TREINAMENTO DE PRIMEIROS SOCORROS PARA ALUNOS DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE SÃO PAULO

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Autores:
Andervânia Leonilde da Costa
Tamires Correia de Santana
Thalyta Ferreira Canto

Orientadora: Profa. Me. Cíntia Freire Carniel
Co-orientador: Prof. Dr. Rodrigo Daminello Raimundo

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Saúde ABC,
como requisito parcial para obter o título de Bacharel em Fisioterapia.


RESUMO

Introdução: Acidentes são ocorrências que acontecem de forma inesperada em diversos locais e o tempo é crucial à estabilidade da vítima. Objetivo: O objetivo do presente estudo foi avaliar o conhecimento das crianças de uma escola pública intitulada Escola Municipal de Ensino Fundamental Cidade de Osaka (EMEF Cidade de Osaka) em primeiros socorros assim como ensiná-los a agir de maneira correta durante esses acontecimentos. Métodos: Foi aplicado aos participantes de 7° e 8° anos do ensino fundamental um questionário a fim de avaliar seus conhecimentos sobre primeiros socorros e posteriormente ocorreu um treinamento sobre primeiros socorros e foi repassado o mesmo questionário para verificar o aprendizado. Resultados: Foram analisados 65 participantes com a média de idade de 13,56 anos e de maioria do sexo masculino, quando comparado ao número de acertos antes e após o treinamento encontra-se uma diferença significante (p>0,001). Conclusão: Com base no estudo conclui-se que há uma melhora significativa no conhecimento de primeiros socorros dos participantes após o treinamento.

Palavras-Chaves: Primeiros socorros. Estudantes. Educação.

ABSTRACT

Introduction: Accidents are occurrences that happen unexpectedly in different places and the time is crucial to the victim\’s stability. Objective: The objective of the present study was to evaluate the knowledge of children from a public school called Escola Municipal de Ensino Municipal Cidade de Osaka (EMEF Cidade de Osaka) in first aid as well as to teach them how to act correctly during these events. Methods: A questionnaire was applied to the 7 th and 8 th grade participants in order to assess their knowledge of first aid, and then there was a training course on first aid and the same questionnaire was passed on to verify their learning. Results: 65 participants were analyzed, with an average age of 13.56 years and most of them were males, when the number of correct answers before and after training was found, there was a significant difference (p> 0.001). Conclusion: Based on the study, it is concluded that there is a significant improvement in the participants\’ knowledge of first aid after training.

Keywords: Students. First Aid. Education.

LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1- COMPARAÇÃO DO NÚMERO DE ACERTOS ANTES E APÓS A INTERVENÇÃO 114
FIGURA 2- COMPARAÇÃO DA PORCENTAGEM DE ACERTOS ANTES E APÓS A INTERVENÇÃO 18

LISTA DE TABELAS
TABELA 1- CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA 14
TABELA 2- FREQUÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA DO ACERTO E ERRO ANTES E APÓS A INTERVENÇÃO 16

LISTA DE SIGLAS
EMEF- Escola Municipal de Ensino Fundamental
IMC- Índice de Massa Corporal
PCR- Parada Cardiorrespiratória
Q3- Questão 2
Q4- Questão 3
Q5- Questão 4
Q6- Questão 5
Q7- Questão 6
Q8- Questão 7
Q9- Questão 8
Q10- Questão 9
Q11- Questão 10
Q12- Questão 11
Q13- Questão 12
Q14- Questão 13
RCP – Reanimação Cardiopulmonar
SAMU- Serviço de Atendimento Móvel de Urgência

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
2 MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Critérios de inclusão
2. 2 Critérios de exclusão
3 ANÁLISE ESTATÍSTICAS
4 RESULTADOS
5 DISCUSSÃO
6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ANEXOS 2


1 INTRODUÇÃO

Acidentes ocorrem de forma inesperada em locais inespecíficos, todavia é necessário e importante ter o conhecimento para prestar os primeiros cuidados à vítima antes da chegada do profissional especializado ao local do incidente. (MOURA, 2018)

Após uma intercorrência, os cuidados e procedimentos prestados à vítima são imprescindíveis. Assim o tempo se torna crucial para que os primeiros socorros sejam efetivos e ofereçam estabilidade para o estado de saúde da vítima antes do atendimento de um profissional. Portanto se a população leiga for bem instruída sobre como são os primeiros e abordar a vítima, eles irão realizar a técnica de forma correta em situações de emergências. (ASSIS, 2018).

