Autores:
Karen Mendes de Oliveira¹;
Marines Almeida Fernandes2;
Geslia Andrade Rabelo3;
Clarice Alvarado Arruda4;
Denilson da Silva Vera5.
1,2,3,4Acadêmica Finalista do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário de Manaus – FAMETRO
5Fisioterapeuta Mestre; Docente do Centro Universitário de Manaus – FAMETRO
RESUMO
Artigo científico desenvolvido com o objetivo de compreender a Incontinência Urinaria por esforço que afeta por sua maioria e com maior frequência, o sexo feminino entre as idades de 40 a 60 anos e analisar os benefícios dos tratamentos fisioterápicos em mulheres sedentárias com IU por esforço. Em decorrência de fatores que causam enfraquecimento do assoalho pélvico, o surgimento da Incontinência causa desconforto não somente pelo fato da perda involuntária de urina, mas também, gera constrangimento que interfere diretamente na qualidade de vida dessas pacientes. Assim, a fisioterapia abrange em seus conhecimentos, estudos e métodos tratamentos que são capazes de reverter esse problema que vão além do procedimento cirúrgico, objetivando o melhoramento do assoalho pélvico e evitando que haja IU com frequência. Para a metodologia deste estudo foram consultados artigos, livros e sites dominantes do assunto e que em sua literatura esclarecem desde o desenvolvimento da IU, sintomas e recursos do trato fisioterapêutico abordando os principais e mais eficazes. Vale ressaltar que, a fisioterapia possui um papel de suma importância na reabilitação de mulheres com IU por esforço, pois, seus métodos e recursos atuam de maneira significativa na prevenção e tratamento da Incontinência Urinaria promovendo melhor conscientização corporal, perineal, redução vesical e da musculatura do assoalho pélvico e influenciando no bem-estar físico, mental e qualidade de vida otimizada.
Palavras-chave: Fisioterapia, incontinência urinária, protocolos e reabilitação.
ABSTRACT
Scientific article developed with the objective of understanding the stress urinary incontinence that affects mostly and with greater frequency, the female sex between the ages of 40 and 60 years and analyze the benefits of physiotherapy treatments in sedentary women with stress UI. Due to factors that cause weakening of the pelvic floor, the emergence of incontinence causes discomfort not only because of the involuntary loss of urine, but also generates embarrassment that interferes directly in the quality of life of these patients. Thus, physiotherapy includes in its knowledge, studies and methods treatments that are able to reverse this problem that go beyond the surgical procedure, aiming at improving the pelvic floor and preventing frequent UTIs. For the methodology of this study, articles, books and websites were consulted that dominate the subject and that in their literature clarify from the development of UI, symptoms and resources of the physiotherapeutic treatment approaching the main and most effective ones. It is noteworthy that physiotherapy has a role of paramount importance in the rehabilitation of women with stress UI, because their methods and resources act significantly in the prevention and treatment of urinary incontinence promoting better body awareness, perineal, bladder reduction and pelvic floor muscles and influencing the physical well-being, mental and optimized quality of life.
Keywords: Physiotherapy, urinary incontinence, protocols and rehabilitation.
INTRODUÇÃO
O processo de envelhecimento está atrelado à chegada de novas características físicas e psicológicas, com esse amadurecimento ocorre então o desgaste físico e mental do ser humano, trazendo condições de saúde que necessitam de atenção e tratamento. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), idoso é todo indivíduo com 60 anos ou mais. O mesmo entendimento está presente na Política Nacional do Idoso (instituída pela lei federal 8.842), de 1994, e no Estatuto do Idoso (lei 10.741), de 2003.
Devido à diminuição das respostas fisiológicas do organismo, o corpo muda nos mais vários aspectos, como uma série de alterações nas funções orgânicas devido exclusivamente aos efeitos da idade avançada sobre o organismo, mudanças na pele, nos ossos, no equilibro e ate mesmo na independência de realizar tarefas diárias. Uma das condições mais comuns é a incontinência urinária –IU, que acarreta em sua maioria as mulheres.
