HYPODERMOCLISIS IN PATIENTS UNDER PALLIATIVE CARE: LITERATURE REVIEW
HIPODERMOCLISIS EN PACIENTES BAJO CUIDADOS PALIATIVOS: REVISIÓN DE LA LITERATURA
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202510291102
Tainá do Nascimento Moura
Gleice de Sá Agra
Marcelo Domingues de Faria
Resumo
A hipodermóclise é a técnica de administração de soluções e medicamentos por via subcutânea, indicados principalmente para hidratação e controle de sintomas, sendo muito utilizada em pacientes em cuidados paliativos devido à sua eficácia, simplicidade e conforto. Este artigo objetivou promover uma revisão de literatura sobre a importância do uso da hipodermóclise em pacientes em cuidados paliativos. Foram utilizados os descritores controlados, em português e inglês, “Cuidados paliativos” e “Hipodermóclise” e “Terapia subcutânea”, valendo-se dos operadores boleanos “and” “or” e “not”. Definiram se os seguintes critérios de inclusão: artigos primários publicados na íntegra, disponíveis eletronicamente, em português e inglês, em bases de dados eletrônica, disponíveis gratuitamente, cujos resultados abordassem aspectos relacionados ao tema proposto no período de 2018 a 2024. Os resultados encontrados demonstraram pontos positivos do procedimento, porém, foram encontradas poucas informações específicas, o que torna o tema mais complexo no que tange a produção científica. Após finalizar a busca ativa pelos estudos sobre o tema, percebe-se a importância de mais pesquisas no que diz respeito à terapia, pois a mesma apresenta benefícios e serve como estratégia para melhor adesão e beneficiar o usuário. No Brasil, esta técnica vem ganhando espaço para uso em pacientes que se encontram em cuidados paliativos ou naqueles bastante idosos e debilitados e é exatamente este o principal objetivo da pesquisa, apresentar a relevância da hipodermóclise neste tipo de pacientes.
Palavras-chave: Administração subcutânea; Paciente fragilizado; Terapia de hidratação; Controle da dor; Medicação Subcutânea.
Abstract
Hypodermoclysis is a technique for administering solutions and medications subcutaneously, primarily indicated for hydration and symptom control. It is widely used in palliative care patients due to its efficacy, simplicity, and comfort. This article aimed to conduct a literature review on the importance of hypodermoclysis in palliative care patients. The controlled descriptors, in Portuguese and English, were “Palliative care,” “Hypodermoclysis,” and “Subcutaneous therapy,” using the Boolean operators “and,” “or,” and “not.” The following inclusion criteria were defined: primary articles published in full, available electronically, in Portuguese and English, in electronic databases, freely available, whose results addressed aspects related to the proposed topic from 2018 to 2024. The results demonstrated positive aspects of the procedure; however, little specific information was found, which makes the topic more complex in terms of scientific production. After completing the active search for studies on the topic, the importance of further research regarding the therapy is clear, as it offers benefits and serves as a strategy for improving adherence and benefiting the user. In Brazil, this technique has been gaining ground for use in patients undergoing palliative care or in the very elderly and debilitated, and this is precisely the main objective of the research: to demonstrate the relevance of hypodermoclysis in this type of patient.
Keywords: Subcutaneous administration; Frail patient; Hydration therapy; Pain management; Subcutaneous medication.
