DEPRESSÃO EM IDOSOS MORADORES DA ZONA RURAL: REVISÃO INTEGRATIVA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.6941981


Autores:
Laura Grayce Ferreira Da Silva1
Nycaula Gonçalves Dos Santos2
Rosa Caline Gomes Da Silva3
Natália Lupinacci Costa Oliveira4
Gustavo de Carvalho da Costa5


RESUMO

Introdução: O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial. Tratando-se da senilidade no contexto rural brasileiro observa-se que é um assunto pouco estudado, podendo estar atrelado a doenças crônicas e suas complicações, dentre elas a depressão. Objetivo: analisar a prevalência de depressão em idosos moradores da zona rural, assim como identificar o gênero com mais predileção à depressão e investigar os níveis de depressão mais presentes. Método: Esta pesquisa identifica-se como uma revisão de literatura integrativa. Para este estudo foram utilizados artigos selecionados a partir das seguintes bases de dados: PUBMED, Periódicos CAPES, LILACS e Scielo. Para localização dos estudos nas bases de dados, foram selecionados descritores encontrados na plataforma DECs, sendo eles: Idosos, Depressão e Zona Rural para artigos em português e Aged, Depression e Rural Areas para artigos em Inglês. Resultados: Foram encontrados um total de 236 estudos que possuíam alguma relação com a temática abordada e após a leitura dos títulos e resumos, foram selecionados 33 artigos para leitura integral. Nesta amostra principal 11 artigos foram selecionados por atenderem de forma integral aos critérios de inclusão estabelecidos para esta revisão. Conclusão: Com base nos estudos encontrados, foi observado que, a prevalência da depressão em idosos da zona rural é consideravelmente elevada, sendo muito mais presente na realidade feminina, apresentando-se principalmente de forma leve a moderada.

Palavras-chave: Idosos; Depressão; Zona Rural.

ABSTRACT

Introduction: Population aging is a worldwide phenomenon. Regarding senility in the Brazilian rural context, it is observed that it is a subject little studied, and may be linked to chronic diseases and their complications, including depression. Objective: to analyze the prevalence of depression in elderly people living in rural areas, as well as to identify the gender with more predilection for depression and to investigate the most present levels of depression. Method: This research is identified as an integrative literature review. Priority for this study was the articles selected from the following databases: PUBMED, CAPES, LILACS and Scielo journals. To locate the studies in the databases, descriptors found on the DECs platform were selected, namely: Elderly, Depression and Rural Area for articles in Portuguese and Aged, Depression and Rural Areas for articles in English. Results: A total of 236 studies were found that had some relationship with the topic addressed and after reading the titles and abstracts, 33 articles were selected for full reading. In this larger sample, 11 articles were selected because they fully meet the inclusion criteria established for this review. Conclusion: Based on the studies found, was observed that the prevalence of depression in the elderly in rural areas is considerably high, being much more present in the female reality, presenting itself mainly in a mild to moderate manner.

Keywords: Elderly; Depression; Countryside.

1. INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial (IBGE, 2018). Estima- se que a população mundial de idosos de 60 anos ou mais crescerá em torno de 21,5% de 2015 até 2050 e que em regiões mais desenvolvidas esse crescimento se dará em torno de 32,8%.1

A China é um exemplo de país que se tornou uma sociedade idosa ao final do século XX pelo seu rápido crescimento econômico, estendendo a expectativa de vida e suas taxas de fertilidade. A urbanização também aumentou drasticamente, sendo que aproximadamente 252 milhões de indivíduos residentes em zonas rurais se mudaram para áreas urbanas ao final de 2014.1

O Brasil, apesar de não possuir um índice de desenvolvimento humano (IDH) elevado, quando comparado ao da China, têm elevado seus índices, caracterizando-se como país em desenvolvimento e também vêm elevando sua população urbana. O país apresenta mais de 28 milhões de pessoas na terceira idade, representando 13% da população. Esse percentual tende a aumentar nas próximas décadas e estima-se que em 2045 o número de idosos será maior que as crianças 2.

