COVID-19 E SUA LETALIDADE PARA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7158494


Autores:
Leandro Lima Carvalho1
Sidnei Sousa Costa2
Kamilly França Lisboa Guimarães3
Maria Eloyse Farias4
Paulo Henrique Pereira Silva5
Paulo Roberto Barros Gomes6


RESUMO

Por meio da coleta de diferentes materiais bibliográficos, este estudo se preocupou em analisar as problemáticas das ‘Desigualdades Sociais no Brasil’ durante os períodos iniciais, mais intensos, da COVID-19. Assim, foram monitorados e levantados dados a partir de ‘Indicadores Socioeconômicos’ de instituições de origem brasileira e internacional. Neste contexto, centrou-se em investigar as relações desses indicadores com a existência de desequilíbrios em diferentes campos do desenvolvimento e qualidade de vida do ‘Educando Brasileiro’, os quais estão inseridos dentro de diferentes cenários críticos causados pela pandemia do novo coronavírus. Os desiquilíbrios observados nos indicadores do PIB e do IDH estão relacionados de forma direta com a intensificação das ‘Desigualdades Sociais’ tanto entre ‘Educandos’ de diferentes ‘Regiões Brasileiras’ quanto ao tipo de ‘Rede de Ensino Pública e/ou Privada’ que estes pertencem. Portanto, a verificação planejada e eficaz desses indicadores é imprescindível para correção de distorções sociais e a diminuição de problemas tais como a ‘Evasão e Abandono Escolar’ que assolam principalmente o ‘Sistema Público Educacional Brasileiro’.

Palavras-chaves: Covid-19; Indicadores socioeconômicos; Educação.

ABSTRACT

Through the collection of different bibliographic materials, this study was concerned with analyzing the problems of ‘Social Inequalities in Brazil’ during the initial, more intense periods of COVID-19. Thus, data were monitored and collected from ‘Socioeconomic Indicators’ of institutions of Brazilian and international origin. In this context, it focused on investigating the relationship of these indicators with the existence of imbalances in different fields of development and quality of life of the ‘Brazilian Educating’, which are inserted within different critical scenarios caused by the new coronavirus pandemic. The imbalances observed in the GDP and HDI indicators are directly related to the intensification of ‘Social Inequalities’ both between ‘Students’ from different ‘Brazilian Regions’ and the type of ‘Public and/or Private Education Network’ that these belong to. Therefore, the planned and effective verification of these indicators is essential to correct social distortions and reduce problems such as ‘Evasion and School Dropout’ that mainly plague the ‘Brazilian Public Educational System’.

Keywords: Covid-19; Socioeconomic indicators; Education.

1. INTRODUÇÃO

A história tem essencial importância para preservar e disseminar os fatos ligados ao homem através do tempo. Períodos epidemiológicos catastróficos importantes foram documentados pelo homem em sua rica história evolutiva (PIRET e BOIVIN, 2021; SANTOS, 1994). Consequentemente, tais períodos marcantes apresentaram multivariáveis pouco previsíveis à época para serem combatidas e/ou controladas (MCKINNON, QUACH, et al., 2021; SOUZA, SOUZA, et al., 2021; FERRAZ, 2020; REICH, BORGES e XAVIER, 2020).

Em permanente discussão (WHITE e MORDECHAI, 2020; MEIER, 2016), apresenta as tentativas de parametrizar com maior precisão quais são aspectos e fatores que podem ser os impulsionadores mais relevantes para desencadear os prejuízos em cenários de crises relacionados a saúde, economia, educação e desenvolvimento — de modo geral —, durante os períodos históricos epidemiológicos gerados por microrganismos patogênicos vivenciados pela humanidade.

As consequências e impactos relativos causados em uma sociedade através de períodos Pandêmicos são imprevisíveis. Em um sistema econômico, por exemplo, uma crise nesse cenário pode desencadear uma aceleração no aumento substancial de desemprego e debilitar as redes de segurança social (GLODEANU, GULLÓN e BILAL, 2021; ELGAR, STEFANIAK e WOHL, 2020; DOURADO, RODRIGUES, et al., 2020). Contudo, ainda neste contexto, há sem dúvidas o encadeamento de diversos problemas ligados à desigualdade social generalizada.

Brasil, Silva, et al., (2022, p. 1) destacam que: “(..) no Brasil, uma criança fica órfã por COVID a cada cinco minutos. Essa é uma estimativa alarmante, principalmente nas regiões mais vulneráveis e desprivilegiadas do país, como Norte e Nordeste (…)”
“As evidências atuais enfatizam que a cada 3 milhões de mortes devido à pandemia, mais de 1,5 milhão de crianças perdem suas mães, pais ou cuidadores primários (geralmente avós).” (BRASIL, SILVA, et al., 2022)

Segundo consta no “Relatório do Setor Externo 2020: Desequilíbrios Globais e a Crise da COVID-19, do Fundo Monetário Internacional — FMI”; constaram-se, de um modo geral, que existem notáveis desequilíbrios nos déficits e superávits em conta corrente de muitos países e que houve um retrocesso considerável em 2019 para pouco menos de 3% do PIB mundial (FMI, 2020).

Em contrapartida, numa visão mais otimista, na atualização dos dados para a recuperação da Economia Global, de julho/2021, pela World Economic Outlook (WEO); espera-se que a economia global cresça 6,0% em 2021 e 4,9% em 2022 (WEO, 2021), assim como já especulado em abril de 2021.