A incontinência urinária (IU) é definida como uma condição que ocorre em qualquer perda involuntária de urina, comprometendo as questões sociais e de saúde. Um agravante nesta situação que o sistema nervoso passa a controlar a eliminação da urina, mas os comprometimentos podem ser consequências dos fatores durante alguns períodos (GUARISI, 2017).
A fisioterapia desempenha um papel importante na prevenção e tratamento da incontinência urinária, promovendo melhor consciência corporal e perineal, propriocepção perineal, reeducação do tecido muscular da bexiga e do assoalho pélvico e melhora dos tônus muscular perineal. (CAPELINE, 2013).
A incontinência urinária vem influenciando na qualidade de vidas destas mulheres, por essa razão este tema foi escolhido com base nas informações da literatura, assim esta pesquisa tem como justificativa a abordagem deste tema em uma revisão da literatura em busca de mais informações sobre o tratamento com a fisioterapia.
Logo, o artigo tem como objetivo analisar os benefícios da fisioterapia no tratamento das mulheres sedentárias com incontinência urinária por esforço, assim como estudar a anato fisiologia do assoalho pélvico; relatar a fisiopatologia da IU por esforço; descrever a importância do tratamento associado à fisioterapia; demonstrar os tipos tratamentos ofertados pela fisioterapia as pacientes com incontinência urinária e determinar quais fatores está associado às disfunções do assoalho; pélvico em pacientes com incontinência urinária.
A causa da IU nas mulheres também pode surgir pelo enfraquecimento do esfíncter urinário e dos elementos de sustentação da uretra e da bexiga, bem como fatores ginecológicos e nessas situações é necessário adequar o padrão de qualidade de vida de acordo com tratamento do trato fisioterapêutico correto e eficaz para amenizar ou eliminar o problema.
METODOLOGIA
Trata-se uma pesquisa integrativa da literatura com o objetivo e método hipotético-dedutivo e objetivo descritivo explicativo. Este estudo visa coletar o maior número de evidências cientifica para mostrar como a fisioterapia, através de determinados protocolos pode agir no tratamento da IU por esforço. A pesquisa será realizada através de um estudo de revisão integrativa da literatura, na qual o método de análise é de caráter quantitativo e não experimental.
Critérios de Inclusão: Foram pesquisados artigos com critérios de inclusão aqueles que estavam entre 2011 a 2020 e que descrevam sobre Incontinência urinária em mulheres com disfunção no assoalho pélvico em com idade entre 30 a 60 anos. Foram excluídos aqueles que eram com tratamento realizado por outros profissionais, e artigos que apresentavam publicações repetidas e trabalhos disponibilizados somente em forma de resumo. Utilizou-se os meios eletrônicos na pesquisa pelo banco de dados Scielo, PubMed e PEDro, publicados nos anos de 2011 a 2020 e em idiomas português e inglês, serão selecionados livros que abordem sobre a IUE, para especificar de uma forma breve sobre a anatofisiologia do assoalho pélvico. Foram selecionados artigos científicos que tiveram o embasamento teórico e prático sobre a fisioterapia na incontinência urinária e a eficácia que os principais métodos têm sobre as mulheres com essas disfunções, totalizando 34 artigos científicos e 5 livros sobre a temática
A análise dos dados iniciará primeiramente em um levantamento bibliográfico através das palavras-chave nas bases de dados citadas acima. Foram inclusos artigos, Revisão literária; Tratamento realizado por outros profissionais, Artigos que apresentavam publicações repetidas e trabalhos disponibilizados somente em forma de resumo e foram excluídos artigos que falem sobre o tratamento realizado por outros profissionais, artigos que apresentavam publicações repetidas e trabalhos disponibilizados somente em forma de resumo.
Dos 34 artigos selecionados das bases de dados, 09 foram da Scielo, 22 da PubMed e 3 no Lilacs e para a composição da pesquisa 5 livros retirados da biblioteca-Fametro.
Os resultados serão demonstrados através dos casos clínicos que obtém nos artigos e que mostram os resultados do tratamento da fisioterapia na incontinência urinária por esforço. Para o levantamento de dados, será utilizado o programa Word, no qual será abordado o assunto. Os descritores utilizados na busca foram: Fisioterapia, incontinência urinária, protocolos e reabilitação.