Tratando-se da senilidade no contexto rural brasileiro observa-se que é um assunto pouco estudado, afastado dos olhares dos pesquisadores e da sociedade, por ser uma realidade considerada particular, tendo em vista que a população rural no Brasil foi estimada em 15,7% contra os 84,3% da zona urbana3. Com esse avanço na idade, há uma predominância de doenças crônicas e suas complicações, que resultam em maior utilização de serviços de saúde. Fatores como exposição a agrotóxicos, tabagismo e fatores ambientais, podem contribuir para o surgimento dessas doenças, entre elas, a depressão3.

Dados apontam que as doenças mentais ocupam a quinta posição em relação às doenças mais comuns na população idosa5,sendo a depressão um dos transtornos mentais mais frequentes ao redor do mundo, acometendo cerca de 350  milhões de pessoas durante o processo de envelhecimento. Mudanças como perda de familiares, o uso de medicamentos fortes e o surgimento de inúmeras doenças, podem repercutir na saúde mental dos idosos, inclusive aumentando à suscetibilidade a depressão4.

Segundo o dicionário, depressão é um distúrbio caracterizado por debilidade física, desânimo, sensação de cansaço e ansiedade. O episódio depressivo pode ser classificado como leve, moderado ou grave.

O diagnóstico de depressão é essencialmente clínico, contudo, para auxiliar o profissional no correto diagnóstico, o ministério da saúde adotou a Geriatric Depression Scale / Escala de Depressão Geriátrica (GDS), instrumento também utilizado em diversos países do mundo com a mesma finalidade, valendo-se de perguntas com escores diferentes, a fim de avaliar os sintomas depressivos. Um ponto importante a ser relatado é que a escala não dispensa um atendimento de um profissional da área da saúde mental7.

A GDS é um instrumento que pode ser utilizado durante a anamnese, possibilitando um diagnóstico mais conclusivo da depressão, auxiliando pesquisadores ao redor do mundo que estudam a temática. Ela possibilita estudos mais padronizados e fornece dados enriquecedores no que diz respeito à prevalência da depressão na população idosa8.

Tendo em vista a grande importância da saúde mental, mais precisamente direcionada a saúde mental de idosos moradores da zona rural, faz-se necessário o aprofundamento dessa temática, uma vez que, existem mais pesquisas relacionadas à população da zona urbana e jovem, sendo escassos os estudos envolvendo a depressão e os idosos da zona rural.

Com isso podemos obter uma compressão mais ampla e segura do processo saúde doença, visando à implementação de programas com melhoria na qualidade de vida dessa população. Desta forma, este estudo tem como objetivo analisar a prevalência de depressão em idosos moradores da zona rural, assim como identificar o gênero com mais predileção à depressão e investigar os níveis de depressão mais presente.

2. MÉTODO

Esta pesquisa identifica-se como uma revisão de literatura integrativa, tendo como objetivo analisar, a partir de levantamento bibliográfico, a prevalência de depressão em idosos moradores da zona rural, valendo-se tanto de literatura nacional como estrangeira. Para este estudo foram priorizados os artigos selecionados a partir das seguintes bases de dados: PUBMED, Periódicos CAPES, LILACS e Scielo. Para localização dos estudos nas bases de dados, foram selecionados descritores encontrados na plataforma DECs, sendo eles: Idosos, Depressão e Zona Rural para artigos em português e Aged, Depression e Rural Areas para artigos em Inglês.

A Pesquisa proposta foi realizada entre os períodos de janeiro de 2021 a abril de 2021. A fim de alcançar os objetivos propostos nesta pesquisa, foram realizadas, de forma lógica, a execução das seguintes etapas: formação das questões acerca da pesquisa, delimitação de critérios, processo de busca, análise das informações encontradas, compreensão dos achados e finalização, com as principais considerações acerca da temática selecionada.

Para a correta delimitação dos estudos, foram utilizados os seguintes critérios para exclusão: outros artigos de revisão (tanto sistemáticas como integrativas), metanálises, estudos pilotos, não disponíveis de forma integral para a leitura, artigos duplicados, metodologia não clara e aqueles fora do padrão adotado como atuais (anos de 2014 ou abaixo). Já com relação aos critérios de inclusão foram adotados os seguintes critérios: artigos disponíveis online, publicados no período entre 2015 a 2021, nos idiomas inglês e português, disponíveis de forma integral para leitura e que possuíssem grande relevância com a temática proposta.