Com a capacidade de produzir mutações em períodos relativamente curtos, o coronavírus pode alterar negativamente tais expectativas positivas de recuperação econômica mundial; podendo provocar, desse modo, novas ondas pandêmicas através de novas cepas mutantes e resistentes aos imunizantes produzidos atualmente (MUÑOZ, PATIÑO, et al., 2022; ZHU, SU, et al., 2022; UBI, IKPEME e ESSIEN, 2022).

Pandemias enfraquecem o “Setor Econômica Global” de modo generalizado, impactando outros cenários de parâmetros sociais de forma negativa. Consequentemente, um “Efeito Cascata” é frequente nestas circunstâncias Epidemiológicas e medidas estratégicas devem ser tomadas para tentar mitigar esses danos (AI, ZHONG e ZHOU, 2022; YANG, CHOE e MARTELL, 2021; FUJII, 2021; MARTÍNEZ-ALVARO e HERNÁNDEZ-SANTANA, 2021; MCELWEE, TURNOUT, et al., 2021).

Na educação brasileira, por exemplo, em 1918, segundo o meio de comunicação Desafios da Educação (2020); a invasão da “Influenza Espanhola” causou tanto caos que — por medidas de segurança e isolamento de indivíduos para conter o alastramento da praga — escolas aprovaram compulsoriamente todos os alunos, mesmo que o conteúdo letivo não fosse ministrado por completo naquele período avassalador (PÁTIO, 2020). Consequentemente, desastres futuros ocorreram principalmente no quesito de formação de mão de obra qualificada e aumento das desigualdades sociais.

No presente trabalho, foram considerados parte de parâmetros gerais do PIB (Produto Interno Bruto), IPCA/INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios); bem como, o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), a Evasão e Abandono Escolar. Por conseguinte, buscou-se verificar a influência do atual período pandêmico — causado pelo novo coronavírus — sobre tais parâmetros acima apontados e suas possíveis relações com o atual “Cenário Estrutural da Educação Brasileira”.

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para a fundamentação deste estudo foi realizado levantamento de dados e de informações documentais em fontes do Instituto Brasileiro de Geografia e estatística – IGBE, e internacionais de amplo reconhecimento e credibilidade. De maneira que, o estudo desenvolveu-se por meio de pesquisa bibliográfica e revisão de literatura (UNESP, 2015), assim o mesmo foi criteriosamente embasado e elaborado a partir de materiais publicados em diferentes plataformas (TREINTA, FILHO, et al., 2014).

Em concordância com a abordagem sobre “Metodologia de Pesquisa Bibliográfica com a Utilização de Método Multicritério de Apoio à Decisão”, como explanado na obra de Treinta, Filho, et al., p. 510-212 (2014); este trabalho seguiu algumas estratégias similares para a escolha dos materiais empregados na pesquisa desenvolvida, com uma bibliometria centrada num conjunto de métodos de pesquisa utilizados para mapear a estrutura do conhecimento em um campo científico através de uma abordagem quantitativa e estatística de diversos dados bibliográficos (VANTI, 2002).

Nas estratégias adotadas para a seleção dos documentos empregados deste trabalho, buscou-se com atenção manter o máximo de limite entre os ramos do conhecimento de “Bibliometria, Cienciometria e Informetria”, como ainda apresentado nos estudos de Vanti (p. 153-158, 2002). Portanto, foram seguidos critérios e instrumentos de pesquisa que respeitaram um amplo referencial da temática em objeto desta análise.

3. IMPACTOS DE INDICADORES NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

3.1 PIB x Despesas com Consumo das Famílias

A pandemia do novo coronavírus que se iniciou com alertas à ONU pela China, no final de 2019 — tomou proporções globais, preocupantes à saúde da população mundial, e teve o momento mais tenso no primeiro semestre de 2020. A instabilidade da saúde pública se estendeu à educação, instando soluções imediatas para a continuidade da qualidade da formação do educando brasileiro de um modo geral (LENCASTRE, 2021).

No período destacado, anteriormente, foram adotadas medidas restritivas, inevitáveis para diminuir o aumento das variantes desse vírus entre indivíduos humanos; fato que ocasionaram diversos efeitos negativos principalmente no “Sistema Econômico Mundial”, consequentemente, provocando o comprometimento da qualidade de vários outros setores importantes: tais como a saúde e, em seguida, da Educação (LENCASTRE, 2021). A verificação de dados com uma série de indicadores ‘Socioeconômicos’ é fundamental em casos especial como atual momento vivenciado com o nono coronavírus.

O Produto Interno Bruto – PIB, é um parâmetro importante que está relacionado diretamente com a macroeconomia de um país. São realizados diferente recortes de dados e análise, dentre os quais destacam-se PBI-agrícola, PBI-industrial e PBI- serviços. Por conseguinte, este avalia se a economia está crescendo e se o padrão de vida das pessoas está melhorando.

No Gráfico 1, de modo indireto, empregou-se o vetor de monitoramento PIB, por exemplo, como um indicador casuístico ligado à qualidade de vida da população brasileira e sua relação geral providenciaria fundamental na observância relativa frente à variação das despesas do consumo das famílias brasileiras, tomando-se como referência o período de 2011 a 2021.

