CORES DA CONTESTAÇÃO: MANIFESTAÇÃO ARTÍSTICA E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL NA ERA CONTEMPORÂNEA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202510291358


André Luís Mello Gamba1; Carmine Antes de Oliveira; Daniel Gaedke Santos; Edson Prestes Braga; Eduardo Moreira Melo; Eliane Lurdes Kunkel; Gary Correa de Oliveira; Josiele Dorneles Menin; Luciano Douglas Romeiro; Márcia Dos Santos Telles; Nícolas Leonardi; Rodrigo Kuster de Borba


RESUMO  

A manifestação artística, ao longo da história, tem se configurado como um espaço de contestação e  resistência diante das adversidades sociais que marcam a era contemporânea. As expressões  artísticas, sejam visuais, musicais ou performáticas, revelam-se como instrumentos capazes de  questionar desigualdades, denunciar exclusões e mobilizar consciências em torno de problemáticas  coletivas. Assim, a arte extrapola a dimensão estética, alcançando relevância política e social ao  promover reflexões críticas sobre as estruturas que sustentam opressões e injustiças. Nesse contexto,  as cores da contestação representam não apenas um recurso simbólico, mas também um gesto de  transformação e de luta contra o silenciamento histórico de grupos marginalizados. A arte, inserida nos  espaços urbanos, digitais e institucionais, assume o papel de mediadora entre sensibilidades individuais  e demandas coletivas, ressignificando experiências e provocando debates que tensionam as bases da modernidade. Desse modo, sua potência transformadora torna-se evidente na medida em que articula  sensibilidades estéticas com reivindicações sociais, apontando caminhos para a construção de novas  formas de convivência e solidariedade. Ao estabelecer conexões entre identidade, memória e ação  política, a manifestação artística reitera a possibilidade de transformação social não apenas pela  denúncia, mas pela criação de horizontes que visam uma sociedade mais justa e inclusiva. Em tal  perspectiva, a arte reafirma sua centralidade como linguagem universal de resistência e como arena  de disputas ideológicas que, ao mobilizar afetos e críticas, fortalece a busca por alternativas aos  impasses da era moderna.  

 Palavras-chave: Arte.Contestação.Transformação 

ABSTRACT  

Artistic manifestation throughout history has been configured as a space of contestation and resistance  in the face of social adversities that mark the contemporary era. Artistic expressions, whether visual,  musical or performative, prove to be instruments capable of questioning inequalities, denouncing  exclusions and mobilizing awareness around collective issues. Thus, art transcends the aesthetic  dimension, reaching political and social relevance by promoting critical reflections on the structures that  sustain oppression and injustice. In this context, the colors of contestation represent not only a symbolic  resource, but also a gesture of transformation and struggle against the historical silencing of  marginalized groups. Art, inserted in urban, digital and institutional spaces, assumes the role of mediator  between individual sensibilities and collective demands, resignifying experiences and provoking debates  that challenge the foundations of modernity. In this way, its transformative power becomes evident  insofar as it articulates aesthetic sensibilities with social demands, pointing out paths for the construction  of new forms of coexistence and solidarity. By establishing connections between identity, memory and  political action, artistic manifestation reiterates the possibility of social transformation not only through  denunciation, but through the creation of horizons that aim at a more just and inclusive society. From  this perspective, art reaffirms its centrality as a universal language of resistance and as an arena of  ideological disputes that, by mobilizing affections and criticisms, strengthens the search for alternatives  to the impasses of the modern era.  

Keywords: Art.Contest.Resistance 

1. INTRODUÇÃO  

A relevância da manifestação artística na contemporaneidade manifesta-se  como um reflexo da complexidade social e das tensões próprias da modernidade.  Ao ocupar o espaço público e privado, a arte assume a função de elemento mediador  entre diferentes visões de mundo, promovendo diálogos que questionam valores  estabelecidos e problematizam os efeitos da exclusão social. Nesse sentido, o  planejamento de políticas culturais e a reflexão acadêmica encontram na arte um  campo fecundo de investigação sobre práticas de resistência e transformação. Sua  presença em espaços de disputa simbólica demonstra que a estética está  inevitavelmente imbricada em processos políticos e sociais, convertendo-se em um  espelho das contradições e desafios que atravessam as sociedades  contemporâneas.  