3. RESULTADOS

Foram encontrados um total de 236 estudos que possuíam alguma relação com a temática abordada em seu título ou resumo. Após a exclusão dos artigos duplicados bem como revisões, e consequente leitura dos títulos e resumos, foram selecionados 33 artigos para leitura, dos quais, 11 foram selecionados por atenderem de forma integral aos critérios de inclusão estabelecidos para esta revisão.

Importante salientar que muitos estudos foram excluídos por questões que não abarcam o escopo desta pesquisa, como o caso de variabilidade etária da amostra (ex: incluírem indivíduos entre 40 e 65 anos) e também por considerarem indivíduos com 50 anos idosos, conceito que foge ao estabelecido pela OMS, sendo este caracterizado como a pessoa com 60 anos ou mais.

Também, houveram remoção de estudos que não abordavam especificamente a depressão de forma clara, ou seja, abarcava os transtornos mentais de forma conjunta – “pacientes com transtornos mentais”.

A seguir é mostrado um fluxograma lógico das etapas realizadas para a obtenção dos estudos selecionados para esta pesquisa. Também, em seguida, é apresentada uma tabela com os resultados obtidos, esta que contém as principais informações extraídas dos estudos selecionados.

FIGURA 1 – FLUXOGRAMA PRISMA DOS ESTUDOS INCLUÍDOS NA REVISÃO INTEGRATIVA

TABELA 1 – ARTIGOS SELECIONADOS

AutorObjetivoTipo de estudoAmostra/Instrumento utilizadoResultadosConclusão
CORREA et al.
2020.
 
 
estimar a prevalência de depressão e seus fatores associados em idosos residentes da zona rural do município de Rio Grande/RS
 
 
 
 
estudo transversal
 
 
 
 
994 idosos; PHQ-9.
 
 
A prevalência geral para o rastreio de Episódio Depressivo Maior foi de 8,1%. As variáveis independentemente associadas com depressão foram: sexo feminino, uso contínuo de medicamentos, doenças crônicas, índice de massa corporal e pior percepção de saúde
 
A criação de programas de atendimento direcionados aos idosos da área rural, visando rastreamento,                             diagnóstico precoce de depressão e manutenção do tratamento, englobando diversos fatores relacionados à saúde, são ações importantes que devem ser
fomentadas pelo sistema de saúde.
BEHERA et al.
2016.
estimar a prevalência de depressão e estudar a             associação da depressão  com variáveis sociodemográficas e clínicas em idosos de uma               comunidade rural.estudo transversal de      base
comunitária
395 idosos com idade > ou igual a 60 anos;
GDS-15 e Mini Entrevista Neuropsiquiátrica Internacional.
A prevalência de depressão foi de 11,4%. Viver em uma família nuclear, falta de atividade física, envolvimento em tempo integral no trabalho doméstico, presença de duas ou mais doenças crônicas, sem papel na tomada de decisão familiar, problemas de sono no passado e deficiência auditiva bilateral foram fatores associados à depressão em idosos.A depressão é comum entre os idosos nas áreas rurais. Indivíduos que prestam cuidados de saúde a idosos precisam ser treinados para identificar depressão e tomar as medidas adequadas;
 
 
 
WANG et al. 2017.
Comparar a solidão, os    sintomas depressivos e os episódios depressivos maiores entre idosos com ninho vazio e ninho não vazio em áreas rurais da cidade de Liuyang, Hunan, China.estudo transversal839 idosos com 60 anos ou mais;
UCLA, GDS-15,
Entrevista Clínica Estruturada para DSM-IV.
 
