HIPODERMÓCLISE EM PACIENTE EM CUIDADOS PALIATIVOS: REVISÃO DE LITERATURA

HYPODERMOCLISIS IN PATIENTS UNDER PALLIATIVE CARE: LITERATURE REVIEW

HIPODERMOCLISIS EN PACIENTES BAJO CUIDADOS PALIATIVOS: REVISIÓN DE LA LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202510291102


Tainá do Nascimento Moura
Gleice de Sá Agra
Marcelo Domingues de Faria


Resumo 

A hipodermóclise é a técnica de administração de soluções e  medicamentos por via subcutânea, indicados principalmente para hidratação e  controle de sintomas, sendo muito utilizada em pacientes em cuidados paliativos  devido à sua eficácia, simplicidade e conforto. Este artigo objetivou promover  uma revisão de literatura sobre a importância do uso da hipodermóclise em  pacientes em cuidados paliativos. Foram utilizados os descritores controlados,  em português e inglês, “Cuidados paliativos” e “Hipodermóclise” e “Terapia  subcutânea”, valendo-se dos operadores boleanos “and” “or” e “not”. Definiram se os seguintes critérios de inclusão: artigos primários publicados na íntegra,  disponíveis eletronicamente, em português e inglês, em bases de dados  eletrônica, disponíveis gratuitamente, cujos resultados abordassem aspectos  relacionados ao tema proposto no período de 2018 a 2024. Os resultados  encontrados demonstraram pontos positivos do procedimento, porém, foram  encontradas poucas informações específicas, o que torna o tema mais complexo  no que tange a produção científica. Após finalizar a busca ativa pelos estudos sobre  o tema, percebe-se a importância de mais pesquisas no que diz respeito à terapia, pois  a mesma apresenta benefícios e serve como estratégia para melhor adesão e beneficiar  o usuário. No Brasil, esta técnica vem ganhando espaço para uso em pacientes  que se encontram em cuidados paliativos ou naqueles bastante idosos e  debilitados e é exatamente este o principal objetivo da pesquisa, apresentar a  relevância da hipodermóclise neste tipo de pacientes. 

Palavras-chave: Administração subcutânea; Paciente fragilizado; Terapia de hidratação; Controle da dor; Medicação Subcutânea. 

Abstract 

Hypodermoclysis is a technique for administering solutions and medications  subcutaneously, primarily indicated for hydration and symptom control. It is widely  used in palliative care patients due to its efficacy, simplicity, and comfort. This  article aimed to conduct a literature review on the importance of hypodermoclysis in palliative care patients. The controlled descriptors, in Portuguese and English,  were “Palliative care,” “Hypodermoclysis,” and “Subcutaneous therapy,” using  the Boolean operators “and,” “or,” and “not.” The following inclusion criteria were  defined: primary articles published in full, available electronically, in Portuguese  and English, in electronic databases, freely available, whose results addressed  aspects related to the proposed topic from 2018 to 2024. The results  demonstrated positive aspects of the procedure; however, little specific  information was found, which makes the topic more complex in terms of scientific  production. After completing the active search for studies on the topic, the  importance of further research regarding the therapy is clear, as it offers benefits  and serves as a strategy for improving adherence and benefiting the user. In  Brazil, this technique has been gaining ground for use in patients undergoing  palliative care or in the very elderly and debilitated, and this is precisely the main  objective of the research: to demonstrate the relevance of hypodermoclysis in  this type of patient. 

Keywords: Subcutaneous administration; Frail patient; Hydration therapy; Pain management; Subcutaneous medication. 

