A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO PARTICIPATIVA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM INSTITUIÇÕES EDUCACIONAIS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202410151604


Cintinara Garcia; Alexandre Ferreira dos Santos; Daniella Wilges de Oliveira Barrozo; Janivia Glaci Scholze Woehl; Leidiane Aparecida dos Santos; Helena Leandro de Sousa; Vanessa Maria de Sá Souza Vieira; Ueudison Alves Guimarães.


RESUMO

O propósito deste artigo é decifrar e ponderar sobre a intricada dinâmica da manutenção de uma colaboração eficaz entre a gestão escolar e a comunidade, delineando metas que devem ser formuladas e compartilhadas por ambas as partes. Tal parceria se apresenta de maneira relevante para a configuração de condições propícias e indispensáveis à criação de um ambiente escolar autônomo e participativo. Diante dos obstáculos contemporâneos enfrentados pelas escolas públicas, nasce de forma clara a urgência da participação coletiva de todos os envolvidos na educação, em sinergia com a comunidade, com o intuito de garantir compromisso e excelência no processo educativo. Assim, o objetivo deste estudo é contribuir para a formulação de métodos robustos que abordem essas questões e, por conseguinte, assegurem uma escola onde seus principais protagonistas experimentem o prazer de ensinar e aprender. A abordagem metodológica adotada para este estudo foi de natureza qualitativa, predominando: 1) uma investigação bibliográfica (compreendendo livros, artigos de periódicos e dissertações); 2) a experiência prática acumulada em uma escola pública, tanto na condição de aluno quanto de professor, revelando um desinteresse significativo por parte dos pais e/ou responsáveis em relação aos assuntos que envolvem os alunos e, especificamente, o processo de ensino-aprendizagem. A questão de pesquisa que fundamenta esta reflexão é entender quais fatores e/ou aspectos exercem uma influência direta sobre a participação da comunidade escolar nas atividades da instituição. A partir dessa análise, foi possível concluir que a gestão democrática e a integração da comunidade escolar são fundamentais para assegurar a qualidade educacional, promovendo o desenvolvimento social, intelectual e profissional dos alunos.

Palavras-Chave: Ensino. Escola. Formação Inicial. Gestão.

ABSTRACT

The purpose of this article is to decipher and ponder the intricate dynamics of maintaining effective collaboration between school management and the community, outlining goals that must be formulated and shared by both parties. Such a partnership is relevant for the configuration of favorable and indispensable conditions for the creation of an autonomous and participatory school environment. Given the contemporary obstacles faced by public schools, the urgency of collective participation by all those involved in education, in synergy with the community, is clearly emerging to ensure commitment and excellence in the educational process. Thus, the objective of this study is to contribute to the formulation of robust methods that address these issues and, consequently, ensure a school where its main protagonists experience the pleasure of teaching and learning. The methodological approach adopted for this study was qualitative in nature, predominantly: 1) a bibliographical investigation (comprising books, journal articles and dissertations); 2) the practical experience accumulated in a public school, both as a student and as a teacher, revealing a significant lack of interest on the part of parents and/or guardians in relation to issues involving students and, specifically, the teaching-learning process. The research question that underpins this reflection is to understand which factors and/or aspects have a direct influence on the participation of the school community in the institution’s activities. Based on this analysis, it was possible to conclude that democratic management and the integration of the school community are fundamental to ensuring educational quality, promoting the social, intellectual and professional development of students.

Keywords: Teaching. School. Initial Training. Management.

1 INTRODUÇÃO

O presente estudo almeja fomentar uma participação mais incisiva da comunidade no ambiente escolar, ao mesmo tempo em que busca elucidar as razões pelas quais a escola enfrenta desafios para sustentar uma colaboração efetiva com a comunidade. Nessa ótica, pretende-se aprofundar a compreensão da interação entre a comunidade e a escola, mediada pela gestão escolar, uma vez que é patente a lacuna no diálogo entre essas duas esferas, o que compromete a qualidade educacional. A premissa subjacente é que, quando o trabalho escolar é empreendido de maneira coletiva, tende a gerar resultados mais eficazes.

É evidente nas instituições escolares a escassez de envolvimento por parte dos pais e responsáveis, um fator que tem comprometido significativamente a formação dos alunos. Essa colaboração é decisiva para o desenvolvimento não apenas ideológico, mas também social dos estudantes, pois compreender o contexto ao qual o aluno pertence é vital para a elaboração de métodos e práticas pedagógicas indispensáveis à sua educação.

