EMPREENDEDORISMO LGBTQIA+: UMA REVISÃO DE LITERATURA NA PLATAFORMA PERIÓDICOS CAPES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202409260856


Jorge Túlio Barroso Morais1;
Myriam Angélica Dornelas2;
Danielle Nunes Valadão3;
Juliano Mendonça Terra4


RESUMO: 

O artigo explora o empreendedorismo na comunidade LGBTQIA+, destacando sua crescente relevância acadêmica e empresarial. O empreendedorismo tem um papel crucial no desenvolvimento econômico e social, e sua importância se reflete nas várias tipologias que surgiram, incluindo o empreendedorismo LGBTQIA+, que ainda é um campo com poucos estudos. O objetivo principal da pesquisa foi revisar sistematicamente a literatura disponível na Plataforma Periódicos CAPES sobre o tema, com foco em identificar como a comunidade LGBTQIA+ tem sido retratada em estudos acadêmicos. A revisão visa entender melhor o impacto do empreendedorismo LGBTQIA+ como alternativa de carreira e analisar categorias relacionadas à identidade, desigualdade de gênero e questões de gênero nos sistemas sociais. A pesquisa ressalta a necessidade de compreender os desafios enfrentados por essa minoria e a evolução do tema na literatura científica.

Palavras-chave: empreendedorismo, LGBTQIA+, minorias, empreendedorismo, diversidade, inclusão, 

1 INTRODUÇÃO

Analisando o cenário atual, nota-se que o empreendedorismo vem se destacando cada vez mais, tornando-se um tema bastante abordado junto às comunidades acadêmicas e empresariais nos últimos tempos. Com a rápida mudança do desenvolvimento das organizações e perante as adversidades de um mercado em crescente processo de transformação, nota-se a importância do empreendedorismo no desenvolvimento econômico, local e também no desenvolvimento social dos indivíduos. 

Segundo a Global Entrepreneurship Monitor – GEM (BOSMA et al., 2021), os empreendedores, no Brasil, chegam a uma estimativa de 43 milhões de pessoas entre 18 e 64 anos que possuíam e/ou implementaram alguma ação empreendedora no ano, almejando um futuro empreendimento. Nesta pesquisa, o Brasil mostrou um aumento de 8,7% em 2020 para 9,9% em 2021, levando um avanço do 13° para o 7° lugar no ranking mundial de empreendedores estabelecidos, dentre os 50 países considerados na pesquisa, ou seja, empreendedores com 3,5 anos ou mais de operação. Por outro lado, os empreendedores iniciantes, ou seja, aqueles com menos de 3,5 anos de atuação, têm-se os homens representando 54,4%, enquanto as mulheres, 45,6% da pesquisa. Dentro desse mesmo número, 62% têm entre 25 e 44 anos, e além de menos da metade (47%) têm o ensino médio completo.

O empreendedor pode ser compreendido como “aquele que assume riscos e começa algo novo” (DORNELAS, 2001, p. 27), sendo que as principais particularidades desse termo envolvem a ação e a capacidade de usar os recursos disponíveis de forma criativa. Os estudiosos de economia compreendem que o empreendedor é fundamental no recurso de crescimento econômico, e em suas convicções estão considerando as ideologias dos valores da sociedade, em que são indispensáveis os comportamentos individuais dos seus elementos. Por isso, levantamentos sobre os tipos de empreendedorismo são pautados e recorrentes atualmente. 

Desde a criação do termo empreendedorismo, diferentes tipologias também foram desenvolvidas, tais como empreendedorismo feminino, empreendedorismo social, intraempreendedorismo, empreendedorismo digital, entre outros, relacionando o empreendedorismo aos diversos grupos que o promovem. Cada tipologia empreendedora tem o foco em determinado público-alvo ou é promovida por algum grupo específico, que pode ser, inclusive, representado por minorias. No grupo das minorias, existem os grupos marginalizados, que são aqueles que, de algum modo, não se encaixam nos padrões ditados pela sociedade em que se vive. Em vários momentos da história, foi possível analisar a intolerância que certos grupos vivenciaram, sendo por causa da etnia, raça, gênero ou sexualidade (GARDBERG; NEWBURRY, 2013; WILLIAMS; HORODNIC, 2015). Dentro dos grupos marginalizados, estão as Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queers, Intersexuais, Assexuais e o +, que inclui outras identidades de gênero e orientações sexuais que não se encaixam no padrão cis-heteronormativo (LGBTQIA+), devido à sua orientação sexual fora dos padrões definidos pela sociedade.

Por se tratar de um grupo incipiente, pode-se analisar que carece de estudos referentes à temática sobre o empreendedorismo das minorias, sendo mais preciso da comunidade LGBTQIA+. Sendo assim, estudos que mostrem o que vem sendo estudado pela academia relacionado ao empreendedorismo LGBTQIA+ tornam-se relevantes, e a revisão sistemática da literatura se mostra uma importante ferramenta para se conhecer melhor tal temática. Diante disso, o presente estudo teve como problemática a seguinte questão norteadora: como a temática empreendedorismo LGBTQIA+ foi abordada em artigos publicados na Plataforma Periódicos CAPES? Este estudo se justifica pela indiscutível necessidade de se compreender os motivos que impulsionam essa minoria a levar o empreendedorismo como uma alternativa possível de carreira. Portanto, torna-se viável realizar um levantamento sobre o tema, pois foi possível perceber que esses estudos se justificam pela aglutinação do que já foi estudado sobre o assunto, com vistas a compreender melhor a evolução do tema a partir dos estudos e pesquisas acadêmicas. O presente estudo teve como objetivo geral revisar sistematicamente o que há na literatura brasileira e internacional, na Plataforma Periódicos CAPES, a respeito dos principais estudos sobre o empreendedorismo da comunidade LGBTQIA+. Especificamente, buscou apresentar caracterização geral dos artigos selecionados com relação às suas classificações Qualis CAPES e Fator de Impacto, metodologias adotadas e ano de publicação e analisar as categorias que foram criadas (identidade de papéis, desigualdade de gênero e questões de gênero em nível de sistemas) a partir do conteúdo dos artigos selecionados para análise.

2 EMPREENDEDORISMO

Mencionado inicialmente em 1725 pelo economista irlandês Richard Cantillon para intitular o “indivíduo que assume riscos”, o termo “entrepreneur”, que carrega o sentido de intermediário, que se encontra no centro ou meio, deu início à palavra empreendedor (GONÇALVES; BARBOSA, 2021). A concepção de empreendedor seguiu mudando ao passar dos anos, de acordo com o caminhar das transformações da sociedade (GONÇALVES; BARBOSA, 2021). Hoselitz (1951) explica que a narrativa das palavras retrata a história das instituições e costumes. Quando aparece uma palavra nova ou simplesmente uma palavra velha ganha um significado novo, quer dizer que a evolução social ocasionou tal acontecimento, de maneira a expressar uma nova realidade. 