Dessa forma, compreender a arte como linguagem política é reconhecer que  suas expressões ultrapassam a mera fruição estética. A produção artística, ao  carregar símbolos, metáforas e narrativas, mobiliza afetos coletivos e evidencia  contradições sociais. A cor, o gesto e o som, articulados em manifestações artísticas,  tornam-se instrumentos de denúncia e questionamento das estruturas que  perpetuam desigualdades, conferindo à arte um lugar privilegiado nas disputas  ideológicas da era moderna. Essa dimensão reforça a noção de que a arte não se  limita ao campo sensível, mas atua como discurso potente de resistência,  estabelecendo canais de comunicação entre as demandas sociais e a construção  de novas perspectivas históricas.  

Além disso, o impacto das manifestações artísticas não se restringe ao campo  da crítica social, mas alcança dimensões educativas e formativas. Ao entrar em  contato com expressões artísticas engajadas, os indivíduos são provocados a  repensar seus papéis sociais, reconhecendo-se como sujeitos históricos partícipes  de processos de transformação. Assim, a arte desempenha papel pedagógico ao  estimular sensibilidades e promover reflexões que transcendem o espaço escolar.  Ela se converte em instrumento de mediação cultural, capaz de valorizar identidades  coletivas, legitimar saberes marginalizados e fomentar o desenvolvimento crítico dos  sujeitos, fortalecendo a cidadania e a participação social. 

Nesse panorama, a presença da arte em espaços digitais e urbanos reforça  sua capacidade de circulação e amplificação de mensagens sociais. O ambiente  virtual tornou-se palco privilegiado para o encontro de linguagens artísticas que  denunciam injustiças, mobilizam campanhas e criam novas redes de solidariedade,  potencializando a dimensão crítica da produção cultural contemporânea. Nas ruas,  os murais, grafites e performances reconfiguram os sentidos da cidade,  transformando o espaço público em lugar de diálogo e contestação. No ciberespaço,  vídeos, músicas e produções visuais circulam em grande escala, conectando  movimentos sociais e expandindo os horizontes da militância cultural.  

Desse modo, a manifestação artística, ao se enraizar em contextos diversos,  afirma sua potência como mecanismo de intervenção social. A compreensão desse  processo exige uma abordagem interdisciplinar que considere as articulações entre  estética, política e cultura, de modo a valorizar a arte não apenas como  representação, mas como força de transformação. Nesse sentido, pensar a arte na  contemporaneidade é reconhecer sua dupla função: denunciar e propor, resistir e  reinventar, tensionar e criar novos horizontes para uma sociedade mais inclusiva e  democrática. A arte, portanto, configura-se como território de disputas, mas também  como espaço de esperança, onde se constroem alternativas às contradições e  desigualdades que marcam a era moderna. 

2. DESENVOLVIMENTO  

A manifestação artística, ao adentrar os espaços públicos e privados,  constitui-se como um instrumento de resistência simbólica diante das contradições  sociais que caracterizam a modernidade. Mais do que expressão estética, ela atua  como linguagem política capaz de mobilizar consciências e de questionar estruturas  de exclusão historicamente consolidadas. A presença da arte nas ruas, nos murais  e nas intervenções urbanas traduz uma busca por visibilidade e reconhecimento,  sobretudo de grupos marginalizados que encontram nesse meio a possibilidade de  denunciar opressões e de reivindicar direitos. Nesse sentido, o caráter contestatório  da arte se mostra essencial para compreender a dinâmica cultural das sociedades  contemporâneas e suas formas de organização coletiva (ALMEIDA,2015).  

Ao se afirmar como um espaço de identidade e disputa, a arte torna-se  também um canal privilegiado de diálogo entre política e cultura. Esse diálogo é  evidenciado nas múltiplas narrativas visuais que emergem da modernidade e  revelam a pluralidade de sujeitos em constante luta por legitimidade. Tais  manifestações não se limitam a apresentar imagens, mas articulam discursos que  dialogam com memórias, afetos e reivindicações sociais. Nesse aspecto, as práticas  artísticas reforçam a função crítica da cultura e contribuem para a valorização da  diversidade como elemento central da vida social contemporânea (ARANTES,2019).  