Resumen
La hipodermoclisis es una técnica para administrar soluciones y medicamentos por vía subcutánea, indicada principalmente para la hidratación y el control de los síntomas. Se utiliza ampliamente en pacientes de cuidados paliativos debido a su eficacia, simplicidad y comodidad. Este artículo tuvo como objetivo realizar una revisión bibliográfica sobre la importancia de la hipodermoclisis en pacientes de cuidados paliativos. Los descriptores controlados, en portugués e inglés, fueron «Cuidados paliativos», «Hipodermoclisis» y «Terapia subcutánea», utilizando los operadores booleanos «y», «o» y «no». Se definieron los siguientes criterios de inclusión: artículos primarios publicados íntegramente, disponibles electrónicamente en portugués e inglés, en bases de datos electrónicas y de libre acceso, cuyos resultados abordaran aspectos relacionados con el tema propuesto entre 2018 y 2024. Los resultados demostraron aspectos positivos del procedimiento; sin embargo, se encontró poca información específica, lo que complica el tema en términos de producción científica. Tras la búsqueda activa de estudios sobre el tema, es evidente la importancia de seguir investigando esta terapia, ya que ofrece beneficios y sirve como estrategia para mejorar la adherencia y beneficiar al usuario. En Brasil, esta técnica ha ganado terreno en pacientes en cuidados paliativos o en personas mayores y debilitadas, y este es precisamente el objetivo principal de la investigación: demostrar la relevancia de la hipodermoclisis en este tipo de pacientes.
Palabras clave: Administración subcutánea; Paciente frágil; Terapia de hidratación; Manejo del dolor; Medicación subcutánea.
INTRODUÇÃO
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2020), os cuidados paliativos são “uma abordagem que melhora a qualidade de vida dos pacientes e suas famílias quando enfrentam problemas associados a doenças ameaçadoras da vida, através da prevenção e alívio do sofrimento por meio da identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais”.
A Associação Brasileira de Cuidados Paliativos (ABCP) define cuidados paliativos como abordagem que visa à melhoria da qualidade de vida dos pacientes e suas famílias, com o intuito de auxiliar o enfrentamento de uma doença ameaçadora da vida, através do alívio do sofrimento e da prevenção dos problemas associados, bem como oferecendo suporte emocional, social e espiritual. (ABCP, 2023; INCA, 2023). Aqui pode-se verificar a importância do atendimento holístico e centrado no paciente, buscando aliviar o sofrimento e melhorar a qualidade de vida de forma abrangente.
O presente artigo tem por objetivo compreender como ocorre o uso da hipodermóclise em paciente em cuidados paliativos, uma vez que, esta é uma técnica de infusão subcutânea que tem se mostrado uma alternativa significativa para a administração de fluidos e medicamentos, especialmente em pacientes sob cuidados paliativos.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A Hipodermóclise é uma terapia por via subcutânea utilizada na reposição hidroeletrolítica e/ou terapia medicamentosa em pacientes que estão em cuidados paliativos usada para diminuir a dor e sintomas existentes pela doença. É necessário ressaltar a importância desta técnica para a administração de fármacos para um melhor controle dos sintomas presentes em pacientes oncológicos em cuidados paliativos. A técnica abordada pelos profissionais de saúde pode ser mantida em domicílio gerando uma melhor comodidade ao paciente e seus familiares (Araújo; Mota, 2014).
D’Aquino e Souza (2012, p. 89) explicam que:
Pacientes em cuidados paliativos usualmente necessitam do uso da via subcutânea por apresentarem dificuldade em receber medicamento por via oral, face à dispneia, disfagia, êmese, obstrução intestinal no câncer em estágio avançado.
De acordo com o trabalho de Araújo e Mota (2014, p. 47):
A indicação do uso de hipodermóclise em hidratação, na redução de infecção local, alívio da dor e do desconforto, por ser de fácil administração e menos complicações ao cliente, sendo suas principais indicações, bem como o baixo custo, o que favorece sua oferta. Estas são as principais indicações da terapia via subcutânea no tratamento paliativo de pacientes que possuem difícil acesso venoso e que estão com a via oral comprometida, que por sua vez, também possuem as contraindicações. […] A prática da hipodermóclise surgiu em 1913 e logo foi abandonada devido à forma de uso inadequada, tendo assim, efeitos graves, como choque hipovolêmico, devido à administração de soluções hipertônicas na localização errada.