Com o passar dos tempos, os termos empreendedor e empreendedorismo foram classificados por vários autores, acompanhando e apontando a importância, o diferencial e a relevância do empreendedorismo nos impactos de mudanças do mundo. Observando o empreendedor pelo ponto de vista teórico, têm-se cinco vertentes que o colocam como indivíduo transformador do meio, sendo elas a vertente econômica, inovação, da psicologia, sociologia e sociologia econômica (VALE, 2014). 

Na vertente econômica, segundo Vale (2014), para Cantillon, o empreendedor é aquele que assume algum tipo de risco relacionado a um empreendimento, e Knight reintegrou proposições de Cantillon em relação ao risco, sendo um dos economistas pioneiros a fazer uma diferenciação entre o risco e a incerteza. Na vertente inovação, Schumpeter (1991, p. 412)1 apud Vale (2014) menciona que o papel do empreendedor seria o de “fazer novas coisas ou de fazer as coisas que já vinham sendo feitas de novas maneiras”. Para Marshall (1972)2 apud Vale (2014), os empreendedores são causadores dos métodos de produção e distribuição de produtos, como também os líderes da oferta e da demanda do mercado, sendo capazes de gerar inovação e progresso à medida que exploram novos caminhos. Na vertente da psicologia, o trabalho de MacClelland (1969)3 apud Vale (2014) estudou as características psicológicas que levam um indivíduo ao empreendedorismo. Segundo MacClelland (1969, p. 277) apud Vale (2014), “a lente da psicologia permitiu definir tal tema de maneira muito mais precisa e encontrou maneiras de medi-lo”, e após testes empíricos, mostrou-se que indivíduos empreendedores apresentam uma estrutura motivacional distinta. 

A vertente sociológica Kilby (1971)4 apud Vale (2014) fala que Schumpeter e Weber descrevem o empreendedor como um sujeito que aparece na economia tradicional e desencadeiam o processo revolucionário de destruição criativa. No entanto, Weber (1958)5 apud Vale (2014) declara que a alma do sucesso competitivo do empreendedor é sua capacidade de inovação, quando busca racionalizar todos os aspectos de seu empreendimento. Já Trigilia (2002, p. 58) fala sobre os empreendedores como um “estrato social mais baixo e não possuem muito capital, dependendo sempre de empréstimos de parentes”. De acordo com Pescosolido e Rubin (2000), para Simmel, o empreendedor é tratado como um agente excluído da sociedade. Jones e Wadhwani (2006) retratam que apenas o status de grupo minoritário não seria capaz de impulsionar o empreendedorismo, e Hoselitz (1957)6 apud Vale (2014) discorre que, em um grupo de pessoas com interesses em comum, o processo de evolução e desenvolvimento econômico ocorre quando a função do empreendedorismo se encontra devidamente institucionalizada.

Sobre a vertente da sociologia econômica, Schumpeter (1971)7 apud Vale (2014) notou as fraquezas da abordagem econômica, analisando de forma mais ampla o fenômeno, e Macdonald (1971, p. 8) diz que “a teoria econômica deveria ser inserida em uma sociologia econômica ou teoria social capaz de prover critérios de avaliação do significado relativo de variáveis econômicas e não econômicas”. A sociologia econômica moderna teve origem com os trabalhos de Granovetter (1985, 2007, 2005), que realizou tal junção. E Granovetter (1973) traz as teorias de Simmel (1955)8 apud Vale (2014) observando o empreendedor como um indivíduo que correlaciona e interage com diferentes grupos ou redes sociais. 

Segundo Mello et al. (2010), pesquisas envolvendo empreendedorismo no Brasil aumentaram a partir de 1990, e a divulgação dos trabalhos nos Encontros Nacional de Pós-Graduação e de Pesquisa em Administração (ENANPAD) foi estruturada a partir dos anos 2000. Vários autores até aquele momento criticam que ainda não foi estudada uma teoria específica sobre o fenômeno do empreendedorismo (GREBEL; PYKA; HANUSCH, 2001), havendo muito ainda a se pesquisar e compreender sobre essa atividade.

Mesmo não sendo fundamentado pela Constituição do Brasil de 1988 (BRASIL, 1988) e muito menos pela Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1998 (BRASIL, 1998), sobre as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), mas que requer imensa importância, uma perspectiva fundamental é a carência das entidades governamentais, instituições de ensino e de pesquisas viabilizarem gratuita e intensivamente o ensino e aprendizado na área de empreendedorismo (NASSIF et al., 2012).

A teoria comportamentalista diz respeito aos especialistas do comportamento humano: psicólogos, psicanalistas, sociólogos, entre outros, e o propósito desta abordagem do empreendedorismo foi de acrescentar o conhecimento sobre motivação e comportamento humano. Um dos pioneiros deste grupo a se interessar pelo assunto foi Max Weber, que percebeu o sistema de valores como um componente indispensável para o esclarecimento do comportamento empreendedor, enxergando os empreendedores como inovadores, independentes, cujas atribuições de liderança nos negócios induziam a uma fonte de autoridade formal (GOMES, 2017). No entanto, o autor que de fato iniciou a contribuição com estudos sobre o comportamento foi David C. McClelland, que foi fundamental para essa área e destacou o papel dos homens de negócios na sociedade e suas colaborações para o desenvolvimento econômico. McClelland centraliza sua atenção sobre o desejo como uma força realizadora controlada pela razão (GOMES, 2017). É importante salientar que os autores da teoria comportamentalista não se opuseram às teorias dos economistas, e sim acrescentaram as características dos empreendedores (GOMES, 2017).

2.1 Empreendedorismo LGBTQIA+ e outras vertentes 

 A diversidade é uma das temáticas mais discutidas atualmente. No entanto, a falta de inclusão e possibilidades para o público LGBTQIA+ ainda é algo debatido e vivenciado por essa minoria. A discriminação se estende ao acesso às vagas de emprego ou até mesmo à falta de oportunidade de crescimento dentro da organização aos homossexuais declarados (SOUZA, 2020). Sousa (2016, p. 36) afirma que “em nosso dia a dia as oportunidades de trabalho e renda são desiguais, e muitas vezes, injustas, principalmente se levarmos em conta a situação das minorias LGBT, que, por não conhecerem seus direitos, sofrem por não terem acesso ao mercado de trabalho”. 