Assim, implementar a gestão democrática significa incorporar os princípios da democracia no ambiente escolar, evitando o autoritarismo e respeitando as funções específicas de cada indivíduo, com o objetivo de promover um bem comum. Esse processo visa não só o aprimoramento da educação, mas também o fortalecimento da formação social dos alunos.

Nesse contexto, procuramos respostas para os seguintes questionamentos:

  • Por que há um distanciamento tão significativo entre a comunidade e a escola?
  • Quais são as barreiras enfrentadas pela escola para estabelecer e manter uma conexão efetiva com a comunidade?
  • A comunidade é efetivamente convidada a integrar-se na vida escolar de seus filhos?

Ao longo dos anos, observa-se uma crescente discussão sobre a organização escolar, especialmente em virtude da participação ativa tanto dos profissionais da educação quanto da comunidade. Surge, então, a questão central desta pesquisa: existe um desejo genuíno, por parte da comunidade e da escola, de estabelecer um diálogo que possibilite a construção de uma parceria voltada para a melhoria da qualidade educacional?

Essa problemática foi analisada com base em experiências pessoais adquiridas ao longo do percurso escolar em instituições públicas, desde o período do ensino fundamental até o presente momento. A constatação é que, historicamente, persiste uma lacuna no entrosamento entre a comunidade e a escola, indicando uma ausência de colaboração efetiva e satisfatória entre esses dois atores importantes no processo educativo.

Assim, o objetivo desta pesquisa é dissecar os principais princípios da gestão escolar democrática que possibilitam a participação ativa da comunidade na escola. Isso sublinha a necessidade imperiosa de uma reflexão aprofundada sobre a gestão escolar. Os objetivos específicos são:

a) Examinar os fundamentos da gestão democrática e sua relevância para a estruturação e organização da escola;

b) Identificar e compreender os obstáculos enfrentados pela escola para engajar a comunidade nas atividades escolares;

c) Investigar conceitos vinculados à prática pedagógica sob a ótica da gestão democrática.

Nesse contexto, é fundamental que tanto o diretor quanto o professor adotem uma abordagem crítica em relação à sua própria prática pedagógica, procurando questionar seus próprios objetivos, reconhecer a necessidade de buscar informações sobre as famílias, e implementar diversas ações que possam aprimorar a gestão educacional em conformidade com os princípios da Gestão Democrática.

Entretanto, esta pesquisa se propõe a refletir sobre a necessidade de reavaliar conceitos e práticas associados à gestão democrática e à participação da comunidade, tratando-se, com isso, de um estudo qualitativo e bibliográfico, cujo intuito é promover uma análise aprofundada dos dados coletados, além de questionar e explorar a relação entre gestão democrática e o engajamento de pais e professores.

Diante desse panorama, a gestão participativa nas escolas públicas emerge como uma ferramenta crucial para transformar a trajetória da educação pública nos últimos anos. Logo, aprofundar a discussão sobre essa temática é fundamental para assegurar voz e reconhecimento profissional perante as autoridades competentes e a sociedade como um todo, servindo para reforçar a crença de que a participação ativa na escola e na busca por uma educação de qualidade é um dever coletivo, exigindo a conscientização e o engajamento de todos os envolvidos na promoção de uma educação superior.

2 METODOLOGIA

Para explorar a relevância da gestão participativa na formação de professores em instituições educacionais, foi empregada uma metodologia de pesquisa bibliográfica, visto que esse método consiste na coleta, seleção e análise de uma variedade de literatura publicada, incluindo livros, artigos acadêmicos, dissertações, teses e documentos oficiais que abordam tanto a gestão participativa quanto a formação docente em diversos contextos educacionais. Desse modo, destaca-se que o objetivo principal é identificar práticas de gestão que efetivamente promovem o desenvolvimento profissional dos educadores e examinar os impactos dessas práticas na qualidade da educação.