Diferenças significativas foram encontradas entre idosos com ninho vazio e não vazio em relação à solidão (16,19 ± 3,90 vs. 12,87 ± 3,02), sintomas
depressivos (8,50 ± 6,26 vs. 6,92 ± 5,19) e a prevalência de episódios depressivos maiores (10,1% vs.   4,6%). Após   o   controle de   características
demográficas e doença física, as diferenças na solidão, sintomas     depressivos e     episódios depressivos maiores permaneceram significativas. A análise do caminho mostrou que a solidão media a relação entre a síndrome do ninho vazio e os sintomas depressivos e episódios depressivos maiores.
A solidão e a depressão são mais graves entre os adultos idosos rurais com síndrome do ninho vazio do que entre os idosos de ninho não vazio.
LI et al. 2015. 
examinar se a infraestrutura física e a disponibilidade de três tipos de recursos comunitários (suporte de renda para idosos, instalações de saúde e centros de atividades para idosos) em vilas rurais estão
associadas a sintomas depressivos entre
adultos mais velhos na China rural.
 
 
 
 
 
 
estudo longitudinal
 
 
 
 
 
 
3.824 idosos com 60 anos ou mais;
CESD-10.
Controlando o status socioeconômico, o estado de saúde e as características demográficas dos indivíduos, a deficiência de infraestrutura da aldeia foi positivamente associada com a probabilidade de depressão entre os chineses mais velhos rurais, enquanto a provisão de suporte de renda e instalações de saúde em aldeias rurais foi associada a probabilidades mais baixas.Melhorar a infraestrutura, fornecer suporte de renda para idosos e estabelecer instalações de saúde em aldeias podem ser estratégias eficazes para prevenir a depressão tardia na China rural.
HAMANO, et al.
2016.
 
testar se a associação entre dirigir um carro (ser motorista ou não) e depressão, medida pela Escala de Autoavaliação         de Depressão de Zung (SDS), variava com a elevação
estudo transversal 
876 idosos com 60 anos ou mais;
SDS.
 
Após o ajuste para possíveis fatores de confusão, ser um não motorista teve uma razão de chance significativamente maior de SDS (40+) entre os idosos que vivem em uma altitude baixa (razão de chance = 2,17, intervalo de confiança de 95% = 1,28- 3,71). No entanto, achados semelhantes não foram observados entre os idosos que vivem em uma altitude elevada.
Esses resultados sugerem que a direção de automóveis prediz de maneira importante a depressão em pessoas idosas que vivem em altitudes relativamente baixas em áreas rurais.
ALY; HAMED; MOHAMMED, 2018.Determinar a
proporção de depressão geriátrica e os fatores associados à sua ocorrência em uma amostra da população idosa em Sohag Governorate
 
