INCLUSÃO NO AMBIENTE ESCOLAR: UMA ANÁLISE DE CRIANÇAS COM O ESPECTRO AUTISTA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7139388


Autora:
Maria Teresa Castelo Branco Correia De Miranda


RESUMO

Neste presente artigo são apresentados estudos sobre a inclusão da criança com o transtorno do espectro autista (TEA) dentro do ambiente escolar. Este transtorno é uma condição do desenvolvimento neurológico, caracterizado por uma alteração da comunicação social e pela presença de comportamentos repetitivos e estereotipados. Através de uma pesquisa bibliográfica qualitativa é identificado as características que envolvem o sujeito autista e através da trajetória histórica verificando os avanços científicos que norteiam os estudos atuais sobre o assunto. São refletidas a prática do profissional e as técnicas do Treatment and Education of Autistic and related Communication-handicapped Children – TEACCH e a análise comportamental aplicada – ABA que ajudam na inserção deste sujeito no ambiente escolar. Com isso entende-se que o TEA é um muro que precisa ser escalado e ultrapassado atraves do esforço e muita dedicação da família e da equipe multidisciplinar dasescolas. Numa pesquisa bibliográfica qualitativa, onde foi detectado na pesquisas feitas entre 1993 a 2019, e analisando-se os estudos durante esses anos, o referente artigo traz a compreensão da criança com TEA. Nesse sentido, o objetivo da pesquisa está em compreender as dificuldades encontradas na inclusão da criança com espectro autista dentro das escolas buscando identificar através da história os estudos que baseiam os pesquisadores desta síndrome hoje, compreendendo as características e as principais dificuldades encontradas na interação da criança dentro do ambiente escolar.

Palavras-chave: TEA. Inclusão. Escolar. Transtorno. Crianças.

ABSTRACT

This article presents studies on the inclusion of children with autism spectrum disorder (ASD) within the school environment. This disorder is a neurological developmental condition, characterized by a change in social communication and the presence of repetitive and stereotyped behaviors. Through a qualitative bibliographic research, the characteristics that involve the autistic subject are identified and through the historical trajectory verifying the scientific advances that guide the current studies on the subject. The professional’s practice and the techniques of the Treatment and Education of Autistic and related Communication- handicapped Children – TEACCH and the applied behavioral analysis – ABA are reflected, which help in the insertion of this subject in the school environment. With this, it is understood that the TEA is a wall that needs to be climbed and overcome through the effort and dedication of the family and the multidisciplinary team of the schools. In a qualitative bibliographic research, where it was detected in research carried out between 1993 and 2019, and analyzing the studies during these years, the referring article brings the understanding of the child with ASD. In this sense, the objective of the research is to understand the difficulties encountered in the inclusion of children with autistic spectrum within schools, seeking to identify through history the studies that base researchers on this syndrome today, understanding the characteristics and main difficulties encountered in the child’s interaction. within the school environment.

Keywords: TEA. Inclusion. School. Disorder. Children.

1. INTRODUÇÃO

Pensar em educação é acreditar em um local em que todos tenham acesso às possibilidades e a inclusão (integração) dentro do espaço escolar, mesmo aqueles que necessitam de uma atenção especial. O sistema educacional passa por momentos tensos e grandes questionamentos onde a inclusão é o ponto forte entre as discussões, tornando-se a palavra de ordem dentro das instituições escolares.

Através das vivencias de estágio em escolas da rede pública e privada começamos a nos inteirar sobre a realidade da inclusão e o quanto é difícil mesmo com leis que decretam a abertura das escolas para todos, nos deparamos com dificuldades bem próximas mesmo em realidades sociais diferentes que nos motivaram a pesquisar e da partida a um estudo sobre inclusão de crianças com TEA no ambiente escolar.

A inclusão social, segundo Fonseca (2017, p. 32) é a garantia que todos tenham acesso ao espaço comum da vida em sociedade. Sociedade essa que deve estar orientada por relações de acolhimento a diversidade humana.

Diante das dificuldades de inserção encontradas nas escolas, em relação às crianças com necessidades especiais e no caso aqui as crianças com TEA (Transtorno do espectro autista), faz-se necessário entender o que é o TEA, quais as dificuldades mais frequentes que essas crianças enfrentam no ambiente escolar, tendo a história como base para compreensão de quais as habilidades elas podem facilitar essa inserção emsala.O espectro autista é um transtorno global do desenvolvimento, segundo estudos científicos feitos por Leo Kanner em 1943, nos Estados Unidos, onde ele estudou 11 crianças que apresentavam semelhanças em seu desenvolvimento e esse estudo deu origem as bases científicas que dura até hoje.

