REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202510292145
Izaias Silva Santos
Mércia Silveira Lino
Olivier Valverde de Sales Dantas
Orientadora: Lorena Silva Matos Andrade
RESUMO
Introdução: A obesidade trata-se de uma condição crônica que resulta de múltiplos fatores, onde uma das principais características é o acúmulo excessivo de gordura no corpo. Diante desse deslinde, a utilização de medicamentos aparece como um meio estratégico para auxiliar nesse processo, com o propósito de aumentar a eficácia das intervenções não medicamentosas. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa, sendo essa estruturada a partir de 9 artigos publicados de textos acadêmicos em bibliotecas eletrônicas como Pubmed, LILACS e Scielo no período de setembro de 2020 a 2025. Foram incluídos artigos publicados com abordagens sobre os resultados da intervenção da farmacoterapia no processo de obesidade. Resultados: Mesmo com os avanços, faz-se são observados efeitos adversos gastrointestinais e o risco de reganho de peso após a suspensão do tratamento, exigindo acompanhamento de longo prazo Conclusão: Concluímos que, a intervenção farmacológica, quando entra em conjunto com a mudanças no estilo de vida, cria-se uma ferramenta com um nível mais eficaz e seguro para o tratamento da obesidade, levando a diminuição de comorbidades e melhora da qualidade de vida.
Palavras-chave: Obesidade – Farmacoterapia – Tratamento farmacológico.
ABSTRACT
Introduction: Obesity is a chronic condition resulting from multiple factors, with one of its main characteristics being the excessive accumulation of body fat. In this context, the use of medications emerges as a strategic means to enhance the effectiveness of non-pharmacological interventions. Methods: This is an integrative review structured from 9 academic articles published in electronic databases such as PubMed, LILACS, and SciELO between September 2020 and 2025. Articles addressing the outcomes of pharmacotherapy interventions in the obesity process were included. Results: Despite advances, gastrointestinal adverse effects and the risk of weight regain after discontinuation of treatment are observed, requiring long-term follow-up. Conclusion: It is concluded that pharmacological intervention, when combined with lifestyle changes, becomes a more effective and safer tool for the treatment of obesity, leading to the reduction of comorbidities and improvement in quality of life.
Keywords: Obesity; Pharmacotherapy; Pharmacological treatment.
1. INTRODUÇÃO
A obesidade trata-se de uma condição crônica que resulta de múltiplos fatores, onde uma das principais características é o acúmulo excessivo de gordura no corpo. Essa patologia está ligada a um maior risco de várias comorbidades, principalmente a diabetes tipo 2, hipertensão, dislipidemia, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer (UTTA, 2021; RSD JOURNAL, 2023). Além de representar vários riscos em relação a saúde pública em todo o mundo, por conta do seu crescente nível de incidência que impacta tanto economicamente como socialmente (UTTA, 2021; PIZZOL, 2023).
Ademais, mudanças no estilo de vida, como a inserção de dietas de baixos níveis calóricos, a prática regular de exercícios e mudanças comportamentais, sejam fundamentais no tratamento, frequentemente não conseguem garantir uma perda de peso duradoura (PIZZOL, 2023; UTTA, 2021). Diante desse deslinde, a utilização de medicamentos aparece como um meio estratégico para auxiliar nesse processo, com o propósito de aumentar a eficácia das intervenções não medicamentosas (UTTA, 2021; PIZZOL, 2023).
Diversos fármacos foram autorizados como meio interventivo para combater a obesidade, onde estes já mostraram seus efeitos positivos, principalmente quando empregados juntamente com mudanças comportamentais e na alimentação. Dentre eles, dá-se destaque a sibutramina, orlistat, os agonistas do receptor de GLP-1, como liraglutida e semaglutida, além de combinações como /naltrexona e fentermina/topiramato (PIZZOL, 2023; CONITEC, 2023; RSD JOURNAL, 2023).
Atualmente, os agonistas do GLP-1 têm se mostrado como um dos perfis de alta eficácia e de segurança considerável. Foi comprovado em estudos que esses medicamentos auxiliam na diminuição do apetite e aumentam a sensação de saciedade, o que resulta em perda de peso significativa, especialmente quando aliados a mudanças no estilo de vida (RSD JOURNAL, 2023; REVISTA FT, 2025)
Porém, apesar dos avanços, a intervenção farmacológica para a obesidade vem enfrentando alguns obstáculos, como efeitos colaterais gastrointestinais, pode haver o risco de recuperar peso após a interrupção do uso e a necessidade de um acompanhamento médico constante e personalizado (COSTA apud OLIVEIRA et al., 2016; CONITEC, 2023; RSD JOURNAL, 2023).