Posteriormente será realizada uma análise de caráter qualitativa e não experimental do levantamento bibliográfico, considerando os critérios a cima mencionados, selecionando artigos e livros de maior relevância para objetivo deste estudo.
Estudo básico, de natureza qualitativa e controle das variáveis do tipo explicativo.
Tabela 1 – Metodologia PICO(Paciente, Intervenção, Comparação e “Outcomes/desfecho”)
P | Mulheres idosas entre as idades de 40 a 60 anos apresentam Incontinência Urinária por esforço, os autores da revisão apontam que os fatores de risco associados à incontinência urinária são: idade; presença de infecção; obesidade devido ao peso sobre o diafragma pélvico; paridade aumentada, principalmente nos casos de parto normais; cirurgias pélvicas que alteram a inervação ou o posicionamento dos órgãos internos; e doenças neurológicas periféricas e centrais, partos normais, partos por fórceps e peso do recém-nascido elevado têm relação direta com a ocorrência da IUE. |
I | Os tratamentos terapêuticos associados a Fisioterapia apresentam variedade de exercícios que auxiliam tanto na prevenção quanto no tratamento. Como os exercícios perineais e a cinesioterapia, assim como as mudanças de hábitos alimentares, como a diminuição da ingestão de cafeinados, excesso de líquidos antes de dormir, frutas ácidas, achocolatados e refrigerantes. |
C | Comparação feita por idade e por fatores que as mulheres apresentavam: como doenças crônicas, sedentarismo, alimentação, entre outros. |
O | Tratamento e recuperação através dos recursos fisioterapêuticos em mulheres idosas. |
Figura 1. Desenho Metodológico
RESULTADOS
Para a realização dessa revisão foram analisados 10 artigos que realizaram estudos semelhantes ao escolhido para esta pesquisa, objetivando os benefícios da fisioterapia como uma das maneiras de tratamento de incontinência urinária por esforço por mulheres entre 18 e 60 anos. A tabela 1 mostra a lista dos artigos escolhida para então discussão nesse trabalho.
Tabela 2 – Recursos fisioterapêuticos utilizados no tratamento de mulheres sedentárias com incontinência urinária por esforço
ANO | AUTOR | OBJETIVO | TIPO DE ESTUDO | RESULTADO |
2011 | Câmara, et. al | Analisar os malefícios da incontinência urinária (IU) na qualidade de vida (QV) em mulheres de 40 a 70 anos em Belém-PA. | Estudo transversal | A IU apresentou grande influência sobre a QV das participantes, demonstrando que o impacto da IU foi o fator mais importante e os domínios emoções e medidas de gravidade apresentaram as correlações mais intensas nas pacientes analisadas. |
2015 | Souza, et. al | Analisar os principais recursos fisioterapêuticos utilizados no tratamento da Incontinência Urinária (IU) em idosas. | A metodologia utilizada foi uma revisão sistemática, por meio da análise de 11 artigos científicos publicados entre o período de 2006 a 2015, em língua portuguesa, com abordagem de intervenções fisioterapêuticas em idosas com IU. | Assim, mesmo conservador, o tratamento com recursos fisioterapêuticos tem sido indicado em casos primários de IU, mostrando assim efetividade de recursos e a cinesioterapia associada a outras técnicas parece ser a melhor forma de tratamento da IU em idosas. |
2016 | Silva, et. al | O objetivo foi caracterizar perfil e prevalência dos tipos de incontinência urinária em idosas e avaliar sua qualidade de vida pré- e pós-programa de treino de fortalecimento da musculatura pélvica. | Misto, intervencionista, a 11 mulheres com tal queixa, já cadastradas em programa, com atividade física regular. | Os resultados mostraram que a maioria era casada, com baixo nível de escolaridade, multíparas, com incontinência urinária de esforço. Apresentaram percepção de melhora pós-treino. Como conclusão: a cinesioterapia do assoalho pélvico, via treino de fortalecimento, mostrou-se eficaz para maior bem-estar físico-emocional das participantes. |
2016 | Marques | Analisar os fatores que predispõe a essa condição e estudando como os exercícios físicos beneficiam as idosas. | Revisão bibliográfica acerca da incontinência urinária | Fisioterapia é de grande importância para as idosas, pois é um tratamento não invasivo e conhecendo os fatores que a predispõe e as consequências da IU, este profissional é capaz de tratar e contribuir para uma melhora do bem- estar físico e social dessas pessoas. |