Para crianças com autismo clássico, isto é, aquelas crianças que tem maiores dificuldades de socialização, comprometimento na linguagem e comportamentos repetitivos, fica clara a necessidade de atenção individualizada. Com a lei nº 12.764/2012 em proteção à pessoa com transtorno do espectro autista estabelece- se o direito a ter atenção integral tanto no âmbito da saúde como educação e a inserção no mercado de trabalho, além de ser multado qualquer diretor escolar pela não aceitação dessas crianças nas escolas. (BRASIL, 2012). A partir desse aspecto surge o seguinte questionaento: Se os metódos de aprendizagem da pedagogia tem contribuido na inclusão de crianças com o aspectro autista na escola ou seria apenas uma utopia?

De acordo com Fonseca (2019, p. 33), “a inclusão de crianças com transtorno do espectro autista noBrasil é um dos pontos de debates que vêm sendo levantado há alguns anos e que tem obtido um grande avanço no país.” A realidade é que a desmistificação do preconceito sobre o tema apenas está no início, mesmo vendo que muitas famílias têm tomado a iniciativa de inserir seu filho com (TEA) no ambiente escolar.

Para Fonseca (2019, p. 33) “a inclusão educacional é a garantia de acesso de todos os alunos com necessidades educacionais especiais, neste de caso em especial a pessoa (TEA), nos diferentes níveis, etapas e modalidades de ensino.”

Numa pesquisa bibliográfica qualitativa, onde foi detectadona pesquisas feitas entre 1993 a 2019, e analisando-se os estudos durante esses anos, o referente artigo traz a compreensão da criança com TEA e como podemos solucionar algumas barreiras existentes no ambiente escolar em relação ao desenvolvimento pedagógico e social da criança autista

Nesse sentido, o objetivo da pesquisa está em compreender as dificuldades encontradas na inclusão da criança com espectro autista dentro das escolas buscando identificar através da história os estudos que baseiam os pesquisadores desta síndrome hoje, compreendendo as características e as principais dificuldades encontradas na interação da criança dentro do ambiente escolar.

2. CARACTERÍTICA DO AUTISMO

De acordo com o DSM-IV (1995) “o TEA é um transtorno do desenvolvimento e seus sintomas estão ligados a comunicação, interação social e comportamento do sujeito. Nesse contexto, vale salientar que apresenta interesses únicos e individuais.”

As características que identifica o autista revelam os riscos existentes ao se comunicar e as dificuldades que este encontra no convívio social. Isso acaba desorganizando a capacidade de criação, na imaginação.

De acordo com Silva (2018, p. 55), a visão sobre o autismo afirmando que:

Que indivíduos com autismo aparentam ter dificuldades na área cognitiva de funções executivas. Essas funções são um conjunto de processos neurológicos que permitem que a pessoa planeje coisas, inicie uma tarefa, controle-se para continuar na tarefa, tenha atenção e, finalmente, resolva o problema.

Com a evolução da ciência, os estudos sobre o autismo vêm ampliando-se e garantindo umconhecimento vasto, ajudando assim, a compreensão do sujeito autista em sua totalidade.No entendimento de Rotta (2017, p. 77), ele afirma que “o autismo não é um transtorno único, mas um distúrbio de desenvolvimento complexo que é definido pelo aspecto comportamental e apresenta múltiplos sintomas que se diferencia pelos graus variados.”

De acordo o DSM IV (1995), o autismo é caracterizado pela tríade (a interação social, a dificuldade de comunicação verbal e não-verbal e os comportamentos não comuns), e a interação social é a primeira condição que identifica o transtorno. As interações sociais são fundamentais para o desenvolvimento humano e já podem ser notadas nas primeiras relações entre mãe-bebê. Contudo, acredita Rotta (2017, p. 77), que “existem casos em que estas relações acontecem de forma diferente, fazendo com que as crianças apresentem diferenças em seu desenvolvimento.” Lampreia (2018, p. 44).

