situações  degradantes em que as crianças estão submetidas, desde morar no lixão, trabalhar  no lixão e se alimentar do lixo (SOUZA; ALVES; OLIVEIRA, 2017, p. 18). 

O estudo de Souza; Alves e Oliveira (2018) mostra que na Amazônia  bragantina algumas crianças são moradores das proximidades do lixão do Rocha, no  Município de Bragança, e estão ocupadas no trabalho do lixão. Para cada criança  explorada no trabalho a infância é negada, do mesmo modo ocorre é excluída dos  direitos fundamentais8, como o direito à vida considerando a condição de viver de  forma digna, a preservação da integridade física e moral de cada ser humano,  ausência de proteção, corre risco de vida, de prejudicar à saúde e desenvolver  problemas físico, emocional e psicológico, uma vez que vivem em condições  precárias e estão submetidas as piores formas de trabalho infantil. 

As limitações no desenvolvimento do aprendizado de crianças e  adolescentes são outros dados apontados na pesquisa de Souza; Alves e Oliveira  (2018) que estão relacionados à frequência escolar, o não aprendizado das práticas  leitoras, como decodificar a leitura, a escrita e interpretação. O trabalho infantil  aparece nas discursividades como impeditivo de avanços escolares, além de outro  fator a ausência de afeto no próprio ambiente intrafamiliar. 

A vulnerabilidade social de crianças da Amazônia bragantina é fruto da  desigualdade social econômica do país, além de outros fatores como moradia sem  infraestrutura, falta de saneamento básico, abastecimento de água, rede de esgoto,  a maioria das crianças não têm acesso ao banheiro. São vítimas da ausência de  políticas públicas sociais, da situação de pobreza, baixa escolarização de seus  responsáveis, e de acesso às políticas de proteção das infâncias e negação dos  seus direitos (NETTO, 2018). 

O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (2006) “reconhece a  educação como um direito humano e ao mesmo tempo ‘um meio privilegiado na promoção dos direitos humanos’, sendo, portanto, a garantia desse direito  fundamental para a própria dignidade humana”. 

Isso significa dizer que as crianças da Amazônia bragantina em situação de  vulnerabilidade social estão em constante risco, configurando assim a negação de seus direitos constitucionais, a falta de cuidado, de proteção, pois se encontram em  desvantagens econômicas e sociais, o que justifica a proposição da pesquisa do  Trabalho de Conclusão de Curso em Pedagogia da UFPA. 

Isto posto, o interesse acadêmico em desenvolver o estudo a partir das  experiências no Projeto de Extensão Educação e Direitos Humanos em parceria nas  atividades da Secretaria de Promoção Social de Bragança, com o CREAS, além de  relatos nos diálogos com as comunidades pesqueiras em que se localizou crianças  em situação de vulnerabilidade social.  

No Projeto de Extensão Educação e Direitos Humanos as práticas  extensionistas supervisionadas e interdisciplinares priorizaram a ação pedagógica do  acadêmico/bolsista do Campus Universitário de Bragança em vivenciar e  desenvolver as atividades na área da Educação, do direito à proteção integral de  crianças na Vila do Bacuriteua e Portinho; realizar palestras, cineclube, rodas de  conversas sobre o brincar, o trabalho infantil na relação com a vulnerabilidade social  de crianças no âmbito doméstico. 

Considerando, a realização do Projeto de Extensão Educação e Direitos  Humanos, elegemos a problemática de estudo, a saber: quais as experiências  vivenciadas pelo acadêmico/bolsista do Curso de Pedagogia na realização de  atividades da Linha Trabalho e Infâncias com foco para as ações do Projeto de  Extensão Direitos Humanos e Educação visando contribuir com a formação do  pedagogo em atividades de ensino, pesquisa e extensão. 

Com a intenção de responder a problemática de estudo, o objetivo geral é  apresentar as experiências do acadêmico/bolsista do Curso de Pedagogia do  Campus Universitário de Bragança, da UFPA nas ações da Linha Trabalho e  Infâncias e no Projeto de Extensão Educação e Direitos Humanos visando a  formação do pedagogo em atividades de ensino, pesquisa e extensão. 

E, de modo específico, os objetivos, o de identificar na literatura das  Ciências Humanas o conceito de vulnerabilidade social, Educação em Direitos  Humanos como prática de enfrentamento à vulnerabilidade social; apresentar o conjunto de ações desenvolvidas no Projeto de Extensão com a participação do  acadêmico/bolsista.  

É importante dizer que o Relatório Final do Projeto de Extensão foi  submetido à revista Densidades e aguarda parecer do comitê científico. Na estrutura  do texto dialoga-se metodologicamente sobre o conceito de vulnerabilidade social, a  classificação de determinada condição social e o enfrentamento por ações afirmativas no campo da Educação e Direitos Humanos. 

Em seguida, apresenta-se o método de pesquisa, o caminho teórico metodológico executado nas ações estabelecidas durante o desenvolvimento dele.  Posteriormente, os resultados de experiências do acadêmico bolsista na realização  de ações educativas do Projeto de Extensão. Por fim, as considerações finais onde  aponta algumas dificuldades na ação do Projeto, destaca-se pontos de aproximação  e distanciamento alcançadas no Projeto de Extensão e da relevância acadêmica e  social para a formação do pedagogo na prática educativa e do diálogo como  ferramenta de escuta, de olhar sensível para às situações de vulnerabilidade social  de crianças em Comunidades Pesqueiras na Amazônia bragantina. 

2. VULNERABILIDADE SOCIAL, EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS 

Apresenta-se nesta seção as discussões teóricas com base nas Ciências  Humanas e Aplicadas a forma como tem sido tratado conceitualmente a  vulnerabilidade social na relação com a educação e direitos humanos pelo viés  interdisciplinar. 

O conceito de vulnerabilidade social se articula com outros fenômenos como  exclusão social e econômica provocados pela produção do trabalho na sociedade  capitalista (NETTO, 2018), que alarga a desigualdade social. Para o autor as  mazelas originadas do capitalismo se relacionam com a questão social, como um conjunto de problemas políticos, sociais, econômicos que o surgimento da classe  operária impôs no curso da constituição da sociedade capitalista. Assim, a  vulnerabilidade social está vinculada aos conflitos entre trabalho e capital e as lutas  de classes (Idem, p. 13). 