Diante desse contexto, esse artigo demonstra que se faz necessário compreender a eficácia terapêutica da farmacoterapia no tratamento da obesidade, sendo considerado não apenas os benefícios clínicos alcançados, como também os efeitos colaterais relacionados ao seu uso.
2. METODOLOGIA
Este artigo trata-se de uma revisão integrativa, um meio metodológico que possibilita a síntese de pesquisas relevantes já publicadas inerentes a determinados temas, permitindo uma análise crítica e ampla dos resultados disponíveis (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).
A pesquisa bibliográfica foi realizada em bancos de dados nacionais e internacionais, tais como: SciELO, PubMed, LILACS, e periódicos indexados no CAPES Periódicos com as palavras-chave: Obesidade; Farmacoterapia; Tratamento farmacológico; Perda de peso.
Para garantir também uma maior relevância, utilizamos os seguintes descritores em português e inglês, isoladamente ou em combinação, e o auxílio dos operadores booleanos AND e OR: Português: “obesidade”, “farmacoterapia”, “tratamento farmacológico”, “drogas antiobesidade”, “agentes incretínicos”, “agonistas do receptor GLP-1”, “orlistat”, “sibutramina”, “semaglutida”, “liraglutida”, “tirzepatida”, “perda de peso”, “ensaios clínicos”, “intervenção farmacológica”. Inglês: “obesity”, “pharmacotherapy”, “anti-obesity drugs”, “GLP-1 receptor agonists”, “incretin-based therapy”, “orlistat”, “sibutramine”, “semaglutide”, “liraglutide”, “tirzepatide”, “weight loss”, “clinical trials”, “pharmacological intervention”, “GIP/GLP-1 dual agonists”, “metabolic outcomes”.
Critérios de Inclusão
• Estudos publicados entre 2020 e 2025;
• Artigos em português, em na língua inglesa traduzidos;
• Revisões integrativas, ensaios clínicos randomizados, estudos observacionais e documentos inerentes aos órgãos de saúde.
Critérios de Exclusão
• Estudos duplicados nas bases de dados;
• Trabalhos que não abordavam diretamente a farmacoterapia da obesidade;
• Resumos, ou estudos muitos antigos que não abordavam os resultados da farmacoterapia na obesidade.
Por fim, após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, os estudos analisamos criticamente, dando ênfase em: eficácia clínica, segurança dos fármacos, efeitos adversos, impacto no controle de peso e comorbidades como também nas perspectivas futuras de tratamento.
3. JUSTIFICATIVA
Essa pesquisa justifica-se pela necessidade de compilar e investigar minuciosamente as evidências científicas mais recentes sobre a farmacoterapia da obesidade, contribuindo com a compreensão das possibilidades e fatores limitantes da intervenção medicamentosa, abordando tanto a prática clínica quanto futuras investigações acadêmicas.
FLUXOGRAMA DA SELEÇÃO ARTIGOS
O fluxograma abaixo informa a quantidade de artigos selecionados, que foram um total de 121, e demonstra também os motivos de inclusão e exclusão após a leitura deles, chegando a 9 selecionados.
4. RESULTADOS
A tabela abaixo demonstra a seleção feita de 9 artigos analisados, inserindo autores, ano de publicação, título e resultados obtidos sobre as intervenções da farmacoterapia na obesidade do ano de 2020 a 2025.
STEP= estudos com semaglutida (GLP-1)
SURMOUNT = estudos com tirzepatida (GIP/GLP-1 duplo)
IBT: Terapia Comportamental Intensiva
5. DISCUSSÃO
A abordagem farmacológica para o tratamento da obesidade tem ganhado espaço nos últimos anos, tanto em relação a medicamentos com eficácia restrita, como orlistat, mas também fármacos incretínicos mais eficazes, com ênfase na semaglutida e a tirzepatida, onde estes trouxeram resultados mais significativos tanto na perda de peso quanto na melhoria dos parâmetros metabólicos.
De acordo com Salim et al. (2024) o Orlistat causou uma queda significativa do IMC e peso corporal, reforçando sua utilidade clínica, no entanto, Bansal (2024) infere que o fármaco de deve ser utilizado como opção secundária, principalmente quando agonistas de GLP-1 não estão disponíveis.
Wilding et al. (2021) demonstrou que a STEP 1 semaglutida 2,4 mg, utilizada semanalmente, levou a redução média de 14,9% do peso corporal, e melhorou expressivamente os parâmetros metabólicos, além de ter um nível de segurança favorável e com efeitos gastrointestinais leves ou moderados.
Wadden et al. (2021), constatou os resultados satisfatórios da semaglutida quando ligada à terapia comportamental intensiva, dando ênfase a relevância da junção do tratamento farmacológico e intervenção no estilo de vida.