O ser humano propende a ver sua sexualidade e seu gênero como algo fixo, biológico, uma construção social baseada em diferenças físicas, ao invés de algo biológico ou natural (BREWIS, HAMPTON; LINSTEAD, 1997). Butler (2004) reforça que as pessoas não nascem homens ou mulheres, assim como, para Foucault (2009), os seres humanos não nascem indivíduos; tornam-se indivíduos a partir das relações de poder. 

A sigla Lésbica, Gay, Bissexual e Transexual (LGBT) foi validada na I Conferência Nacional Gay, Lésbica, Bissexual, Transexual (GLBT), solicitada pelo Governo Federal na gestão Lula, ocorrida em junho de 2008, após excessivos debates. Vale salientar que a sigla já adotou outras formas no passado, como GLBT e Gay, Lésbica e Simpatizantes (GLS) e que, mesmo após o consenso construído na I Conferência, alguns optam por usá-la sob outras formas, de modo a contestar uma suposta hierarquia contida na atual sigla ou a ausência de outras identidades como as intersexuais, por exemplo. 

Atualmente, LGBTQIA+ é um acrônimo que engloba lésbicas, gays, bissexuais, pansexuais, casais do mesmo gênero, transgêneros, não binários, sem gênero, gênero queer, gênero fluido, Two Spirit, gênero binário, pangênero, gênero não conforme, variante de gênero, intersexual, assexual, arromântico e identidades emergentes, bem como identidades cruzadas, como raça, etnia, nacionalidade, status de imigração, gênero, classe, deficiência, religião e espiritualidade (BAZARSKY et al., 2022). Segundo a UFSC Diversifica (2021) o movimento, ao longo dos anos busca dar visibilidade para incluir pessoas das mais diversas orientações sexuais e identidades de gênero. Por isso, a sigla cresce a cada ano, assim como espera-se que cresça o entendimento e o respeito. Logo, a ampliação da sigla atualmente pode constar as letras P e N também, sendo então a sigla LBTQIAPN+. A letra P se refere aos Pansexuais, que são pessoas que possuem atração sexual/romântica por pessoas independentemente do sexo ou gênero das mesmas. E a letra N identifica os Não-binárie, que são pessoas que não se identificam no padrão binário de gênero. A não-binariedade é um termo guarda-chuva, e engloba as identidades e expressões de gênero que fogem ao binarismo, como por exemplo agênero, gênero fluido, entre outros. O símbolo de mais é usado para identificar respeitosamente as identidades além das letras mencionadas na sigla e dentro e fora dos binários (BAZARSKY; MORROW; JAVIER, 2015). O símbolo de adição também pode reconhecer o profundo impacto que o HIV/AIDS teve, e continua a ter, na comunidade, sendo frequentemente associado à palavra “positivo”, que é uma abreviação de ser HIV positivo (BROSTER, 2020).

É importante observar que a discriminação aumenta a probabilidade de trabalhos autônomos, por exemplo, os trabalhadores LGBT exibem uma preferência maior pelo trabalho autônomo quando a discriminação baseada na orientação sexual se torna mais prevalente no trabalho assalariado (CONTI; KACPERCZYK; VALENTINI, 2022). Segundo uma pesquisa sobre o empreendedorismo LGBT nos Estados Unidos, dentre os empreendedores LGBT entrevistados, apenas 6% relataram que a construção de um ambiente de trabalho inclusivo foi o principal motivo para iniciar seu próprio negócio, e a motivação não foi significativamente afetada pelo gênero, com 64% dos gays e 68% das lésbicas escolhendo “paixão pela oportunidade” como a principal motivação, e “ser o próprio chefe” aparecendo como a segunda resposta mais popular para cada um (DEUTSCH et al., 2016). 

Dados nos EUA mostram que jovens LGBT tendem a migrar para estados com maiores níveis de tolerância à diferença, onde os estados como Arizona, Flórida, Geórgia, Missouri, Novo México, Pensilvânia, Carolina do Sul e Tennessee perderam a maioria ou todos os aspirantes a empreendedores LGBT pouco antes de essas pessoas estabelecerem suas empresas (DEUTSCH et al., 2016). Esses jovens empreendedores LGBT se mudaram para os estados da Califórnia e Nova York, e foi observado o impacto desses estados na geração de empregos, em que 2,8 milhões de pessoas possuem empregos criados por empreendedores LGBT entre 2005 e 2014, o que mostra que, neste período, mais de 1.000.000 de empregos deixaram Estados discriminatórios em favor de Estados inclusivos (DEUTSCH et al., 2016).

No entanto, é importante ressaltar o papel das leis na proteção e incentivo de pessoas LGBTQIA+, que, além da defesa dos direitos humanos, trazem benefícios para a própria economia. Nguyen, Kecskés e Mansi (2020) demonstram que as leis antidiscriminação LGBT aumentam a relação de caixa de uma empresa em 3%. Estudos mostram maiores efeitos econômicos com a aplicação de leis de proteção das minorias, e tais efeitos são ainda maiores quando se consideram as iniciativas pró-LGBT ao nível de empresa (CONTI; KACPERCZYK; VALENTINI, 2020). Outro exemplo é um índice de igualdade corporativa, que mede o nível de diversidade da orientação sexual, aumentando a sua valorização do mercado de ações em 16% e a produtividade dos funcionários em 4 % (WANG; SCHWARZ, 2010; SHAN; FU; ZHENG, 2017). Além disso, há evidências diretas de que as iniciativas corporativas pró-LGBT aumentam a atratividade do local de trabalho mesmo entre trabalhadores não pertencentes a minorias (DAY; SCHOENRADE, 2000).

Existem boas razões pelas quais o empreendedorismo minoritário deve ser estudado, em que a política criada deve ser adaptada e direcionada de forma mais adequada e entregue às minorias depois de ter sido informada por pesquisas robustas (GALLOWAY, 2007). Tendo em vista que o empreendedorismo é um fenômeno heterogêneo, os estudos sobre empreendedorismo minoritário contribuem para a compreensão da diversidade, em oposição à universalidade, entre empreendedores e empreendedorismo (GALLOWAY, 2007). 

3 METODOLOGIA

Para a construção do arcabouço teórico do presente trabalho, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, que, segundo Oliveira (2002), é aquela pesquisa que tem como objetivo principal identificar as inúmeras formas de colaboração científica sobre assuntos específicos ou fenômenos. Diante disso, a pesquisa bibliográfica do presente estudo englobou o levantamento sobre a temática empreendedorismo e também sobre o empreendedorismo LGBTQIA+ (e suas vertentes) diretamente em livros, artigos, dissertações, teses e relatórios de instituições que estudam o assunto, tais como: Universidade de Chicago – EUA, Universidade Heriot-Watt – UK, Erasmus Mundus Master of Artes Euroculture, Open for Business, Instituto Ethos, Universidade da Columbia e Raliance. 