Trata-se, também, do conceito de vulnerabilidade social na “área dos direitos  humanos, posteriormente, utilizado no “campo da saúde”. Na saúde “as primeiras  discussões articulavam dois estratos de visibilidade: pessoas que eram  discriminadas socialmente, tais como homossexuais e usuários de drogas; e a doença – AIDS –, associada ao medo e à moral” (GUARESCHI et al 2007, p. 19).  Essa categorização dos grupos de riscos, especificamente, na década de 80 do  Século XX, pautada na exclusão social incluiu o HIV como fenômeno social suscetível de infecção a qualquer pessoa, não restrito a determinado grupo. No Brasil as discussões teóricas e técnicas sobre a vulnerabilidade social  apontavam para grupo de risco como foi o caso do HIV, ou seja, atribuía ao  “indivíduo a condição de vulnerável”. Diferente desse conceito, o pesquisador da  medicina preventiva defende o conceito de vulnerabilidade social como “a falta ou na  não-condição de acesso a bens materiais e bens de serviço que possam suprir  aquilo que pode tornar o indivíduo vulnerável”. 

Ainda, na área da saúde a vulnerabilidade é compreendida “como um  conjunto de fatores que podem aumentar ou diminuir o risco” de exposição de uma,  “em todas as situações de nossa vida, […] as chances que cada pessoa tem de  contrair doenças, inclusive as infecciosas”, portanto, a vulnerabilidade social tem  relação com “fatores biológicos como sociais e culturais” […], ambiente de trabalho”,  os relacionados aos profissionais, nesse sentido, o risco e vulnerabilidade têm  perspectivas diferentes de acordo com o contexto e atuação profissional. Ainda, na  área da saúde está presente o risco ocupacional “associados à morte e doença  entre médicos, a material perfurocortante e perigo entre enfermeiros e  contaminação, doença e infecção entre cirurgiões dentistas”. 

Historicamente, os termos risco e vulnerabilidade geraram conflitos de  entendimento, visou contrapor a ideia de vulnerabilidade social relacionado a grupo  de risco de saúde em contextos históricos diferentes, todavia na área da Psicologia a  autora aponta que essa dicotomia conceitual “na esteira de ações de segurança e  moralidade, envolve formas de governabilidade das populações por meio de  biopolíticas centradas em marcadores identitários”, assim, amplia-se para a esfera  da vida social, juntando-se aos campos da educação, do trabalho, das políticas  públicas” (GUARESCHI et al, 2007, p.19). 

Destaca-se que a vulnerabilidade social está associada à produção  capitalista causadora da desigualdade social, um limitador de famílias no acesso ao  trabalho para produzir os meios de subsistência. Nesse cenário de negação as  crianças estão envolvidas nessa questão social, pois não existe vulnerabilidade social  sem risco de vida em que populações específicas estão submetidas às condições  sub humanas. As crianças moradoras da proximidade do lixão são sujeitos em situação de vulnerabilidade social e se encontram em constantes risco, de saúde e  de vida (SOUZA; ALVES; OLIVEIRA, 2018) 

É com a produção do conhecimento no campo das Ciências Humanas que a vulnerabilidade social de crianças em situação de risco ganha visibilidade em  pesquisas acadêmicas, ainda que tenha existido conflitos sobre o termo utilizado  como matriz analítica, o de pobreza, por não contemplar de forma ampla uma  contextualização para além de questões econômicas, pois historicamente a  vulnerabilidade social significou marginalidade e exclusão social, principalmente,  entre as décadas de 1960 e 1980, pela negação de políticas públicas sociais,  sobretudo, para as infâncias com menos privilégio econômico. Esse contexto  histórico se modificou com a Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Criança e  do Adolescente de 1990 estabelecendo direitos e dignidade humana. 

A vulnerabilidade social originada da desigualdade social de classes segundo  Castel (2005) tem parâmetros de introdução social e econômica com características  da precariedade na inserção da exploração e da condição do trabalho, devido baixo  salário, da falta de garantia dos direitos trabalhistas, da não seguridade social, de  não poder acessar aos bens e consumo, de oportunidades para o desenvolvimento  profissional etc.  

Compreende-se, na pesquisa, que a vulnerabilidade social é por questões do  trabalho na sociedade capitalista, em que o sujeito pode estar vulnerável ao se  encontrar em situação de desigualdade econômica, social e cultural, dos direitos  fundamentais que lhes são negados. A vulnerabilidade social tem relação com falta  de condições de vida do sujeito, da ausência de moradia, infraestrutura básica,  saneamento básico, rua pavimentada, coleta de lixo, abastecimento de água,  assistência à saúde, bem como, garantia dos seus direitos. 

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura  (2010) compreende que a vulnerabilidade social como “[…] resultado negativo da  relação entre a disponibilidade dos recursos materiais ou simbólicos dos atores,  sejam eles indivíduos ou grupos, e o acesso à estrutura de oportunidades sociais  econômicas culturais que provêm do Estado, do mercado e da sociedade”.  

No Brasil a Política Nacional de Assistência Social (2004, p. 33) caracteriza a  vulnerabilidade social como sendo “[…] decorrente da pobreza, privação ausência de  renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, […], fragilização de vínculos afetivos relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de  gênero ou por deficiências) […]”.  

Na pesquisa do Trabalho de Conclusão de Curso a vulnerabilidade não é  apenas econômica, mas questão de Estado, de políticas públicas na proposição do  “desenvolvimento social, para além de sua dimensão monetária” (BRASIL, 2015, p.  12). Por isso, a vulnerabilidade social causa a exclusão social, é necessário  entender as causas desse fenômeno social nas discussões da Educação em Direitos  Humanos e propor ações metas de enfrentamento por meio de políticas públicas, do  contrário não pode ser limitado a uma discussão apenas da pobreza. 