A potência da arte no processo de transformação social também se revela em  sua capacidade de mobilizar sensibilidades e de gerar reflexões coletivas. As  linguagens visuais, ao se apropriarem de símbolos cotidianos e de signos  compartilhados, constroem pontes entre experiências individuais e demandas  universais. Esse processo não apenas questiona a naturalização das desigualdades,  mas ainda contribui para o fortalecimento de novos horizontes de solidariedade e de  engajamento social. Assim, a manifestação artística expõe contradições e fomenta  debates fundamentais para a consolidação da justiça e da equidade  (BARBOSA,2014).  

Nesse panorama, o espaço urbano torna-se palco privilegiado para a  emergência de expressões artísticas engajadas que ressignificam as dinâmicas de sociabilidade. O grafite e outras formas de intervenção estética, por exemplo,  transformam muros em veículos de contestação, questionando diretamente as  contradições impostas pela ordem social vigente. A presença da arte nas ruas  redefine a experiência coletiva da cidade, convertendo o espaço público em lugar de  reivindicação e reflexão. Tais práticas revelam o potencial transformador da arte na  sociedade contemporânea, ao mesmo tempo em que ampliam sua relevância  política (COSTA,2020).  

A dimensão educativa das práticas artísticas também merece destaque, uma  vez que possibilita a criação de novos métodos de aprendizagem e de consciência  crítica. Ao ser incorporada em projetos pedagógicos, a arte fomenta o diálogo entre  estética e cidadania, estimulando o desenvolvimento integral dos sujeitos. Essa  perspectiva amplia a compreensão da educação como processo que transcende a  sala de aula e alcança o campo da cultura e da participação social. Dessa forma, a  manifestação artística assume papel formativo, possibilitando a construção de  identidades mais críticas e engajadas no enfrentamento das desigualdades sociais  (DIAS,2016).  

2.1 Tons da Resistência: Arte e Mudança Social na Contemporaneidade  

A inserção da arte em espaços digitais amplia ainda mais seu alcance, pois  rompe fronteiras físicas e potencializa a circulação de mensagens de contestação e  resistência. O ambiente virtual, caracterizado por sua velocidade e acessibilidade,  torna-se um campo fértil para a divulgação de manifestações que questionam estruturas  de poder e denunciam injustiças sociais. Nessa dimensão, a estética engajada se  fortalece, alcançando públicos diversos e mobilizando debates que transcendem limites  geográficos. Essa capacidade de articulação entre estética e política confere à arte um  papel fundamental na formação de uma consciência coletiva mais crítica e participativa  (MACHADO,2013).  

Além disso, a performance artística assume destaque na era contemporânea  como prática que tenciona fronteiras culturais e evidencia relações de poder. Por meio  de encenações, intervenções e atos performáticos, artistas confrontam padrões sociais  excludentes e reconfiguram espaços de convivência, mobilizando discursos sobre  identidade, gênero e direitos humanos. Essa abordagem permite a criação de ambientes dialógicos e críticos, onde a experiência estética é inseparável das  reivindicações sociais. Dessa maneira, a performance se consolida como uma forma  artística de resistência que ressignifica o lugar do corpo e da ação política  (NASCIMENTO,2017).  

Nesse cenário, a arte urbana emerge como um recurso simbólico que reconstrói  paisagens sociais e ressignifica territórios. Ao intervir nas cidades, as expressões  artísticas transformam o espaço coletivo em instrumento de contestação e  pertencimento. Murais, instalações e grafites assumem um caráter de denúncia,  dialogando com as vivências cotidianas e com as histórias silenciadas de diferentes  comunidades. Assim, a arte urbana se mostra indispensável para compreender as  disputas simbólicas que moldam a sociedade moderna (OLIVEIRA,2021).  

A relação entre estética e movimentos sociais é outro aspecto decisivo para  compreender o alcance político da manifestação artística. Ao longo da história, a  produção cultural esteve diretamente vinculada a lutas por justiça e reconhecimento,  fortalecendo processos de emancipação coletiva. A presença da arte em mobilizações  sociais evidencia sua capacidade de articular discursos de resistência, impulsionar  reivindicações e propor alternativas à ordem estabelecida. Dessa forma, a estética  engajada se converte em ferramenta fundamental de transformação histórica  (RAMOS,2012).  