Gráfico 1 – Variações do PIB e despesas de consumo das famílias brasileiras

Fonte: Adaptado pelo autor a partir de dados catalogados pelo (IBGE, 2022).

É possível destacar no Gráfico 1 dois períodos importantes: o primeiro, de 2013 a 2016 — pertinente à “Crise na Gestão do Governo Dilma Rousseff” e, posteriormente, de 2019 a 2021 — ainda em andamento, a “Gestão do Governo Jair Bolsonaro”. No governo de Rouseff, mesmo com os programas sociais instituídos, houve o agravamento da situação econômico-social das famílias brasileiras (OLIVEIRA e HERSCOVICI, 2022; BASTOS, 2017).

Nota-se ainda no Gráfico 1, que houve uma queda acentuada e considerável, a partir do 1º Tri/14 até o 2º Tri/16 — período caracterizado pelo decaimento da variação abrupta do PIB — que foi acompanhado, em contrapartida, também pela queda na variação das despesas do consumo das famílias brasileiras a partir do 1º Tri/14 ao 4º Tri/15.

Como parâmetro imprescindível para qualquer economia, oscilações negativas para o PIB (Gráfico 1, período de 1º Tri.14 a 2º Tri.16), desencadeiam incertezas com investimentos tanto de natureza interna quanto externa. Assim, com o enfraquecimento do PIB, uma série de problemas surgiram no Brasil relacionados diretamente com a economia – perda da qualidade de vida do brasileiro e baixo investimento no país; política – suscetíveis casos de corrupção em muitas esferas da administração pública; e prestação de serviços – educação, saúde e trabalho precarizados.

O PIB instável como foi observado no “Segundo Governo de Dilma Rousseff”, inferir-se, tomando-se como base os estudos de Bastos (2017), que o “Impeachment” da ex-presidente, outrora tratado como “Golpe de 2016”, foi crucial como alerta para um cenário de crise econômica no país, pois o investimento se reduziu em 13,9% em 2015 e 10,6% em 2016, enquanto o consumo caiu 3,9% e 4,5%, respectivamente.

Para Filho (2017), em seu trabalho intitulado: “A Crise Econômica de 2014/2017”, período em que ocorreu o Impeachment de Dilma Rousseff, foi fundamentada também de uma combinação de choques de oferta e demanda resultado de erros de política econômica. Esses choques produziram uma redução da capacidade de crescimento da economia brasileira e risco de insolvência das finanças públicas.

Todavia, uma economia em retrocesso e/ou estagnada de investimentos gera sem dúvidas outras consequências preocupantes. Tal cenário exige a adoção de medias contundentes em curto e longo prazo. Por exemplo, uma parte primordial do PIB, como citado, anteriormente, é destinado à Educação.

De acordo com Santos, Rocha e Alves (2022), a ‘Evasão Escolar’ é fato de extrema preocupação no Brasil, pois, segundo os autores, a região norte do país apresentou maior índice de crescimento da evasão, com variação de 2,6% dentre 2014 e 2016, seguido pelo nordeste e sul com variação de 2,4%.

Contudo, verifica-se ainda no Gráfico 1, outro período importante com relação ao PIB, dentre o 4º Tri/18 até 4º Tri/20 e, de forma expressiva e rápida, o decaimento das ‘Despesas com Consumo das Famílias Brasileiras’ no intervalo do 3º Tri/19 até 2º Tri/20; bem como, o aumento substancial destas despesas no decorrer do 2º Tri/20 / 3º Tri/20. Tais períodos são relevantes da então “Gestão Jair Bolsonaro” — atual Presidente da República (2018-2022).

Observa-se, conforme Gráfico 1, que tanto a retração do ‘PIB’ quanto as oscilações com as ‘Despesas de Consumo das Famílias Brasileiras’, diferentemente daquelas circunstâncias críticas que perduraram no Governo Dilma; na gestão categorizada como bolsonarista, a pandemia assoladora do novo coronavírus é que tem provocado fortes impactos negativos no setor econômico brasileiro e mundial.

Na educação — que depende em parte do PIB —, por exemplo, é trazido por meio do IBGE (SANTOS, ROCHA e ALVES, 2022), que nos dois primeiros anos da gestão do presidente Bolsonaro (2018 e 2019); a evasão escolar por região atingiu 9,2% no Norte e Nordeste e, por conseguinte, 6% no Sudeste. Portanto, houve uma pequena redução do percentual de evasão escolar de 2014 até 2019, mesmo com a postura negacionista com relação aos perigos da COVID-19 subestimada pelo Bolsonarismo (VALIM, 2021).

Entre adolescentes de 15 a 17 anos, o quadro da evasão escolar se agrava em relação ao ano de 2019; conforme IBGE, levando-se em consideração o gênero, a taxa de evasão para homens foi de 8,1% e, para mulheres, de 7,0%. Já para 2020, em pleno caos pandêmico, segundo Unicef, estima-se próximo de 1,38 milhões de alunos evadidos do ambiente escolar e cerca de 3,8% (percentual médio) possuem idade entre 6 a 17 anos (SANTOS, ROCHA e ALVES, 2022; LENCASTRE, 2021).

Ainda de acordo com o levantado por Lencastre (2021), aproximadamente 4,1 milhões de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos tiveram dificuldade de acesso ao ensino remoto em 2020. E que cerca de 1,3 milhão abandonou a escola. Os dados usados no relatório são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de outubro de 2020.