estudo transversal de base
comunitária
 
 
1.027 idosos com 60 anos ou mais;
GDS-15.
Cerca de dois terços (62,7%) dos participantes sofriam de depressão. Em relação aos níveis de depressão, 450 (43,8%) participantes apresentaram depressão leve com escores GDS-15 entre 5 e 8, e 18,9%    dos    participantes    tiveram    depressão
moderada, representada por escores GDS-15 entre 9 e 11. Nenhum participante apresentou depressão grave. Aplicando análise de regressão logística, aumento da idade, sexo feminino e viver em áreas rurais foram significativamente associados à ocorrência de depressão geriátrica entre os participantes
Esses achados destacam a necessidade de introduzir clínicas geriátricas nos serviços de saúde e fornecer aconselhamento e serviços psiquiátricos, e apoiar grupos de alto risco e avaliá-los regularmente para detecção precoce, a fim de impactar positivamente sua qualidade de vida.
SARKAR et al.
2017.
avaliar o impacto da frequência a uma creche comunitária na zona rural de Puducherry, Índia, na depressão, deficiência cognitiva (IC) e QV de idosos.estudo longitudinal263 idosos com 60 anos ou mais;
GDS-15 abreviada, HMMSE, WHO QOL.
42,2 % frequentavam creche pelo menos uma vez por mês. Proporções significativamente maiores de idosos apresentaram depressão entre aqueles com menor frequência de frequência à creche. Independentemente do estado de pré-intervenção, a frequência à creche reduziu a probabilidade de depressão em cerca de 51 %. Houve melhora nos
escores de QV da OMS no domínio social entre aqueles que compareciam mais de uma vez ao mês.
Os escores de GDS diminuíram e os escores de QOL da OMS aumentaram com o aumento da frequência à creche. Assim, a intervenção mostrou-se eficaz na redução da depressão e na melhoria da QV dos idosos.
KIM et al. 2015avaliar a associação entre a presença de sintomas de depressão e o nível de exposição a inseticidas em população idosa de área   rural, determinado por meio de dosagem de ácido 3-fenoxibenzoico (3- PBA) urinário, após controle de fatores de confusão socioeconômica.estudo transversal400 idosos com 60 anos ou mais;
GDS-15
Depois de controlar os níveis de creatinina, a concentração mediana de 3-PBA foi aproximadamente 1,5 vezes (p <0,05) maior entre as mulheres do que entre os homens. Nosso estudo descobriu que entre os participantes do sexo feminino, o aumento da unidade nos níveis de 3-PBA exibiu uma provável associação positiva com um risco aumentado de presença de sintomas de depressão autorrelatados, após ajuste para tipo de seguro socioeconômico, condição física diária, estado civil, tabagismo e idade.Dada a nossa descoberta de uma associação potencial entre a presença de sintomas de depressão autorrelatados e os níveis de 3-PBA, precauções devem ser consideradas para minimizar a exposição a inseticidas e, assim, proteger a saúde de residentes idosos em áreas rurais.
DOS SANTOS TAVARES et al.2015.comparar as condições  de
saúde e  lazer dos idosos diabéticos com e sem indicativo de depressão
estudo transversal 
104 idosos diabéticos com 60 anos ou mais;
GDS-15 abreviada e semiestruturada
A maioria, em ambos os grupos, era do sexo feminino, faixa etária entre 60-70 anos, moravam com o esposo ou companheiro, de 4-8 anos de estudo e renda de até um salário mínimo. Os idosos
diabéticos com indicativo de depressão
apresentaram,            proporcionalmente, pior autopercepção da    saúde, mais complicações relacionadas ao diabetes, maior uso de medicamentos combinados e insulina.
Evidencia-se a necessidade de ações de saúde direcionadas ao monitoramento dos idosos diabéticos com indicativo de depressão visando
estabelecimento de diagnóstico e acompanhamento para minimizar o impacto da doença no seu cotidiano.
SOK. et al. 2019.examinar e comparar comportamentos                       de promoção da saúde, depressão e satisfação com a vida entre idosos residentes em áreas        rurais que vivem, respectivamente, em
casas de grupo e em casa.
estudo descritivo transversal160 idosos com 65 anos ou mais. Dois Grupos: Grupo que viviam em casas de grupo: 80; idosos que viviam em casa: 80; HPLP-II, GDS-15 versão coreanaOs dados mostraram diferenças significativas entre os dois grupos em termos de comportamentos de promoção da saúde (t = -9,035, p <0,001), depressão (t = 20,861, p <0,001) e satisfação com a vida (t = – 12,153, p < .001). As pontuações médias para comportamentos de promoção da saúde e satisfação com a vida foram mais altas, e a pontuação média para depressão foi menor no grupo domiciliar do que no grupo domiciliar.Os achados deste estudo podem ser empregados como dados básicos para o estabelecimento de protocolos de intervenção adequados à residência para idosos que vivem em áreas rurais.
TARIQ et al. 2019.investigar o efeito mediador do capital social cognitivo (confiança interpessoal  e
reciprocidade) na relação entre deficiência física e depressão em idosos
da zona rural do Paquistão.
estudo transversal 
146 idosos com 60 anos ou mais;
GDS-15, ADL e IADL
Verificou-se que a confiança interpessoal, reciprocidade, depressão e deficiência física estavam significativamente correlacionadas entre si e a deficiência física estava diretamente associada à depressão. Na análise de mediação, a reciprocidade mediou a relação entre deficiência física e depressão.destacam a necessidade de melhorar as intervenções de capital social cognitivo e desenvolver políticas para promover a saúde mental e física de idosos rurais.
SDS (Self-Rating Depression Scale): Escala de Autoavaliação de Depressão; GDS-15 (Geriatric Depression Scale-15 items): Escala de Depressão Geriátrica de 15 itens; QV: Qualidade de Vida; PHQ-9 (Patient Health Questionnaire 9): Questionário de Saúde do Paciente; UCLA (Loneliness Scale ): Escala de Solidão; DSM-IV (Diagnostic And Statistical Manual Of Mental Disorders): Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais; CESD-10 (Centre For Epidemiological Studies Depression Scale): Escala de Depressão do Centro de Estudos Epidemiológicos; HMMSE (Hindi Mini-Mental Status Examination): Mini-Exame do Estado Mental Hindi; WHO QOL (World Health Organization Instrument To Evaluate Quality Of Life): Escala de Avaliação da Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde; HPLP-II (Health Promoting Lifestyle Profile-II): Escala de Índice De Satisfação Com a Vida; ADL (Activities Of Daily Living): Escala de Atividades Diárias; IADL (Instrumental Activities Of Daily Living Scale): Escala de Atividades Instrumentais da Vida Diária.