Resumen 

La hipodermoclisis es una técnica para administrar soluciones y medicamentos  por vía subcutánea, indicada principalmente para la hidratación y el control de  los síntomas. Se utiliza ampliamente en pacientes de cuidados paliativos debido  a su eficacia, simplicidad y comodidad. Este artículo tuvo como objetivo realizar  una revisión bibliográfica sobre la importancia de la hipodermoclisis en pacientes  de cuidados paliativos. Los descriptores controlados, en portugués e inglés,  fueron «Cuidados paliativos», «Hipodermoclisis» y «Terapia subcutánea»,  utilizando los operadores booleanos «y», «o» y «no». Se definieron los siguientes  criterios de inclusión: artículos primarios publicados íntegramente, disponibles  electrónicamente en portugués e inglés, en bases de datos electrónicas y de libre  acceso, cuyos resultados abordaran aspectos relacionados con el tema  propuesto entre 2018 y 2024. Los resultados demostraron aspectos positivos del  procedimiento; sin embargo, se encontró poca información específica, lo que  complica el tema en términos de producción científica. Tras la búsqueda activa  de estudios sobre el tema, es evidente la importancia de seguir investigando esta  terapia, ya que ofrece beneficios y sirve como estrategia para mejorar la  adherencia y beneficiar al usuario. En Brasil, esta técnica ha ganado terreno en  pacientes en cuidados paliativos o en personas mayores y debilitadas, y este es  precisamente el objetivo principal de la investigación: demostrar la relevancia de  la hipodermoclisis en este tipo de pacientes. 

Palabras clave: Administración subcutánea; Paciente frágil; Terapia de hidratación; Manejo del dolor; Medicación subcutánea. 

INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2020), os cuidados  paliativos são “uma abordagem que melhora a qualidade de vida dos pacientes  e suas famílias quando enfrentam problemas associados a doenças  ameaçadoras da vida, através da prevenção e alívio do sofrimento por meio da  identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas físicos,  psicossociais e espirituais”.  

 A Associação Brasileira de Cuidados Paliativos (ABCP) define cuidados  paliativos como abordagem que visa à melhoria da qualidade de vida dos  pacientes e suas famílias, com o intuito de auxiliar o enfrentamento de uma  doença ameaçadora da vida, através do alívio do sofrimento e da prevenção dos  problemas associados, bem como oferecendo suporte emocional, social e  espiritual. (ABCP, 2023; INCA, 2023). Aqui pode-se verificar a importância do atendimento holístico e centrado no paciente, buscando aliviar o sofrimento e  melhorar a qualidade de vida de forma abrangente.  

O presente artigo tem por objetivo compreender como ocorre o uso da  hipodermóclise em paciente em cuidados paliativos, uma vez que, esta é uma  técnica de infusão subcutânea que tem se mostrado uma alternativa significativa  para a administração de fluidos e medicamentos, especialmente em pacientes  sob cuidados paliativos. 

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

A Hipodermóclise é uma terapia por via subcutânea utilizada na reposição  hidroeletrolítica e/ou terapia medicamentosa em pacientes que estão em  cuidados paliativos usada para diminuir a dor e sintomas existentes pela doença.  É necessário ressaltar a importância desta técnica para a administração de  fármacos para um melhor controle dos sintomas presentes em pacientes  oncológicos em cuidados paliativos. A técnica abordada pelos profissionais de  saúde pode ser mantida em domicílio gerando uma melhor comodidade ao  paciente e seus familiares (Araújo; Mota, 2014). 

D’Aquino e Souza (2012, p. 89) explicam que:  

Pacientes em cuidados paliativos usualmente necessitam do uso da via subcutânea por apresentarem dificuldade em receber medicamento por via oral, face à dispneia, disfagia, êmese, obstrução intestinal no câncer em estágio avançado. 

De acordo com o trabalho de Araújo e Mota (2014, p. 47): 

A indicação do uso de hipodermóclise em hidratação, na redução de infecção local, alívio da dor e do desconforto, por ser de fácil administração e menos complicações ao cliente, sendo suas principais indicações, bem como o baixo custo, o que favorece sua oferta. Estas são as principais indicações da terapia via subcutânea no tratamento paliativo de pacientes que possuem difícil acesso venoso e que estão com a via oral comprometida, que por sua vez, também possuem as contraindicações. […] A prática da hipodermóclise surgiu em 1913 e logo foi abandonada devido à forma de uso inadequada, tendo assim, efeitos graves, como choque hipovolêmico, devido à administração de soluções hipertônicas na localização errada. 
[…] Nas décadas de 1940 – 1950 a prática foi retomada, com uso de fármacos hialuronidas no tratamento paliativo em crianças em unidades de terapia intensiva. Hoje, a prática ainda é pouco conhecida no Brasil, pois as discussões temáticas carecem de estudos e publicações. 