Para o desenvolvimento dos resultados deste estudo, efetuou-se uma revisão sistemática da literatura, com vistas a identificar e analisar os principais estudos sobre o empreendedorismo da comunidade LGBTQIA+. A revisão sistemática da literatura vai além da pesquisa bibliográfica; ela propõe trazer ao conhecimento um resultado ou um esclarecimento de um problema antes definido, e, para tanto, deverão ser seguidos alguns procedimentos, definidos e reconhecidos pela comunidade científica (GARCIA, 2016). Já a revisão bibliográfica é a fundamentação teórica, o que se sabe sobre o assunto até o momento, o estado da arte, sendo extremamente importante que toda e qualquer pesquisa apresente a sua (GARCIA, 2016). A revisão sistemática é um método dentro de sistematizações de literatura que tem como objetivo criar modelos teóricos e proposições de pesquisa sobre um específico tema. Possui natureza qualitativa e é utilizada principalmente para analisar, de maneira densa e reflexiva, um determinado tema e elaborar modelos analíticos e proposições teóricas (CHUEKE; AMATUCCI, 2022). Portanto, a revisão sistemática cria um protocolo de pesquisa, com parâmetros próprios do levantamento realizado, sendo padronizada, o que vai além do que é feito na pesquisa bibliográfica.

A coleta de dados do presente trabalho foi realizada no dia 07 de junho de 2022 por meio de uma pesquisa na plataforma Periódicos CAPES, com os termos (descritores): empreendedorismo LGBTQIA+ e entrepreneurship LGBTQIA+, nos idiomas português e inglês. Desta pesquisa, obtiveram-se 44 (quarenta e quatro) trabalhos identificados a partir do termo de busca, e todos os resultados foram verificados individualmente. Para o refinamento da pesquisa, o seguinte protocolo de pesquisa foi criado, com vistas a se estabelecer o parâmetro de escolha dos artigos e os parâmetros de exclusão:

  • Parâmetro de escolha dos trabalhos resultantes do protocolo: leitura minuciosa do resumo de cada trabalho. Necessário ter o foco em empreendedorismo e qualquer uma das letras de LGBTQIA+ inseridas no estudo.
  • Após a leitura de cada resumo, se os termos empreendedorismo e comunidade LGBTQIA+ (podendo o artigo encontrado ser referente a qualquer uma das letras) não aparecem no artigo, ele será excluído. 
  • Se o artigo não tem como foco o tema, foi excluído. 
  • Excluídos quaisquer trabalhos que não sejam artigos de periódicos/revistas (podendo-se excluir TCC, dissertação, tese, monografia de especialização, artigos de evento e livros).
  • Exclusão de artigos repetidos na mesma plataforma.
  • Exclusão de artigos que não sejam completos ou que não abram ou a página não mais disponível.

Dessa forma, foram selecionados 9 artigos em português e 7 artigos na língua inglesa, após refinamento com aplicação do protocolo de pesquisa com parâmetro de escolha e exclusão.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esta seção apresenta os resultados obtidos a partir da revisão sistemática da literatura realizada sobre o empreendedorismo LGBTQIA+. A partir do protocolo de pesquisa criado, a busca na Plataforma Periódicos CAPES resultou ao todo em 16 artigos para análise, sendo 9 em português e 7 em inglês. O Quadro 1 exibe a relação dos trabalhos que foram escolhidos neste estudo.

Quadro 1 – Resultado do protocolo Periódico CAPES 

AutoresResumo
Conti, Kacperczyk e Valentini (2021)As leis que protegem os grupos tradicionalmente oprimidos da discriminação no local de trabalho afetam a propensão dos trabalhadores a deixar a empresa e iniciar um empreendimento empresarial. Este estudo mostra mudanças legislativas que proíbem a discriminação contra membros da comunidade LGBT no mercado de trabalho têm um duplo efeito sobre o empreendedorismo.
Maragni et al. (2021)Este artigo parte da análise da experiência de duas empresas brasileiras que atuam na promoção da saúde mental, com o objetivo de fornecer aos trabalhadores da economia solidaria ferramentas para participar ativamente das discussões sobre decisões financeiras e contábeis.
Jardine(2022)A Ad Age reconheceu e celebrou as mulheres na indústria de publicidade e marketing por décadas.
Lwamba et al. (2021)Esta revisão baseia-se no mapa de lacunas de evidências (EGM) da 3ie (iniciativa internacional para avaliação de impacto) da base de evidências de avaliação de impacto e revisão sistemática (SR) de intervenções com o objetivo de promover sociedades pacíficas e inclusivas em contextos frágeis.
Lwamba et al. (2022)O objetivo desta revisão foi sintetizar o conjunto de evidências em torno de intervenções específicas e transformadoras de gênero destinadas a melhorar o empoderamento das mulheres em contextos frágeis e afetados por conflitos com altos níveis de desigualdade de gênero.
Irigaray et al.  (2021)O objetivo deste estudo foi revelar como os refugiados que vivem no Brasil percebem a macrodinâmica da sociedade local e como sua resposta a ela varia de acordo com seus diferentes perfis psicodemográficos.
Sims et al. (2022)A diversidade de pessoas, habilidades e educação contribui para o setor agroalimentar e como o fomento dessa diversidade pode ajudar a resolver alguns dos grandes desafios enfrentados em 2021 e além.
Domalewska, (2021)Neste artigo, examinaram a relação entre o ambiente escolar, características individuais e familiares na formação das percepções dos alunos sobre um ambiente de aprendizagem seguro.
Yan (2022)O IW Group, que historicamente se concentrou em atingir o público asiático, está se expandindo para atingir grupos demográficos mais amplos com estratégias que continuam a atingir os consumidores asiáticos.
Souza et al. (2021)Objetivou-se analisar as potencialidades do conhecimento produzido nas ciências administrativas para alterações qualitativas nas relações entre homens e mulheres, relações sociais que atualmente são de opressão.
Liberali, Mazuchelli e Modesto-Sarra (2021)Propõe ir além da compreensão das injustiças e desigualdades da realidade, buscando superá-las como parte da proposta pedagógica.
Pizolati e Alves (2021)O artigo investiga as razões para a mudança de ênfase nas propostas pedagógicas brasileiras em dois momentos históricos: entre os anos 1920 e 1930 e entre os anos 1990 e 2010.
Scabin (2021)O artigo propõe a análise do discurso de reportagens que visibilizam minorias de gênero e sexuais publicadas em três jornais de referência brasileiros (O Estado de S. Paulo, O Globo e Folha de S.Paulo) entre 1978 e 2018.
Araújo, Bassi e Pinto (2022)O artigo analisa, de forma qualitativa, utilizando a análise de discurso francesa, a comunicação criminosa de radialista no interior do Pará, em Rondon do Pará, na Amazônia Oriental, na emissora de Rádio Comunitária Mais FM, a partir da exposição homofóbica do contexto do primeiro beijo gay no Programa televisivo Big Brother Brasil 2021, entre dois protagonistas homens.
Alonso (2022)A alternativa de formação de profissionais de saúde em medicina de família e de comunidade como outro paradigma para a assistência universal, equitativa e integral dos serviços de saúde, nos marcos da luta anticapitalista.
Ferretti e Souza (2022)O modelo biomédico vigente seria mais uma forma de necropolítica? Os pressupostos do necropoder tratados por Achille Mbembe podem dialogar com essa perspectiva.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2022.