2017 | Gruendling, et. al | A incontinência urinária é caracterizada por qualquer perda involuntária de urina, e pode ser classificada em diferentes tipos, conforme a Sociedade Internacional de Continência. | O que o presente estudo pretende fazer é elucidar questões a este respeito, principalmente sob a perspectiva do tratamento cirúrgico da patologia, através de revisão de literatura especializada. | O diagnóstico preciso da incontinência urinária é a chave para conduzir ao tratamento adequado e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. |
2017 | Martins e Silva | Fomentar a discussão acerca das políticas públicas para mulheres considerando seus ciclos de vida, partindo de um conceito de atenção integral à saúde da mulher. | Revisão aqui contida foi baseada em documentos governamentais, livros e artigos que abordam o | Conclui-se que a ineficiência das políticas públicas de enfoque à saúde da mulher aliado à dificuldade do sistema de saúde brasileiro, corroboram a um diagnóstico tardio e difícil acesso ao tratamento da patologia; elementos que contribuem para a deficiência na qualidade de vida das mulheres que sofrem de incontinência urinária. |
2017 | CÂNDIDO, et. al | Identificar através de uma revisão de literatura, quais os recursos fisioterapêuticos mais comumente empregados no tratamento de incontinência urinária de esforço mostrando suas efetividades. | Revisão literária | Nas últimas décadas, diversos tratamentos conservadores foram propostos, como terapias farmacológicas, utilização de exercícios específicos, biofeedback e estimulação elétrica ou magnética. Apesar disso, a cirurgia ainda é considerada o principal método terapêutico para muitas das pacientes acometidas pela IU. |
2017 | Silva, Soler e Wysocki | Analisar os fatores associados à Incontinência Urinária (IU) entre mulheres submetidas a estudo urodinâmico. | Estudo transversal realizado com 150 mulheres atendidas em um centro urológico. Os dados foram analisados por meio de estatística uni e multivariada | Intervenções e orientações quanto à prevenção da IU e ao fortalecimento da musculatura pélvica devem ser voltadas a mulheres que apresentam mudança de peso, sedentárias, que se encontram na menopausa e àquelas que realizaram histerectomia ou outra cirurgia ginecológica. São necessários estudos sobre métodos de fortalecimento pélvico, de modo a contemplar o perfil das necessidades apresentadas pelas mulheres. |
2019 | Tomas, et. al | Conhecer como os enfermeiros e fisioterapeutas cuidam de mulheres idosas com incontinência urinária na Atenção Primária de Saúde. | Estudo qualitativo, do tipo exploratório-descritivo, com análise temática descritiva. | É necessária uma educação permanente ou capacitação para que os profissionais possam responder aos desafios do envelhecimento populacional, em todos os aspectos da saúde, com vistas ao autocuidado. |
2020 | Guedes, et. Al | Identificar através de uma revisão de literatura, quais os recursos fisioterapêuticos mais comumente empregados no tratamento de incontinência urinária de esforço mostrando suas efetividades. | Revisão bibliográfica | O presente estudo conclui-se que os riscos de IUE podem ser minimizados onde a melhora ou cura da IUE é demonstrada em diversas pesquisas, tendo como terapêutica os exercícios perineais isolados ou associados a outras modalidades, como biofeedback, eletroestimulação transvaginal e cones vaginais, além de orientações básicas comportamentais. |
Câmara, et. al (2011), a Incontinência Urinaria determina problemas emocionais, físicos e psicológicos e que, altera de alguma forma a saúde da mulher, impactando nas limitações e gera estresse nas pacientes e traz mudanças associadas a ocorrências de distúrbios do sono e influenciam nos episódios de noctúria pois, em muitos casos ter IU é motivo de constrangimento e gera baixa autoestima. Por este motivo, precisa necessariamente de uma abordagem mais frequente em relação a esse assunto.