De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica  (2013) “os Direitos Humanos são frutos da luta pelo reconhecimento, realização e  universalização da dignidade humana”. Esse combate é histórico e social visando  ampliar “o reconhecimento de direitos face às transformações ocorridas nos diferentes contextos sociais, históricos e políticos (BRASIL, 2013, p. 517). É nesse bojo de garantias de direitos que “a educação é reconhecida como  um dos Direitos Humanos e a Educação em Direitos Humanos é parte fundamental  do conjunto desses direitos, inclusive do próprio direito à educação” (Idem). Ainda,  as diretrizes “[…] indicam a existência de graves violações destes direitos em  consequência da exclusão social, econômica, política e cultural que promovem a  pobreza, as desigualdades, as discriminações, os autoritarismos, […], as múltiplas formas de violências contra a pessoa humana”.  

Pensando nas ações de intervenção junto à comunidade escolar que o projeto  de Extensão assumiu a perspectiva da Educação em Direitos Humanos como  atividade teórico-prática capaz de assumir compromissos com a formação de  crianças visando o fortalecimento dos responsáveis excluídos dos seus direitos, pois  ela “se destina a formar crianças, jovens e adultos para participar ativamente da vida  democrática e exercitar seus direitos e responsabilidades na sociedade”,  defendemos uma educação inteira democrática que precisa ser valorizada pelo  poder público, de base no trabalho como princípio educativo visando o acesso à  cultura, a formação humana e ao bens e serviços necessários à vida. 

Em síntese, a pesquisa mostra que a vulnerabilidade social de pessoas é  determinado pelo modo de produção do trabalho e da sociedade capitalista, que  alarga a desigualdade social de classes, é determinante no modo perverso de  exploração da força infantil, afeta a vida econômica de sujeitos trabalhadores, por ser uma atividade degradante e penosa na vida de crianças da Amazônia  bragantina, é contrário ao modo de vida de resistência à lógica do capital, subverte o  trabalho como essencial à vida humana. 

A vulnerabilidade social é uma lógica econômica, política do Estado do  liberalismo que determina a individualização do sujeito, transfere a ele  responsabilidade pela sua condição sem considerar as mesmas oportunidades de  acesso ao bem econômico-social-cultural ao mesmo tempo. Por outro lado, o  trabalho infantil e outras formas de violência é manifestado pela vulnerabilidade  social de crianças, fruto de exclusão social de classes, etnia e de gênero de não  acessarem os bens necessários a dignidade humana, portanto, os seus direitos são  violados. 

Crianças e adolescentes da Amazônia bragantina vivenciam vulnerabilidade social, risco de vida e de saúde, muitas vezes são invisibilizados pelos adultos (pais,  responsáveis, poder público, Escolas). Algumas Escolas realizam ações de  enfrentamento para o fenômeno da vulnerabilidade social, mas a ausência de ações  em parcerias pelo acionamento da rede de proteção, a falta de políticas públicas  sociais para o enfrentamento é impeditivo para sanar tais situações aviltantes na vida  de infâncias da Vila de Bacuriteua. 

Considerando, o conhecimento do conceito da vulnerabilidade social no  âmbito das Ciências Humanas e Sociais, que as ações do Projeto de Extensão Educação e Direitos Humanos tem base na abordagem metodológica da pesquisa  ação, portanto é uma pesquisa que visou intervir na situação da realidade social de  crianças com a participação do acadêmico bolsista, responsáveis e Escolas com a  intenção de modificá-la.  

3. METODOLOGIA 

A pesquisa ação-intervenção, segundo Thiollent (2011), deve  partir de uma problemática indicada pelos sujeitos envolvidos e “uma ação não  trivial”, mas “uma ação problemática merecendo investigação para ser elaborada e  conduzida por todos com o objetivo de os segmentos. O autor fala que é preciso o  pesquisador intervir na realidade social conjuntamente com os envolvidos no problema. 

Inicialmente, a pesquisa partiu da problemática manifestada nas  discursividades de crianças residentes na Vila de Bacuriteua, que relataram as formas de violências vivenciadas por elas no âmbito doméstico. Diante das situações  aviltantes de crianças vítimas de familiares, o estudo viu a necessidade de  intervir na realidade social delas. Assim, o Projeto criou estratégias para apresentar  aos responsáveis e Escolas a vulnerabilidade social de crianças participantes da  pesquisa do Grupo Linha Trabalho e Infâncias e escutá-los sobre o que cada um  podia fazer para modificar essa realidade. 

A pesquisa do tipo participativa ou pesquisa-ação participante (THIOLLENT,  2011) é um estudo da relação entre os saberes formal e informal a fim de propiciar o  diálogo entre pesquisador e participantes, o de promover uma articulação entre  teoria e prática.  

Assim, a pesquisa participativa exige o diálogo – escuta e fala, as interações  sociais e contribuições de ambos sujeitos envolvidos no processo de discussão das  situações de vulnerabilidade social de crianças da Vila de Bacuriteua da Amazônia  bragantina é o desejável na metodologia da pesquisa ação. 

A metodologia da pesquisa-ação foi planejada por etapas. Essas ações  iniciais foram desenvolvidas pelo acadêmico-bolsista. O contato com as Escolas  para efetivar a parceria de proteção de infâncias da Amazônia bragantina; contato  telefônico, aplicativo WhatsApp e entrega do ofício assinado pela coordenadora do  Projeto. A continuidade de ações contou com a participação da coordenadora do  Projeto, de bolsistas da Iniciação Científica (PIBIC), da graduação e da Pós Graduação do PPLSA e profissional do Direito. 

1. Apresentação do Projeto, dos objetivos e da metodologia do Projeto a  gestão escolar; 

2. Entrega de convite para a gestão escolar encaminhar aos responsáveis de  criança; 

3. Criação da agenda das ações com a Escola – data, horário. 

4. Definição de um espaço amplo para as atividades do Projeto. Feito essas ações o Grupo da Linha Trabalho e Infâncias se organiza para  cumprir as etapas da pesquisa. 