Klinger e Dawson (2017, p. 88) “definem que para a identificação precoce de crianças autistas são evidentes os seguintes comportamentos”: a criança autista apresenta dificuldades na área   da comunicação social, desenvolvimento atrasado na atenção ao estímulo social e apresenta distúrbios no contato ocular, repetição motora, atenção partilhada e diálogo afetivo. Todavia, crianças autistas apresentam reação auditiva, ainda que aparentem não estar reagindo a alguns estímulos sonoros. Para Silva (2018, p. 39):

Pessoas com autismo apresentam muitas dificuldades na socialização, com variados níveis de gravidade. Existem crianças com problemas mais severos, que praticamente se isolam em um mundo impenetrável; outras não conseguem se socializar com ninguém; e aquelas que apresentam dificuldades muito sutis, quase imperceptíveis para a maioria das pessoas, inclusive para alguns profissionais. Estas últimas apresentam apenas traços do autismo, porém não fecham diagnósticos.

O segundo componente da tríade é a dificuldade na comunicação verbal e não verbal. Tais características ajudam o sujeito autista a continuar no seu isolamento. A não comunicação acarreta o atraso no desenvolvimento da fala e escrita dentre outros aspectos práticos, como: repetir palavras e frases (ecolalia); trocar os pronomes; dar respostas desarticuladas em relação à pergunta; não responder quando lhe mostram algo; não utilizar gesto ou utilizar muito pouco; apresentar fala constante ou cantada (uso daprosódia).

Bosa (2019, p. 6) afirma que “o sujeito autista experimenta uma dose alta de carga sensorial durante a troca social.” Vale ressaltar que o indivíduo é rico de estimulação simultâneas auditivas (tonalidade da voz), visual (expressões da face), visual periférico (sinais corporais). O isolamento social e as estereotipias são maneiras de escapar dessa sobrecarga. Quando se fala em identificação do TEA faz-se necessário lembrar que é preciso está apto e entender o que é esse transtorno, por isso a necessidade de um estudo especializado que dê suporte ao profissional que irá realizar o diagnóstico em uma criança.

Petersen e Wainer (2011, p. 44) ressaltam que para diagnosticar o sujeito autista é necessário obter experiência e especialização, uma vez que este transtorno apresenta especificidade e em grupos variados e de diversas faixas etárias, e entre pessoas com capacidades cognitivas e de linguagens diversas.

Petersen e Wainer (2011, p. 44) “ as formas como o autismo se manifesta podem variar de indivíduo para indivíduo.” O DSM-IV-TR (1995), por sua vez, apresenta critérios mais detalhados para diagnóstico do autismo, o qual exige a presença das seguintes condições:

Para que uma criança seja diagnosticada como autista é necessário que a mesma apresente sintomas que se enquadrem em pelo menos seis (ou mais itens) que avaliam comprometimentos qualitativos nas áreas de interação social, comunicação e padrões de comportamento, interesse ou atividades estereotipadas; É preciso que seja identificado um atraso ou funcionamento anormal nas 20 áreas de interação social, linguagem com fins de comunicação social e jogos simbólicos antes dos três anos deidade; Apesar de ser reconhecido que o autismo pode ocorrer isoladamente ou em associação com outros distúrbios que afetam o funcionamento cerebral, tais como a Síndrome de Down ou a epilepsia, é necessário distingui-lo da Síndrome de Rett ou do Distúrbio Desintegrativo da Infância.

Segundo CID-10 (1993) “o autista ainda pode apresentar outros aspectos que são característicos do autismo como medo, dificuldades e perturbações durante o sono, agressividade.” O CID-10 (1993) abrange como critérios diagnósticos associados a 16 itens, mas que ao menos 8 deles devem ser satisfeito.

Kanner (2019, p. 8), “com isso, para caracterizar o sujeito autista exige-se um estudo especifico e minucioso.” A singularidade dos sujeitos que apresentam essa síndrome contribui bastante para dificultar esse diagnóstico precoce, contudo os elementos acima citados servem de norte para identificar e ajudar no tratamento do indivíduo.