3.2. O Impacto da COVID-19 no IPCA da Família Brasileira

A pandemia da Covid-19 tem afetado não somente a saúde no mundo, mas interferido também em outras áreas diretamente correlacionadas com o desenvolvimento qualitativo e social dos seres humanos em todo o planeta. No caso do Brasil, boa parte da população tem sofrido para sobreviver de modo digno, principalmente no que diz respeito à obtenção de alimentos.

Numa perspectiva otimista, é mencionado para o ano de 2022, pela Secretaria de Política Econômica (SPE), que estima crescimento de 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. O mercado aponta alta de 0,5% ou até queda, mas a SPE acredita em desempenho bem mais robusto, ao considerar os principais drivers de crescimento para o ano que vem: investimento privado e emprego (SACHSIDA, 2022).

A recuperação do PBI brasileiro envolve crucialmente investimentos no país. Entretanto, é importante enxugar gastos principalmente governamentais. Segundo afirma Sachsida (2022): “O Atual governo chegará ao final de 2022 gastando menos do que quando assumiu, fato inédito em 20 anos. As três principais fontes de gastos (previdência, folha de pagamento e juros) foram reduzidas. Mesmo durante a pior crise sanitária brasileira, as despesas estruturais seguiram praticamente constantes (o déficit estrutural do setor público saiu de 1,16%, em 2019, para 1,33%, em 2020). O excesso de gastos foi tratado como transitório, não permanente, retirado com o alívio da pandemia”.

Um parâmetro da economia importante para se monitorar a qualidade de vida da população brasileira é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Como tratado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2022), o IPCA tem por objetivo medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias.

Ainda segundo o IBGE, o IPCA é um parâmetro de faixa de renda criado com o objetivo de garantir o monitoramento de uma cobertura de 90% das famílias pertencentes às áreas urbanas de cobertura do Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor – SNIPC.

Atualmente, a população-objetivo do IPCA abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, residentes nas áreas urbanas das regiões de abrangência do SNIPC, as quais são: regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju (IBGE, 2022).

Em relação à economia brasileira, o IPCA passou a se firmar como parâmetro de inflação. No trabalho de Martinez e Cerqueira (2013), foi amadurecida, com base na literatura (CARRARA E CORREA, 2012), a ideia do IPCA ligado à inflação. Estes expuseram em termos conceituais, sobretudo, que a taxa de inflação é um agregado macroeconômico que pretende indicar o efeito médio sobre a economia de um fenômeno complexo: o aumento de preços dos diversos bens que a compõem.

Concretamente, índices de inflação podem ser construídos a partir de variadas cestas de bens, conforme os preços relevantes para os grupos que se queira considerar – consumidores, produtores de um setor ou da economia em geral, residentes de uma região específica (MARTINEZ E CERQUEIRA, 2013).

Anteriormente aos pesquisadores Martinez e Cerqueira (2013); outros estudos já incluíam mesmo que campo teórico, como os de Carrara e Correa (2012), mostravam que o IPCA era primordial como um parâmetro balizador da inflação no Brasil. Neste estudo, abordaram a importância do IPCA como agente primordial ligado ao “Regime de Metas Inflacionárias no Brasil”, pois, para tal entendimento, observaram que tal indicador econômico está inteiramente entrelaçado em gastos com alimentação, transporte e comunicação, despesas pessoais, vestuário, habitação, saúde e cuidados pessoais, e artigos de residência.

Com o abordado acima, faz-se necessário também perceber que o IPCA influencia em aspectos sociais que permeiam intrinsecamente a Educação. Pata tanto, a seguir, logo abaixo, está apresentado na Tabela. 1 uma série histórica com a variação em percentual do IPCA acumulado ano durante o Plano Real (%), dezembro 1995 – dezembro 2021.

Tabela 1 – Variação acumulada no ano durante o Plano Real (%) de 1995 – 2021

Todavia, é preciso atribuir certa relação entre o IPCA e parâmetros educacionais como evasão escolar e abandono escolar. Portanto, quando os preços dos alimentos se tornam mais caros, famílias na base da pirâmide necessitam implementar mais sacrifícios para manter sua “Renda Familiar”.

No momento atual ainda com a alta influência da pandemia da COVID-19, tomando-se como informe o primeiro trimestre de 2022, o IPCA de fevereiro foi de 1,01%, 0,47 ponto percentual acima do registrado em janeiro (0,54%). Essa é a maior variação para um mês de fevereiro desde 2015, quando o índice foi de 1,22%. No ano, o IPCA acumula alta de 1,56% e, nos últimos 12 meses, de 10,54%. Em fevereiro de 2021, a variação havia sido de 0,86% (IBGE, 2022).

Ainda conforme o IBGE (2022), seção sala de imprensa de sua própria “Agência de Notícias”, o maior impacto (0,31 ponto percentual) e a maior variação (5,61%) vieram de Educação. Na sequência, Alimentação e bebidas (1,28%), que acelerou em relação a janeiro (1,11%) e contribuiu com 0,27 ponto percentual. Os dois grupos representaram cerca de 57% do IPCA de fevereiro. Transportes (0,46%), cuja variação havia sido negativa em janeiro (-0,11%), e Habitação (0,54%) também se destacaram. Os demais grupos ficaram entre 0,29% (Comunicação) e a segunda maior variação do mês, de 1,76% (Artigos de residência).