Souza, et. al (2015) em seu estudo, coletaram dados no período de 2006 a 2015, que os recursos fisioterapeuticos mais usado era a técnica de cinesioterapia como recurso fisioterapeutico, e uma pequena minoria a eletroterapia. Então foram citados os demais recursos: eletroestimulação, biofeedback, terapia comportamental e terapia manual. Em um estudo de 22 mulheres idosas com IU de esforço, onde se adotou o protocolo de cinesioterapia, os resultados apontaram eficácia no procedimento, com melhoria da musculatura do assoalho pélvico e da qualidade de vida.
Quanto ao tratamento Silva 2016, menciona a estratégia para minimização que pode ser simples como o treino muscular para o fortalecimento do assoalho pélvico (TAP) através da fisioterapia que é uma opção menos invasiva e com baixos riscos de complicações.
Marques, 2016, em sua revisão literária sobre incontinência urinária na população idosa, frisa que a coexistência dessa condição se dar a uma série de fatores de riscos associados, como a menopausa e os efeitos do parto sob a musculatura do assoalho pélvico, além disso a prática de exercícios físicos de grande impacto e a idade são fatores também pertinentes. Quando ao seu tratamento, a fisioterapia entra com os exercícios perineais, que tem as melhores evidências no tratamento de IU por esforço. A cinesioterapia do assoalho pélvico baseia-se no princípio das contrações voluntárias repetitivas, assim aumentam a força muscular e a continência pela ativação da atividade esfíncter uretral. Além de exercícios fisioterapeuticos, a mudanças de hábitos alimentares, como a diminuição da ingestão de cafeinados, excessos de líquidos antes de dormir e o consumo consciente de frutas ácidas, achocolatados e refrigerantes, devem ser pontuados.
Martins e Silva (2017) realizaram um estudo através de uma dissertação de mestrado “Proposta de diretriz clínica de atenção à mulher com incontinência urinária na política de saúde”, aonde foi abordada a prevalência da incontinência urinaria em mulheres, assim como sua patologia e como a condição recai sobre a qualidade de vidas dessas mulheres, e como as políticas publicam de saúde lidam com esse tema. Ressaltou-se os fatores de riscos associados à incontinência urinária como a idade, presença de infecção, obesidade devido ao peso sobre o diafragma pélvico, paridade aumentada, principalmente após o parto, doenças neurológicas periféricas e centrais. Ressaltaram que a presença da incontinência diminui a qualidade de vida da mulher, pois é necessário o uso de medicamentos diários e de absorventes ou fraudas, além de haver restrições quanto a atividades físicas e também durante os atos sexual, levando a um constrangimento e um desgaste tanto físico e psicológico da paciente nessa condição. A incontinência urinaria por esforço é a mais comum entre as mulheres. Segundo a pesquisa dos autores, varia entre 25% a 35% entre 45 a 60 anos, e acima de 60 anos essa probabilidade aumenta duas vezes mais do que a dos homens. Em idosas institucionalizadas, a prevalência pode atingir cerca de 40% a 80%. Martins e Silva (2017), concluem que IU é uma doença que acomete grande parte das pessoas idosas, principalmente as mulheres, então são necessários medidas de prevenção e tratamento humanizado para toda a população, assim buscando melhorar a qualidade de vida dos portadores, advertindo que os fatores quanto a condição devem ser levados em consideração, como a idade, gênero, principalmente quanto a dimensão subjetiva do sexo feminino. Portanto é de indiscutível a questão ao direito a saúde da mulher como um ato de direito e deve ser ofertado pelas políticas de saúde pública.