As etapas das ações ocorrem entre os meses de março e dezembro de 2019. A  duração do Projeto foi de um ano, sendo finalizado em março de 2020. Cada  encontro durou entre três e quatro horas conforme previa o cronograma do Plano de  Trabalho.

Na pesquisa-ação existe a fase exploratória segundo Thiollent (2011, p. 28),  “consiste em descobrir o campo de pesquisa, os interessados e suas expectativas”.  Nesse momento foi realizado o levantamento de informações com a gestão da  Escola com a intenção de verificar as suas principais necessidades e problemas relacionados à vulnerabilidade social de crianças. 

O encontro com os participantes ocorreram nas Escolas da rede municipal de  Bragança, localizadas em Comunidade pesqueira do América Taperaçu-campo,  Bacuriteua e Pontinha do Bacuriteua, especialmente, com destaque para a Escola  Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Raimundo Martins Filho que abrangeu as  demais Escolas da Vila do Bacuriteua e Pontinha do Bacuriteua.  

A coleta dos dados aconteceu por meio das interações dialógicas com os  responsáveis e demais profissionais de escolas de crianças. Nessa fase do Projeto  de Extensão Educação e Direitos Humanos era apresentado a eles um  documentário sobre a invenção da infância9. Em seguida da apresentação do  documentário, os participantes eram convidados para a roda de conversa. Na roda  provocava-os a expressarem as suas opiniões sobre os contextos sociais das quatro  crianças envolvidas diretamente nas cenas, de outras situações de morte, do  trabalho infantil, do brincar e da Escola. 

A pesquisa adotou as atividades do painel cineclube e rodas de conversa com  base metodológica em Souza (2014). As atividades abordam temas a respeito da  vulnerabilidade social de crianças no âmbito doméstico. As oficinas pedagógicas no  formato roda de conversa e cineclube foram as principais ações do Projeto de  Extensão e permitiram uma interação dos participantes no processo de pesquisa. 

As rodas eram iniciadas com a apresentação da equipe e os objetivos,  seguida da Escola e responsáveis por crianças. Perguntava a eles – Essa realidade  tem alguma semelhança com as crianças da Vila de Bacuriteua? Será que os pais  daqui da Vila têm sentimentos de amor e cuidado pelas suas crianças? Na Vila de  Bacuriteua tem violência contra as crianças? Quem já presenciou alguma violência?  O que é a violência contra crianças? O Trabalho Infantil é uma violência contra as  crianças?  

Esses questionamentos e reflexões eram mediados pela coordenadora e  bolsista do Projeto de Extensão que após as escutas devolvem a eles em forma de  pergunta. Qual a solução imediata para essa situação? Bater na criança até sair sangue das mãos resolve? Deixar a criança cuidar de outra criança é correto? Por  quê? Como mudar essa realidade? Criança que brinca é vagabundo, por quê? Se o  brincar faz parte da constituição do ser criança, um direito garantido em Lei, como os  responsáveis podem ensinar, educar os seus filhos por meio do brincar? Como  podemos mudar essa realidade na Vila de Bacuriteua? 

Os diálogos com os responsáveis e profissionais de Escolas abordaram  temas do direito de crianças a viverem as suas infâncias; apresentava-se crianças  em situação de vulnerabilidade social. A dialogicidade é originada por vários temas  relacionados as infâncias; a gênese social da infância na modernidade; natalidade e  mortalidade infantil; sentimento de infâncias; trabalho infantil; abuso infantil; violência  sexual contra a criança; abandono.  

Em cada ação da pesquisa os moderadores escutavam os responsáveis,  juntos eram provocados a encontrar soluções e realizavam reflexões e ponderações  acerca das discursividades dos responsáveis por crianças da Vila do Bacuriteua da  Amazônia bragantina. Participaram responsáveis por crianças, em sua maioria  mulheres, raros homens, professores, diretora, coordenação pedagógica e  secretários. 

Nas Escolas foram realizados 14 encontros pedagógicos, em cada encontro  participaram 20 pessoas. 

Quadro 1 – Atividades realizadas. 

Quadro de atividades realizadas
Comunidades Atividades Realizadas
Vila do Bacuriteua e  Pontinha do Bacuriteua1 – Visita à comunidade. 2 – Visita às Escolas Raimundo Martins Filho e  Graziela Farias. 3 – Apresentação do projeto e do plano de trabalho. 4 – Oficina Pedagógica (roda de conversa). 5 – Oficina Pedagógica (sessão  Cineclube).
Comunidade Taperaçu  Campo1 – Visita à comunidade. 2 – Visita à Escola:.3 – Apresentação do projeto e  do plano de trabalho. 4 – Oficina Pedagógica (sessão Cineclube).
Comunidade  Quilombola do América1 – Visita à comunidade. 2 – Visita às Escolas Raimundo Martins Filho e  Graziela Farias. 3 – Apresentação do projeto e do plano de trabalho.  (sessão Cineclube).
Meio Urbano de  Bragança1 – Visita à Escola Cristiano Rosa. 2 – Apresentação do projeto e do plano  de trabalho.

Fonte: Projeto Educação e Direitos Humanos: diálogos em comunidades pesqueiras a respeito da  vulnerabilidade social de crianças na Amazônia bragantina, 2019. 

O quadro 1 apresenta a realização de todas as atividades nas Comunidade  de Bacuriteua e da Pontinha do Bacuriteua, demais comunidades pesqueiras e  quilombola não ocorrerão integralmente por motivos limitações de agenda entre as Escolas e a equipe do projeto, ainda por condições adversas como as fortes chuvas  do inverno amazônico, que em determinado período inviabilizou o deslocamento de  responsáveis pelas Escolas. 

O Projeto de Extensão envolveu uma equipe interdisciplinar; profissionais da  Educação, da Assistência Social, da Psicologia e do Direito, dois técnicos  administrativos da UFPA, o vice coordenador, o psicólogo, um bolsista discente do  curso de Pedagogia, três voluntários (sendo dois de especialização e mestrado e  uma da graduação em Pedagogia) e três docentes do Campus Universitário de  Bragança, mais a coordenadora do Projeto. 