[…] Nas décadas de 1940 – 1950 a prática foi retomada, com uso de fármacos hialuronidas no tratamento paliativo em crianças em unidades de terapia intensiva. Hoje, a prática ainda é pouco conhecida no Brasil, pois as discussões temáticas carecem de estudos e publicações.
As pesquisas referentes a hipodermóclise no Brasil não representam número expressivo, tornando-se necessário mais discussões e debates sobre a temática. Diante do contexto, este trabalho busca refletir sobre o assunto por meio das pesquisas já existentes no país.
Por princípio, a hipodermóclise é um método de infusão que necessita poucos recursos materiais. Do ponto de vista técnico, é mais fácil de ser realizada do que a infusão intravenosa. Assim, tem sido indicada para pacientes em cuidados paliativos e idosos que necessitam de hidratação em casas de repouso. Contudo, a técnica também pode ser utilizada em pacientes hospitalizados e em cuidado domiciliar (COREN-SP, 2009).
O Quadro 1 apresenta as vantagens e desvantagens da hipodermóclise em relação a via intravenosa. A técnica de hipodermóclise apresenta-se segura, com boa aplicabilidade, baixo custo, eficaz e apresenta baixo índice de infecção, ao contrário da punção venosa profunda. Sendo de extrema importância que a equipe de enfermagem tenha conhecimento técnico-científico para evitar danos.
Quadro 1. Vantagens e desvantagens da hipodermóclise em relação a via intravenosa.
| VANTAGENS | DESVANTAGENS |
| 01. Baixo custo | 01. Velocidade de infusão usual de 1 ml por minuto |
| 02. Mais confortável | 02. Administração máxima em 24 horas de 3000 ml em dois sítios de infusão |
| 03. Menos relacionada à sobrecarga de volume e edema pulmonar | 03. Limitações na administração de eletrólitos |
| 04. Inserção mais simples do cateter | 04. Não recomendada para administração de suplementos nutricionais e soluções hipertônicas |
| 05. Mais fácil de se obter novos sítios de inserção | 05. Permite infusão de número limitado de fluidos |
| 06. Mais indicada para cuidado domiciliar | 06. Edema no sítio de infusão é comum |
| 07. Menor necessidade de observação | 07. Possibilidade de reações locais |
| 08. Menor necessidade de hospitalização | |
| 09. Não causa tromboflebite | |
| 10. Pode ser instalada pela equipe de enfermagem em vários locais de atenção à saúde | |
| 11. Não tem sido relacionada à septicemia e sépsis | |
| 12. Pode ser interrompida e reiniciada apenas pela abertura e fechamento do sistema de infusão | |
| 13. Sem risco de formação de coágulos |
A técnica envolve a inserção de um cateter na camada subcutânea para a infusão contínua de soluções, permitindo administração menos invasiva em comparação com a via intravenosa. A Hipodermóclise é particularmente relevante neste contexto, uma vez que pode oferecer alívio significativo sem a necessidade de acesso venoso contínuo, o que é benéfico para pacientes que, frequentemente, apresentam acesso venoso precário ou que necessitam de cuidados menos invasivos.
METODOLOGIA
O presente estudo é uma revisão integrativa, objetivando a condução do trabalho orientado por esse rigor científico elaborou-se a questão norteadora: Quais são os benefícios da Hipodermóclise no paciente em cuidado paliativo? Para o desenvolvimento da pesquisa, iniciou-se com a busca na plataforma dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), por meio da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Foram utilizados os descritores controlados, em português e inglês, “Cuidados paliativos” e “Hipodermóclise” e “Terapia subcutânea”, valendo-se dos operadores boleanos “and” “or” e “not”. Definiram-se os seguintes critérios de inclusão: artigos primários publicados na íntegra, disponíveis eletronicamente, em português e inglês, em bases de dados eletrônica, disponíveis gratuitamente, cujos resultados abordassem aspectos relacionados ao tema proposto no período de 2018 a 2024.