Silva, Soler e Wysocki (2017), realizaram um estudo transversal com 150 mulheres entre 18 a 86 anos, com a mídia de 53,7 anos. Os dados apresentados foram:
79,3% de brancas;
60,7% com aumento de peso nos últimos 10 anos;
30,7% tinham hipertensão arterial;
11,3% usavam diurético;
11,3% tinham diabetes;
53,3% estavam na menopausa;
93,3% tinham antecedentes obstétricos;
82,7% ingeriam café diariamente;
6,7% eram tabagistas e 26% já tinham sido;
26,7% apresentavam tosse frequente;
39,3% possuíam constipação intestinal;
30,7% eram histerectomizadas;
30,7% haviam realizado perineoplastia;
4,7% realizaram cirurgia de sling;
65,3% eram sedentárias e 60,7% apresentavam IU por hipermobilidade uretral – HU.
Os autores concluírem que a IU é prevalente em maioria nas mulheres, com a faixa etária ,especialmente depois dos 40 anos, e é aumentada com o envelhecimento. Em idosas a IUE é mais frequente, em situações como tossir e espirrar pode ocorrer a perda da urina, por exemplo. Com os dados, é frisado que a IUE estava presente em mais de 50% das mulheres norte-americanas, e nesse caso nas mais jovens. Fatores como o aumento de peso em pessoas idosas contribuem para o aumento dos sintomas da IU. A prática da atividade física é um fator que deve ser levado em pauta, pois a sua prática melhora a saúde, logo a estrutura física se fortalece, mas deve-se avaliar que exercícios físicos de alto impacto podem ser um dos fatores predisponente para mulheres jovens a desenvolver IU, devido à pressão-intra-abdominal. Logo a prática de bons exercícios e uma alimentação saudável juntamente com a manutenção do corpo é a medida de prevenção mais efetiva quanto a incontinência urinária.
Gruendling, et. Al (2017) explica que exames mais detalhados podem analisar melhor esses problemas como, o exame urodinamico completo que se avalia as fases variadas do ato de produzir, transportar, reter e excretar a urina; Cistoscopia que consiste no procedimento diagnostico das vias urinarias baixas e por fim, a Cistografia através do diagnóstico de imagens de raio –x para examinar a dinâmica urinaria da bexiga e a ultrassom abdominal e pélvico.
CÂNDIDO, et. Al (2017) especifica que, são as mudanças comportamentais que também irão influenciar no controle da IU, que o uso regular de exercícios de reforço para a musculatura pélvica promove alivio dos sintomas e melhora da qualidade de vida das pacientes. Essas práticas de atividades físicas e as manobras comportamentais é recomendada como terapia de primeira linha para todos os subtipos de IU.
Mesmo que a IU seja desagradável, conforme os estudos das literaturas levantadas as pacientes em sua maioria idosas, não buscam tratamento ou auxilio profissional por considerar uma consequência natural do envelhecimento e ao serem questionadas, muitas dessas mulheres acreditam e classificam sua saúde como boa ou normal o que comprova que a população de forma geral, não enxerga a IU como uma doença.
Tomas, et. al (2019), abordam um estudo qualitativo, com análise temática descritiva sobre o trabalho de enfermeiros e fisioterapeutas que cuidam de mulheres idosas com incontinência urinaria na atenção primária de saúde. O estudo foi realizado com 10 enfermeiros e 14 fisioterapeutas, em agosto de 2014, em um Distrito Sanitário de Saúde de uma capital do Sul do Brasil, por meio de entrevista. Conforme a análise de dados, os autores observaram que quanto à incontinência urinária, as mulheres idosas quando recebem atendimento não existe um olhar na sua integralidade por parte de enfermeiros e fisioterapeutas, e a busca dessas mulheres é mais em relação a problemas ortopédicos. Mas quando existia a sensibilização do profissional com essa condição, relatou-se que a questão da incontinência era pautada e toda a equipe era movida quanto ao esse assunto. Contudo não existia uma estrutura adequada para o atendimento da pessoa idosa com IU. Pelos fisioterapeutas entendeu-se que por falta de capacitação e local específico o atendimento não era adequado, mas eram repassados alguns exercícios básicos, como a contração do períneo. Então, a estratégia adotada foi o encaminhamento a serviços parceiros da Secretaria Municipal de saúde, ou a médicos especializados. Concluíram, que existe muitas maneiras de tratamento que podem ser realizadas pelos fisioterapeutas, mas que com a falta de estrutura e de especialização, o atendimento as mulheres idosas quanto a incontinência urinária se fazia precário, aonde muitos casos tinham dificuldades em identificação, tratamento, orientação e então encaminhamento, logo a necessidade de capacitação dos profissionais deve ser primordial para o tratamento dessa parcela da população.