3. AVANÇOS HISTÓRICOS DO TEA

De acordo comKanner (2019,p. 8) a definição do autismo surgiu em 1943 quando Leo Kanner, médico do hospital Johns Hopkins EUA, observou cuidadosamente um grupo de crianças entre 2 a 8 anos, o qual denominou o transtorno de distúrbio autístico de contato afetivo, dois anos após 1945 essa definição a psicanalista Melanie Klein pensou em uma clínica psicanalítica com autistas, ela usou como instrumento de sua ação o método do brincar, garantindo que através do brincar que a criança propaga suas fantasias e exibe seus conteúdos para o analista.

Plouller em (1906), utilizou o termo autismo pela psiquiatria como item de descrição clinico de isolamento, mas a descrição de Kanner anos depois pôde diferenciar o transtorno autístico de outras doenças como esquizofrenia e psicoses infantis. O trabalho de Kanner (2019,p. 8) foi fundamental para as bases da psiquiatria nos EUA e no mundo.

Mesmo relatando todas essas características, Kanner afirmou que ainda precisaria mais estudos sobre habilidades sociais e investigações sobre o quadro. Na mesma época da publicação de Kanner, a revista Asperger (1944, p. 77) relatou um quadro clínico de crianças entre 7 e 11 anos que apresentava grande semelhança com as características da pesquisa de Kanner. Mesmo obtendo as características parecidas foi definido um outro quadro clinico que hoje se conhece como síndrome deAsperger.

Em 1956, Kanner e Eisenberg (2019,p. 18) indicaram dois sintomas como principais: o isolamento extremo e insistência obsessiva na manutenção da mesmice, em associação ao surgimento do problema nos primeiros dois anos de vida. Em 1991, Bleuler utiliza o termo autismo para escrever um sintoma da esquizofrenia trazendo, naquela época, grande confusão que resultariam em pesquisas para definição do quadro clinico descrito por Kanner (2019,p. 18) e a esquizofrenia. Cabe deixar claro que a esquizofrenia tem a ver com o isolamento por um retraimento do relacionamento e a síndrome descrita por Kanner (2019,p. 20) “é uma incapacidade de desenvolver o relacionamento.” Somente no início da década de 60 houve uma mudança na forma de percepção quanto ao autismo, e então os psicólogos começaram a considerá-lo como uma desordem cognitiva.

Facion (2017, p. 44) afirma que “A tendência a associar o surgimento do autismo a questões relativas a falhas na relação mãe-bebê.” A hipótese é que a falha nessa relação possa desencadear a manifestação de transtornos psicológicos infantis, entre eles o autismo.

Kanner (2019,p. 23) em 1971, Kanner conseguiu rever os casos e com os pacientes adultos, comprovou que o quadro já estava presente desde a primeira infância e que através da inclusão, as técnicas de manuseio, a educação em habilidades sociais e a importância dada às habilidades do indivíduo eram de grande importância para seudesenvolvimento.

Segundo Fonseca (2017, p. 22), o DSM de 2002 esboça que o transtorno do espectro autista representa um desenvolvimento comprometido em relação à interação social restringido se as atividades e a expressão do transtorno dependem do nível de desenvolvimento e a idade cronológica do sujeito. Neste mesmo documento mostra que este transtorno de desenvolvimento afeta 1:1000 crianças, tendo incidência maior no sexo masculino (3:1/4:1).

Uma pessoa com comportamentos que preencham requisitos para o diagnóstico de autismo pode ter um exame cromossômico que dê o diagnóstico de X frágil. Neste caso, os sintomas comportamentais seriam consistentes com um diagnóstico de autismo com todas as implicações que isso possa ter em termos de manejo e prognóstico, e a causa biológica para essa síndrome comportamental seria a síndrome do X frágil, com as devidas consequências em termos genéticos e de prognóstico. (ROTTA, 2017).

Rotta (2017, p. 25) afirma que “o autista pode desenvolver a capacidade do raciocínio e falar desde seus primeiros anos de vida, mas é preciso que esta criança tenha um acompanhamento especializado.” Mesmo com os avanços dos estudos voltados para habilidades sociais sobre autismo não descarta o conceito neurobiológico.

4. INCLUSÃO NA ESCOLA DE CRIANÇAS COM TEA

Segundo Campos (2016, p. 55) “a inclusão tem como finalidade inserir todas as crianças e adolescentes com variadas situações de comprometimento social e cognitivo em espaços escolares habituais” com o objetivo de reduzir o preconceito e instigar a socialização dos sujeitos com desenvolvimento atípico para que aproveitem os espaços e ambientes coletivos.