Foram excluídos do estudo: editoriais, cartas ao editor, trabalhos de conclusão de cursos, dissertações e teses. O levantamento de produções científicas foi realizado em quatro bases de dados: Bireme, Scielo, Lilacs e Portal PubMed.
A segunda etapa consistiu na leitura na íntegra dos artigos selecionados. Após a leitura dos artigos, os mesmos foram organizados em um quadro para facilitar a identificação das estratégias pelo leitor. O instrumento foi composto pelas seguintes informações: título do trabalho, autores, ano de publicação, introdução, objetivo, método, resultados da pesquisa e conclusão.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após a pesquisa, foram obtidos os seguinte resultados: a) Bireme, cinco artigos, estes foram excluídos, sendo dois pelo título, dois após leitura do resumo e um por apresentar duplicidade no Pubmed; b) quatro artigos foram selecionados pelo PubMed e, destes, um foi incluído no estudo; c) na base Scielo foram selecionados sete artigos e, destes, três foram incluídos e; d) na base do Lilacs, foram selecionados cinco resultados de busca, sendo selecionados quatro artigos para análise.
Após realização da leitura dos resumos e dos textos na íntegra, foram encontrados 08 artigos com os descritores eleitos neste estudo.
Quadro 2 – Estudos selecionados por título, autores, ano de publicação, objetivos, métodos, resultados e conclusão
| TÍTULO DO TRABALHO | AUTORES E ANOS DE PUBLICAÇÃO | OBJETIVO MÉTODO | RESULTADOS CONCLUSÃO |
| Complicações da via subcutânea na infusão de medicamentos e soluções em cuidados paliativos | Guedes et al. Natália de Almeida Barbosa Guedes; Laís Samara de Melo; Fernanda Batista Oliveira Santos; Jaqueline Almeida Guimarães Barbosa (2019) | Objetivo: caracterizar as complicações associadas ao uso da via subcutânea na infusão de medicamentos e soluções em cuidados paliativos. Métodos: estudo observacional, prospectivo, realizado na Unidade de Cuidados Paliativos de um hospital geral de ensino. | Resultados: Foram avaliados 78 paciente em cuidados paliativos, nos quais foram realizadas 254 punções na via subcutânea para infusão de medicamentos e/ou soluções. A maioria era idosa (87,3%) e encontrava-se desnutrida (69,2%). Em 33,0%, a via foi indicada para controle de sintomas e, em 50,0%, a punção ocorreu na região anterolateral da coxa; 65,4% das punções não mostraram complicação. Dentre as complicações identificadas, 9,4% foram edema e 9,1% hiperemia, sendo que 53,8% delas ocorreram na região deltoidea. A celulite ocorreu em apenas 3,5%. Conclusão: a infusão de soluções pode ser considerada uma alternativa segura, a qual apresenta risco de complicações em sua maioria facilmente reversíveis e com baixo potencial de ocasionar danos aos pacientes. |
| Caracterização do uso de hipodermóclise em pacientes internados em um Hospital Infantil de Belo Horizonte | Armezina Laia da Silva Lúcio, Elizabeth Iracy Alves Leite, Felipe Leonardo Rigo. (2022) | Objetivos: Caracterizar o uso da hipodermóclise em pacientes internados em um hospital pediátrico em Belo Horizonte. Métodos: Estudo descritivo, observacional, de coorte transversal e com abordagem quantitativa, utilizando dados de prontuário eletrônico e realizado em uma instituição hospitalar da rede pública de saúde no estado de Minas Gerais no período de 2017 a 2018. | Resultados: 27 pacientes fizeram uso da hipodermóclise n=17 (56%) tinham idade inferior a cinco anos, a indicação do cateter foi mais usual na unidade de cuidados paliativos n=12(43%). A região subclavicular foi o sítio mais puncionado n=31 (51,7%), tempo de permanência do cateter entre 1 e 5 dias n=31 (51,7%) e os principais motivos para a retirada foram: sinais flogísticos n=12 (20%) e exteriorização acidental do dispositivo n=10 (16,7%). Foram prescritos 12 fármacos diferentes por esta via sendo a morfina a mais utilizada n=15 (28,9%) e a principal indicação foi para o conforto e controle da dor n=22 (42%). Conclusão: A hipodermóclise é um método seguro e de baixo custo. Novas pesquisas na população geral e pediátrica são fundamentais para produzir evidências da segurança e efetividade desta via. |