4. DISCUSSÃO

O estado depressivo de idosos moradores de zonas rurais está atrelado a diversas situações consideravelmente distintas onde a depressão é avaliada de diferentes maneiras, tais como: condição de “ninho vazio” e “ninho não vazio”¹, renda8, capital social cognitivo9, doenças crônicas11-12, gênero3- 13-14, habilidade de dirigir15 se frequentam casas de grupo17. A depressão está muito atrelada a diversas situações, sendo muitos quadros depressivos relacionados a fatores externos, como as condições de moradia, disponibilidade de recursos estruturais e assistência governamental. Entender como essa situação afeta os idosos é crucial na elaboração de políticas assistencialistas.

O estudo de BEHERA et al. (2016) avaliou a associação entre as condições sociodemográficas e a depressão em idosos, encontrando valores de prevalência em 11,4% de 395 idosos estudados, já no estudo de ALY; HAMED; MOHAMMED (2018) que também avaliou fatores associados à depressão, tal índice foi consideravelmente maior, chegando a 62,7% dos participantes, o maior índice dos estudos analisados.

CORREA et al. (2020) foi observado valores consideravelmente variáveis no que diz respeito a prevalência de depressão em idosos da zona rural. Os autores observaram que 8% dos idosos apresentaram depressão, um ponto importante a destacar é que tal estudo possui uma considerável amostra, cerca de 994 idosos, valor próximo ao estudo de ALY; HAMED; MOHAMMED (2018) realizado no Egito, mas com o percentual de depressão muito inferior ao encontrado pelo mesmo (54,7%), isso demonstra como um percentual pode variar consideravelmente de uma região para outra.

Corroborando a ideia da variabilidade de fatores atrelados a depressão em idosos, os autores colocam diversas situações que merecem ser esclarecidas, tendo em vista a considerável variabilidade nos resultados. De forma ampla, as principais características citadas pelos autores foram: uso contínuo de medicamentos, doenças crônicas, obesidade, encontrados no estudo de CORREA et al. (2020); estruturação familiar, sedentarismo e grande esforço nos trabalhos domésticos no estudo de BEHERA et al. (2016). Lembrando que tais fatores foram os mais relatados de forma geral, contudo, alguns estudos apresentaram tais fatores, mas em associação às outras problemáticas.

No estudo de LI et al. (2015) foram analisadas três variáveis específicas (renda, instalações de saúde e centros de atividades) em idosos residentes em vilas rurais e observou-se que tanto a infraestrutura como a provisão de suporte dado às vilas impactaram a incidência de novos casos, tal fator pode ser ligado ao estudo de SARKAR et al. (2017) onde os autores demonstraram que idosos que frequentaram creches rurais (ambientes em que os idosos são convidados a visitarem para socialização) tenderam a apresentar menores quadros depressivos do que àqueles que não frequentaram tal ambiente, ou seja, idosos que não saíram com tanta frequência de casa.