A falta de conhecimento, crenças populares e outras experiências vividas por responsáveis e familiares são que na maioria das vezes rege o conhecimento sobre primeiros socorros, e esse despreparo faz com que ocorra muitas vezes o socorro inadequado, podendo prejudicar na vida da vítima enquanto aguarda o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) sem prestar o devido socorro ou prestando o socorro de forma inadequada. (GALINDO, 2017)

O treinamento de primeiros socorros nas escolas tem mostrado um alcance maior da população ao longo prazo. Os estudantes podem aprender os primeiros socorros no início de sua vida escolar. Neste sentido, tem sido recomendada a inserção deste treinamento no currículo escolar, vislumbrando um aumento de RCP (reanimação cardiopulmonar) para os leigos. (BAKKE, 2017).

São comuns acidentes envolvendo crianças, adultos ou ambos, também é observável que políticas de ensino em primeiros socorros não são muito comuns no currículo escolar, embora seja evidente que estratégias que ensinem primeiros socorros para a população desde o ensino fundamental são absolutamente necessárias. (COELHO, 2015).

A realização imediata de RCP em uma vítima de parada cardiorrespiratória (PCR), ainda que seja apenas com compressões torácicas no pré-hospitalar, contribui sensivelmente para o aumento das taxas de sobrevivência das vítimas de parada cardíaca. (GONZALEZ, 2013).

Um estudo realizado em escolas primárias e secundárias na China revelou que as crianças têm pouco conhecimento em treinamentos de RCP. E que esse treinamento é essencial para um ocorrido de emergência, pois faz com que elas saibam agir em um evento como esse, além do mais favorece taxas de sobrevida da vítima e melhora a segurança na comunidade. (LI, 2018).

O treinamento de primeiros socorros nas instituições de ensino é muito importante (NOLAN, 2010), pois, a população leiga é considerada um importante fator durante o socorro (HOLMBERG, 2000) e pessoas treinadas oferecem melhores socorros e são mais dispostas a realizá-los (CHO, 2010).

Diante disto, o presente estudo tem como objetivo avaliar os alunos de uma escola pública “Escola Municipal de Ensino Fundamental Cidade de Osaka” (EMEF Cidade de Osaka) sobre os conhecimentos dos jovens em relação às práticas em primeiros socorros, preparando-os para agir com eficácia em uma situação de emergência, de acordo com os protocolos sugeridos pelo American Heart Association 2018.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Medicina do ABC sob o número de parecer 3.635.833. (Anexo D)

Foram selecionados alunos de 7° e 8° anos do ensino fundamental no período matutino e vespertino de uma escola Municipal de São Paulo, “EMEF Cidade de Osaka”.

Os responsáveis pelos participantes assinaram o Termo Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) (Anexo A) e os participantes assinaram o Termo de Assentimento Livre Esclarecido (TALE) (Anexo B).

Previamente ao treinamento de primeiros socorros os participantes responderam a um questionário contendo 13 perguntas de múltipla escolha (Anexo C) para avaliar seus conhecimentos sobre primeiros socorros envolvendo os assuntos de queimaduras, engasgo, desmaio e parada cardiorrespiratória. Também foram analisados idade e sexo (feminino e masculino) dos participantes.

Posteriormente foi realizada uma capacitação sobre o tema de primeiros socorros nos casos citados acima por meio de material expositivo e áudio visual para facilitar a assimilação do conteúdo. Além disso, foi realizado um treinamento prático com bonecos confeccionados com garrafas pet, para simular a prática nos casos de parada cardiorrespiratória, desmaio e engasgo.