| Complicações relacionadas à punção venosa periférica e à hipodermóclise | Ana Julia de Oliveira LagoI; Ana Carolina de Souza; Ana Carolina de SouzaII; Fabiana Bolela; Fabiana BolelaIII. (2021) | Objetivo: Unção venosa periférica e à hipodermóclise em pacientes oncológicos hospitalizados sob cuidados paliativos. Método: Estudo descritivo e longitudinal. Foi utilizado questionário para caracterização sociodemográficas e clínicas dos participantes, roteiro para a avaliação e acompanhamento da punção. Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva. | Resultados: Participaram do estudo 70 pacientes, sendo 54,3% (n=38) do sexo feminino e com idade média de 68,8 anos (DP = 15,0), cujas principais doenças oncológicas de base foram câncer de cabeça e pescoço e de pulmão. Ademais, 90% das punções avaliadas foram endovenosas e as complicações mais frequentes foram dor local, extravasamento e cateter dobrado ou tracionado. Conclusão: As complicações observadas no período do estudo foram relacionadas apenas às punções venosas. Houve predominância da punção venosa periférica em detrimento da via subcutânea, uma alternativa viável e recomendada para os pacientes oncológicos sob cuidados paliativos. |
| Hipodermóclise em pacientes com câncer em cuidados paliativos | Gislene Pontalti; Caren de Oliveira Riboldi; Luciana dos Santos; Vanessa Kenne Longaray; Desirée Amorim Guzzo; Isabel Cristina Echer (2018) | Objetivo: Analisar o uso da hipodermóclise em pacientes com câncer em cuidados paliativos. Método: Estudo transversal descritivo, com objetivo de descrever a experiência da utilização da hipodermóclise em pacientes sob cuidados paliativos, realizado em um hospital universitário do sul do Brasil. A amostra, por conveniência, abrangeu 80 pacientes que foram internados em cuidados paliativos entre março/2014 e março/2015. A coleta de dados ocorreu mediante instrumento específico e a análise por estatística descritiva. Clínica paliativista. | Resultados: As neoplasias predominantes foram pâncreas 9(11,3%), intestino 8(10%), pulmão 8(10%) e gástrica 8(10%). Entre as indicações para hipodermóclise prevaleceram analgesia 63(78,8%), rede venosa precária 51(63,8%) e intolerância oral 38(47,5%). Dos 21 fármacos prescritos e administrados destacam se morfina 76(95,0%), metoclopramida 49(61,3%), dipirona 39(48,8%), ondansetrona 29(36,3%) e dexametasona 12(15,0%). Ocorreram 105 punções e nenhuma complicação sistêmica. Considerações finais: a hipodermóclise mostrou ser uma terapêutica medicamentosa eficaz, segura e menos invasiva na prática clínica paliativista. |
| Incidência e eventos adversos da hipodermóclise no idoso em cuidados paliativos | Raquel Eustaquia de Souza; Isabel Yovana Quispe Mendoza; Clarissa Jesus Ferraciolli; Giovana Paula Rezende Simino; Vania Regina Goveia; Gilberto de Lima Guimarães. (2023) | Objetivo: Estimar a incidência, tempo de ocorrência de eventos adversos e tempo de permanência da hipodermóclise no idoso Método: Pesquisa realizada com 127 idosos em cuidados paliativos. A avaliação da hipodermóclise foi realizada a cada 24 horas até a ocorrência do evento. Realizou-se análise descritiva, calculando as proporções e a taxa de incidência por 100 punções/pacientes. | Resultados: A taxa de incidência dos eventos adversos foi de 22,8% para a hipodermóclise e 27% para os indivíduos em uso de hipodermóclise. O cateter permaneceu em média quatro dias, sendo no mínimo um dia e no máximo 15 dias; a chance de eventos adversos no primeiro dia foi de 6%, de 28% no quinto dia e 48% no décimo. Conclusão: Incidência de eventos adversos foi pequena e localizada; tempo médio da permanência do cateter no local de inserção foi de quatro dias e as probabilidades de apresentar complicações aumentaram no decorrer dos dias |