Bergmann et al. (2022), denota sobre os resultados do programa STEP, onde o mesmo infere me confirma que a semaglutida é eficaz na diminuição e manutenção do peso, desde que o uso seja contínuo, pois a suspensão da medicação pode resultar no retorno parcial do peso fazendo necessário acompanhamento de longo prazo.
Jastreboff et al. (2022), no estudo do SURMOUNT-1 pode observar a diminuição de até 20,9% no peso corporal, com nível de segurança semelhante à semaglutida.
Garvey et al. (2023), abordaram sobre as reduções substanciais de peso e melhora no controle glicêmico, o que reforça o duplo benefício metabólico da tirzepatida em pacientes portadores da diabetes tipo 2.
Rodriguez et al. (2024), diz que a tirzepatida mostrou-se superior em relação perda de peso quando comparado a semaglutida em contexto de prática clínica, o que corrobora dados de ensaios controlados, porém mesmo com maior eficácia, o custo é mais alto e são os efeitos gastrointestinais ainda limitam o uso em longo prazo.
Aronne et al. (2025), inferem que a tirzepatida levou a uma perda de peso significativamente maior que a semaglutida (−20,2% vs −13,7%) e maior redução da circunferência da cintura (−18,4 cm vs −13,0 cm), como também um maior percentual de pacientes conquistando perda de peso ≥ 25% (32% vs 16%).
Ao fazer uma comparação dos estudos com os ensaios STEP (semaglutida) e SURMOUNT-1 (tirzepatida), foi observado a superioridade da tirzepatida em relação a semaglutida ao se falar de maior perda de peso, mesmo com perfil de segurança semelhante.
6. CONCLUSÃO
Conclui-se que, a intervenção da farmacoterapia com uso dos agonistas GLP1, quando ligada a alterações sustentáveis no estilo de vida, torna-se uma estratégia que possui eficácia e segurança em relação ao tratamento da obesidade. Faz-se relevante a continuação das pesquisas clínicas para melhorar ainda mais os resultados e a acessibilidade desses medicamentos, assim conquistando uma melhor qualidade de vida e diminuição das comorbidades atreladas à obesidade.
7. REFERÊNCIAS
1. CONITEC. Relatório de Recomendação nº 837 – Liraglutida 3 mg para tratamento de obesidade. Brasília, 2023. Disponível em:[https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/relatorios/2023/Relatrio\_837\_liraglutida\_obesidade.pdf](https://www.gov.br/conitec/ptbr/midias/relatorios/2023/Relatrio_837_liraglutida_obesidade.pdf). Acesso em: 5 set. 2025.
2. PIZZOL, T. S. et al. Avanços no tratamento farmacológico da obesidade. Research, Society and Development, v. 12, n. 3, p. e476, 2023. Disponível em: [https://www.journalmbr.com.br/index.php/jmbr/article/view/476](https://www.jo urnalmbr.com.br/index.php/jmbr/article/view/476). Acesso em: 5 set. 2025.
3. RSD JOURNAL. Evaluation of the pharmacological repositioning of semaglutide as a weight-loss agent. Research Society and Development Journal, v. 11, n. 5, p. e47305, 2024. Disponível em:[https://rsdjournal.org/rsd/article/view/47305](https://rsdjournal.org/rsd/article/vi ew/47305). Acesso em: 5 set. 2025.
4. REVISTA FT. Tratamento de obesidade com uso de semaglutida: uma revisão de literatura. Revista FT, 26 fev. 2025. Disponível em:[https://revistaft.com.br/tratamento-de-obesidade-com-uso-de-semaglutidauma-revisao-de-literatura/](https://revistaft.com.br/tratamento-de-obesidadecom-uso-de-semaglutida-uma-revisao-de-literatura/). Acesso em: 5 set. 2025.
5. COSTA, A. M. J.; OLIVEIRA, S. F. P. Efeitos colaterais de medicamentos para emagrecer. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, v. 10, n. 1, p. 45-52, 2016.
6. CONITEC. Relatório Preliminar – Semaglutida para tratamento de obesidade. Brasília, 2025. Disponível em: [https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/consultas/relatorios/2025/relatorio-preliminar-semaglutida-cp47](https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/consultas/relatorios/2025/relatoriopreliminar-semaglutida-cp-47). Acesso em: 5 set. 2025.
7. MENDES, K. D. S.; SILVEIRA, R. C. C. P.; GALVÃO, C. M. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto & Contexto – Enfermagem, Florianópolis, v. 17, n. 4, p. 758-764, out./dez. 2008.
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10. WADDEN, T. A. et al. Effect of subcutaneous semaglutide vs placebo as an adjunct to intensive behavioral therapy on body weight in adults with overweight or obesity: The STEP 3 randomized clinical trial. JAMA, v. 325, n. 14, p. 1403– 1413, 2021. DOI: 10.1001/jama.2021.1831.
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