A disfunção dos ligamentos suspensores da uretra e / ou contratilidade reduzida do esfíncter uretral devido a disfunção miofascial do assolho pélvico também estão associados a incontinência urinaria de esforço em mulheres. Assim sendo, a fisioterapia uroginecologica atua basicamente no tratamento das disfunções urogenitais e anorretais de ambos os sexos e, portanto, contribuindo para o bem-estar social e físico do ser humano que são atingidos por estas disfunções. Contudo, esta área está em analises, mas que apresentam resultados positivos e satisfatórios no tratamento das alterações do assoalho pélvico como a IU, Fecal, Disfunção Sexual e prolapsos genitais, no que possibilita a otimização da qualidade de vida e o desempenho sexual.
Guedes, et. Al (2020) enfatiza que existem fatores associados ao risco do desenvolvimento da IU nas mulheres, mas que de acordo com alguns estudos apontam que um estilo de vida saudável como a pratica de atividades físicas constante e alimentação adequada podem alterar alguns fatores como constipação e sobrepeso o que são considerados fatores de risco modificáveis na gênese da continência urinaria. A classificação da IU pode ser definida como: IUE de Esforço considerada a perda pelo esforço físico sem que haja contração do músculo detrusor da bexiga que é a forma mais comum com prevalência de 55%; IUU de Urgência se dá quando se sente um desejo forte e repentino de urinar e não são capazes de controlar esse mecanismo e por último a IUM Mista que é associada entre os dois tipos de IU já citadas.
DISCUSSÃO
Diante dos objetivos propostos, através das revisões estudadas, expõe-se que todos os artigos sintetizam que a idade mais comum para o desenvolvimento de Incontinência Urinária por esforço em mulheres é acometido entre 40 e 60 anos. Quando iniciado o envelhecimento, as mudanças físicas são percebidas no surgimento de condições que necessitam tratamento, que em muitas vezes abala o emocional da pessoa idosa. Quando se fala em IU por esforço, os autores enfatizam que essa condição pode ser resultante de vários fatores, como o comprometimento da musculatura dos esfíncteres ou do assoalho pélvico, gravidez e parto, tumores malignos e benignos, doenças que comprimem a bexiga, obesidade, entre outros.
A fisioterapia abrange métodos para serem usados tanto quanto de tratamento quanto de prevenção, pois age no fortalecimento e condicionamento da musculatura, além de desenvolvimento para a prática dos exercícios, orientando e conscientizando sobre a IU. O autor Souza, et. al (2015), destaca que “Os recursos fisioterapêuticos utilizados no tratamento da IU são a cinesioterapia, a terapia manual, eletroestimulação neuromuscular e o biofeedback, incluindo também mudanças comportamentais.”
A principal técnica fisioterápica exposta e utilizada é a Cinesioterapia, o conjunto de exercícios terapêuticos ajudam na reabilitação e prevenção da Incontinência Urinária por esforço, fortalecendo e alongando os músculos, melhorando então qualidade de vida da mulher idosa.
As técnicas fisioterápicas incluem em sua estratégia para o tratamento de IU exercícios como o de Kengel, a eletroestimulação, o biofeedbak e os cones vaginais. Cada um desses tratamentos possui seus benefícios e podem ser prescritos para todos os casos de incontinência seja de urgência, de esforço, em homens, mulheres e crianças. As técnicas, consistem no fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico para impedir a perda involuntária da urina.
Cada uma dessas técnicas possui suas características:
- Exercício de Kegel: Primeiramente, é necessário identificar os músculos do assoalho pélvico e tentar segurar o xixi enquanto estiver urinando e se, nesse processo conseguir diminuir o jato de urina, isso significa que há contração dos músculos corretos. Depois deve-se esvaziar a bexiga, fazendo xixi e em seguida deitar-se de barriga para cima e fazer e fazer novamente a contração 10 vezes seguidas e descansar por cinco minutos depois, realizar mais nove repetições da série até totalizar 100 contrações.