Após a capacitação o mesmo questionário foi aplicado novamente para avaliar os conhecimentos adquiridos após o treinamento.

Tanto os questionários como o treinamento foram realizados em uma sala disponibilizada pela escola e os participantes foram organizados em círculo, sentados, para facilitar o aprendizado e para incentivar a discussão entre os mesmos e entre os capacitadores em primeiros socorros.

2.1 Critérios de inclusão

Alunos de 7ª e 8ª anos do ensino fundamental matriculados na escola onde foi realizada a pesquisa, que nunca realizaram curso de primeiros socorros, tendo respondido todas as questões e ter assinado ao TCLE e o responsável ter assinado o TALE.

2. 2 Critérios de exclusão

Não ser matriculado na escola onde foi realizada a pesquisa, alunos de outras séries, ter realizado curso de primeiros socorros, não ter respondido todas as questões e não assinar o TCLE e o responsável não assinado o TALE.

3 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Foi realizada análise dos dados, as variáveis qualitativas foram apresentadas por freqüência relativa, no entanto, as variáveis quantitativas foram apresentadas por média, desvio padrão, intervalo de confiança de 95% e valores mínimo e máximo. Ao comparar acertos e erros antes e após a intervenção para cada questão foi utilizado o teste McNemar. Além disso, foi comparado o número de acertos e porcentagens de acertos antes e após a intervenção pelo teste t pareado. O nível de confiança adotado foi de 95%. O programa estatístico foi Stata versão 14.0.

4 RESULTADOS

No presente estudo o resultado da caracterização da amostra com as variáveis de sexo, série, a confirmação ou não se o participante já ouviu falar sobre primeiros socorros, onde já escutou falar sobre o assunto estão dispostos na tabela 1.

De um total de 125 alunos matriculados, foram analisados 65 alunos, sendo 20 alunos do 7° ano e 45 alunos do 8° ano do ensino fundamental.

Os motivos pelos quais 60 alunos não participaram da pesquisa foram: não aceitou participar da pesquisa (n=1), não respondeu o questionário após o treinamento (n=3), faltaram no dia do treinamento (n= 56). Entre os participantes foi encontrado uma prevalência do sexo masculino (n= 33 e 50,77%). A idade média encontrada foi de 13,56 (dp= 0,84) com idade mínima de 12 anos e idade máxima de 16 anos.

Em relação à pergunta sobre ter já ouvido falar sobre primeiros socorros encontrou a maioria respondendo sim (n=63 e 96,92%) e quando perguntado sobre onde ouviu falar sobre o tema abordado teve como prevalência jornal (n=20 e 31,75%).

Tabela 1. Características da amostra. Centro Universitário Saúde ABC 2020

Variáveisn%
Sexo

Masculino3350,77
Feminino3249,23
Ano

7º ano2030,77
8º ano4569,23
Você já ouviu falar sobre primeiros socorros?

Sim6396,92
Não23,08
Se sim, onde?

Novela57,94
Série812,70
Jornal2031,75
Internet1117,46
Outros1624,5
Todas as alternativas34,76

Média (dp)Mínimo – Máximo
Idade (anos)13,56 (0,84)12 – 16

dp: Desvio-padrão. Mínimo – Máximo: Valores mínimo e máximo da amostra. Fonte: Própria

Na tabela 2 está descrita a frequência absoluta e relativa do acerto e erro antes e após a intervenção. As questões estão identificadas no Anexo D, onde Q3 significa questão 2, Q4 significa questão 3, Q5 significa questão 4, Q6 significa questão 5, Q7 significa questão 6, Q8 significa questão 7, Q9 significa questão 8, Q10 significa questão 9, Q11 significa questão10, Q12 significa questão 11, Q11 significa questão 12, Q14 significa questão 13.

Quando analisada a questão sobre Q3, não foi encontrada uma diferença estatisticamente significante (p = 1,000), não sendo encontrado acerto no questionário antes da intervenção e encontrando baixo acerto após a intervenção (n=1).