Inicialmente, foi conduzida uma revisão extensiva da literatura para delinear os conceitos fundamentais da gestão participativa, que englobam a colaboração entre professores, a tomada de decisão compartilhada e a responsabilidade coletiva na administração escolar. Ademais, foram meticulosamente examinados estudos anteriores que investigam o impacto do envolvimento dos docentes no processo decisório sobre sua motivação, comprometimento profissional e eficácia pedagógica. Assim sendo, ressalta-se que esta fase também incluiu a análise de modelos teóricos e práticos de gestão participativa em diferentes contextos educacionais, proporcionando uma base sólida para compreender as variáveis que moldam a formação e o desenvolvimento profissional dos professores.

Enfim, a análise crítica das fontes selecionadas possibilitou a identificação de lacunas na literatura existente e a compreensão de como a gestão participativa pode ser implementada de forma eficaz nas instituições educacionais. Para tanto, foram especialmente considerados aspectos como a influência da cultura organizacional, as políticas de formação contínua e o papel das lideranças escolares no estímulo à participação ativa dos professores. Nesse contexto, a abordagem proporcionou uma visão abrangente das dinâmicas da gestão participativa e seu papel essencial na promoção de um ambiente educacional colaborativo e favorável ao desenvolvimento profissional contínuo dos docentes.

3 GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA

A escola, como epicentro do sistema educativo, demanda relações intersubjetivas profundas, corresponsabilidade, compromisso coletivo e a troca contínua de saberes e práticas. Dessa forma, a autonomia escolar e a gestão democrática se configuram como dimensões indissociáveis e essenciais para a criação de uma prática educativa de elevada qualidade (WITTMANN, 2000, p. 91).

Por essa ótica, aponta-se que investigar as razões subjacentes à ausência de participação da comunidade na vida escolar dos alunos pode revelar-se a abordagem mais eficaz para conscientizá-los sobre seu papel decisivo na formação social e intelectual dos estudantes, estabelecendo-se como a base para o desenvolvimento e futura atuação profissional deles.

Todavia, mostra-se de extrema relevância que a comunidade se integre ao conselho escolar e participe ativamente da elaboração do projeto político pedagógico, envolvendo-se diretamente na gestão escolar, considerando que a participação efetiva na administração escolar e o entendimento profundo do seu funcionamento são essenciais tanto para os gestores quanto para os demais profissionais envolvidos, com o objetivo de promover um trabalho eficiente e satisfatório.

Os avanços no campo educacional revelam que a construção de um processo educativo de alta qualidade para todos exige uma participação corresponsável e compartilhada na formulação do projeto político pedagógico da escola (WITTMANN, 2000, p.88).

A gestão democrática se inicia com a elaboração do projeto político pedagógico, um processo no qual a comunidade desempenha um papel ativo ao oferecer opiniões e discutir o conteúdo e as abordagens que serão adotadas ao longo do ano letivo, com o objetivo de contribuir de maneira efetiva para o processo de ensino e aprendizagem.

A escola deve reconhecer que a comunidade é uma parceira fundamental na construção do aprendizado, compreendendo que a instituição não é meramente um local onde os alunos passam o tempo, mas sim um ambiente de formação integral, social, intelectual e profissional.

O sentido etimológico do termo “gestão” origina-se de “gentio”, que por sua vez deriva de “gerere”, com significados como carregar, assumir, executar e gerar. Gestão é o ato de administrar um bem que não pertence a si próprio, mas que também carrega em seu cerne a capacidade intrínseca de participação, um indicativo preponderante de democracia (CURY, 1997, p. 27).

A participação de professores, alunos, pais e funcionários na organização da escola, na seleção dos conteúdos a serem ministrados e nas estratégias de administração pode ser efetivamente mais democrática à medida que cada participante compreende o significado social de suas contribuições dentro de uma visão universal. Em outras palavras, se o significado social da prática de cada indivíduo é capaz de fomentar a autonomia e a criatividade na reestruturação da escola, isso contribui para o objetivo maior: a democratização da sociedade por meio da democratização do saber (HORA, 1994, p. 135).

Dessa forma, é evidente que a democratização é um componente intrínseco da aprendizagem, pois facilita a construção da autoconfiança dos alunos, permitindo-lhes manifestar suas capacidades e desenvolver métodos individuais de aquisição de conhecimento, ajustando o processo de aprendizagem às suas habilidades específicas.

Não obstante, revela-se de grande importância avaliar o impacto da participação ativa da comunidade na escola, uma vez que ela pode promover o trabalho coletivo e assegurar um ambiente que favoreça significativamente o desempenho acadêmico dos alunos.