4. RESULTADOS  

O Projeto de Extensão Educação e Direitos Humanos: Diálogos em  comunidades pesqueiras a respeito da vulnerabilidade social de crianças na  Amazônia bragantina cumpriu com os objetivos propostos, pois estimulou a  integração da Comunidade Universitária com as Comunidades por meio de ações  em Escolas e oficinas pedagógicas a respeito do direito de proteção às infâncias em  situação de vulnerabilidade social, realizou palestras para ouvir e orientar  responsáveis por crianças e Escolas de Comunidades Pesqueiras da Amazônia  bragantina a fim de promover discursões acerca do direito à educação, do brincar  como direito da criança, do trabalho infantil que nega a elas o direito de brincar e de  se desenvolver de forma plena. 

Os objetivos previstos alcançados por meio de atividades desenvolvidas na  promoção de práticas extensionistas supervisionadas e interdisciplinares priorizando  a ação pedagógica de acadêmicos, principalmente, do bolsista do Projeto, na  aplicação de conhecimentos acerca da Educação, do direito à proteção integral de  crianças em Comunidades Pesqueiras, no Município de Bragança-Pará; estimular a  integração da Comunidade Universitária com as Comunidades Pesqueiras, por meio  de oficinas pedagógicas a respeito do direito de proteção às infâncias em situação  de vulnerabilidade social. 

Nas discursividades dos profissionais de Educação das Escolas participantes todos já presenciaram e ouviram relatos de violências contra as crianças  matriculadas nas Escolas da Vila de Bacuriteua. 

A equipe ouviu muitos relatos sobre a violência e negligência para com as  Infâncias da Amazônia bragantina, o que reitera a relevância social, política e educacional do Projeto Educação e Direitos Humanos: diálogos em comunidades  pesqueiras a respeito da vulnerabilidade social de crianças na Amazônia bragantina  no Município de Bragança e acadêmicos da Universidade Federal do Pará. 

Nas rodas de conversas com os responsáveis pelas crianças escutou-se relatos  vivenciados por eles a respeito da violência contra criança e adolescente. Nas  discursividades se manifestaram agressões físicas como bater em seu filho de  facão; espancar o filho devido a surdez. “ 

Eu acho que bater em um filho não mata ele, ele aprende a ser gente […] eu apanhei de facão e estou bem vivinha […] eu bato toda vez […]  (Fala de uma mãe). Ah! professores… as meninas aqui são abusadas pelo pai, avó e  namorado da mãe […]. Já enxerguei a vizinha recebendo dinheiro para vender a filha […] ela é viciada em jogo […] (Fala de profissionais da Escola) […] criança não tem de querer, ela é de fazer o que mandar […]. Adulto manda nela […] (mãe). 

Nesses encontros, outras discursividades sobre violências se manifestaram,  pais que não perceberam que o seu filho é surdo. A criança era repreendida e  surrada pelos pais diariamente.  

Um dia eu percebi que a criança chegava à Escola machucada e chamei a mãe para conversar […] Dizia ela que a criança era rebelde, não respondia ao que falavam com ela […] Comecei observar a criança e percebi que ela não escutava, mas até acontecer a  descoberta ela já tinha sido muito machucada […]. Os pais não aceitam ter um filho com surdez […] (Professora). 

A presença da violência física no contexto social de crianças é recorrente, os  discursos de crianças são reiterados nas falas dos adultos. Dentre as formas de  violação do direito de ser protegida é frequente o abuso sexual em família contra  meninas e meninos no espaço doméstico, do mesmo modo, afirmados pelos  responsáveis e pela Escola, que são abusadores pai, avó e namorado da mãe. 

Ainda, nas discursividades dos responsáveis e da Escola apareceu o  aliciamento sexual de crianças e adolescentes por parte de moradores da Vila. Uma  mãe relata que seu filho foi vítima do assédio, mas junto com a Professora  conseguiram impedir.  

[…] Aqui tem um vizinho dono de um comércio e usa bombom e  salgadinho pra chamar os meninos pra dentro da casa dele […]. Lá  ele oferece e depois pede para a criança tirar o ‘passarinho da gaiola  para ele voar e ficar feliz’ […]. (mãe).

São relatos fortes, que nos chocam e que exigem ações imediatas como as  ações realizadas com as Escolas, com as crianças visando prevenção. Os  responsáveis participantes, também, relataram preocupação com a presença do  tráfico de drogas na comunidade por meio de pessoas envolvidas em outras  situações que se aproximam de crianças e adolescentes para o aliciamento e prática  abusivas envolvendo vendas de drogas. Nas discursividades de profissionais de  Escolas e responsáveis está presente na comunidade o alcoolismo. 

[…] a presença do alcoolismo em algumas famílias têm elevado os riscos de violência contra as infâncias […]. A Escola denúncia… acolhe meninas…, mas sem sempre é atendida pelos conselhos […]. (pai e Professor) 

Ainda, a vulnerabilidade social de crianças em comunidades pesqueiras se  mostrou pela embriaguez do adulto, gerando a violência doméstica na vida de crianças e adolescentes. 

Dentre as formas de violência contra crianças e adolescentes nas  comunidades do Bacuriteua e Vila de Bacuriteua, é o trabalho infantil a porta de  entrada para outras violências, todavia é reiterado pelos responsáveis e raras falas  de professores, como algo benéfico.  

[…] É melhor eles estarem trabalhando, ganhando dinheiro pra ajudar  em casa do que não fazer nada […]. Eles querem ficar empinando pipa e correndo parece doido pra pegar […]. Podia ir vender peixe na feira (pai). Bem acho que é bom eles (as crianças) trabalharem, porque se ficarem desocupados podem começar a usar drogas, a beber ou começar a roubar […]. […] É duro trabalhar de pequeno, é né […] eu trabalho desde criança e não morri […] então, não vão morrer né. Tem perigo  de se machucar, de um homem malinar e bolir […], não mata não. 