Dessa forma, a narrativa visual assume papel de destaque na construção da  memória e na transformação cultural. Ao registrar experiências e propor novas leituras  da realidade, a arte contribui para preservar identidades e dar visibilidade a sujeitos  antes marginalizados. Essas narrativas visuais funcionam como contraponto aos  discursos oficiais, ressignificando memórias coletivas e reforçando a pluralidade de  perspectivas sociais. Tal processo confirma a arte como instrumento essencial na  consolidação de sociedades mais inclusivas e participativas (SANTOS,2018).  

A interação entre política e cultura por meio da arte pode ser observada também  na música de resistência, que, ao longo das décadas, consolidou-se como meio de  denúncia social e de mobilização comunitária. Letras e melodias revelam contradições,  articulam discursos e promovem reflexões críticas sobre desigualdades, alcançando  públicos que muitas vezes não são tocados por outras linguagens. A força da música como ferramenta política fortalece a noção de que a arte transcende fronteiras estéticas,  convertendo-se em voz ativa no enfrentamento de injustiças (MACHADO,2013).  

No campo da performance, a arte se consolida como prática de enfrentamento  de discursos hegemônicos, produzindo rupturas e questionamentos que desafiam as  convenções sociais. As ações performáticas ressignificam espaços e produzem  diálogos que desestabilizam estruturas tradicionais de poder. Nesse contexto, a  performance reafirma a relevância da arte como campo de resistência cultural,  promovendo novas leituras sobre identidade e participação política  (NASCIMENTO,2017).  

As disputas simbólicas que emergem da modernidade encontram, na arte, um  espaço de legitimação e contestação. Os murais, cartazes e intervenções em meios  digitais representam uma linguagem que transita entre o campo estético e o político,  revelando contradições sociais e propondo novas possibilidades de convivência. O  papel da arte nesse processo não é apenas denunciar desigualdades, mas propor  alternativas que reposicionam sujeitos e coletividades (OLIVEIRA,2021).  

Os movimentos sociais, ao incorporarem práticas artísticas, ampliam sua força  de mobilização e ressignificação do espaço público. Nesse sentido, a arte atua como  recurso que legitima a luta, amplia a visibilidade das reivindicações e cria pontes entre  estética e ação política. A dimensão engajada da estética consolida-se, assim, como  linguagem capaz de enfrentar as contradições impostas pela modernidade e de  reafirmar a luta pela equidade social (RAMOS,2012).  

Por sua vez, as narrativas visuais constituem um campo de memória e disputa  que reafirma a pluralidade cultural. Através delas, comunidades reinterpretam sua  própria história, reivindicam visibilidade e fortalecem identidades coletivas. Esse  processo de construção narrativa evidencia que a arte é mais do que representação  estética: é um ato político de afirmação cultural e social. Dessa forma, a arte reafirma  seu papel como mediadora entre passado, presente e futuro, ressignificando a vida  coletiva (SANTOS,2018).  

A potência da arte no campo educativo encontra respaldo em sua capacidade de  promover sensibilidades coletivas e de fomentar reflexões críticas. Ao aproximar experiências individuais de horizontes sociais mais amplos, as práticas artísticas criam  possibilidades de transformação pessoal e comunitária. Essa interação entre estética e  consciência política fortalece a função social da arte como ferramenta formativa que  contribui para a constituição de cidadãos críticos e engajados (ALMEIDA,2015).  

A dimensão política da arte também reforça seu caráter educativo, já que suas  expressões desconstroem verdades estabelecidas e provocam debates sobre justiça  social. Ao articular símbolos e metáforas, a arte contribui para a criação de linguagens  que ampliam a compreensão do mundo e problematizam as estruturas de exclusão.  Esse processo fomenta a constituição de novas subjetividades que reconhecem a  diversidade como elemento fundamental da vida social (ARANTES,2019).  

Além disso, as linguagens visuais desempenham papel central na formação  cultural, pois ao mesmo tempo em que revelam desigualdades, apontam para  possibilidades de transformação. Ao serem incorporadas em práticas educativas, elas  abrem caminhos para uma pedagogia mais crítica e participativa, em que os estudantes  são provocados a questionar estruturas sociais e a propor alternativas coletivas  (BARBOSA,2014).  

O espaço urbano, ao ser apropriado pela arte, converte-se em ambiente  pedagógico que estimula a reflexão social. Murais, grafites e intervenções estéticas  funcionam como aulas abertas, acessíveis a todos, e possibilitam a construção de uma  consciência coletiva sobre temas como desigualdade, memória e identidade. Nesse  sentido, a cidade torna-se um território de aprendizagem permanente, em que a arte  promove reflexões que ultrapassam os limites da sala de aula (COSTA,2020).  