Encarar a escola como um espaço de interação e participação pode transformar a percepção de uma instituição limitada a alunos, professores, coordenadores, diretores e funcionários, promovendo a integração efetiva da comunidade no ambiente escolar. Dessa forma, a escola deixa de ser meramente um local dedicado ao conhecimento sistematizado e se transforma em um ambiente de intercâmbio de experiências e aprendizado mútuo—onde a família adquire conhecimento com a equipe escolar e vice-versa. Dessa forma, todos os envolvidos compartilham e expandem seu aprendizado conjuntamente (ASSUMPÇÃO, 2005, p. 25 e 26).

Os objetivos visam promover a integração entre a escola e a comunidade para alcançar metas tanto intraescolares quanto extraescolares, com o intuito de formar cidadãos críticos que busquem, com discernimento e competência, as condições necessárias para o exercício pleno da cidadania e o avanço profissional. Para atingir esse objetivo, o gestor deve cultivar um ambiente que estimule a participação comunitária em todos os projetos da escola, incentivando a introdução de novas ideias que possam ser incorporadas às práticas existentes.

Assim, a colaboração entre escola e comunidade se configura como um caminho para o sucesso, contribuindo significativamente para a evolução do processo de ensino e aprendizagem.

4 DISCUSSÕES

A gestão democrática, conforme estipulado por lei, sublinha a relevância da participação comunitária no ambiente escolar. Assim, mostra-se imperativo que o gestor implemente rigorosamente as diretrizes legais estabelecidas, como uma das estratégias para criar condições propícias à obtenção de uma educação de excelência com a efetiva participação da comunidade. O Artigo 14 da Lei nº 9.394/96 especifica que:

Os sistemas de ensino estabelecerão as normas para a gestão democrática do ensino público na educação básica, ajustando-as às peculiaridades locais e observando os seguintes princípios:

I – A participação dos profissionais da educação na formulação do projeto pedagógico da escola; II – A inclusão das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou instâncias equivalentes. (LDB, 1996, s/p.).

Para que o diretor implemente uma gestão participativa, é crucial evidenciar que a escola é um ambiente onde a democracia é efetivamente praticada e onde se valoriza o pensamento colaborativo. Em outras palavras, promover a democratização exige uma compreensão profunda da cultura escolar e de seus processos, além de integrá-los com as dinâmicas sociais mais amplas.

A compreensão dos processos culturais na escola demanda uma análise dos diversos segmentos da comunidade local e escolar, incluindo seus valores, atitudes e comportamentos. A escola, portanto, se configura como um espaço de contradições e diferenças. Assim, ao buscar estabelecer um processo participativo fundamentado em cooperação, trabalho coletivo e compartilhamento de poder, é essencial adotar uma pedagogia do diálogo e do respeito às diferenças, o que implica garantir a liberdade de expressão e promover a vivência de práticas democráticas no cotidiano, com o objetivo de construir projetos coletivos de forma efetiva.

Dessa forma, os gestores deverão exercer seu papel ao implementar simultaneamente a democracia, em vez de perpetuar o autoritarismo, promovendo entre todos os professores, coordenadores, membros da comunidade, alunos e funcionários da escola uma administração que prioriza a qualidade da educação por meio do trabalho coletivo.

Para tanto, exige-se de maneira urgente que esses gestores divulguem amplamente os princípios de uma administração participativa, garantindo que cada integrante da escola compreenda e se engaje nos ideais de uma gestão orientada para a excelência educacional e a colaboração efetiva.

Assim como o gestor escolar, o conselho escolar cumpre um papel determinante no fomento à atuação coletiva da comunidade escolar. Desse modo, observa-se que manter um conselho escolar vibrante e atuante é fundamental para uma gestão democrática participativa, pois além de participar ativamente da administração da escola, o conselho pode cumprir seu papel decisivo na manutenção da disciplina entre os alunos, um fator que frequentemente interfere de maneira significativa no processo de ensino-aprendizagem.

A efetividade do conselho escolar em suas funções contribui diretamente para a estabilidade e a qualidade do ambiente educativo, promovendo um clima de colaboração e respeito que favorece o sucesso acadêmico.