Ao analisar Q4 apresentou uma significância (p=0,093), sendo o índice de acertos antes da intervenção (n=19 e 29,3%) foi menor em comparação ao índice de acertos pós intervenção (n=28 e 43,08%), demonstrando a melhora neste quesito quando comparado antes e depois.

Em relação à pergunta Q5 não foi encontrada diferença estatística significante (p= 0,359) quando comparado o número de acertos antes (n=14 e 21,54%) depois (n=9 e 13,85%) da intervenção, encontrando uma piora nos resultados.

Analisando a questão sobre Q6 não foi encontrada uma diferença estatística (p=0,690) tendo um número de acerto antes (n= 28 e 43,08%) próximo ao de depois (n= 31 e 47,69) da intervenção realizada.

Na análise Q7 não foi encontrada uma diferença estatística quando comparado antes e depois (p= 0,247) observando-se uma leve melhora nos acertos depois da intervenção (n=33 e 50,77%) comparada com antes (n=26 e 40%)

Foi evidenciada uma diferença estatística significante (p=0,019) ao comparar Q8 evidenciando uma melhora em relação aos acertos quando comparado antes (n=41 e 63,08%) e depois (n=52 e 80%).

O resultado encontrado quando feita a análise da Q9 foi encontrada uma diferença estatística extremamente significante (p<0,001) aumentando o número de acertos quando analisado antes (n=13 e 20%) e depois (n=52 e 80%), evidenciando uma melhora no aprendizado após a intervenção.

Na análise Q10 foi encontrada uma diferença estatística muito significante (p= 0,005) evidenciando uma melhora nos acertos quando comparado antes (n= 17 e 26,15%) a depois (n= 32 e 49,23%).

Em relação à variável Q11 foi evidenciado uma diferença estatística extremamente significante (p<0,001) provando que os participantes da pesquisa tiveram um aprendizado após a intervenção.

Ao analisar a variável Q12 não foi observada uma diferença estatística significante (p=0,663) quando comparado antes (n=25 e 38,46%) e depois (n=22 e 33,85%) da intervenção realizada.

No quesito Q13 não foi evidenciada uma diferença estatística significante (p=0,179) demonstrando uma pequena diferença no número de acertos quando comparado antes (n=30 e 46,15%) e depois (n=36 e 55,38%) da intervenção realizada.

Em relação à variável Q14 foi encontrada uma diferença estatística extremamente significante (p <0,001) observando um grande aprendizado dos participantes após a intervenção (n= 54 e 83,08%) quando comparado antes da intervenção (n=13 e 20%).

Tabela 2. Frequência absoluta e relativa do acerto e erro antes e após a intervenção. Centro Universitário Saúde ABC 2020.

VariáveisAntesAntesDepoisDepoisP*
AcertoErroAcertoErro
n (%)n (%)n (%)n (%)
q30 (0)65 (100)1 (1,54)64 (98,46)1,000
q419 (29,23)46 (70,77)28 (43,08)37 (56,92)0,093
q514 (21,54)51 (78,46)9 (13,85)56 (86,15)0,359
q628 (43,08)37 (56,92)31 (47,69)34 (52,31)0,690
q726 (40,00)39 (60,00)33 (50,77)32 (49,23)0,247
q841 (63,08)24 (36,92)52 (80,00)13 (20,00)0,019
q913 (20,00)52 (80,00)52 (80,00)13 (20,00)<0,001
q1017 (26,15)48 (73,85)32 (49,23)33 (50,77)0,005
q1122 (33,85)43 (66,15)59 (90,77)6 (9,23)<0,001
q1225 (38,46)40 (61,54)22 (33,85)43 (66,15)0,663
q1330 (46,15)35 (53,85)36 (55,38)29 (44,62)0,179
q1413 (20,00)52 (80,00)54 (83,08)11 (16,92)<0,001

*Teste de McNemar. Fonte: Própria.

A figura 1 evidencia a média de acertos comparando o questionário aplicado antes da intervenção com o mesmo questionário aplicado depois da intervenção realizada, evidenciando a melhora no número de acertos e o aprendizado dos participantes da atual pesquisa.