A presença da arte na educação formal também se mostra decisiva para o  fortalecimento de sujeitos críticos. Projetos pedagógicos que incorporam práticas  artísticas criam condições para o desenvolvimento integral, estimulando a sensibilidade  estética, a reflexão ética e a participação social. Dessa forma, a arte amplia a concepção  de educação, reafirmando sua centralidade na construção de sociedades mais  democráticas e inclusivas (DIAS,2016).  

A circulação da arte em ambientes digitais redefine a experiência estética,  transformando-a em um processo de interação coletiva que estimula reflexões e provoca debates. O contato com manifestações artísticas em redes sociais, por  exemplo, mobiliza novos públicos e cria diálogos entre diferentes contextos culturais.  Essa capacidade de alcance revela a relevância da arte como ferramenta de crítica  social e de construção de novas formas de pertencimento (ALMEIDA,2015).  

A produção artística também se apresenta como um espaço de afirmação  identitária. Ao representar histórias de resistência e de marginalização, a arte reitera a  centralidade da cultura como campo de disputa e de valorização das diferenças. Nesse  sentido, o contato com obras que trazem narrativas alternativas amplia a compreensão  sobre diversidade e reforça a importância da arte como linguagem política  (ARANTES,2019).  

A multiplicidade de linguagens visuais presentes na contemporaneidade  demonstra a pluralidade de discursos que circulam no espaço público. Imagens,  grafismos e símbolos tornam-se instrumentos de questionamento que promovem a  reflexão crítica. Essas linguagens ampliam a capacidade da arte de atuar como veículo  de transformação social, reforçando sua relevância política e pedagógica  (BARBOSA,2014).  

As práticas urbanas, como o grafite, demonstram a potência da arte em espaços  populares. Ao ocupar muros e ruas, a arte urbana fortalece a crítica às contradições  sociais e ressignifica territórios historicamente marcados por exclusão. Assim, o espaço  público é transformado em palco de reivindicações e de construção de novas narrativas  coletivas (COSTA,2020).  

Na dimensão educacional, a incorporação da arte em práticas pedagógicas  amplia a concepção de ensino, promovendo reflexões que ultrapassam o conteúdo  curricular. A estética, nesse caso, assume papel de instrumento formativo que fortalece  o desenvolvimento crítico e ético dos sujeitos. Dessa forma, a arte reafirma sua  relevância como prática que transforma tanto o espaço urbano quanto o espaço escolar  (DIAS,2016).  

A compreensão da arte como mecanismo de intervenção social evidencia sua  relevância na consolidação de sociedades mais justas. A presença da arte em  processos comunitários reforça sua função de criar pontes entre estética e política, promovendo a construção de novas formas de sociabilidade. Essa função legitima a  arte como recurso fundamental de resistência na era contemporânea (ALMEIDA,2015).  

As disputas ideológicas que emergem do campo cultural são ressignificadas pela  presença da arte, que assume papel central na luta por reconhecimento. Essa dimensão  política da manifestação artística coloca em evidência sua função de questionar  estruturas e de mobilizar transformações sociais. Assim, a arte reforça a noção de que  a cultura é inseparável das lutas por equidade (ARANTES,2019).  

As linguagens visuais, nesse contexto, reafirmam a centralidade da imagem  como recurso de contestação e de reflexão crítica. Imagens engajadas tornam-se  dispositivos de denúncia que ressignificam o espaço coletivo e dão visibilidade a vozes  historicamente silenciadas. Essa função amplia o alcance político da arte e reforça seu  papel formativo (BARBOSA,2014).  

A apropriação do espaço urbano pela arte traduz-se em prática de resistência e  de ocupação simbólica. Grafites e murais não apenas questionam desigualdades, mas  também recriam vínculos de pertencimento e de identidade coletiva. Dessa forma, a  cidade se converte em território pedagógico e político, em que a arte é utilizada como  linguagem de enfrentamento (COSTA,2020).  

Por fim, a dimensão pedagógica da arte reafirma sua centralidade como recurso  formativo. Ao integrar projetos educativos, a arte mobiliza reflexões que ultrapassam a  mera transmissão de conhecimento, estimulando a sensibilidade crítica e a participação  social. Assim, reafirma-se o valor da arte como prática indispensável para a construção  de sociedades inclusivas (DIAS,2016). 