O conselho escolar oferece uma oportunidade para experiências de aprendizado que transcendem as relações tradicionais entre pais e filhos, professores e alunos, e diretores e professores. Sua própria estrutura nos desafia a sair de nossas posições habituais e a reconhecer os outros como indivíduos que desejam contribuir efetivamente para a gestão da escola. Assim, o conselho não apenas fomenta uma perspectiva colaborativa, mas também exige um envolvimento ativo e uma visão inovadora, promovendo um ambiente onde todos os participantes são valorizados como parceiros essenciais na administração escolar (WERLE, 2003, p. 59).

Logo, evidenciamos a importância da participação dos pais na vida escolar de seus filhos e a necessidade de reconhecer a escola como um espaço de construção fundamental, que estabelece uma base sólida para um futuro mais promissor. Afinal, estimular a participação da comunidade no Conselho Escolar é uma tarefa monumental, especialmente considerando o ritmo acelerado da vida cotidiana, onde muitos trabalham longas horas e mal têm conhecimento do dia a dia escolar dos filhos.

A complexidade desse desafio não deve obstruir seu avanço; pelo contrário, destaca a urgência de que o gestor se empenhe em conscientizar a comunidade sobre a grande importância de sua participação no conselho escolar, pois somente através dessa conscientização será possível garantir um trabalho educacional de excelência e uma colaboração eficaz entre todos os envolvidos.

Para que essa mudança ocorra, o gestor deve implementar estratégias inovadoras que incentivem a comunidade a frequentar a escola e a se engajar nas atividades escolares. Com isso, descobre-se que um dos principais obstáculos à participação é a sobrecarga de trabalho dos pais, muitos dos quais relatam falta de tempo devido a longas jornadas de trabalho e responsabilidades domésticas.

Dado que, frequentemente, ambos os pais estão empregados, essa situação se agrava. Portanto, é imperativo que o gestor desenvolva abordagens criativas e flexíveis para superar essas barreiras, transformando a participação comunitária em um processo acessível e atraente, que permita a todos contribuir para a construção de um ambiente escolar vibrante e colaborativo.

Paro (1999) defende que é decisivo garantir condições mínimas para a participação e representação dos pais na escola. A ausência dos pais torna quase impossível realizar um trabalho educacional eficaz, pois são eles os principais responsáveis por estimular os estudos e acompanhar as tarefas de casa dos filhos.

O autor esclarece que sem a presença ativa dos pais, a escola enfrenta desafios significativos, uma vez que o suporte familiar é essencial para o sucesso acadêmico e o desenvolvimento integral dos alunos. Além disso, acrescenta que sejam criadas estruturas que permitam e incentivem a participação dos pais, reconhecendo seu papel fundamental na educação e no progresso escolar de seus filhos.

Nesse contexto, a escola, por sua proximidade direta com as famílias, nasce como uma instituição social fundamental na criação de mecanismos que promovam um avanço significativo na colaboração entre escola e família. Esse engajamento é considerado fator determinante para mobilizar todos os envolvidos em uma capacidade ampliada de enfrentar e responder aos desafios sociais contemporâneos (PARO, 1997).

Dessa forma, urge-se que a escola desenvolva estratégias audaciosas para superar os obstáculos à participação comunitária, tais como: agendar reuniões em horários acessíveis à maioria dos membros da comunidade, estabelecer um conselho escolar verdadeiramente inclusivo e ativo, e identificar indivíduos dispostos e disponíveis para se envolver.

Essas ações não apenas democratizam o processo decisório, mas também transformam a participação em um catalisador vital para o sucesso escolar. Por isso, revela-se que ao integrarem efetivamente a comunidade nas decisões e atividades da escola, cria-se um ambiente dinâmico e colaborativo, essencial para enfrentar desafios e promover avanços educacionais significativos.

É evidente que identificar as razões subjacentes a essa questão não é simples, mas é alarmante que as escolas não se empenhem em buscar respostas ou soluções para um problema tão crítico quanto o impacto na aprendizagem, já que a ausência de uma participação comunitária efetiva compromete severamente o desempenho escolar.

O conceito de participação, neste contexto, é entendido como uma verdadeira partilha do poder e uma inclusão ativa na tomada de decisões (PARO, 2004). Para que a escola alcance um desempenho superior, é fundamental que a comunidade se envolva de forma significativa e engajada, transformando o cenário educacional e promovendo avanços substanciais.

É patente que tanto a comunidade quanto a escola permanecem distantes no processo decisório, e essa desconexão frequentemente decorre de fatores como a falta de tempo, desconhecimento e a ausência de uma aproximação efetiva entre gestores, professores e a comunidade.