A maioria das questões relacionadas com o gênero que os empreendedores sociais procuraram abordar centrava-se na saúde mental e direitos sexuais e reprodutivos. Isso é consistente com o corpo mais amplo de estudos sobre gênero e saúde, onde há uma concentração de pesquisas em direitos LGBTQIA+ (LOPES et al., 2019). 

Na Tabela 1, pode-se observar a classificação Qualis da CAPES e o Fator de Impacto das revistas utilizadas neste estudo, quando aplicável.  

Tabela 1 – Classificação Qualis CAPES e Fator de Impacto das revistas utilizadas neste trabalho

RevistaQuantidadeClassificação QualisFator de Impacto
Strategic Management Journal7.815
Innovar1B3
AdAge2
Campbell Systematic Reviews22.740
Cadernos EBAPE.BR2A2
Journal of Chemical Technology & Biotechnology1A33.709
Journal of Human Security1B10.420
Revista Eletrônica de Ciência Administrativa1B1
Revista de Estudos em Educação e Diversidade-REED1
EccoS–Revista Científica1A3
Revista FAMECOS1A2
Brazilian Journal of Development1B2

– Não foi encontrada classificação Qualis CAPES ou Fator de Impacto.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2022.

Dos 16 artigos utilizados no presente trabalho, oito apresentam Qualis CAPES, sendo eles A2, A3 e B1, com dois artigos cada; B2 e B3 com um artigo cada; e apenas três artigos apresentam fator de impacto. Este resultado mostra que ainda há uma lacuna de pesquisas acerca do tema estudado.

No Quadro 2, estão sumarizadas as metodologias de 15 trabalhos que foram publicados em formato de artigo padrão, excluindo-se as publicações em formato de matérias. 

Quadro 2 – Metodologia adotada nos artigos

AutoresMetodologia
Conti, Kacperczyk e Valentini (2021)Para examinar o impacto da legislação antidiscriminação laboral sobre o empreendedorismo, os autores utilizaram uma metodologia de diferenças em diferenças com base nos 15 “tratamentos” ocorridos entre 1980 e 2006, utilizando a unidade de análise e o estado-ano.
Maragni et al. (2021)Neste estudo de caso, a análise foi orientada por um referencial de pesquisa-ação, seguindo as etapas: selecionar um foco; coletar dados; analisar e interpretar dados; tomar uma atitude; refletir; continuar/modificar. Neste estudo de caso, nosso objetivo inicial foi analisar a experiência de dois SEV – O Bar Bibitantã e Ponto Benedito de Economia Solidária e Cultura-envolvendo indivíduos com doenças mentais e trabalhadores e pesquisadores de saúde mental.
Lwamba et al. (2021)Foi realizada uma revisão sistemática de literatura (RS). A revisão também foi baseada nos conceitos de avaliação de impacto baseada em teoria e teoria baseada em RSs.
Lwamba et al. (2022)Foi realizada uma revisão sistemática de literatura (RS). A revisão também se baseou nos conceitos de avaliação de impacto (AI) baseada em teoria e RS. Também foram coletadas evidências qualitativas dos estudos para avaliar os fatores que determinam ou dificultam a eficácia das intervenções usando uma combinação de síntese qualitativa e análise de metarregressão.
Irigaray et al.  (2021)Para coletar os dados para esta pesquisa, foi mobilizado um grande grupo de partes interessadas: ONGs, Igreja Católica, MSF, organizações intermediárias, sociedades civis, bem como comunidades de refugiados e requerentes de asilo. As entrevistas foram transcritas e submetidas à Análise Crítica do Discurso, paradigma estabelecido dentro da linguística que adota uma dimensão crítica sobre a linguagem, considerada determinante para a transformação social e para a compreensão do modo como e práticas ideológicas são produzidas, reproduzidas e naturalizadas.
Sims et al. (2022)Neste trabalho, foi explorada a diversidade de pessoas, habilidades e educação que contribuem para o setor agroalimentar e como o fomento da diversidade pode ajudar a resolver alguns dos grandes desafios enfrentados em 2021. Foi realizado levantamento de dados a partir do censo e base de dados do Reino Unido.
Domalewska, (2021)A Pesquisa de Ambiente de Aprendizagem Segura foi projetada para avaliar as percepções dos alunos sobre o impacto do ambiente escolar e as características individuais no ambiente de aprendizagem. A pesquisa foi desenvolvida com base em pesquisas realizadas anteriormente. Estatísticas descritivas foram usadas para descrever os entrevistados e relatar os resultados das respostas dos entrevistados às perguntas da pesquisa.
Souza et al. (2021)Foi realizado um levantamento bibliométrico sobre a temática “mulher” no campo da Administração e posterior análise de aspectos qualitativos dos textos. Foi encontrado um corpus analítico distribuído por subárea e abordagem, o que possibilitou a emersão das categorias analíticas “maternidade e cuidado do lar” e “feminilidade versus masculinidade”.
Liberali, Mazuchelli e Modesto-Sarra (2021)Para este trabalho, foram analisados o planejamento, trocas via WhatsApp e a videogravação de um encontro realizado virtualmente durante a pandemia de Covid-19 pelo Projeto Brincadas, que tematizou a realidade, a luta e o orgulho LGBTQIA+.
Pizolati e Alves (2021)Este artigo investiga as razões para a mudança de ênfase nas propostas pedagógicas brasileiras em dois momentos históricos: entre os anos 1920 e 1930 e entre os anos 1990 e 2010. Para isso, procede-se à análise de fontes como a I Conferência Nacional de Educação (1927), o Manifesto dos Pioneiros (1932) e, para o período contemporâneo, leis e decretos nacionais (1996-2018).
Scabin (2021)Foi realizada a análise do discurso de reportagens que visibilizam minorias de gênero e sexuais publicadas em três jornais de referência brasileiros: O Estado de S. Paulo, O Globo e Folha de S. Paulo entre 1978 e 2018. 
Araújo; Bassi; Pinto (2022)Neste artigo, foi realizada uma analisa qualitativa, utilizando a análise de discurso francesa, da comunicação criminosa de radialista no interior do Pará, em Rondon do Pará, na Amazônia Oriental, na emissora de Rádio Comunitária Mais FM, a partir da exposição homofóbica do contexto do primeiro beijo gay no Programa televisivo Big Brother Brasil 2021, entre dois protagonistas homens.
Alonso (2022)Neste artigo, foi realizado um levantamento de dados e discussão propondo um debate sobre alguns aspectos da normatividade branca cisheteronormativa, como modelo para a prática orientadora na formação de recursos humanos em saúde. 
Ferretti e Souza (2022)Este trabalho foi estruturado para mostrar como os discursos que circulam sobre empreendedorismo têm caráter normalizador, sustentados pela lógica da heteronormatividade. São apresentadas possíveis abordagens teóricas que permitam uma compreensão ampliada sobre as identidades empreendedoras, ao enxergar o empreendedorismo como algo inacabado, fluido, por meio da análise das práticas do empreender.