Campos (2016, p. 58) afirma que “na escola, todas as crianças e jovens com necessidades educativas especiais (NEE) têm o direito a ser incluídas na Educação e Ensino Regular, devendo as escolas reconhecer e dar uma resposta adequada às necessidades e diversidade destes alunos”. O direito ao ensino independe da condição física, psicológica, moral, econômica e social da criança.

Campos (2016, p. 58) “sabendo então que não é só missão da família, mas também do educador e da instituição de ensino, inserir a pessoa com autismo no meio social para que eleconsiga adaptar-se da melhor forma possível.” Para isso, é cabível que os educadores estejam dispostos para receber tal demanda e suas particularidades. Campos (2016, p. 58) “é importante lembrar que a matricula desses alunos não é garantia do desenvolvimento e aprendizagem dessa criança por muitas vezes a inserção dele em um ambiente escolar pode trazer vários danos a sua escolarização.”

Nos registros de Baptista e Bosa (2019, p. 55),

são ressaltados a recomendação de Léo Kanner, que em 1943 começou a desvendar esta síndrome, quando afirma que é necessário ter humildade e cautela diante do tema, pois para compreender o autismo, exige-se uma constante aprendizagem, uma contínua revisão sobre nossas crenças, valores e conhecimento sobre o mundo, e, sobretudo, sobre nós mesmos.

Mesmo o aluno com autismo apresentando inúmeros comprometimentos, é possível a sua escolarização. Rotta (2017, p. 55) “necessitando apenas que lhes sejam oferecidas oportunidades para fluidez do processo, bem como um conjunto de ferramentas facilitadoras deste.” O professor deve apresentar conhecimentos específicos sobre os aspectos do TEA e sobre os programas e métodos educacionais que mais produzem resultados nessa tarefa.

Orrú (2019, p, 56) “para que de fato a escolarização aconteça é preciso levar em consideração aspectos da cidadania do sujeito, pois não é possível pensar em escolas inclusivas sem a promoção dos direitos humanos de cada indivíduo.”

No que tange ao aspecto educacional da pessoa com autismo, Nilsson (2013, p. 77), afirma que “é preciso usar algumas estratégias visuais, como uma programação cotidiana, sistema e atividade individuais, para o trabalho independente, comprometimentos diárias exibidos visualmente, exercícios recreativos e motor, dando um apoio suplementar com o apoio visual da mobília da sala usada.”

Tanto o Pedagogo quanto o psicólogo tem uma função fundamental dentro da instituição escolar a sua atuação vai além das metodologias de ensino e aprendizagem mais também no desenvolvimento humano. Nilsson (2013, p. 78)“escolarização, inclusão de pessoas com deficiências, políticas públicas em educação, gestão psicoeducacional em instituições e avaliação psicológica.”

O Pedagogo e o psicólogo escolar têm o papel de mostrar aos educadores a importância que eles têm na construção da personalidade de seus alunos, mostrar as suas atitudes, relações, afetos, comportamentos fazem parte do que eles constituirão como pessoa. Andaló complementa (2015, p. 36),” ou seja, serão determinantes na construção das personalidades de cada um dos educandos.” Faz parte de sua atuação na escola entender o que envolve os problemas educacionais dos alunos buscando estudos na área do desenvolvimento cognitivo e as dificuldades da aprendizagem estando por dentro da realidade daeducação.

Na atuação do Pedagogo com habilidades sociais nas escolas com crianças com TEA requer um estudo especifico sobre o transtorno, conhecer suas características e fornecer as estruturas físicas e curriculares necessárias, preparar programas para atender aos diferentes perfis visto que os autistas possuem diferentes modos e potenciais.

Para Andaló (2015, p. 36), “habilitar os profissionais sempre, buscando novas informações para avaliar justamente as crianças com autismo.” Formar os professores e equipe pedagógica que a verificação da aprendizagem deve ser adaptada, pois seus conhecimentos e aptidões possuem significados diferentes dos alunos típicos.

As abordagens possuem visões e atuações diferentes em relação habilidades sociais votadas ao autismo, à psicanalítica, por exemplo, tem por iniciativa um diagnóstico precoce já a abordagem comportamental, tem sido vista por pesquisadores como a mais utilizada no tratamento com autista, usam a teoria do behaviorismo onde investiga o dia a dia das famílias e através do condicionamento clássico e operante ela propõe mudanças diretas na dinâmica familiar.