Como argumenta Paro (1990), a verdadeira transformação só será possível se a escola adotar uma postura proativa e inclusiva em relação aos seus membros, especialmente pais e responsáveis. Desse modo, almeja-se que a instituição crie e ofereça espaços reais para diálogo e interação, promovendo uma convivência genuinamente humana e participativa, pois acredita-se que sem essas condições, a mudança será não apenas difícil, mas praticamente inviável.

Sendo assim se percebe que a escola deve ter a iniciativa para atrair a comunidade, sendo o gestor responsável para articular meios e conseguir a participação da comunidade na escola.

A indiferença da comunidade em relação às iniciativas e atividades escolares é um dos principais obstáculos para estabelecer uma verdadeira conexão. Para as instituições educacionais, o desinteresse é evidente: as reuniões escolares são frequentemente mal frequentadas, com uma presença escassa de pais e responsáveis. Notavelmente, aqueles que comparecem são frequentemente os pais cujos filhos não enfrentam problemas disciplinares ou pedagógicos. Há pais que sequer se dignam a ir à escola para buscar o boletim de seus filhos, o que torna quase impossível para a escola fomentar uma colaboração efetiva com a comunidade. Essa situação cria um abismo entre a escola e a comunidade, dificultando a implementação de estratégias conjuntas para o desenvolvimento educacional.

Como Assumpção (1993) afirma, a família é uma unidade social crucial onde se aprende a individualidade, a criatividade e a busca pela autorrealização.

Quando a escola falha em estabelecer uma conexão efetiva com a comunidade, a complexidade do trabalho escolar se exacerba drasticamente. Assim, a responsabilidade pela formação dos alunos recai exclusivamente sobre a escola, enquanto os pais se tornam cada vez mais distantes de suas obrigações. Cabe destacar que esse afastamento não apenas sobrecarrega a instituição de ensino, mas também enfraquece o suporte essencial que a família poderia oferecer, aprofundando a crise na formação integral dos estudantes.

Não obstante, quando família e instituição escolar se unem com um objetivo claro e comprometido para apoiar pedagogicamente os filhos e alunos, sejam deficientes ou não, cumprem papel relevante na promoção de um desempenho escolar excelente e de alta qualidade. Essa assertiva é respaldada por um estudo da UNESCO (2009), em parceria com o MEC, que evidencia como essa colaboração estreita reverte a singularidade do aluno em um contexto ampliado. Vários estudos, incluindo Zabalza (1998), corroboram que a interação positiva entre família e escola tem um impacto profundamente benéfico no desenvolvimento da criança, destacando a importância dessa sinergia para uma educação de excelência.

Quanto mais a comunidade resiste à participação nas atividades escolares, maiores são os obstáculos que a escola enfrenta para promover um esforço coletivo em prol de uma educação de qualidade.

Nesse contexto, levanta-se a questão: até que ponto a escola está disposta a integrar a comunidade em seu processo educativo? Sabe-se que essa questão é repleta de complexidades e controvérsias, pois a escola frequentemente acusa a comunidade de falta de engajamento, enquanto a comunidade clama por mais espaço e oportunidades dentro da instituição. Com isso, percebe-se que esse dilema não se resume exclusivamente em uma disputa de responsabilidades, mas sim em um fator crítico que pode precipitar o fracasso escolar devido à ausência de um esforço colaborativo efetivo.

Perrenoud (2000) destaca a urgência de cultivar competências específicas para engajar os pais, entre outras habilidades cruciais para professores e gestores escolares. No entanto, ele aponta que, apesar dessa necessidade premente, a formação dos profissionais de educação sobre o envolvimento das famílias tem sido alarmantemente insatisfatória.

Diante dessa realidade alarmante, torna-se inescapável a urgência de um robusto processo de capacitação para os profissionais da educação e uma conscientização profunda da comunidade. Exigindo-se que ambos, educadores e comunidade, reconheçam que a verdadeira excelência na formação não se constrói no isolamento, mas na sinergia coletiva.

Como assertivamente ressalta Diogo (1998), a integração entre escola e família não é apenas uma tendência, mas uma questão premente que está em pleno centro das atenções devido à sua visibilidade e à necessidade urgente de debate. O autor observa que na França, na Inglaterra e nos Estados Unidos, a cooperação com os pais foi elevada a um pilar central das políticas educacionais contemporâneas.