As pesquisas referentes a hipodermóclise no Brasil não representam  número expressivo, tornando-se necessário mais discussões e debates sobre a temática. Diante do contexto, este trabalho busca refletir sobre o assunto por  meio das pesquisas já existentes no país.  

Por princípio, a hipodermóclise é um método de infusão que necessita  poucos recursos materiais. Do ponto de vista técnico, é mais fácil de ser  realizada do que a infusão intravenosa. Assim, tem sido indicada para pacientes  em cuidados paliativos e idosos que necessitam de hidratação em casas de  repouso. Contudo, a técnica também pode ser utilizada em pacientes  hospitalizados e em cuidado domiciliar (COREN-SP, 2009). 

O Quadro 1 apresenta as vantagens e desvantagens da hipodermóclise  em relação a via intravenosa. A técnica de hipodermóclise apresenta-se segura,  com boa aplicabilidade, baixo custo, eficaz e apresenta baixo índice de infecção,  ao contrário da punção venosa profunda. Sendo de extrema importância que a  equipe de enfermagem tenha conhecimento técnico-científico para evitar danos. 

Quadro 1. Vantagens e desvantagens da hipodermóclise em relação a via intravenosa. 

VANTAGENS DESVANTAGENS
01. Baixo custo 01. Velocidade de infusão usual de 1 ml  por minuto
02. Mais confortável 02. Administração máxima em 24 horas  de 3000 ml em dois sítios de infusão
03. Menos relacionada à sobrecarga de  volume e edema pulmonar 03. Limitações na administração de  eletrólitos
04. Inserção mais simples do cateter 04. Não recomendada para  administração de suplementos  nutricionais e soluções hipertônicas
05. Mais fácil de se obter novos sítios de  inserção05. Permite infusão de número limitado  de fluidos 
06. Mais indicada para cuidado domiciliar 06. Edema no sítio de infusão é comum
07. Menor necessidade de observação 07. Possibilidade de reações locais
08. Menor necessidade de  hospitalização
09. Não causa tromboflebite
10. Pode ser instalada pela equipe de  enfermagem em vários locais de atenção  à saúde 
11. Não tem sido relacionada à  septicemia e sépsis
12. Pode ser interrompida e reiniciada  apenas pela abertura e fechamento do  sistema de infusão
13. Sem risco de formação de coágulos
Fonte: Sasson M, Shvartzman P. Hypodermoclysis: An Alternative Infusion Technique. Am  Fam Physician 2001; 64:1575

A técnica envolve a inserção de um cateter na camada subcutânea para  a infusão contínua de soluções, permitindo administração menos invasiva em  comparação com a via intravenosa. A Hipodermóclise é particularmente  relevante neste contexto, uma vez que pode oferecer alívio significativo sem a  necessidade de acesso venoso contínuo, o que é benéfico para pacientes que, frequentemente, apresentam acesso venoso precário ou que necessitam de  cuidados menos invasivos. 

METODOLOGIA 

O presente estudo é uma revisão integrativa, objetivando a condução do  trabalho orientado por esse rigor científico elaborou-se a questão norteadora:  Quais são os benefícios da Hipodermóclise no paciente em cuidado paliativo?  Para o desenvolvimento da pesquisa, iniciou-se com a busca na plataforma dos  Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), por meio da Biblioteca Virtual em  Saúde (BVS). Foram utilizados os descritores controlados, em português e  inglês, “Cuidados paliativos” e “Hipodermóclise” e “Terapia subcutânea”,  valendo-se dos operadores boleanos “and” “or” e “not”. Definiram-se os  seguintes critérios de inclusão: artigos primários publicados na íntegra,  disponíveis eletronicamente, em português e inglês, em bases de dados  eletrônica, disponíveis gratuitamente, cujos resultados abordassem aspectos  relacionados ao tema proposto no período de 2018 a 2024. 

Foram excluídos do estudo: editoriais, cartas ao editor, trabalhos de  conclusão de cursos, dissertações e teses. O levantamento de produções  científicas foi realizado em quatro bases de dados: Bireme, Scielo, Lilacs e Portal  PubMed.  