Figura 1. Comparação do número de acertos antes e após a intervenção. Centro Universitário Saúde ABC. 2020.

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IC95%: Intervalo de confiança de 95%. Fonte: Própria.

Ao realizar a análise sobre a média de porcentagem de acertos comparando antes (31,8%) e depois (52,4%) fica evidente também uma melhora no número de acertos, caracterizando também um aprendizado quando comparado antes e após a intervenção realizada.

Figura 2. Comparação da porcentagem de acertos antes e após a intervenção. Centro Universitário Saúde ABC. 2020.

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IC95%: Intervalo de confiança de 95%. Fonte: Própria

5 DISCUSSÃO

Pode-se definir primeiros socorros como os cuidados imediatos que devem ser prestados de maneira serena e rápida, durante algum acidente ou mal súbito, onde ofereça perigo a vida da vítima ou seu estado físico. Tem como objetivo minimizar o agravamento e manter as funções vitais, realizando técnicas de madeira eficaz até a chegada do serviço adequado para realizar o atendimento. (CARDOSO, 2003)

Levando em conta a educação é importante ressaltar a prestação de socorro no local, pois com isso pode salvar a vida ainda no local onde ocorreu o acidente, aplicando as noções básicas de urgência e emergência não só para profissionais da saúde, mas também para os leigos, fazendo com que esse aprendizado ligue promoção a saúde com prevenção, difundindo esses conhecimentos com adultos, adolescentes e crianças. Visando esses fatores é importante esses aprendizados sejam feitos na escola. (DANTAS, 2018).

Para ter melhores resultados e prestabilidade pós PCR tanto para leigos como profissionais da área da saúde é importante uma educação eficiente, pois sem ela os socorristas gozariam de dificuldades para aplicar de forma consciente e eficaz esses métodos. (LAVONAS, 2020)

Os acidentes são a principal causa de morte entre crianças de 1 a 14 anos no Brasil. O aluno passa no mínimo 30% do seu tempo diário no ambiente escolar. Assim, é grande a possibilidade de que venha passar mal ou machucar-se (PEREIRA, 2006), tendo em vista os dados, mostra-se o quão necessário é aprofundar o conhecimento das crianças nas escolas sobre primeiros socorros, quanto maior o número de alunos capacitados em atuar, menor número de ocorrências e redução da gravidade.

Acidentes são episódios que não elegem a vítima acometida. Em grande parte das vezes são inesperados, todavia alguns casos são previsíveis, mas, por alguma falha de segurança, acabam ocorrendo. (SILVA; FIGUEIREDO, 2006).

O conhecimento em primeiros socorros é considerado um fator muito importante no momento de prestar socorro a uma vítima de acidente, e ter o conhecimento adequado sobre procedimentos de emergência é a maneira mais eficaz usada por quem irá realizar o socorro. No entanto, o conhecimento sobre primeiros socorros é pouco disseminado na população em geral, sendo difundidos em sua maioria para pequenos grupos, principalmente para profissionais da área da saúde que detém quase que exclusivamente esses conhecimentos (CAVALCANTE, 2015).

No estudo realizado por Banfai et al. (2017) em que realizou um treinamento por quatro meses com crianças e adolescentes de uma escola na Hungria notou que na idade entre 12 e 14 anos os alunos realizam compressões torácicas significativamente mais eficazes que as crianças com menor idade, assim como crianças maiores apresentaram melhores pontuações para colocar o paciente em posição de recuperação sozinho e foram capazes de avaliar melhor a respiração. Além disso, na infância e juventude a estratégia de ensino que se usa durante o treinamento de primeiros socorros também afeta essa população ampliando seus conhecimentos e habilidades. (BUCK et al., 2020).