Esses países têm imergido na colaboração parental como um elemento vital para a reformulação e otimização de suas estratégias educacionais, evidenciando a magnitude e a intensidade da discussão sobre a sinergia entre escola e família.

Esse cenário força as escolas a abrirem suas portas para a comunidade, estabelecendo uma colaboração que se torna essencial para a criação de um trabalho coletivo adequado e eficaz. Todavia, os pais precisam estar a par do que ocorre com seus filhos na escola, não apenas para orientá-los e auxiliá-los quando necessário, mas também para assegurar que a formação intelectual e social das crianças seja otimizada. Com isso, percebe-se que a presença e o estímulo dos pais são elementos indispensáveis, incitando os filhos a saírem de casa com entusiasmo para aprender, impulsionando assim sua jornada educacional e sua formação integral.

Se a escola não estende um convite para a participação da comunidade, esta tem todo o direito de se indagar e se rebelar, considerando que está em jogo o futuro de seus filhos, pois a formação cidadã, que inclui habilidades essenciais como conviver, buscar, criticar e afirmar-se perante a sociedade, apresenta-se como fundamental e não pode ser negligenciada.

5 CONCLUSÃO

À luz dessas análises, fica cristalino que o gestor escolar não se limita a uma função administrativa trivial; ele desponta como o protagonista na edificação de um trabalho pedagógico de excelência. Sua responsabilidade transcende a mera administração, assumindo o papel de articulador estratégico que deve sinergicamente integrar todos os atores envolvidos, desde os membros da equipe escolar até a comunidade em geral. Ele é considerado o facilitador que une esforços e recursos, orquestrando um processo colaborativo que visa a construção de uma educação robusta e de alta qualidade, capaz de transformar profundamente a realidade escolar e comunitária.

Assim sendo, vale destacar a necessidade de reconhecer que a comunidade detém uma parcela importante de responsabilidade nesse processo, já que sem a sua colaboração ativa e engajada, o trabalho do gestor e dos professores pode se revelar infrutífero, com resultados aquém do potencial esperado.

A ausência de participação comunitária não apenas enfraquece a eficácia das iniciativas educacionais, mas também compromete a capacidade de alcançar resultados transformadores e sustentáveis. Logo, o sucesso da gestão pedagógica está intrinsecamente ligado ao comprometimento coletivo, onde cada membro da comunidade desempenha um papel vital na concretização de uma educação verdadeiramente impactante e de alta qualidade.

Neste cenário, é indiscutível que a educação contemporânea demanda uma colaboração abrangente e integrada de todos os envolvidos para viabilizar um esforço coletivo robusto e de excelência, por isso, a integração dos saberes locais, das tradições culturais e dos modos de vida únicos não pode ser negligenciada.

É uma responsabilidade compartilhada entre a escola e os pais criar um ambiente propício para a aquisição de conhecimento e para o desenvolvimento social e a inovação científica. Sem essa sinergia, a formação dos alunos se torna limitada, comprometendo a qualidade do processo educativo e a capacidade de gerar um impacto significativo na formação integral dos estudantes.

Com essa perspectiva, sugere-se que se eduque os alunos para compreenderem que, embora a escola possa ser um espaço de recreação e lazer, seu propósito fundamental transcende o entretenimento, visto que o cerne da educação reside na aprendizagem profunda e na formação integral do aluno como cidadão crítico e atuante. Nesse sentido, os estudantes precisam internalizar que a escola é o epicentro onde se forjam habilidades essenciais para a cidadania e o desenvolvimento pessoal, e não apenas um local de diversão passageira.

Fundamentado nas análises dos autores mencionados, é evidente que o tema tem sido amplamente debatido entre educadores. Contudo, o que se exige agora é uma ação concreta, já que os estudos revelam que a escola e a comunidade são os pilares na formação dos alunos.

Assim sendo, torna-se imprescindível que ambos se mobilizem tanto para implementar as ideias discutidas quanto para exigir do Estado a infraestrutura necessária para concretizá-las. Desse modo, entende-se que a articulação e a pressão conjunta são essenciais para transformar o potencial teórico em resultados tangíveis, garantindo que as propostas educacionais se traduzam em práticas eficazes e impactantes.

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