A segunda etapa consistiu na leitura na íntegra dos artigos selecionados.  Após a leitura dos artigos, os mesmos foram organizados em um quadro para  facilitar a identificação das estratégias pelo leitor. O instrumento foi composto  pelas seguintes informações: título do trabalho, autores, ano de publicação,  introdução, objetivo, método, resultados da pesquisa e conclusão.  

RESULTADOS E DISCUSSÕES  

Após a pesquisa, foram obtidos os seguinte resultados: a) Bireme, cinco  artigos, estes foram excluídos, sendo dois pelo título, dois após leitura do resumo  e um por apresentar duplicidade no Pubmed; b) quatro artigos foram  selecionados pelo PubMed e, destes, um foi incluído no estudo; c) na base Scielo  foram selecionados sete artigos e, destes, três foram incluídos e; d) na base do  Lilacs, foram selecionados cinco resultados de busca, sendo selecionados  quatro artigos para análise. 

Após realização da leitura dos resumos e dos textos na íntegra, foram  encontrados 08 artigos com os descritores eleitos neste estudo.  

Quadro 2 – Estudos selecionados por título, autores, ano de publicação, objetivos, métodos,  resultados e conclusão

TÍTULO DO TRABALHOAUTORES E ANOS DE PUBLICAÇÃOOBJETIVO MÉTODORESULTADOS CONCLUSÃO
Complicações da via  subcutânea na  infusão de  medicamentos e  soluções em cuidados paliativosGuedes et al. Natália de Almeida Barbosa Guedes; Laís Samara de Melo; Fernanda Batista Oliveira Santos;  Jaqueline Almeida  Guimarães Barbosa  (2019)Objetivo: caracterizar  as complicações  associadas ao uso da  via subcutânea na infusão de medicamentos e soluções em cuidados paliativos. Métodos: estudo observacional,  prospectivo, realizado  na Unidade de  Cuidados Paliativos de um hospital geral de ensino.Resultados: Foram avaliados 78 paciente em cuidados paliativos,  nos quais foram  realizadas 254 punções  na via subcutânea para  infusão de  medicamentos e/ou soluções. A maioria era idosa (87,3%) e encontrava-se  desnutrida (69,2%). Em  33,0%, a via foi indicada  para controle de  sintomas e, em 50,0%, a  punção ocorreu na região anterolateral da coxa; 65,4% das  punções não mostraram complicação. Dentre as complicações  identificadas, 9,4% foram  edema e 9,1%  hiperemia, sendo que  53,8% delas ocorreram  na região deltoidea. A celulite ocorreu em  apenas 3,5%. Conclusão: a infusão de soluções pode ser considerada uma alternativa segura, a qual apresenta risco de complicações em sua maioria facilmente reversíveis e com baixo potencial de ocasionar danos aos pacientes.
Caracterização do  uso de  hipodermóclise em  pacientes internados  em um Hospital  Infantil de Belo HorizonteArmezina Laia da Silva  Lúcio, Elizabeth Iracy  Alves Leite, Felipe  Leonardo Rigo. (2022)Objetivos: Caracterizar o uso da  hipodermóclise em  pacientes internados em um hospital  pediátrico em Belo  Horizonte. Métodos: Estudo descritivo,  observacional, de  coorte transversal e  com abordagem  quantitativa, utilizando  dados de prontuário  eletrônico e realizado  em uma instituição  hospitalar da rede  pública de saúde no  estado de Minas  Gerais no período de  2017 a 2018.Resultados: 27  pacientes fizeram uso da  hipodermóclise n=17  (56%) tinham idade  inferior a cinco anos, a  indicação do cateter foi  mais usual na unidade de  cuidados paliativos  n=12(43%). A região  subclavicular foi o sítio  mais puncionado n=31  (51,7%), tempo de  permanência do cateter  entre 1 e 5 dias n=31  (51,7%) e os principais  motivos para a retirada  foram: sinais flogísticos  n=12 (20%) e  exteriorização acidental  do dispositivo n=10  (16,7%). Foram  prescritos 12 fármacos  diferentes por esta via  sendo a morfina a mais  utilizada n=15 (28,9%) e  a principal indicação foi  para o conforto e controle  da dor n=22 (42%).  Conclusão: A  hipodermóclise é um  método seguro e de  baixo custo. Novas  pesquisas na população  geral e pediátrica são  fundamentais para  produzir evidências da segurança e efetividade  desta via.