Assim, pode-se refletir que para efetiva inclusão da criança autista no ambiente escolar e social o professor deve conhecer bem as habilidades sociais e principalmente a síndrome e os caminhos mais efetivos para lidar com as dificuldades apresentadas individualmente. Não esquecendo olhar cada criança com humildade para que não se limite a relação à mera aplicação de formulas e técnicas, pois mais importante que ensiná-lo a ler e escrever é preciso aprender com ele que o ser humano é múltiplo, apresentando as mais variadas formas de ser e sentir.

Foi realizada a metodologia de pesquisa bibliográfica. Quanto à abordagem utilizada, foi pesquisa qualitativa, pela qual, segundo Mezzaroba e Monteiro (2006),

o que se procura atingir é a identificação da natureza do objeto a ser investigado, por meio de um exame rigoroso que se buscará, principalmente, o alcance do objetivo do tema. De acordo com Mezzaroba e Monteiro (2006), o raciocínio dedutivo é pautado em um silogismo, pelo qual as conclusões da pesquisa ficam restritas à lógica das premissas estabelecidas.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento do deste estudo possibilitou uma análise das dificuldades enfrentadas na inclusão do aluno com TEA no ensino regular. A falta de conhecimento do espectro autista tem se mostrado a maior barreira para solucionar o problema, somada a um modelo de ensino ultrapassado, falta de estrutura da rede de ensino na educação básica e as especificidades que o transtorno do espectro autista apresenta.

Não menos importante a capacitação contínua dos professores que atuam diretamente com essas crianças é deficitária. Contudo, se faz necessária, tendo em vista que o professor precisa atualizar-se e apropriar-se das novas técnicas de trabalho com o TEA no ambiente escolar. Além disso, cabe a criação de uma equipe multiprofissional especializada no TEA capaz e dar suporte as estes profissionais na sala de aula, bem como desenvolver programas de treinamento específicos para cadaaluno, pois esses proissionais contribuem de forma grandiosa para inclusão de alunos as escolas.

A construção de um sistema educacional capaz de promover a inclusão de todos os alunos independente de suas deficiências e características tem sido alvo de grandes discussões por acadêmicos na área da educação. É preciso rever as estruturas arcaicas das escolas, bem como um modelo de educação rígido preocupado apenas com números.

Entenden-se que uma educação inclusiva vai muito além de ensinar a lê e escrever, esta precisa ser transformadora. Dando a possibilidade de cada sujeito ter a oportunidade de maximizar suas potencialidades e olhar suas limitações como desafios a serem superados. A sala de aula deve se libertar do papel de ser uma gaiola para se transformar em uma janela para o mundo, onde o indivíduo se desenvolverá sendo tratado com equidade erespeito.

Dada à importância do assunto, entendem-se que é fundamental desenvolver meios eficazes para inclusão do aluno com TEA no ensino regular. Usando engrenagens simples que facilitem a inserção na sociedade promovendo a cidadania destes e seu desenvolvimento pleno, pois não pode-se pensar apenas no ambiente escolar é preciso que tenham a noção integral do sujeito. Para tanto, podem-se usar recursos digitais, a música, atividades físicas e experiências em ambientes comuns da sociedade como parques eshopping.

Este artigo clarifica o início dos estudos sobre o TEA, como a pedagogia, bem como a psiquiatria e os psicanalistas contribuíram nas pesquisas sobre o tema e nesses avanços poder diferenciar o autismo de outras doenças criando assim características especificas que ajudam na identificação do transtorno. Em a inclusão buscou-se entender as leis e o papel dos profissionais que fazem parte do ambiente escolar para ser claro o que é necessário para que haja essa inclusão. Acredita-se que faltou um pouco de como está a realidade de nosso pais em relação ao tema abordado, mas que conseguiu-se na maior parte do artigo responder aos objetivos.

Assim, conclui-se com mais uma semente lançada no campo da educação, trazendo à tona um tema tão importante como a inclusão de todos no convívio social. E partindo desse pressuposto, acredita-se que esse trabalho possa contribuir para ampliar o campo da pesquisa sobre esse o assunto tratado.

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1Pós-Graduanda em Educação Infantil pela Faculdade Farmat.
E-mail: mtcbccbc@gmail.com