O grupo educação foi incluído tardiamente como parâmetro relevante ao IPCA. Na Tabela 1, que consta logo acima, o acumulado ao final de 2021 foi de 10,06%, que é considerado elevado, mas justificado pelas consequências geradas pela influência da COVID-19. Contudo, assim como informa o IBGE (2022), o grupo Educação já impacta o IPCA em fevereiro de 2022 com percentual de 5,61%. Desta parcela percentual, no entanto, o maior impacto (0,28 p.p.) veio dos cursos regulares (6,67%), com destaque para o ensino fundamental (8,06%), a pré-escola (7,67%) e o ensino médio (7,53%).

Quando se leva em consideração a formação complementar, como cursos diversos, ao IPCA, a educação impactou com um aumento de 3,91%, sendo que a maior variação dentro do item veio dos cursos de idioma (7,29%). Já para os preços dos cursos de ensino superior e de pós-graduação subiram 5,82% e 2,79%, respectivamente (IBGE, 2022).

A Tabela 1 que lista as principais séries históricas do IPCA brasileiro, ainda revela em seus dados que após o final de 2017, o acumulado já vinha aumentando discretamente mesmo sem a presença devastadora do novo coronavírus, causador da COVID-19 que nos assola desde o início de 2020. Certamente, mesmo com os números atuais, consequências para educação a longo prazo serão desastrosas e inevitáveis.

3.3. Educação e Desigualdade Social

Nos estudos de Guzzo e Filho (2005), época bem anterior ao COVID-19, a desigualdade social já era elemento cada vez mais presente no cotidiano das grandes cidades brasileiras. Para os pesquisadores, este fenômeno tem se caracterizado como marca dos grandes centros urbanos há muito tempo, que são capazes de congregar, em uma mesma localidade, diferentes grupos sociais com interesses econômicos, políticos e sociais antagônicos.

No presente trabalho, já foram apresentados tanto no Gráfico1 como na Tabela 1, informações sobre dados substancias de extrema relevância correlacionados com a situação das famílias brasileiras ao longo dos anos. Em suma, a COVID-19 somente escancarou mais os problemas outrora já existentes com a educação no Brasil (CONCEIÇÃO E ZAMORA, 2015).

As desigualdades sociais e educação dependem fortemente do ‘Padrão de Vida e Distribuição de Renda’ que os indivíduos estão inseridos. Para o IBGE (p. 73, 2021), a pandemia de COVID-19 representou não somente uma crise sanitária de proporções históricas, como resultou na maior adversidade, até então, enfrentada pela educação básica brasileira na garantia de acesso à escola de todas as crianças e adolescentes de 4 a 17 anos de idade.

É admitido ainda, segundo o IBGE (p. 73, 2021), que as desigualdades educacionais históricas do País (ILLICH, 2018: “Sociedade Sem Escola”; MIRANDA, 2016: “Educação e Desigualdades Sociais”) foram intensificadas tanto por fatores internos ao sistema de ensino na sua capacidade de propor atividades alternativas, como externos, em função das diferentes realidades de acesso a essas atividades por alunos com distintas características socioeconômicas.

Ademais, em dados expostos pelo IBGE (p. 76, 2021) em um contexto para educandos de escolas públicas e privadas, evidencia disparidades de desigualdades no perfil dos estudantes das diferentes redes de ensino na educação básica segundo dados da “Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua 2019.

Por conseguinte, ainda segundo o IBGE (p. 78, 2021), em relação a atividades escolares administradas no período de 2020 com isolamento social, houve distribuição desigual conforme algumas características relacionadas à rede de ensino e características do território de residência, além de outros fatores correlatos (Gráfico 2). Notadamente, o percentual de estudantes de 6 a 17 anos da rede pública sem recebimento de atividades foi 4,3 vezes maior do que o da rede privada.

Em novembro de 2020, conforme IBGE (p. 79, 2021), cerca de 1/4 dos estudantes de 6 a 17 anos de idade ainda estava sem atividades para casa na Região Norte (25,4%), comparado a 2,3% de estudantes na mesma situação na Região Sul. O percentual desses estudantes sem receber atividades que residiam na área rural foi de 15,9%, comparado a 9,7% da área urbana.

Gráfico 2 – Percentual de estudantes de 6 a 17 anos de idade que frequentavam escola sem atividades presenciais e sem oferta de atividades escolares, segundo as características selecionadas – 2020

Além de desigualdades no “Sistema Educacional Brasileiro”. As prestações de serviço na área da saúde, em que os discentes também fazem parte e pouco é discutida dentro da ‘Gestão Educacional Brasileira’, apresentam vasta disparidade entre as camadas sociais. No livro, “Síntese de Indicadores Sociais: Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira 2021” (IBGE, 2021); em termos regionais, a restrição de acesso a serviços de saúde se mostrou mais concentrada no Norte (28,3% da população) e Nordeste (35,5%), mas com diversidade de situações dentro das Regiões.

O IBGE ainda apresenta dados relacionados também para as populações por “Unidade Federativa”, que sofreram com restrições de acesso a serviços de saúde no período de 2017-2018 — como exposto abaixo no Cartograma 1 do IBGE (p.128, 2021) — no mapa, a maior proporção dentre as populações estudadas foram o Rio Grande do Sul (48,3%), o Maranhão (47,0%) e o Rio Grande do Norte (46,1%).