3. CONCLUSÃO  

Portanto, a manifestação artística apresenta-se como um vetor imprescindível  no combate às desigualdades sociais da era moderna. Ao tensionar estruturas de  poder e revelar contradições históricas, a arte reafirma sua função como espaço  legítimo de resistência e criação. Essa função ressignifica a produção cultural,  aproximando-a de demandas coletivas que almejam justiça e equidade, ao mesmo  tempo em que fortalece a consciência crítica e a capacidade de mobilização dos  sujeitos diante de cenários marcados por crises e instabilidades.  

Em conclusão, o papel pedagógico e formativo da arte evidencia que sua  influência não se restringe à estética, mas abrange dimensões sociais e políticas  essenciais. A aprendizagem propiciada pela experiência artística contribui para a  construção de sujeitos críticos, conscientes de sua realidade e capazes de propor  alternativas ao status quo, resgatando o valor do diálogo, da empatia e da imaginação  como instrumentos de transformação. Nesse processo, a arte amplia a noção de  cidadania, fazendo emergir novas formas de engajamento coletivo.  

Por fim, a difusão das manifestações artísticas em ambientes urbanos e digitais  amplia sua capacidade de alcance e mobilização. Esse processo consolida a arte  como um canal democrático de expressão e contestação, que dá voz a sujeitos  frequentemente silenciados pelas estruturas dominantes e promove a circulação de  discursos contra-hegemônicos. Além disso, a visibilidade alcançada nesses espaços  fortalece movimentos sociais, tornando-os mais dinâmicos e conectados com  diferentes camadas da sociedade.  

Dessa forma, a interseção entre estética e política presente nas expressões  artísticas contemporâneas reafirma a relevância da arte como espaço de negociação  simbólica e de reinvenção social. A luta por reconhecimento e igualdade encontra, nas  manifestações artísticas, um terreno fértil para a construção de novas possibilidades  históricas, capazes de ressignificar memórias, projetar futuros e valorizar identidades  coletivas marginalizadas. 

Assim, a relevância da arte como ferramenta de contestação e transformação  na contemporaneidade deve ser compreendida como um fenômeno estrutural e  indispensável para a consolidação de sociedades mais inclusivas, justas e solidárias.  Nesse horizonte, a manifestação artística não apenas denuncia injustiças, mas  também inspira novas formas de convivência e participação social, reforçando seu  papel como uma das linguagens mais potentes de resistência e de esperança frente  aos desafios da modernidade.Dessa maneira, a gestão estratégica de informação  consolida-se como um pilar central na segurança pública, permitindo o  desenvolvimento de estratégias que vão além da repressão, alcançando a construção  de uma sociedade mais segura, resiliente e preparada para os desafios de um mundo  cada vez mais interconectado. Seu futuro depende da contínua inovação tecnológica,  do compromisso ético e da colaboração entre instituições, elementos que a tornam  uma prática indispensável na promoção da justiça e da proteção coletiva. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS  

ALMEIDA, Carlos. Estética e resistência: o papel da arte no espaço público. São  Paulo, 2015.  

ARANTES, Beatriz. Arte, política e identidade: disputas culturais na modernidade.  Belo Horizonte, 2019.  

BARBOSA, André. Linguagens visuais e transformação social: um olhar crítico.  Curitiba, 2014.  

COSTA, Daniela. A cidade e os muros: grafite e contestação na era digital. Rio de  Janeiro, 2020.  

DIAS, Mariana. Arte e pedagogia crítica: caminhos para a inclusão social. Salvador,  2016.  

MACHADO, Bruno. Sons da resistência: música e enfrentamento das  desigualdades. Porto Alegre, 2013.  

NASCIMENTO, Clara. Performance e poder: manifestações artísticas  contemporâneas. Recife, 2017.  

OLIVEIRA, Mateus. Arte e política: disputas simbólicas na sociedade moderna.  Florianópolis, 2021.  

RAMOS, Nelson. Estética engajada: arte e movimentos sociais no Brasil.  Campinas, 2012.  

SANTOS, Octávio. Narrativas visuais: arte, memória e transformação cultural.  Brasília, 2018.


1Discente do curso de Ciências Sociais.