- Cones Vaginais: Após realizar os exercícios de Kegel corretamente, o fisioterapeuta pode indicar a introdução de pequenos cones no interior da vagina para ajudar no fortalecimento do músculo do assoalho pélvico. Esses cones possuem pesos diferentes iniciando com o mais leve e para que obtenha melhores resultados, os exercícios podem ser realizados em diferentes posições.
- Eletroestimulação: este recurso consiste em que o aparelho é introduzido na vagina e ocorre a emissão de uma leve corrente elétrica suportável que realiza a contração do períneo involuntariamente.
- Biofeedbak: nessa técnica, também é introduzido um pequeno aparelho dentro da vagina, ligado a um computador que gera imagens e sons durante a contração do períneo.
Esses exercícios cinesioterapêuticos entre outros devem ser recomendados após a redução da dor e inflamação, mas, inicialmente podem ser realizados exercícios mais leves de isometria, sem movimentos e com pequenos equipamentos como fitas elásticas, halteres ou bolas.
A importância da fisioterapia e suas técnicas são estabelecidas justamente por existirem opções de tratamento para controlar a urina que é indicada antes ou depois da cirurgia e por isto, tem uma importante atuação na prevenção e tratamento da IU, promovendo uma melhor qualidade de vida as mulheres que sofrem com essa doença possibilitando que haja a melhora do assoalho pélvico, perineal e vesical provendo bem-estar as pacientes.
Os recursos e tratamento fisioterapêuticos são eficazes e demonstram que com os exercícios e o desempenho das pacientes a IU pode ser tratada adequadamente e consequentemente, os resultados seguem positivos e atendem os objetivos esperados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Incontinência Urinária por esforço é uma doença que acarreta na sua maioria mulheres idosas entres seus 40 a 60 anos, a importância de se conhecer, entender e tratar essa condição é de suma acuidade, ter um olhar mais humanizado e acolhedor as pacientes que sofrem dessa condição se mostra como um das ferramentas durante o seu tratamento. A fisioterapia mostrou-se como uma das melhores prevenções e tratamento para essa condição, não somente em mulheres idosas, mas em um geral. Logo o tema escolhido visou expor a importância do uso das técnicas fisioterapêuticas para o tratamento de IU por esforço, assim como assumiu um dos pilares objetivando a qualidade e bem estar de vida da mulher idosa.
Diante dos objetivos propostos dessa pesquisa de revisão bibliográfica, concluiu-se que a Incontinência Urinária por esforço em muitos casos não era diagnosticado de forma correta ou de nenhuma forma, e não era visto como um problema de saúde relevante, seu tratamento não realizado em outras situações por causa da falta de profissionais capacitados. Os fisioterapeutas tem um papel essencial no tratamento da IU por esforço, as técnicas de cinesioterapia com exercícios de fortalecimento da musculatura pélvica, relevou-se eficiente em todos os artigos pesquisados, ressaltando que adicionada a outras atividades e controle de alimentação, a prevenção a essa condição pode ser realizada de forma eficaz.
Portanto os profissionais de fisioterapia se mostram capacitados nas técnicas utilizadas no assoalho pélvico, ofertando não somente a parte técnica, mas a motivação necessária ao paciente. Tratamentos com a cinesioterapia, os exercícios de Kegel, para conscientização da localização da região do períneo, o uso de cones vaginais, uma das opções dentro da cinesioterapia no tratamento de incontinência urinária de esforço, a eletroestimulação, o biofeedback outro método de tratamento que pode ajudar a realizar um monitoramento conservador para um programa de reabilitação do assoalho pélvico, são um dos exemplos de métodos de prevenção e tratamento de IU.
Por fim, as ferramentas e técnicas fisioterápicas podem resultar na redução e alivio da IU e promover a essas mulheres o bem- estar desejado facilitando a vida, a rotina saudável e sem o medo de ocorrências de perda da urina involuntariamente, motivando que outras pacientes procurem o profissional fisioterapeuta e as técnicas adequadas para prevenir a IU.
REFERÊNCIAS
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