Os discursos dos responsáveis revelam uma valoração do trabalho infantil,  naturalizam a exploração da força infantil como algo bom, produtivo para o  desenvolvimento de seus filhos, não percebem a violência como um fenômeno social  contra à vida de crianças e adolescentes. 

Para os responsáveis de crianças e adolescentes o trabalho infantil é uma  forma de não se aproximarem de drogas, eles não percebem que esse fenômeno social é a porta para a droga, o crime, a violência, abuso sexual, além de causar dor,  sofrimento e limitador de avanços escolares (SOUZA, 2014).  

O trabalho infantil é contínuo, repetitivo, exige esforço, força física e não é um  trabalho criador. É trabalho alienante, atividade intensa que na sociedade capitalista  se mostra como condição de exploração e reprodução das desigualdades sociais de  classes, o que diferencia da atividade criadora do trabalho como princípio educativo (SOUZA, 2014, p. 23). 

Para Souza (2018) as crianças são seres humanos que se encontram em  situação de risco, de violência, de pobreza e não vivenciam uma infância  plenamente, uma vez que no contexto bragantino existem crianças exploradas no  trabalho infantil e abuso sexual. 

[…] as crianças devem trabalhar, nessa comunidade elas precisam ajudar em casa, indo vender, trabalhar no bar, ir para pesca de alto  mar […]. É, assim que elas crescerão pessoas do bem para viver na Vila […] (professora). 

Indagamos, responsáveis e demais colegas professores a respeito da fala da  professora. A manifestação de uma mãe foi contrária às demais colegas da Escola.  Nesse momento, intervimos para falar de crianças e adolescentes matriculados no  4º e 5º, que ainda não dominavam a leitura e escrita, se não estava relacionado ao  trabalho infantil, uma vez que demais alunos já estavam alfabetizados. Ainda, a  professora defensora do trabalho infantil respondeu – “eles não sabem ler porque  são preguiçosos, desatentos em sala de aula” (professora). 

A fala da professora nos provoca a pensar e planejar ações pontuais em  Escolas a fim descontruir o discurso ideológico de ser o trabalho infantil educativo, uma vez que ele atende a lógica capitalista, bem como explica Souza (2014, p. 154- 155) “[…] é justificado também no discurso de que pode ser solução para a pobreza  de crianças e adolescentes de origem trabalhadora”. Para a autora, “[…] reforça o  medo, é repetitivo, cansativo, penoso, alienante e embrutecedor”.  

Do mesmo modo a ausência da implementação de um currículo nas Escolas bragantinas que atenda as especificidades de crianças é defendido nas ações da  Linha Trabalho e Infâncias, que promova um ensino próximo a realidade social e  cultural, da formação contínua de professores de comunidades pesqueiras da  Amazônia bragantina.

Durante o percurso de idas e vindas as comunidades pesqueiras nos  deparamos com a Comunidade de Bacuriteua em que crianças na faixa etária entre  4 e 6 anos trafegam pela via pública, (acesso à praia de Ajuruteua), sem a presença de  um adulto. É possível dizer que as crianças em situação de vulnerabilidade social  têm ainda hoje a sua infância negligenciada pela falta de cuidado e proteção,  subsumidas ao trabalho infantil, carregada de violência, as extensas horas  trabalhadas, as agressões físicas, condições precárias de moradia, de alimentação e  higiene (SOUZA; ALVES; OLIVEIRA, 2018). 

Os discursos de Professores da Escola da Amazônia bragantina revelam a  vulnerabilidade social de crianças no risco à saúde como verminose, desinteria,  piolho, dentre outros maus tratos por parte de seus responsáveis. Assim, é  importante observar a formação do pedagogo pela ação pedagógica ofertada em  Estágio Supervisionado, pois é necessário ao graduando de Pedagogia conhecer,  experimentar vivências teórico-prática-formativa em realidade de Escola públicas de  comunidades pesqueiras, para que possa fazer reflexões da sua atuação  profissional diante de situações que envolvem crianças, adolescentes e  responsáveis.  

A escola no dizer de Libâneo (2006, p. 9) “é a mola das transformações  sociais”. […]. As tarefas de construção de uma democracia econômica e política  pertencem às várias esferas de atuação da sociedade, e, a escola é apenas uma  delas”. Por isso, muitas demandas como a vulnerabilidade social a escola não  consegue enfrentar sozinha, é preciso envolver outros órgãos no combate às mazelas das infâncias. 

Retornando às questões metodológicas, acerca do cineclube e exibição do  curta A Invenção da Infância. Os responsáveis conseguem relacionar a realidade  apresentada no documentário com a do contexto pesqueiro. 

[…] aqui até um tempo atrás morria muita criança ainda pequena, de  colo […] (mãe). aí mostra que a brincadeira existe entre as crianças das duas  classes, e mesmo as crianças ricas também são impedidas de  brincar, por conta de muitas tarefas que elas têm que fazer, e as crianças mais pobres por causa do trabalho (mãe). A morte da criança é escancarada, parece natural igual a esse  documentário (mãe). 

Outras questões, como sobre as diferenças sociais apresentadas no contexto  do documentário Invenção das Infâncias, geraram interpretações interessantes entre  os responsáveis e os profissionais das Escolas. Um pai destacou as diferenças entre  classes sociais, para ele: surgiram sobre o paralelo feito entre as crianças de classes sociais distintas: “as quatros crianças do documentário não são felizes, têm trabalho  e responsabilidades” (pai). 

Quando pergunto aos participantes se existia semelhança das crianças do  documentário com as crianças da Vila de Bacuriteua? Eles responderam que sim,  muitos pais ficaram emocionados com as realidades, com os relatos e juntos  discutiram formas de enfrentar o fenômeno social. Segundo um dos profissionais da  escola, “se observar bem, se não fosse a quadra da escola, não existiria nenhuma  possibilidade de lazer para as crianças e os adolescentes brincarem em segurança” (professor). É importante a valorização de atividades esportivas, pois é um  instrumento de combate ao uso de drogas e outras violências. 