Fonte: Elaborado pelos autores, 2022.

Dos trabalhos analisados, 8 fazem uma revisão sistemática de literatura e procedimentos bibliométricos. Com relação à coleta dos dados, 12 trabalhos foram selecionados com base em dados secundários, e 3, em dados primários, mostrando a importância da revisão sistemática de literatura na construção das bases para o conhecimento, principalmente sobre assuntos pouco estudados. Todavia, é importante destacar a baixa quantidade de trabalhos que buscaram a informação direto na fonte, com o uso de dados primários.

Foram publicados 1 artigo em 2019, nenhum em 2020, 10 artigos em 2021 e 7 em 2022. Embora tenha sido utilizado um protocolo de pesquisa para seleção dos artigos para este trabalho, que não se restringiu a nenhum período de tempo para análise, ou seja, não teve recorte temporal, observa-se que este tema foi pouco abordado ou não abordado em publicações anteriores a 2019, sendo um tema atual e que tem muito a ser trabalhado, o que mostra a importância desta pesquisa.

4.1 Categorias

Os artigos analisados foram divididos em três categorias. Todos os artigos (n = 16) posicionaram o gênero como foco principal, onde a dinâmica de gênero, como diferenças relacionadas a gênero nos resultados de empreendedorismo, desigualdades de gênero e questões de gênero em nível de sistemas (contexto, normas, barreiras legais etc.), foi central para os objetivos dos artigos.

4.1.1 Identidade de papéis

O tema Papéis e Identidade apresenta pesquisas que examinam como a identidade de uma pessoa influencia as relações com o trabalho. Este tema inclui trabalhos principalmente nas disciplinas de empreendedorismo. Emergiram três subtemas: a construção e manutenção de identidades de papéis, como as identidades individuais influenciam os resultados individuais do trabalho e o conceito de identidade empreendedora.

Vários artigos (oito artigos) examinaram a construção e manutenção de identidades de papéis, que são influenciadas por fatores internos e situacionais. Por exemplo, Souza et al. (2021) examinam como as mulheres mantêm sua identidade de administradoras, apesar das dificuldades de sacrifício, responsabilidade e autocuidado. Lwamba et al. (2022) examinam o empoderamento das mulheres como atoras de paz e mostram que, embora as organizações possam impor mudanças nas políticas destinadas a alterar os papéis profissionais, as preocupações com a identidade profissional e os conflitos inter e intraprofissionais podem restringir a promulgação de novos papéis. Em suma, esta literatura demonstra que a construção e a manutenção de identidades de papéis resultam de uma complexa interação de fatores individuais e situacionais onde os indivíduos desenvolvem e negociam identidades de papéis dentro de si e com os outros.

As identidades de função também são importantes para moldar os resultados individuais do trabalho. Por exemplo, as identidades de função podem permitir que os indivíduos enfrentem desafios e melhorem o desempenho. Maragni et al. (2021) destacam como as experiências passadas influenciam a relação entre identidade e trabalho e mostram que os recém-chegados com diversas experiências se ajustaram melhor e mostraram que o acúmulo de identidade de papéis em ambientes de trabalho flexíveis e a aceitação da própria identidade pelos outros têm um impacto direto na redução do estresse no trabalho. 

Conflito ou tensão podem surgir quando as identidades são desafiadas. Por exemplo, trabalhadores migrantes que se mudaram de ambientes rurais para urbanos experimentam maior tensão de papel quando mantêm sua identidade rural e são mais propensos a deixar o emprego quando há falta de apoio de supervisão (IRIGARAY et al., 2021).

Yan (2022) destaca uma “vantagem de identidade de papel” por meio da qual empreendedores mais experientes evitam ser excessivamente cativados por uma identidade de papel situacionalmente saliente (por exemplo, o empresário), distraindo-os dos principais objetivos de desenvolver ideias novas e comercialmente viáveis. Ferretti e Souza (2022) concluíram que os empreendedores que veem a identidade do papel do empreendedor como alguém que pode delegar e acreditar que outros podem desempenhar papéis importantes podem ser mais adequados para expandir seus empreendimentos. Assim, os estudiosos do empreendedorismo conseguiram alavancar o conceito de identidades de papel para explicar por que algumas pessoas optam por se tornar e persistir como empreendedores, enquanto outras não. 

A literatura sobre empreendedorismo se baseou nos conceitos de identidade de papel para entender melhor como a identidade empreendedora influencia os processos de criação de empreendimentos. Por exemplo, quando o papel do empreendedor é central para a identidade de alguém, a paixão empreendedora aumenta, estimulando o comportamento empreendedor (FERRETTI; SOUZA, 2022). No entanto, embora a centralidade da identidade de um empreendedor seja relativamente estável ao longo do tempo, mudanças na ideia do empreendedor e aumento da ambiguidade do papel podem fazer com que a paixão desapareça (SCABIN, 2021). Trabalhos futuros podem se beneficiar ao examinar se a linguagem organizacional pode ser usada para reduzir a ameaça de identidade de papel para minorias sexuais, talvez por meio do aumento da segurança psicológica e da influência potencial no comportamento extra papel.