Complicações  relacionadas à  punção venosa  periférica e à  hipodermócliseAna Julia de Oliveira  LagoI; Ana Carolina de  Souza; Ana Carolina de  SouzaII; Fabiana Bolela;  Fabiana BolelaIII. (2021)Objetivo: Unção  venosa periférica e à  hipodermóclise em  pacientes oncológicos  hospitalizados sob  cuidados paliativos.  Método: Estudo  descritivo e  longitudinal. Foi  utilizado questionário  para caracterização  sociodemográficas e  clínicas dos  participantes, roteiro  para a avaliação e  acompanhamento da  punção. Os dados  foram analisados por  meio da estatística  descritiva.Resultados: Participaram do estudo  70 pacientes, sendo  54,3% (n=38) do sexo  feminino e com idade  média de 68,8 anos (DP  = 15,0), cujas principais  doenças oncológicas de  base foram câncer de  cabeça e pescoço e de  pulmão. Ademais, 90%  das punções avaliadas  foram endovenosas e as  complicações mais  frequentes foram dor  local, extravasamento e  cateter dobrado ou  tracionado. Conclusão: As complicações  observadas no período  do estudo foram  relacionadas apenas às  punções venosas. Houve  predominância da  punção venosa periférica  em detrimento da via  subcutânea, uma  alternativa viável e  recomendada para os  pacientes oncológicos  sob cuidados paliativos.
Hipodermóclise em  pacientes com  câncer em cuidados  paliativosGislene Pontalti; Caren  de Oliveira Riboldi;  Luciana dos Santos;  Vanessa Kenne  Longaray; Desirée  Amorim Guzzo; Isabel  Cristina Echer (2018)Objetivo: Analisar o  uso da hipodermóclise  em pacientes com  câncer em cuidados  paliativos. Método:  Estudo transversal  descritivo, com objetivo  de descrever a  experiência da  utilização da  hipodermóclise em  pacientes sob  cuidados paliativos,  realizado em um  hospital universitário  do sul do Brasil. A  amostra, por  conveniência,  abrangeu 80 pacientes  que foram internados em  cuidados paliativos  entre março/2014 e  março/2015. A coleta  de dados ocorreu mediante instrumento  específico e a análise  por estatística  descritiva. Clínica paliativista.Resultados: As  neoplasias  predominantes foram  pâncreas 9(11,3%),  intestino 8(10%), pulmão  8(10%) e gástrica  8(10%). Entre as  indicações para  hipodermóclise  prevaleceram analgesia  63(78,8%), rede venosa  precária 51(63,8%) e  intolerância oral  38(47,5%). Dos 21  fármacos prescritos e  administrados destacam se morfina 76(95,0%),  metoclopramida  49(61,3%), dipirona  39(48,8%),  ondansetrona 29(36,3%)  e dexametasona  12(15,0%). Ocorreram  105 punções e nenhuma complicação sistêmica.  Considerações finais: a  hipodermóclise mostrou ser uma terapêutica  medicamentosa eficaz,  segura e menos invasiva  na prática clínica  paliativista.
Incidência e eventos  adversos da  hipodermóclise no  idoso em cuidados  paliativosRaquel Eustaquia de  Souza; Isabel Yovana  Quispe Mendoza;  Clarissa Jesus  Ferraciolli; Giovana  Paula Rezende Simino;  Vania Regina Goveia;  Gilberto de Lima  Guimarães. (2023)Objetivo: Estimar a  incidência, tempo de  ocorrência de eventos  adversos e tempo de  permanência da  hipodermóclise no  idoso  Método: Pesquisa  realizada com 127  idosos em cuidados  paliativos. A avaliação  da hipodermóclise foi  realizada a cada 24  horas até a ocorrência  do evento. Realizou-se  análise descritiva,  calculando as  proporções e a taxa de  incidência por 100  punções/pacientes. Resultados: A taxa de  incidência dos eventos  adversos foi de 22,8%  para a hipodermóclise e  27% para os indivíduos  em uso de  hipodermóclise. O  cateter permaneceu em  média quatro dias, sendo  no mínimo um dia e no  máximo 15 dias; a  chance de eventos  adversos no primeiro dia  foi de 6%, de 28% no  quinto dia e 48% no  décimo. Conclusão: Incidência de eventos  adversos foi pequena e  localizada; tempo médio  da permanência do  cateter no local de  inserção foi de quatro  dias e as probabilidades  de apresentar  complicações  aumentaram no decorrer  dos dias