Cartograma 1 – Proporção de pessoas das famílias residentes com restrição de acesso a serviços de saúde, segundo as Unidades da Federação – período 2017-2018

Fonte: Adaptado pelo autor através de dados do IBGE, Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018.

Ademais, como mencionado pelo próprio corpo técnico do IBGE, o bem-estar e a saúde da população dependem de inúmeros fatores, como as condições do ambiente em que o indivíduo está inserido, questões genéticas e pré-disposições, hábitos alimentares, além de questões econômico-financeiras, como visto no tópico anterior sobre Despesas das Famílias em Saúde (IBGE, 2021:22).

Indicadores econômicos e sociais devem ser mais explorados positivamente para se gerenciar organizacionalmente situações catastróficas como a atual pandemia da COVID-19. O monitoramento fundamentado destes parâmetros contribui satisfatoriamente para reduzir situação críticas de natureza social e econômica.

Pereira e Rodrigues (2021) apresentaram em seu trabalho que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) — pouco explorado como vetor de monitoramento para tomada de decisões emergências durante o período mais crítico da pandemia da COVID-19 (2020-2021) — tem três pilares fundamentais: Saúde, Renda e Educação. Assim, o IDH relaciona índices de países nos elementos de alfabetização, educação, riqueza e expectativa de vida, com objetivo de avaliar o nível de desenvolvimento dos países (IPEA, 2013).

No livro — “Brasil em Desenvolvimento 2013” — (IPEA, 2013), o IDH é realizado e divulgado pelo “Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)”; o índice varia de zero a um. E, é apontado ainda, que países com IDH até 0,499 são considerados de desenvolvimento baixo, com índices de 0,50 a 0,799 são considerados de desenvolvimento médio e acima de 0,80 são considerados de desenvolvimento alto (IPEA, 2013). Em 2019 foi realizada divulgação do IDH do Brasil referente ao ano de 2018, e foi de 0,762, passando para 0,765 em 2019 (PEREIRA E RODRIGUES; SANCHES, 2021); e por conseguinte, mantendo-se desde 2018 como país de desenvolvimento médio.

Conforme Mazza, Guimarães e Buono (2021), a manutenção do índice do IDH brasileiro em 2019 não é satisfatório. O Brasil caiu cinco posições no ranking mundial, de 79º colocado, o país passou a 84º, sua pior posição no ranking desde 2011. O principal motivo para essa queda, segundo o relatório anual da ONU, foi a estagnação dos níveis de educação no país.

Comparando-se com outros países, conforme dados coletados por Mazza, Guimarães e Buono (2021); em média, um brasileiro estuda durante oito anos; na Alemanha, são catorze. Mas, ainda segundos os autores, há outros fatores que ajudam a puxar o IDH brasileiro para baixo. A concentração de renda é um deles: no Brasil, o 1% mais rico da população detém 28% da renda do país, uma proporção assustadoramente alta. Só quatro países conseguem ser mais desiguais que o Brasil nesse quesito: Qatar, Malawi, Moçambique e República Centro Africana.

Em suma, o IDH é parâmetro imprescindível em análises tanto de caráter econômico quanto social. Países desenvolvidos sempre credibilizam fortemente o “Poder da Educação”, pois é área importantíssima para manutenção dos seus desenvolvimentos. Mesmo com problemas para melhorar o histórico oscilante do IDH em várias regiões brasileiras, o Brasil, até o final de 2019, tem apresentado queda na “Taxa de Analfabetismo de 15 anos ou mais de Idade”, em 2016 o percentual registrado foi de 7,2%, enquanto 6,6% em 2019 (IBGE, 2022).

Nos Gráficos a seguir, dispostos logo abaixo, estão apresentados dados sobre os “CENSOS dos IDHM(s)” de diferentes localidades do Brasil. Esses trazem séries históricas de levantamentos concernentes aos períodos de 1991, 2000 e 2010; tanto relacionados aos contextos de âmbito social quanto das situações educacionais dos estados brasileiros, todos monitorados ao longo do tempo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

Gráfico 3 – Demonstrativos dos IDHM(s) referentes ao CENSO de 1991

Gráfico 4 – Demonstrativos dos IDHM(s) referentes aos CENSO de 2000

Gráfico 5 – Demonstrativos dos IDHM(s) referentes aos CENSO de 2010

3.4 Sistema Educacional Brasileiro, Projeções e Novos Caminhos

O “Sistema Educacional Brasileiro” é complexo. Há muitas disparidades sociais que necessitam ser reduzidas e combatidas ao longo do tempo; mas, para isso, uma série de “Políticas Econômicas, Sociais e Educacionais” precisam ser implementadas com eficiência para reduzir o campo de desigualdades existentes no Brasil.

Com a pandemia da COVID-19, ficou claro que as ‘Desigualdades na Educação Brasileira’ foram expostas e alarmantes. Em levantamento feito pelo IBGE, compararam-se o “Acesso ao Conteúdo Pedagógico” ofertado aos educandos através de instituições públicas e privadas no ano de 2020, como consta no Gráfico 6 a seguir.

Gráfico 6 – Percentual de escolas da rede privada e pública que realizaram aulas ao vivo mediadas pela Internet e com possibilidade de interação direta entre os alunos e o professor, segundo as Unidades da Federação – 2020

Fonte: Adaptado pelo próprio autor a partir dos dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, Censo Escolar 2020, Pesquisa Resposta Educacional à Pandemia de COVID-19.; retirados de informações do IBGE (p. 81 e 82, 2021).