Em relação à existência de um sentimento de infância relacionado ao afeto,  ao princípio de cuidar e educar e o direito de brincar, muitos responsáveis  manifestaram desconhecer a forma do desenvolvimento de crianças pelo brincar. O  brincar para os participantes apenas se mostra nas brincadeiras. Nesse sentido, a  ação do Projeto promovida pelo bolsista foi o de mostrar a valoração do brincar em  atividades educativas na ação pedagógica de professores, da participação de famílias na Escola, pois são elementos educativos que promovem o  desenvolvimento pleno de crianças. 

Para os responsáveis de crianças e adolescentes da pesquisa, a violência  não está relacionada ao trabalho infantil, apenas ao abuso sexual. Surrar uma  criança até desmaiar ou tirar sangue do seu corpo não foi visto por alguns  responsáveis como violência contra a criança. Por isso, é necessário valorizar o  papel pedagógico e social de Escolas com ações formativas, pedagógicas no  enfrentamento e no “fortalecimento das lutas sociais, a conquista da cidadania” […]. “A  escola tem o compromisso de reduzir a distância entre a ciência cada vez mais  complexa e a cultura de base produzida no cotidiano e a promovida pela  escolarização.

Muitos dos responsáveis participantes da pesquisa valorizam a Escola, os  professores, os profissionais da educação e se importam com a escolarização de  seus filhos. Assim, como buscam formas de proteger das violências, sobretudo, do  acesso ao uso de drogas e alcoolismo. Nesse sentido, a pesquisa-ação não “deve  se constituir como um receituário para o Projeto-intervenção”, mas o de promover  aos responsáveis “algumas pistas importantes para o planejamento e realização do  projeto”, das suas ações para enfrentar as violências (THIOLLENT, 2011, p. 26). 

As ações e metas do Projeto de Extensão em promover um tempo de escuta  e fala demandou da problemática violência contra crianças, os momentos de  palestras para contribuir com os participantes e buscar formas de evitar as  violências. Paro (2007, p. 30) a Escola deve “utilizar todas as oportunidades de  contato com os pais, para passar informações relevantes sobre seus objetivos,  recursos, problemas e também sobre as questões pedagógicas”. Assim, em uma  das rodas de conversa, a coordenadora do Projeto apresentou a Lei Bernardo,  mostrou redes de apoio aos pais para lidar com situações adversas as infâncias. 

O bolsista, também, mediou atividades pedagógicas como forma de enfrentar  a violência contra crianças na Vila de Bacuriteua da Amazônia bragantina por meio  da Educação, de ações pedagógicas entre escola e família. Nesse sentido, a  inserção de estudante de Pedagogia em Grupos de Pesquisa se fundamenta na  perspectiva da formação do professor reflexivo, com a finalidade de garantir que a  aprendizagem de modo colaborativo com base no princípio metodológico da ação  reflexão e reflexão ação, um movimento contínuo. Tal princípio baseia-se na unidade  teórico-prática como elemento articulador do currículo das políticas educacionais, da  gestão escolar e que as atividades curriculares sejam planejadas e efetivadas de  modo a favorecer o desenvolvimento de posturas investigativa, problematizadora e  propositiva nos discentes (GARRIDO, 2009). 

A equipe promoveu outros debates no campo do Direito com a participação  de uma advogada10 que explicou aos responsáveis a respeito do direito da dignidade  humana, do Estatuto da Criança e do Adolescentes. As Diretrizes estabelecem a “Educação em Direitos Humanos tem por escopo principal uma formação ética,  crítica e política”, que se refere à formação de atitudes orientadas por valores  humanizadores, como a dignidade da pessoa, a liberdade, do respeito à diferença;  que produza reflexão de contextos sociais, culturais, econômicos e políticos; uma formação pautada em uma perspectiva emancipatória dos sujeitos de direitos. Candau (2013, p. 400) que a Educação em Direitos Humanos deve privilegiar “o  tema do reconhecimento das diferenças, o que supõe lutar contra todas as formas  de preconceito e discriminação”. 

Em síntese, o Projeto de Extensão conclui que há muito a se fazer nessa  parceria UFPA, Escola e Comunidades Pesqueiras, de contribuir com as crianças da  Amazônia bragantina, com os responsáveis para que cuidem e protejam suas  crianças, suas infâncias. Ainda, que as Escolas realizem ações pontuais, não são  suficientes para protegê-las da violência do adulto no espaço doméstico. Faz-se  necessário outras pesquisas, outros olhares para essa realidade. 

Conforme a metodologia prevê a pesquisa-ação como intervenção na  realidade da Vila de Bacuriteua, criou-se um material, uma cartilha. 

4.1 Cartilha do Projeto de Extensão Direitos Humanos 

A Cartilha ilustrada como forma de socializar com a comunidade acadêmica,  Escolas da rede municipal, responsáveis participantes do Projeto, o fenômeno da  vulnerabilidade social de crianças no contexto de Comunidades Pesqueiras visando  promover a compreensão da Educação em Direitos Humanos por meio de uma  linguagem acessível com ilustrações das situações de violências relatadas pelos  participantes do Projeto de Extensão no âmbito das atividades desenvolvidas.  

A cartilha possui a objetividade pedagógica de sistematizar a vulnerabilidade  social manifestada pela negação de direitos e da violência física. Adota-se nos  manuscritos conceito de vulnerabilidade social, violência contra crianças, conceito de  infâncias, de trabalho infantil e infância conforme os ordenamentos jurídicos. 

A Cartilha ilustra a conceituação de vulnerabilidade social de crianças com  base nas Ciências Humanas e Sociais. Apresenta os tipos de violência: psicológica,  doméstica, abuso sexual, negligências e o trabalho infantil. As próximas  conceituações são a de trabalho infantil e do trabalho como princípio educativo além  da diferenciação entre tarefas e trabalho doméstico para crianças. A cartilha ainda  assume a responsabilidade de apresentar a infância nos ordenamentos jurídicos:  Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do adolescente (ECA) e a Lei  de Diretrizes e Bases da Educação pontuando a garantia do direito à educação  escolar pública de qualidade como dever do Estado, definindo as responsabilidades,  em regime de colaboração, entre a União, Estados, Distrito Federal e os Municípios.