| Qualificação da assistência de enfermagem paliativista no uso da via subcutânea | George Luiz Alves Santos; Joélinton dos Santos AranhaI; Glaucia Valente Valadares; Jorge Luiz Lima da Silva; Sheilane da Silva Santos; Thais de Rezende Bessa Guerra. (2020) | Objetivos: Descrever a experiência da realização de oficinas para o ensino da terapia de infusão de fluidos por via subcutânea em pacientes em cuidados paliativos. Métodos: Relato de experiência baseado em quatro oficinas com carga horária de nove horas cada, abordando o ensino, a execução da técnica e o manejo na utilização da terapia de infusão de fluidos por via subcutânea em pacientes em cuidados paliativos. A instituição sediadora foi um hospital privado, que contava com duas unidades assistenciais no estado do Rio de Janeiro. | Resultados: Identificou-se pouco conhecimento acerca da temática. Pela dinâmica utilizada, as oficinas possibilitam qualificar os participantes a executarem e a manejarem a via subcutânea em ambientes de cuidados paliativos. Conclusões: As oficinas foram importante meio de formação, qualificação e divulgação do cuidado de enfermagem em ambiente de cuidados paliativos. Os recursos utilizados possibilitam a qualificação na execução e no manejo da técnica apresentada. |
| Uma alternativa do passado com o futuro: hipodermóclise, uma revisão integrativa | Amauri dos Santos Araujo; Luciana de Melo Mota. 2014 | Método: Esta revisão foi realizada em uma ampla abordagem metodológica referente a revisões, partindo a inclusão de estudos não experimentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado. Combinada aos dados da literatura teórica e empírica, além de incorporar um vasto leque de propósitos: definição de conceitos, revisão teórica. | Resultados: Nota-se, no processo de atuação do profissional de enfermagem tanto ao uso, quanto às indicações da terapia por via subcutânea Hipodermóclise, o despreparo tanto das instituições de ensino, quanto a capacitação das unidades de trabalho na forma de educação continuada para o conhecimento da técnica na prática do cuidado paliativo. Conclusão: Conclui-se, portanto, que a prática da hipodermóclise atualmente é pouca abordada, justificando-se pelo desconhecimento dos profissionais/enfermeiros em relação ao tema discutido em variáveis, onde mostra pelas referências teóricas que as instituições preparatórias não vêm abordando de forma a conhecer e praticar esta terapia. Assim, como o preparo das unidades aos profissionais, deixando de qualificá-los na prática ao atendimento hospitalar. Deste modo, o conhecimento encontra-se restrito na prática de cuidado paliativo e de maneira geral, no tratamento significativo para alívio de sinais e sintomas de doenças, principalmente do câncer. |
| Hipodermóclise ou via Subcutânea | D’Aquino, M. O., Souza, R. M. (2012) | Método: Sistematizar a assistência de enfermagem neste procedimento, busca trazer qualidade no cuidado ao paciente além de segurança técnica ao profissional. | Resultados: um paciente com dor crônica em estado de câncer avançado e quando não houver possibilidade se usar a via oral ou a via periférica endovenosa, pode-se usar opioides em infusão contínua por bomba infusora em pequenos volumes e alta concentração. Conclusão: Na prática, o uso da hipodermóclise no Núcleo de Cuidados Paliativos demonstra eficácia em diminuir sintomas de dor e desidratação. O interesse de expandir a informação sobre hipodermóclise é de que mais profissionais utilizem este acesso para assistir os pacientes em cuidados paliativos seja em hospital, ambulatório ou na residência do paciente. |
Estudos recentes têm avaliado eficácia e segurança da hipodermóclise em diferentes contextos. Guedes et al. (2019), em estudo observacional, revelaram que a maioria das punções subcutâneas não apresentou complicações significativas, destacando a técnica como segura e eficaz para o controle de sintomas em pacientes paliativos. A pesquisa mostrou que 65,4% das punções não apresentaram complicações, e aquelas que ocorreram foram, em sua maioria, facilmente reversíveis e com baixo impacto no bem-estar dos pacientes.