Qualificação da  assistência de  enfermagem  paliativista no uso da  via subcutâneaGeorge Luiz Alves  Santos; Joélinton dos  Santos AranhaI; Glaucia  Valente Valadares; Jorge  Luiz Lima da Silva;  Sheilane da Silva  Santos; Thais de  Rezende Bessa Guerra.  (2020)Objetivos: Descrever  a experiência da  realização de oficinas  para o ensino da  terapia de infusão de  fluidos por via  subcutânea em  pacientes em cuidados  paliativos. Métodos: Relato de experiência  baseado em quatro  oficinas com carga  horária de nove horas  cada, abordando o  ensino, a execução da  técnica e o manejo na  utilização da terapia de  infusão de fluidos por  via subcutânea em  pacientes em cuidados  paliativos. A instituição  sediadora foi um  hospital privado, que  contava com duas  unidades assistenciais no estado do Rio de  Janeiro.Resultados: Identificou-se pouco conhecimento  acerca da temática. Pela  dinâmica utilizada, as  oficinas possibilitam  qualificar os  participantes a  executarem e a  manejarem a via  subcutânea em  ambientes de cuidados  paliativos. Conclusões: As oficinas foram  importante meio de  formação, qualificação e  divulgação do cuidado  de enfermagem em  ambiente de cuidados  paliativos. Os recursos  utilizados possibilitam a  qualificação na execução  e no manejo da técnica  apresentada.
Uma alternativa do  passado com o  futuro: hipodermóclise, uma  revisão integrativaAmauri dos Santos  Araujo; Luciana de Melo  Mota. 2014Método: Esta revisão  foi realizada em uma  ampla abordagem metodológica referente  a revisões, partindo a  inclusão de estudos não  experimentais para  uma compreensão completa do fenômeno  analisado. Combinada  aos dados da literatura  teórica e empírica,  além de incorporar um  vasto leque de  propósitos: definição  de conceitos, revisão teórica.Resultados: Nota-se, no  processo de atuação do  profissional de enfermagem tanto ao  uso, quanto às  indicações da terapia por  via subcutânea  Hipodermóclise, o  despreparo tanto das  instituições de ensino,  quanto a capacitação  das unidades de trabalho  na forma de educação continuada  para o conhecimento da  técnica na prática do  cuidado paliativo. Conclusão: Conclui-se, portanto, que  a prática da  hipodermóclise  atualmente é pouca  abordada, justificando-se  pelo desconhecimento  dos  profissionais/enfermeiros  em relação ao tema  discutido em variáveis,  onde mostra pelas  referências teóricas que  as instituições  preparatórias não vêm  abordando de forma a  conhecer e praticar esta  terapia. Assim, como o  preparo das unidades  aos profissionais,  deixando de qualificá-los  na prática ao  atendimento hospitalar.  Deste modo, o  conhecimento encontra-se restrito na prática de  cuidado paliativo e de  maneira geral, no  tratamento significativo  para alívio de sinais e  sintomas de doenças,  principalmente do  câncer.
Hipodermóclise ou  via SubcutâneaD’Aquino, M. O., Souza,  R. M. (2012)Método: Sistematizar a  assistência de  enfermagem neste  procedimento, busca  trazer qualidade no  cuidado ao paciente  além de segurança  técnica ao profissional.Resultados: um paciente  com dor crônica em  estado de câncer  avançado e quando não  houver possibilidade se  usar a via oral ou a via  periférica endovenosa,  pode-se usar opioides  em infusão contínua por  bomba infusora em  pequenos volumes e alta  concentração.  Conclusão: Na prática,  o uso da hipodermóclise  no Núcleo de Cuidados  Paliativos demonstra  eficácia em diminuir  sintomas de dor e  desidratação. O  interesse de expandir a  informação sobre  hipodermóclise é de que  mais profissionais  utilizem este acesso para  assistir os pacientes em  cuidados paliativos seja  em hospital, ambulatório  ou na residência do  paciente.
Fonte: Dados da pesquisa, 2025.