Crianças a partir de 4 anos de idade (jardim de infância ao primário), já aprendem a reconhecer uma parada cardíaca e realizar chamada para os serviços de emergência, podendo ter grande auxílio para o socorro da vítima e absorvendo essas informações e habilidades anos depois. Entretanto, somente alunos mais velhos aprendem a realizar compressões torácicas de forma efetiva. (BOHN, 2013 e N. PLANT, 2013).

Através de uma revisão foi encontrado que a idade correta para a criança aprender a ligar para a emergência e passar as informações corretas é a partir de 9 a 10 anos, enfatizaram que um novo treinamento para reciclagem é de extrema importância, pois em situação de emergência onde ocorre um estresse ela pode acabar esquecendo-se de passar detalhes importantes e de realizar a abordagem correta. E constatou a importância de acrescentar no contexto educacional que crianças de 7 a 8 anos devem aprender o número de emergência, crianças de 9 a 10 anos devem aprender de maneira correta e eficaz alertar o serviço de emergência e conhecer sua importância e crianças de 11 a 12 anos devem reconhecer os símbolos dos serviços de emergência assim como reconhecer suas tarefas. (BUCK et al., 2015).

Embora outros estudos recomendem a idade de 12 a 13 anos para realizar a reanimação cardiopulmonar para ter uma devida qualidade, comparável a idade adulta, mas a abordagem lúdica deve ser feita em crianças mais novas. (SCHROEDER, 2017).

A melhora da efetividade das compressões e ventilações aumentam diretamente com a idade, peso e IMC (Índice de Massa Corporal), sendo o IMC acima de 15 e peso acima de 50Kg apresentam maior efetividade para as técnicas. Além disso a idade que se torna mais apropriada para iniciar o treinamento de RCP tem maior eficácia em crianças com 10 a 11 anos de idade. (N. PLANT e K. TAYLOR, 2013).

Bennett et. al. (2018) explica que a falta de conhecimento na área de primeiros socorros faz explica muitas vezes a abordagem errada em queimaduras, através do uso de remédios que podem prejudicar a lesão e muitas vezes são transmitidos por sabedoria popular, passado de geração em geração, fazendo com que a população creia que este seja o único modo de diminuir o dano causado pela lesão por causa da ignorância. E o conhecimento na área de primeiros socorros pode ser uma medida eficaz para diminuir as abordagens errôneas. No presente estudo encontrado na Q11, também se comprovou que a abordagem em queimaduras é errada, pois antes do treinamento teve uma porcentagem de acertos (n= 22 e 33,85%) menor quando comparado a após o treinamento (n=59 e 90,77%), evidenciando uma melhora significativa (p<0,001) no aprendizado sobre queimaduras.

A fonte mais comum encontrada sobre primeiros socorros foi à internet, seguida de amigos e família. E no caso do procedimento de queimaduras a maioria relata usar água fria para tratar queimaduras, podendo considerar um conhecimento adequado (BURGESS et al., 2018), já no presente estudo foi verificado que a fonte mais comum de primeiros socorros foi o jornal (31,75%) seguido por outros meios de comunicação (24,50%).

Halawani et al. (2020) Cita que alunas de graduação de uma universidade na Arábia Saudita não tiveram conhecimento necessário para agir em casos de primeiros socorros, precisando de uma conscientização melhor para a população em geral sobre o assunto. Quanto maior é o treinamento e a reciclagem sobre a abordagem em um caso de urgência melhor é o desempenho do socorrista, aumentando assim a sobrevida da vítima.

Na revisão sistemática realizada por Reveruzzi (2014), nota-se que após o treinamento de primeiros socorros, o conhecimento dos alunos melhorou comparado a estudantes que não realizaram o treinamento. Também informa que existe uma variedade de formas para explicar sobre primeiros socorros e são eficazes, pois desenvolvem o conhecimento e habilidades do aluno mesmo em curto prazo, melhorando seu aprendizado sobre as medidas comparado com antes do treinamento.