Sem dúvidas, as diferenças entre instituições públicas e privadas de ensino são discrepantes (Gráfico 6). Entretanto, observa-se para os dados acima, que existem também distorções de investimentos públicos para as instituições públicas de ensino em cada estado da federação brasileira. De modo comparativo, tais dados são resultantes de falhas em “Gestão Política, Pública e Econômica” no Brasil.

Uma das maneiras de se corrigir estas distorções é amplificar a eficiência na distribuição do PIB entre as ‘Regiões Territoriais Brasileiras’; monitorar os ‘Recursos Públicos e Prestação de Contas’ de forma incisiva e ativa, assim coibindo na fonte do sistema a dissolução pueril do dinheiro público.

Ainda conforme é mostrado no Gráfico 6, as diferenças em investimentos de ‘Natureza Tecnológica’ nas diferentes instituições também são abissais. Notoriamente, além da precarização na infraestrutura da “Rede Pública de Ensino”, ainda há desigualdades históricas constantes entre estados de IDHM com escalas de médio a baixo (Gráficos 3, 4 e 5), que necessitam ser reparadas com “Projetos de Inclusão e Investimento” a curto prazo.

Uma reformulação gerencial de ‘Recursos Públicos’ faz-se extremamente necessária nos ‘Estados Brasileiros’ com índices econômicos considerados de médio a baixo. Todavia, para aqueles com IDHM-Educação de médio a baixo, tem que receber cotas diferenciais do PIB — mas estes recursos precisam ser repassados de forma eficaz e fiscalizatória — pois, conforme Oliveira (2018): “O Brasil gasta anualmente em educação pública cerca de 6% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse valor é superior à média dos países que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 5,5%”.

Mas como é mostrado no Gráfico 6, primeiro ano do surgimento da COVID-19, intensificou-se a ideia de que os repasses desses percentuais, ao longo do tempo, jamais atenderam com qualidade para um equilíbrio igualitário entre os ‘Estados Brasileiros’. Portanto, no Brasil, distribui-se mal recursos públicos. Oliveira (2018) traz, em seu trabalho, que o gasto brasileiro também supera países como a Argentina (5,3%), Colômbia (4,7%), o Chile (4,8%), México (5,3%) e os Estados Unidos (5,4%). “Cerca de 80% dos países, incluindo vários países desenvolvidos, gastam menos que o Brasil em educação relativamente ao PIB”.

Nos estudos de Monteiro (2015) foi mostrado que a relação entre gasto público em educação e desempenho educacional não atingiam o mesmo propósito equivalentemente. Por conseguinte, neste trabalho, foi encontrado que aumentos da despesa municipal em educação estão associados a aumentos da escolaridade da população jovem, mas não há indicações que os municípios brasileiros que mais investiram no setor melhoraram relativamente à qualidade do ensino.

Os ‘Conteúdos Programáticos de Ensino no Brasil’, assim como em todo o mundo, foram prejudicados em todos os níveis com a pandemia da COVID-19. Além do apresentado, anteriormente, sugere-se como alternativa que, de forma organizada e dentro de ‘Plano Pedagógico’ com investimentos de reestruturação do ensino, a implementação de recursos em ‘Tecnologias Digitais’ com plataformas de ensino eficientes sejam pontos fortes em prioridade para a atual realidade.

Dentro de uma nova realidade, o ensino terá que passar por novas adaptações e ser mais integrativo territorialmente em suas bases de gestão. Conforme a Fundação Lemann (2022), em seu texto: “O que esperar da Educação em 2022?”. Estes apresentam que não foi somente o escritório que passou a ser dentro de casa e as lojas que se renderam ao ‘Universo Digital’, o ensino remoto virou uma realidade da noite para o dia, contrariando a falta de preparo, ferramentas e acesso de professores e alunos”.

As Tecnologias Digitais precisam ser ‘Recurso de Transformação Educacional e Social’. Mas como exposto por Souto (2022), em dados oficias retirados da PNAD Contínua (IBGE), quase 40 milhões de brasileiros não tinham acesso à internet em 2019. O fato é que isso representa 21,7% da população com idade acima de 10 anos em pela ‘Desigualdade Digital’.

Em concordância com os apontamentos já realizados neste trabalho, dados da PNAD Contínua (IBGE) enfatizam sumariamente que o uso da internet pelas famílias brasileiras aponta notoriamente para um efeito da desigualdade também entre os estudantes — como demonstrado no Gráfico 6 anteriormente citado — visto que, nas escolas particulares, a maioria, ou 98,4% tiveram acesso à internet no ano avaliado pela PNAD Contínua (SOUTO, 2022).

O segmento crescente em ‘Tecnologias Digitais’ é uma lógica realista. Com a COVID-19, as maiores tendências e novidades educacionais transitam pela tecnologia e prometem seguir a grande transformação educacional do ensino remoto ou híbrido, que iniciou em 2020 para permitir que o ensino continuasse, mesmo em tempos de pandemia (SOUTO, 2022).