Estudos recentes têm avaliado eficácia e segurança da hipodermóclise  em diferentes contextos. Guedes et al. (2019), em estudo observacional,  revelaram que a maioria das punções subcutâneas não apresentou  complicações significativas, destacando a técnica como segura e eficaz para o  controle de sintomas em pacientes paliativos. A pesquisa mostrou que 65,4%  das punções não apresentaram complicações, e aquelas que ocorreram foram,  em sua maioria, facilmente reversíveis e com baixo impacto no bem-estar dos  pacientes.  

Lúcio et al. (2022) caracterizaram o uso da hipodermóclise em um hospital  pediátrico, ressaltando que a técnica é segura e de baixo custo. A morfina foi  identificada como um dos medicamentos mais utilizados via hipodermóclise para  conforto e controle da dor, destacando a flexibilidade e a eficácia da técnica para  ampla gama de fármacos. 

Por outro lado, Lagol et al. (2021) observaram que as complicações mais  frequentes e associadas à hipodermóclise foram menos prevalentes em  comparação com a punção venosa periférica. A pesquisa revelou que a  hipodermóclise apresentou menos ocorrências de complicações, com taxa de  incidência de eventos adversos relativamente baixos. Além disso, Pontalti et al. (2018) demonstraram que a hipodermóclise é uma alternativa eficaz e menos  invasiva, com taxa mínima de complicações sistêmicas. A técnica tem mostrado  ser especialmente útil para analgesia e em pacientes com rede venosa precária. 

A hipodermóclise emerge como uma técnica valiosa nos cuidados  paliativos, oferecendo abordagem segura e eficaz para administração de  terapias, especialmente quando comparada com métodos mais invasivos, como  a punção venosa periférica. Com a continuação das pesquisas e a  implementação de treinamentos apropriados, como os relatados por Santos et  al. (2020), a técnica pode melhorar ainda mais a qualidade do cuidado paliativo,  garantindo maior conforto e qualidade de vida aos pacientes. 

CONCLUSÃO 

Após finalizar a busca ativa pelos estudos sobre o tema, percebe-se a  importância de mais pesquisas no que diz respeito à terapia, pois a mesma  apresenta benefícios e serve como estratégia para melhor adesão e beneficiar o  usuário da mesma. Sua implementação pode melhorar a qualidade de vida dos  pacientes ao proporcionar conforto e reduzir a complexidade dos cuidados,  alinhando-se aos objetivos fundamentais dos cuidados paliativos de alívio de  sintomas e melhoria da qualidade de vida. A educação contínua e a pesquisa  são essenciais para otimizar a técnica e garantir eficácia e segurança.  

REFERÊNCIAS 

1. Araujo, A. dos S., & Mota, L. de M. (2014). Uma Alternativa do Passado  com Futuro: Hipodermóclise (Terapia Via Subcutânea), uma Revisão  Integrativa. Interfaces Científicas – Saúde E Ambiente, 2(3), 45–51.  https://doi.org/10.17564/2316-3798.2014v2n3p45-51 

2. Associação Brasileira de Cuidados Paliativos (ABCP), 2023.

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9. MARTINS, S. B; CORDEIRO, F. R; ZILLMER, J. G. V; ARRIEIRA, I. C. O; OLIVEIRA, A. T.; SANTOS, C. dos. Percepciones de los cuidadores  familiares sobre el uso de la hipodermoclisis en el hogar. Revista  Brasileira de Cuidados Domiciliares, [S.l.], v. 15, n. 2, p. 100-110,  2020.  

10. Organização Mundial de Saúde (OMS), 2020. 

11. PONTALTI, G; RIBOLDI, C. de O; SANTOS, L. dos; LONGARAY, V. K;  GUZZO, D. A; ECHER, I. C. Hipodermóclise em pacientes com câncer  em cuidados paliativos. Revista Brasileira de Cuidados Paliativos,  [S.l.], v. 17, n. 2, p. 100-110, 2018.  

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