Lúcio et al. (2022) caracterizaram o uso da hipodermóclise em um hospital pediátrico, ressaltando que a técnica é segura e de baixo custo. A morfina foi identificada como um dos medicamentos mais utilizados via hipodermóclise para conforto e controle da dor, destacando a flexibilidade e a eficácia da técnica para ampla gama de fármacos.
Por outro lado, Lagol et al. (2021) observaram que as complicações mais frequentes e associadas à hipodermóclise foram menos prevalentes em comparação com a punção venosa periférica. A pesquisa revelou que a hipodermóclise apresentou menos ocorrências de complicações, com taxa de incidência de eventos adversos relativamente baixos. Além disso, Pontalti et al. (2018) demonstraram que a hipodermóclise é uma alternativa eficaz e menos invasiva, com taxa mínima de complicações sistêmicas. A técnica tem mostrado ser especialmente útil para analgesia e em pacientes com rede venosa precária.
A hipodermóclise emerge como uma técnica valiosa nos cuidados paliativos, oferecendo abordagem segura e eficaz para administração de terapias, especialmente quando comparada com métodos mais invasivos, como a punção venosa periférica. Com a continuação das pesquisas e a implementação de treinamentos apropriados, como os relatados por Santos et al. (2020), a técnica pode melhorar ainda mais a qualidade do cuidado paliativo, garantindo maior conforto e qualidade de vida aos pacientes.
CONCLUSÃO
Após finalizar a busca ativa pelos estudos sobre o tema, percebe-se a importância de mais pesquisas no que diz respeito à terapia, pois a mesma apresenta benefícios e serve como estratégia para melhor adesão e beneficiar o usuário da mesma. Sua implementação pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes ao proporcionar conforto e reduzir a complexidade dos cuidados, alinhando-se aos objetivos fundamentais dos cuidados paliativos de alívio de sintomas e melhoria da qualidade de vida. A educação contínua e a pesquisa são essenciais para otimizar a técnica e garantir eficácia e segurança.
REFERÊNCIAS
1. Araujo, A. dos S., & Mota, L. de M. (2014). Uma Alternativa do Passado com Futuro: Hipodermóclise (Terapia Via Subcutânea), uma Revisão Integrativa. Interfaces Científicas – Saúde E Ambiente, 2(3), 45–51. https://doi.org/10.17564/2316-3798.2014v2n3p45-51
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3. BOLELA, F; LIMA, R de; SOUZA, A. C; MOREIRA, M. R; LAGO, A. J de O; SIMINO, G. P. R; ARAÚJO, J. S de. Pacientes oncológicos sob cuidados paliativos: ocorrências relacionadas à punção venosa e hipodermóclise. Revista Brasileira de Oncologia, [S.l.], v. 20, n. 3, p. 55-65, 2022.
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14.VERDAN, R; SANTANA, M. G; FERREIRA, W. A; ANTUNES, R.F; FRANÇA, L. C. M; RAMOS, R de S. Applicability of hypodermoclysis in patients in palliative care. Journal of Palliative Care Studies, [S.l.], v. 21, n. 1, p. 12-22, 2023.