Tal informação é bastante valiosa, visto que pode ser importante na formulação de políticas que envolvam a saúde mental do idoso da zona rural, com a criação de espaços para convivência, visto que no estudo de SARKAR et al. (2017), após a intervenção, houve queda da probabilidade de depressão, valendo ressaltar que tal autor não foi o único a abordar a temática de ambientes propícios à encontro de idosos, sendo a situação também relatada no estudo de SOK. et al. 2019, o mesmo ressaltando a importância da promoção de saúde que tais ambientes proporcionam.

Muitos idosos possuem alguma relação de dependência para realização de atividades, essa limitação de deslocamento é um impeditivo para que os idosos realizem, por exemplo, visitas a casas comunitárias.

Um exemplo a ser relatado é que no estudo de HAMANO, et al. (2016) foi observado que idosos que não sabem dirigir são mais suscetíveis a apresentarem depressão, contudo, tal estudo avalia idosos que moram em regiões baixas do Japão (próximas ao nível do mar), realidade, do ponto de vista geográfico, semelhante aos idosos brasileiros, dessa forma, observando a realidade brasileira, entende-se a necessidade de estudos envolvendo tal situação, visto que, por não dirigirem, os idosos tornam-se “reféns” de outros indivíduos que realizem tal atividade para eles, impossibilitando-os no que diz respeito a locomoção.

Nos estudo de TARIQ et al. (2019) que observou como o capital social cognitivo (autoconfiança e a capacidade de realizar atividades diversas)é um fator crucial nesta situação, ou seja, quanto menor o capital social cognitivo, maiores são as chances de o indivíduo desenvolver depressão, vale lembrar que o mesmo autor ainda relata que a depressão possui grande ligação quando o idoso apresenta alguma deficiência física. Tal informação é bastante importante, pois revela uma área de estudo (presença de depressão em idosos deficientes físicos) que carece de mais abordagem, visando a criação de políticas inclusivas.

O gênero mais acometido pela depressão também se demonstrou como fator relevante, tendo em vista que tanto do ponto de vista biológico como psicológico, homens e mulheres possuem características distintas, como fatores hormonais e questões sociais de cada região. Com relação ao entendimento sobre em qual gênero a depressão é mais comum, pode-se entender que as mulheres são consideravelmente mais afetadas. Tal informação é encontrada nos estudos de CORREA et al. (2020), onde o mesmo observou que as mulheres são mais susceptíveis.

Outro ponto a ser abordado é que no estudo de DOS SANTOS TAVARES et al. (2015) envolvendo idosos diabéticos e não diabéticos, a maioria dos participantes eram do sexo feminino e, no mesmo estudo é apresentado uma ligação considerável entre a depressão e a presença de diabetes, com isso, é importante que futuros estudos reflitam a associação entre a presença de doenças crônicas e quadros depressivos em idosas da zona rural.

Ainda com relação ao gênero mais afetado, além dos dois autores supracitados, outro estudo aborda a mesma situação onde as mulheres são mais afetadas, contudo, o estudo de KIM et al. (2015), relaciona o estado depressivo de mulheres sul-coreanas mais acometidas que homens por possuírem maior exposição a 3-PBA (agrotóxico). Esse dado revela outro fator importante pois pode haver presença de quadros depressivos em populações específicas.

Diversos são os fatores agravantes nos quadros depressivos, em muitos casos,o fato de o idoso não estar perto dos entes queridos, como os filhos, podem agravar tal situação, esta que foi bem esclarecida no estudo de WANG et al. (2017) ao relatar como idosos com ninho vazio (condição em que os idosos não residem com seus filhos) são mais propensos ao desenvolvimento de quadros depressivos maiores, contudo, em relação ao estudo de ALY; HAMED; MOHAMMED (2018) que tratou sobre o nível/gravidade de depressão nos idosos e que não pontuou em seu estudo tal situação de ninho vazio, houve uma grande diferença nos resultados, principalmente no que diz respeito aos casos de depressão grave.

No estudo de WANG et al. (2017) ao relatar como idosos com ninho vazio (condição em que os idosos não residem com seus filhos) são mais propensos ao desenvolvimento de quadros depressivos maiores, contudo, em relação ao estudo de ALY; HAMED; MOHAMMED (2018) que tratou sobre o nível/gravidade de depressão nos idosos e que não pontuou em seu estudo tal situação de ninho vazio, houve uma grande diferença nos resultados, principalmente no que diz respeito aos casos de depressão grave.