Outras temáticas que devem ser modernizadas são as formas de ‘Gestão Escolar e Valorização pela Qualificação Docente’. Foi abordado por Vitorino (2018) na matéria: “Brasil cai para último lugar no ranking de status do professor” — pesquisa realizada em 35 países —, que menos de 1 em cada dez brasileiros acha que professor é respeitado em sala de aula; panorama do cenário à época: “Muito trabalho, salários menores do que se imagina, falta de respeito dos alunos e um dos piores sistemas educacionais do mundo — dados apresentados pela Varkey Foundation”.

O cenário de desvalorização geral na ‘Educação’ acima não nasceu com a COVID-19, mas foi amplamente desmascarada junto com a pandemia. No Brasil, em pleno o século XXI, várias instituições da ‘Rede de Ensino Pública’ não possuem docentes atuando em suas respectivas áreas de formação, principalmente em Física, Química e Biologia.

No trabalho de Gatti (2010): “Formação de Professores no Brasil: Características e Problemas”; considera que a formação do professor no Brasil passa por quatro aspectos: o da legislação relativa a essa formação; as características socioeducacionais dos licenciandos; as características dos cursos formadores de professores; os currículos e ementas de licenciaturas em Pedagogia, Língua Portuguesa, Matemática e Ciências Biológicas.

Segundo Gatti (p. 1355–1358, 2010), em sua pesquisa publicada há mais de uma década, que foi centrada na investigação dos três últimos aspectos listados acima no período de 2008 e 2009, afirma: “A interação dos diferentes fatores abordados sinaliza um cenário preocupante sobre a resultante dessa formação. Mereceriam maior atenção as ambiguidades das normatizações vigentes, a fragmentação da formação entre e intracurso, a parte curricular dedicada à formação específica para o trabalho docente, aqui incluídos os estágios na forma como hoje se apresentam na maioria das instituições.

Realidades de décadas anteriores presentes atualmente e se faz necessário uma reestruturação no ‘Sistema Educacional Brasileiro’, torná-lo atrativo em termos de valorização e qualidade na formação docente. Pois, conforme Mattos (2022), jovens rejeitam carreira na educação e há risco de faltar professores no futuro. Em termos de preferência para atuarem como profissional da educação, portanto, apenas 5% desejam trabalhar na referida área.

4. CONCLUSÃO

A pandemia da COVID-19 foi determinante para expor e intensificar de modo emergencial as ‘Desigualdades Sociais no Brasil’, principalmente as ligadas ao ‘Educando da Rede Pública de Ensino’. Neste trabalho, foram realizados levantamentos de ‘Indicadores Socioeconômicos’ que forneceram informações importantes sobre as ‘Distorções Socias’ existentes nas diferentes ‘Regiões Brasileiras’, as quais são refletidas negativamente e desproporcionalmente no contexto de vida desses ‘Educandos’, os quais são oriundos das mais diversas ‘Camadas Sociais Brasileiras’.

Por conseguinte, foi constatado que tais parâmetros indicavam desequilíbrios tanto econômicos quanto sociais já existentes no Brasil, mas intensificados pela pandemia. Portanto, faz-se necessário mais atenção a estes parâmetros como vetores indicativos de monitoramento sobre o desenvolvimento e qualidade de vida destes ‘Educandos’ — que, pelo ‘Contexto de Vida’, transformam os números de ‘Evasão e Abandono Escolar’ numa doença social maior que a COVID-19.

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AGRADECIMENTOS

Em especial do autor Leandro Lima Carvalho.

Ao ‘CE PROFESSOR DIMAS SIMAS LIMA’, instituição ‘Pública Estadual de Ensino’ localizada na cidade de Grajaú – MA, pela oportunidade de contribuir com a conclusão do ‘Estágio Supervisionado’ monitorado pelo ‘Prof. Dário’ e toda a ‘Equipe Educacional e Gestora’ da mesma durante todo o período de formação.

À ‘ESCOLA MUNICIPAL PROFESSOR HILTON NUNES’ e ao ‘CE URBANO SANTOS’, todas localizadas também na cidade de Grajaú – MA, e com agradecimentos especiais aos profissionais destas instituições o ‘Coordenador Pedagógico Valtemir Luz Silva’ e ao ‘Gestor Wesley Wanderson Santana Sousa, respectivamente; pelas gentilezas e informações prestadas para a conclusão do ‘Questionário Entrevista’ exigido como requisito parcial para a obtenção do ‘Certificado de Formação Pedagógica em Química’ pela Faculdade Campos Elíseos – FCE, com unidade administrativa na cidade de Barueri – SP.


1Centro Educacional 01 Itapoã, Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF), Brasília, DF, 70040-020, Brasil
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3386-2769
E-mail: leandrolimacarvalho75@gmail.com

2Centro Educacional 01 Itapoã, Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF), Brasília, DF, 70040-020, Brasil
E-mail: sidneics@gmail.com

3Centro Educacional 01 Itapoã, Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF), Brasília, DF, 70040-020, Brasil
E-mail: kamillyflguimaraes@gmail.com

4Centro Educacional 01 Itapoã, Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF), Brasília, DF, 70040-020, Brasil
E-mail: friskechara652@gmail.com

5Centro Educacional 01 Itapoã, Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF), Brasília,
DF, 70040-020, Brasil
E-mail: pereirasilvapaulohenrique23@gmail.com

6Coordenação de Ensino, Pesquisa e Extensão, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA), Paragominas, PA, 68629-020, Brasil.
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4221-6577
E-mail: prbgomes@yahoo.com.br