4.1.2 Desigualdade de gênero

Grande parte da literatura sobre preconceitos e estereótipos examina como o desalinhamento entre as expectativas do papel de gênero e as expectativas do papel funcional de um líder, empresário e gerente cria impedimentos para as mulheres. Se o líder prototípico incorpora características estereotipadas dos homens, as mulheres enfrentam preconceitos que suprimem o surgimento da liderança e prejudicam as percepções de eficácia da liderança (LWAMBA et al., 2021).

Hryniewicz e Vianna (2018) examinam os protótipos de líderes masculinos e femininos para mostrar que a sensibilidade estava mais fortemente associada à liderança feminina, enquanto a masculinidade, a força e a tirania estavam mais fortemente associadas à liderança masculina. As líderes femininas precisavam mostrar sensibilidade e força para serem percebidas como eficazes, enquanto os líderes masculinos precisavam mostrar apenas força. Lwamba et al. (2021) ilustram que as mulheres CEOs (Chief Executive Officer) são mais propensas a serem ameaçadas por investidores ativistas, provavelmente devido ao viés do papel de gênero. 

Da mesma forma, a literatura sobre aquisição de recursos financeiros no empreendedorismo tem notado uma desvantagem para as mulheres arrecadarem fundos em comparação com os homens, muitas vezes, atribuída à ideia de que o papel tradicional de um empreendedor é “masculino” (MALMSTRÖM; JOHANSSON; WINCENT, 2017). Trabalhos posteriores argumentam que os investidores são tendenciosos contra a exibição de características estereotipadas femininas tanto para homens quanto para mulheres, sugerindo que não são as diferenças sexuais que impulsionam as diferenças de financiamento, per se, mas o comportamento estereotipado de gênero dos empreendedores (SIMS et al., 2022).

Durante a virada do século XX, o discurso biológico trazia a hierarquização humana, discursando sobre as aptidões físicas e cognitivas. Hoje, a sociologia utiliza a biologia na para a fundamentação de uma nova matriz discursiva com fundamentos na racionalidade neoliberal (PIZOLATI; ALVES, 2021). Existe também o viés de exclusão sob a prerrogativa da “desfiliação social” de indivíduos por “sua própria incapacidade”, sendo que tais indivíduos acabariam excluindo-se do contrato social e, desse modo, ficando à margem da sociedade (PIZOLATI; ALVES, 2021). Esse discurso meritocrático, associado às práticas de livre-mercado, almeja validação socioeconômica no suposto resultado – esse de ações afirmativas de inclusão e acessibilidade aos bens comuns (saúde, educação e emprego), em que essas estratégias políticas se configuram na promoção de cotas sociais, étnico-raciais e inclusão de deficientes e LGBTQIA+ (PIZOLATI; ALVES, 2021).

4.1.3 Questões de gênero em nível de sistemas

A discriminação de corpos fora do padrão impede o acesso dessas pessoas às oportunidades de emprego, como também ao mínimo de dignidade com a saúde. Negros, indígenas, pessoas com deficiência e população LGBTQIA+ encontram obstáculos para obterem até assistência médico-hospitalar que são resultantes de questões estruturais próprias do modelo econômico vigente desde a modernidade (ALONSO, 2022). Segundo Alonso (2022, p. 59), “mecanismos de alienação geram versões bizarras de coaching e ilusões de empreendedorismo surgem para colocar poeira nos olhos da população marginalizada, que vem sofrendo com a retirada de direitos, desemprego em massa, superexploração no trabalho, privatizações de serviços públicos e aniquilamento do meio ambiente, com alterações climáticas de grande intensidade”.

Atualmente, a humanidade é fruto de uma de vida fantasiada de “opções claras”. Somos produtos de um sistema que instaura quais corpos são excluídos, aqueles que não podem ou não querem ser empreendedores ou consumir são excluídos (LIBERALI; MAZUCHELLI; MODESTO-SARRA, 2021). Além disso, é importante lembrar fatos como a tentativa de invisibilização da população LBGTQI+, por meio da proibição de publicidade com pessoas LGBTQIA+ ou famílias homoafetivas no estado de São Paulo, que foi colocado em votação em 22 de abril de 2021 na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (LIBERALI; MAZUCHELLI; MODESTO-SARRA, 2021). Isso dificulta ainda mais as chances das minorias de terem acesso às oportunidades de emprego, empreendedorismo e dignidade.

É importante salientar o papel das mulheres no empreendedorismo e na representação das minorias. Jardine (2022) mostra mulheres líderes que se esforçam para empoderar as mulheres e melhorar a diversidade, e, entre elas, está a primeira mulher líder transgênero da AdAge, que desempenhou um papel crítico na criação de diretrizes da empresa para apoiar a transição de funcionários.

Uma força de trabalho diversificada tem sido associada a múltiplos benefícios para a empresa, mas isso, às vezes, é difícil de alcançar devido à discriminação do empregador. Embora vários arranjos institucionais tenham sido implementados para proibir o comportamento discriminatório, os efeitos de tais regulamentações permanecem relativamente inexplorados (CONTI; KACPERCZYK; VALENTINI, 2021). Os autores Conti, Kacperczyk e Valentini (2021) levantaram o questionamento: As leis que protegem os grupos tradicionalmente oprimidos da discriminação no local de trabalho afetam a propensão dos trabalhadores a deixar a empresa e iniciar um empreendimento empresarial? Estes autores mostraram que mudanças legislativas que proíbem a discriminação contra membros da comunidade LGBTQIA+ no mercado de trabalho têm um duplo efeito sobre o empreendedorismo. Em primeiro lugar, elas reduzem a propensão dos trabalhadores para iniciar um novo empreendimento (reduzindo, assim, a perda de capital humano) devido ao aumento da atratividade relativa do local de trabalho. Em segundo lugar, aumentam a qualidade geral das startups fundadas na região, elevando o bem-estar geral. Além disso, descobrimos que esses efeitos são mais prováveis de estarem presentes quando os litígios contra a discriminação no emprego são mais frequentes e quando as minorias protegidas são mais prevalentes.

4.2 Insights para trabalhos futuros

Partindo da revisão anterior, apresentam-se agora sugestões para pesquisas futuras dentro de cada tema, conforme o exposto no Quadro 3.