Em seu estudo WANG et al. (2017) observou que de sua amostra composta por 839 idosos, 8,50% apresentavam sintomas depressivos, deste percentual, 10,1 % apresentavam depressão grave, sendo que em seu estudo, foi observado que idosos com ninho vazio são mais suscetíveis a quadros depressivos mais severos, já no estudo de ALY; HAMED; MOHAMMED, (2018) 43,8% apresentavam sintomas leves de depressão, 18,9% depressão moderada e nenhum caso de depressão grave foi relatado, vale ressaltar que o autor também atribui “sexo feminino” como variável ligada ao aparecimento da depressão, o que reforça a necessidade de mais assistencialismo a população idosa feminina.

5. CONCLUSÃO

Com base nos estudos encontrados, sugere-se que a prevalência da depressão em idosos da zona rural é consideravelmente elevada, sendo muito mais presente na realidade feminina, apresentando-se principalmente de forma leve a moderada. Tal quadro possui diversas relações com sedentarismo, uso contínuo de medicamentos, doenças crônicas, obesidade e estruturação familiar. O estudo é bastante importante para a realidade do idoso, pois pode possibilitar na futura criação de políticas públicas de atenção à essa população.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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9LI, Lydia W. et al. Late‐life depression in rural China: do village infrastructure and availabilityof community resources matter. International Journal of Geriatric Psychiatry, v. 30, n. 7, p. 729-736, 2015.

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11DOS SANTOS TAVARES, Darlene Mara et al. Saúde e lazer entre idosos diabéticos rurais com e sem indicativo de depressão, Health and leisure among elderly rural diabetics with and without indications of depression. Revista Enfermagem UERJ, v. 23, n. 4, p. 548-555, 2015.

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13KIM, Bokyeong et al. Association of urinary 3-phenoxybenzoic acid levels with self- reported depression symptoms in a rural elderly population in Asan, South Korea. Environmental health and toxicology, v. 30, 2015.

14ALY, Hanan Y.; HAMED, Ahmed F.; MOHAMMED, Nesreen A. Depression among the elderly population in Sohag governorate. Saudi medical journal, v. 39, n. 2, p. 185, 2018.

15HAMANO, Tsuyoshi et al. Geographic elevation, car driving, and depression among elderly residents in rural areas: the Shimane CoHRE study. International journal of environmental research and public health, v. 13, n. 7, p. 738, 2016.

16SARKAR, Sonali et al. Impact of attendance in a daycare centre on depression among elderly in rural Puducherry: A pre-& post-intervention study. The Indian journal of medical research, v. 146, n. Suppl 2, p. S68, 2017.

17SOK, Sohyune R. et al. Comparisons of health promoting behavior, depression, and life satisfaction between older adults in rural areas in South Korea living in group homes and at home. The Journal of Nursing Research, v. 27, n. 3, p. e21, 2019.

18ALMEIDA, Osvaldo P.; ALMEIDA, Shirley A. Confiabilidade da versão brasileira da Escala de Depressão em Geriatria (GDS) versão reduzida. Arquivos de Neuro psiquiatria, v. 57, n. 2B, p. 421-426, 1999.

19MIRANDA, Gabriella Morais Duarte; MENDES, Antonio da Cruz Gouveia; SILVA, Ana Lucia Andrade da. O envelhecimento populacional brasileiro: desafios e consequências sociaisatuais e futuras. Rev. bras. geriatr. gerontol., Rio de Janeiro , v. 19, n. 3, p. 507-519, June 2016.


1Graduanda do Curso de Fisioterapia – Centro Universitário Estácio de Sergipe.

2Graduanda do Curso de Fisioterapia – Centro Universitário Estácio de Sergipe.

3Graduanda do Curso de Fisioterapia – Centro Universitário Estácio de Sergipe.

4Docente do Curso de Fisioterapia – Centro Universitário Estácio de Sergipe.

5Docente do Curso de Fisioterapia – Centro Universitário Estácio de Sergipe.