Após realizar o treinamento de primeiros socorros os alunos apresentaram uma melhoria satisfatória (p<0,001) comparado a antes da intervenção, evidenciando sua melhora em relação ao conhecimento de engasgo, chegando a acertar em 100% a definição de engasgo (WAFIK E TORK, 2013). No presente estudo também se encontrou uma melhora (p<0,001) quando comparado a porcentagem de acertos antes (31,8%) e após (52,4%) o treinamento de primeiros socorros, assim como encontrou-se melhora na Q4 (p=0,093), Q8 (p=0,019), Q9 (p<0,001), Q10 (p=0,005), Q11 (p<0,001) e Q12 (p<0,001) quando comparado antes e após treinamento de primeiros socorros realizados.

Posteriormente ao treinamento de primeiros socorros os alunos sentem-se mais confiantes para realizar os procedimentos de socorro e agir em situações de urgência e emergência, socorrendo em especial familiares, amigos e desconhecidos de todas as idades. Comparando antes e após o treinamento mostra melhoria importante, mas precisa ter uma atenção especial para o treinamento usando inclusive materiais áudio-visuais e outras ferramentas para garantir que as crianças possam reconhecer de diferentes formas e saber responder as situações de emergência caso tenha essa situação. (WILKS, 2016). Também melhora o impacto nos primeiros socorros reduzindo 5,8% da mortalidade quando fornecidas essas técnicas. (TANNVIK et al., 2012)

6 CONCLUSÃO

A principal razão pelos primeiros socorros não serem, muitas vezes, eficazes é devido a inexperiência do socorrista e essa falta de conhecimento leva o individuo a cometer erros piorando ainda mais a situação, seja em uma parada cardiorrespiratória, convulsão ou desmaio. Por esse motivo o treinamento de primeiros socorros é de extrema importância ainda mais no ambiente escolar, pois é um local propenso a muitos acidentes. Através do conhecimento básico de primeiros socorros os alunos agiriam com maior segurança diante a situação até a chegada do profissional da saúde, evitando-se complicações futuras ou até mesmo salvando vidas.

Com base nos dados encontrados no presente estudo evidencia-se a melhora nos conhecimentos de primeiros socorros quando comparado os questionários previamente e posteriormente ao treinamento de primeiros socorros, evidenciando a melhora nos conhecimentos de primeiros socorros dos participantes, todavia são necessários mais estudos sobre o assunto.

REFERÊNCIAS

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ANEXOS

TERMOS DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Anexo A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – Via participante

Santo André, novembro de 2019, 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado (a) a participar, como voluntário (a) da pesquisa intitulada “A IMPORTÂNCIA DOS PRIMEIROS SOCORROS EM ALUNOS DE ESCOLA PÚBLICA EM SÃO PAULO”, que tem como objetivo: Ver seus conhecimentos em primeiros socorros.
A participação é muito importante e voluntária. Todos os dados coletados servirão exclusivamente para fins de pesquisa.
Procedimentos: Os Participantes terão que responder um questionários sobre seus conhecimentos, terão uma aula sobre primeiros socorros e responderão outro questionário avaliando os conhecimento.
Os participantes, cujos dados, serão utilizados para a pesquisa, serão contactados, devendo assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (anexo B), autorizando o uso do mesmo.
Você poderá ter acesso, em qualquer etapa do estudo, ao profissional responsável pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. É garantida a liberdade para se recusar a participar da pesquisa, assim como retirar esse consentimento a qualquer momento, sem penalização ou prejuízo ao seu cuidado. Os riscos envolvidos nesta pesquisa são mínimos e referem-se à possível constrangimento ou sensação de exposição do sujeito, que são minimizadas pela garantia de sigilo referida no parágrafo acima. Não haverá nenhum custo ou benefício financeiro para os participantes. O benefício será realizar um trabalho de tratamento adequado a esta população.
Em caso de dúvidas você pode entrar em contato com a Profa. Cintía Carniel pelo telefone (11) 983281071. Em caso de intercorrências, esclarecimento de dúvidas e/ou perguntas sobre seus direitos como participante deste estudo e/ou insatisfeito com a maneira como o estudo está sendo realizado, você pode entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Medicina do ABC pelo endereço: Avenida Lauro Gomes, 2000 CEP 09060-870 – 1º andar – Prédio: CEPES – Santo André – SP ou pelo telefone: (11)-4993- 5453. O horário de atendimento é de Segunda à Sexta das 08h00 às 16h00. O Comitê de Ética é responsável pela avaliação e acompanhamento dos aspectos éticos de todas as pesquisas envolvendo seres humanos, visando assegurar a proteção, a dignidade, os direitos, a segurança e o bem-estar do sujeito da pesquisa. O participante receberá uma via do assinada. Pesquisadora Profa. Cintia Carniel
CÍNTIA CARNIEL – PESQUISADORA PRINCIPAL
DECLARO QUE ENTENDI OS OBJETIVOS E BENEFÍCIOS DE MINHA PARTICIPAÇÃO E CONCORDO EM PARTICIPAR.
RG:
PARTICIPANTE DA PESQUISA