Imagem 1 – Capa da Cartilha do Projeto. 

Fonte: Projeto Educação e Direitos Humanos: diálogos em comunidades pesqueiras  a respeito da vulnerabilidade social de crianças na Amazônia bragantina, 2019. 

A capa mostra o cata-vento, símbolo internacional do combate ao trabalho  infantil, que também simboliza o movimento da vida da criança, somado a uma  fotografia capturada na vila do Bacuriteua no âmbito das pesquisas do GEPTE  Infâncias, no Rio Caeté que mostra o cotidiano das infâncias desta comunidade  pesqueira. 

A cartilha será lançada no formato digital, mas posteriormente cópias  impressas podem ser distribuídas nas escolas do município se o Grupo conseguir os  recursos financeiros com os parceiros do Projeto para a impressão.  

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Das ações planejadas não foi possível executar em única Escola, do meio  urbano de Bragança, devido calendário do ano letivo e outras ações do Grupo Linha  Trabalho e Infâncias. 

Como ponto negativo do Projeto faltou envolver mais Escolas e responsáveis  nas ações do Projeto. Demais ações do planejamento atenderam o cronograma de  atividades. 

Na execução do Projeto de Extensão Educação e Direitos Humanos: diálogos  em comunidades pesqueiras a respeito da vulnerabilidade social de crianças na  Amazônia bragantina ocorreu entraves em reunir a equipe como um todo, devido  conflitos de agenda com o calendário das Escolas, em alguns momentos inviabilizou  as ações. 

Os principais resultados do Projeto de Extensão mostram que as atividades  executadas possibilitaram o diálogo com Escola pais e responsáveis por crianças e  adolescentes, uma interação sobre a situação de vulnerabilidade social das infâncias  da Amazônia bragantina, principalmente, no contexto da pesca artesanal e do  extrativismo do caranguejo.  

Os fatores relacionados às diversas formas de violência contra a criança estão  relacionados com a presença da droga, alcoolismo do adulto, nesse sentido, o pai  aparece como principal agressor. Estão presentes outras formas de violências como  espancamentos, negligência com a saúde (bucal e a verminose nos casos  identificados). A exploração sexual de meninas e meninos. Os relatos dos  responsáveis confirmam as discursividades de crianças das pesquisas do  GEPTE/Linha Trabalho e Infâncias a respeito da agressão física envolvendo  crianças, casos de abuso sexual, envolvimento de crianças e adolescentes com as  drogas, sobretudo, a submissão no trabalho infantil.  

Diante dos relatos a equipe pedagógica do Projeto dialogava com os temas  sensíveis, como violência sexual, espancamento e trabalho infantil abordando por  meio do conhecimento no campo da Educação, da Assistência e do Jurídico, ao  mesmo tempo que estes dialogavam e contribuíam com a discussão.  

A atividade do cineclube, sempre, foi o gatilho para iniciar o debate, muitas  vezes utilizado nos relatos dos responsáveis para exemplificar casos ocorridos com  seus próprios filhos, o que revelou o desejo de mães compartilharem entre a  comunidade as formas de precaução no que tange o assunto.  

Outrossim, as ações do Projeto propiciaram o estreitamento da Escola de Comunidades com a Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de  Bragança, além de promover o diálogo necessário sobre as infâncias da Amazônia  bragantina em situação de vulnerabilidade social. Assim, o Projeto de Extensão cumpriu com os objetivos de desenvolver diálogos e discussões e proporcionar  orientações aos responsáveis por crianças em Escolas de Comunidades Pesqueiras. As discursividades dos participantes com a equipe do Projeto mostram a ausência do poder público em promover políticas sociais às infâncias da Amazônia  bragantina. É preciso mapear essas formas de violências e criar campanhas como  forma de enfrentar esse fenômeno social por parte da gestão municipal, o que  mostra uma lacuna nas ações, pois as infâncias em determinadas comunidades estão em risco de saúde, principalmente, as Comunidades Pesqueiras.  O Projeto de Extensão precisa acontecer em uma segunda versão e ser  ampliado para Escolas do espaço urbano e buscar outras parcerias principalmente  com os órgãos de proteção à infância do município: Conselho Tutelar e Centro de  Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). 

REFERÊNCIAS 

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SOUZA, Ana Paula Vieira e. ALVES, Ana Nívia Santana; Oliveira, Francisco Pereira.  Discurso de crianças em situação de vulnerabilidade entre Escola, lixão e  trabalho infantil. Revista Nova Amazônia, Dossiê, Volume 6, número 23, setembro,  2018. 

THIOLLENT, M. Metodologia da Pesquisa-Ação. São Paulo, Cortez, 2011.


1Acadêmico do 9ª Semestre do Curso de Pedagogia do Campus Bragança da UFPA.

3Projeto de Extensão promovido pela Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Pará.
4Projeto PIBIC 2017-2018; PRODOUTOR 2017-2018; Renovação PIBIC e PRODOUTOR 2018-2019.  PIBIC AÇÕES AFIRMATIVAS 2019-2020. 
5 Coordenado pela Professora Dra Ana Paula Vieira e Souza. 
6 Coordenado pelo Professor Dr. Ronaldo Marcos de Lima Araujo da UFPA.
7Ver Rede Peteca. A Lista TIP é fruto da militância contra o trabalho infantil, sociedade civil e política  organizada. Juntos envolveram profissionais de áreas distintas, como médicos para consultar a respeito dos possíveis riscos de saúde causados pelas diversas formas de trabalho infantil e indicaram 93 formas no Brasil  das piores formas de trabalho infantil. Consultado em março de 2020. https://www.chegadetrabalhoinfantil.org.br, texto publicado no site em  08/05/2017.
8Os direitos fundamentais abarcam os direitos de liberdade individual previstos no Artigo 5º e  também os direitos sociais previstos no Artigo 6º da Constituição da República Federativa do Brasil.
9Documentário da Organização Internacional do Trabalho com duração de 20 minutos.
10Mestranda do PPGD, Advogada Paloma Sá Souza Simões.