Quadro 3 – Direções de pesquisa futura

Identidade de papéisComo as visões da sociedade sobre uma determinada função de trabalho (por exemplo, policial) impactam as identidades de trabalho individuais? Quais são as consequências do conflito de papéis quando os papéis de trabalho dos indivíduos estão em desacordo com suas crenças sobre onde eles se encaixam na sociedade? Como as organizações e gerentes podem abraçar melhor a diversidade de gênero, evitando a discriminação contra gênero e minorias sexuais no recrutamento e desenvolvimento de funcionários? A linguagem usada nas comunicações organizacionais afeta a maneira como os indivíduos se relacionam com uma organização e a percepção de um ambiente de trabalho inclusivo?
Desigualdade de gêneroComo uma função de voluntário enriquece uma função de trabalho? Como e por que as funções temporárias enriquecem ou entram em conflito com as funções de trabalho em tempo integral? O enriquecimento da função do trabalho temporário depende do alinhamento entre as tarefas de trabalho temporário e as tarefas de trabalho em tempo integral? Como as expectativas de papéis ligadas a indivíduos não binários influenciam os resultados micro- orientados, como surgimento de liderança, apoio do supervisor e comprometimento organizacional? Como o uso de pronomes de gênero preferidos em currículos e cartas de apresentação leva a diferenças na contratação com base nas expectativas de função vinculadas a trabalhos específicos?
Questões de gênero em nível de sistemasAs zonas morais criam uma saída para comportamento antiético ou contraproducente para indivíduos que experimentam ambiguidade ou conflito de papéis? Os empreendedores concederiam a si mesmos uma licença moral para se envolverem em comportamentos antiéticos se sentissem que o comportamento beneficiaria o empreendimento ou a população que o empreendimento procura ajudar? Como o comportamento antiético corporativo é visto à luz da raça do CEO ou da diversidade da equipe de alta administração?

Fonte: Os autores, 2023.

5 CONCLUSÃO

A literatura sobre papéis com foco em preconceitos e estereótipos examina predominantemente os papéis tradicionais de gênero e como eles influenciam os resultados para homens versus mulheres em papéis funcionais. Acredita-se que isso cria duas oportunidades para futuras pesquisas abrangendo disciplinas de gestão: expandir a pesquisa para preconceitos associados à raça e expandir as conceituações dos papéis de gênero. 

A noção clássica de Shakespeare de que “todo o mundo é um palco, e todos os homens e mulheres são apenas atores” inspirou pesquisas sobre papéis pelo menos desde o livro clássico de Biddle e Thomas (1966) sobre a teoria dos papéis. Compreender os papéis que os indivíduos desempenham é particularmente importante hoje, dada a maior conscientização sobre as percepções dos papéis e seu impacto potencial em uma variedade de configurações. Esta revisão das teorias de papéis oferece amplos caminhos para investigação acadêmica que podem continuar a fornecer insights sobre como os papéis afetam indivíduos e organizações.

Grande parte da literatura sobre preconceitos e estereótipos analisa como o desalinhamento entre as expectativas do papel de gênero e as expectativas do papel funcional de um líder, empresário e gerente cria impedimentos para as mulheres que enfrentam preconceitos que suprimem o surgimento da liderança e prejudicam as percepções de eficácia da liderança.

Observa-se que empreendimentos que têm como incentivo a diversificação têm sido associados a múltiplos benefícios para a empresa. No entanto, ainda existe grande discriminação por parte do empregador, mesmo com a implementação de leis para proibir o comportamento discriminatório. E a utilização de leis que proíbem a discriminação contra membros da comunidade LGBTQIA+ no mercado de trabalho tem um efeito positivo sobre o empreendedorismo.

Este estudo revisou sistematicamente os empreendedores LGBTQIA+. Como resultado, ficou claro que a maior parte da pesquisa foi qualitativa, enquanto a pesquisa quantitativa foi desenvolvida para a América do Norte e a Europa. Além das questões de identidade empreendedora, gentrificação e urbanismo, manutenção de espaços seguros e inclusivos para mulheres e pessoas Queer, interdependência com normas nacionais, etnia e raça. Ficou claro que os objetivos de cada estudo são extremamente diversos, como reavaliação/registro de práticas a partir de uma perspectiva interseccional. Um ponto observado nos resultados, a partir da teoria elencada sobre o empreendedorismo e suas vertentes, ainda foi possível concluir que a partir dos artigos que participaram desta pesquisa, os estudos mostraram que a vertente econômica e de inovação não foram contempladas nestes trabalhos. As categorias criadas permitiram inferir que a vertente da psicologia foi contemplada em alguns artigos, visto que nessa vertente o foco do estudo foi de analisar as características psicológicas que levaram o indivíduo ao empreendedorismo. A vertente sociológica também foi uma das contempladas em nos artigos do referido estudo, nesses artigos foi possível enxergar o empreendedorismo do grupo de agente excluídos da sociedade, mas que dispõem de interesses em comum. Por fim, pode-se perceber presente nos artigos estudados, a presença da teoria comportamentalista, que teve como objetivo analisar o perfil de comportamento dos empreendedores, sobre suas motivações e o que impulsionou esses indivíduos a empreender. Tais considerações podem ter implicações importantes para pesquisas futuras com foco nas atividades empreendedoras de minorias, incluindo pessoas LGBTQIA+, e seus diversos contextos, que tendem a ser negligenciados na pesquisa empreendedora monolítica.


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2MARSHALL, A. Principles of economics. London: Macmilla, 1972. 
3MCCLELLAND, D. C.; WINTER, D. J. Motivating economic achievement. New York: Free Press, 1969.
4KILBY, P. 1971. Hunting the heffalump. In: KILBY P. (Ed.), Entrepreneurship and economic development, pp. 1-40. New York, NY: Free Press, 1971.
5WEBER, M. The protestant ethic and the spirit of capitalism. New York: Charles Scribner’s Son, 1958.
6HOSELITZ, B. F. (1957). Noneconomic factors in economic development. The American Economic Review, v. 47, n. 2, p. 28-41, 1957.
7SCHUMPETER, J. A. The fundamental phenomenon of economic development. In: KILBY, P. (Ed.), Entrepreneurship and economic development, pp. 43-71. New York: The Free Press, 1971.
8SIMMEL, G. The web of group affiliation. New York: The Free Press, 1955.


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1Bacharel em Administração, Instituto Federal de Minas Gerais – IFMG;
2Bacharel em Administração, Instituto Federal de Minas Gerais – IFMG, orcid: 0000-0002-4533-82;
3Bacharel em Administração, Instituto Federal de Minas Gerais – IFMG, orcid: 0009-0005-8979-8622;
4Bacharel em Administração, Instituto Federal de Minas Gerais – IFMG, orcid 0009-0001-5700-5748