RÚBRICAPARTICIPANTEDAPESQUISA
RÚBRICAPESQUISADOR

Anexo A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – Via pesquisador

Santo André, novembro de 2019. 2
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado (a) a participar, como voluntário (a) da pesquisa intitulada “A IMPORTÂNCIA DOS PRIMEIROS SOCORROS EM ALUNOS DE ESCOLA PÚBLICA EM SÃO PAULO”, que tem como objetivo: Ver seus conhecimentos em primeiros socorros
A participação é muito importante e voluntária. Todos os dados coletados servirão exclusivamente para fins de pesquisa.
Procedimentos: Os Participantes terão que responder um questionários sobre seus conhecimentos, terão uma aula sobre primeiros socorros e responderão outro questionário avaliando os conhecimento.
Os participantes, cujos dados, serão utilizados para a pesquisa, serão contactados, devendo assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (anexo B), autorizando o uso do mesmo.
Você poderá ter acesso, em qualquer etapa do estudo, ao profissional responsável pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. É garantida a liberdade para se recusar a participar da pesquisa, assim como retirar esse consentimento a qualquer momento, sem penalização ou prejuízo ao seu cuidado. Os riscos envolvidos nesta pesquisa são mínimos e referem-se à possível constrangimento ou sensação de exposição do sujeito, que são minimizadas pela garantia de sigilo referida no parágrafo acima. Não haverá nenhum custo ou benefício financeiro para os participantes. O benefício será realizar um trabalho de tratamento adequado a esta população. .
Em caso de dúvidas você pode entrar em contato com a Profa. Cintía Carniel pelo telefone (11) 983281071. Em caso de intercorrências, esclarecimento de dúvidas e/ou perguntas sobre seus direitos como participante deste estudo e/ou insatisfeito com a maneira como o estudo está sendo realizado, você pode entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Medicina do ABC pelo endereço: Avenida Lauro Gomes, 2000 CEP 09060-870 – 1º andar – Prédio: CEPES – Santo André – SP ou pelo telefone: (11)-4993- 5453. O horário de atendimento é de Segunda à Sexta das 08h00 às 16h00. O Comitê de Ética é responsável pela avaliação e acompanhamento dos aspectos éticos de todas as pesquisas envolvendo seres humanos, visando assegurar a proteção, a dignidade, os direitos, a segurança e o bem-estar do sujeito da pesquisa. O participante receberá uma via do TCLE assinada. Pesquisadora Profa. Cintia Carniel.
CÍNTIA CARNIEL – PESQUISADORA PRINCIPAL
DECLARO QUE ENTENDI OS OBJETIVOS E BENEFÍCIOS DE MINHA PARTICIPAÇÃO E CONCORDO EM PARTICIPAR.
RG:
PARTICIPANTE DA PESQUISA


RÚBRICA PARTICIPANTE DA PESQUISA
RÚBRICA PESQUISADOR

Anexo B– Termo Assentimento Livre e Esclarecido. – Via participante

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Anexo B– Termo Assentimento Livre e Esclarecido. -Via pesquisador.

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Anexo C- Questionário

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Anexo D – Aprovação do Comitê de Ética.

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