OS DESAFIOS DO DIAGNÓSTICO PRECOCE DA ENDOMETRIOSE EM MULHERES JOVENS NO BRASIL 

THE CHALLENGES OF EARLY DIAGNOSIS OF ENDOMETRIOSIS IN YOUNG WOMEN IN BRAZIL 

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11306735


Debora Caroline Macedo de Souza1
Larissa Monique Almeida de Siqueira1
Marissa Braga dos Anjos2


Resumo 

A endometriose é uma condição ginecológica crônica em que o tecido semelhante ao endométrio, que  normalmente reveste o útero, cresce fora dele, muitas vezes na cavidade pélvica. Afeta principalmente  mulheres em idade reprodutiva e pode causar uma série de sintomas debilitantes, como dor pélvica,  cólicas menstruais intensas e problemas de fertilidade. O objetivo desta pesquisa foi elucidar os desafios  do diagnóstico precoce da endometriose em mulheres no Brasil. Utilizando a metodologia de revisão da  literatura, foram analisados diversos estudos e artigos científicos sobre o tema. Os resultados alcançados  revelaram uma falha significativa na avaliação clínica dos médicos e na consideração dos sintomas  iniciais da doença nas mulheres, isto porque, muitas vezes, os sintomas são subestimados ou mal  interpretados, levando a atrasos no diagnóstico e tratamento adequado. Além disso, há uma falta de  conscientização tanto entre os profissionais de saúde quanto entre as próprias mulheres sobre a  endometriose e seus sintomas, o que contribui para o diagnóstico tardio. 

Palavras-chave: Endometriose. Mulheres. Diagnóstico. Saúde. 

1. INTRODUÇÃO 

A endometriose é uma patologia caracterizada pela presença de tecido funcional  semelhante ao endométrio localizado fora da cavidade uterina, mais comumente no peritônio  pélvico, nos ovários e septo retovaginal e, mais raramente, no pericárdio, pleura e sistema  nervoso central (Araújo e Schimidt, 2020; Moretto, 2021). 

No Brasil, estudos apontam uma prevalência de até 20% das mulheres em idade  reprodutiva e de 30 a 50% das mulheres inférteis que apresentam endometriose (Duarte, 2021).  Esse cenário, por si só, destaca a relevância de explorar os desafios associados ao diagnóstico dessa condição em mulheres jovens, uma vez que o início precoce do tratamento é crucial para  aliviar os sintomas e prevenir complicações a longo prazo. 

Quanto à sua etiopatogenia, está ainda não está bem estabelecida, porém as evidências  indicam que a combinação de fatores genéticos, hormonais e imunológicos poderia contribuir  para a formação e o desenvolvimento dos focos ectópicos de endometriose (Torres et al., 2021).  No âmbito clínico, a endometriose muitas vezes é marcada pela incapacidade de ser  prontamente diagnosticada, em parte devido à falta de compreensão sobre seus sintomas e à sua  natureza. De acordo com Salomé et al. (2020) a dor pélvica crônica, um dos sintomas mais  comuns, muitas vezes é erroneamente associada à menstruação normal, levando a atrasos na  busca de ajuda médica. Gomes e Alves (2018) explicam que a dispareunia (dor durante o ato  sexual) e irregularidades menstruais, podem ser subestimados ou mal interpretados, contribuindo para o diagnóstico tardio da doença. 

Em relação aos métodos de diagnóstico, estes apresentam-se como um desafio, uma vez  que não existe uma abordagem única e definitiva para confirmar a presença da condição  (Marqui, 2014). O autor Silva et al. (2021) afirma que, enquanto a laparoscopia é considerada  o “padrão ouro” para diagnóstico, esta é um procedimento invasivo e nem sempre acessível.  Outros métodos, como exames de imagem e marcadores biológicos, ainda não oferecem a  sensibilidade e especificidade ideais, resultando em dificuldades na detecção precoce. 

A justificativa desta pesquisa se dá pelo fato que, o diagnóstico tardio da endometriose  entre mulheres é uma condição que merece atenção e pesquisa aprofundada devido às suas  repercussões significativas na saúde feminina. Isto porque, esta doença é uma condição  ginecológica comum, mas sua natureza complexa e sintomas muitas vezes subestimados  contribuem para a demora na identificação e tratamento adequados. 

Quanto à relevância social deste estudo, esta é evidenciada pela frequência da  endometriose em mulheres e pelos impactos substanciais que a condição pode ter em sua  qualidade de vida. Além disso, um outro motivo para a realização desta pesquisa, é a escassez  de estudos que abordem a problemática do diagnóstico tardio da endometriose em mulheres  jovens. 

Assim, este artigo teve como objetivo geral, elucidar os desafios do diagnóstico precoce  da endometriose em mulheres no Brasil. E como objetivos específicos, identificar as  características clínicas da endometriose em mulheres, citar os métodos de diagnóstico atuais  para identificação da endometriose e propor estratégias para melhorar a conscientização e a  detecção precoce da endometriose em mulheres.

Dessa forma, este estudo se propõe a abordar os desafios associados ao diagnóstico  precoce da endometriose em mulheres no Brasil, reconhecendo sua importância para a saúde  feminina e sua relevância social. Assim, ao identificar as características clínicas da  endometriose, explorar os métodos diagnósticos existentes e sugerir estratégias para aprimorar  a conscientização e detecção precoce, este estudo visa contribuir para melhorar a qualidade de  vida e o bem-estar das mulheres afetadas por essa condição. 

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

De acordo com Podgaec (2020) a endometriose é uma doença ginecológica crônica,  benigna, estrogênio-dependente e de natureza multifatorial que acomete principalmente  mulheres em idade reprodutiva. Esta condição é caracterizada pela presença de tecido (figura  1) que se assemelha à glândula e/ou ao estroma endometrial fora do útero, com predomínio,  mas não exclusivo, na pelve feminina. 

Figura 1 – Crescimento Anormal de tecido na endometriose 

Fonte: https://ge.globo.com/eu-atleta/saude/noticia/endometriose-o-que-e-sintomas-e-tres-exercicios para-aliviar-a-dor.ghtml 

Esta patologia é dividida em três doenças distintas: peritoneal, ovariana e endometriose  profunda. A peritoneal caracteriza-se pela presença de implantes superficiais no peritônio; a  ovariana, por implantes superficiais no ovário ou cistos (endometriomas); e a endometriose  profunda, que é definida como uma lesão que penetra no espaço retroperitoneal ou na parede  dos órgãos pélvicos, com uma profundidade de 5 mm ou mais (Rosa et al., 2021, Araújo e  Schmidt, 2021).

Embora os dados epidemiológicos da doença sejam de difícil caracterização, porque  apresentam grande variação entre os autores, principalmente em relação ao diagnóstico da  endometriose, acredita-se haver uma prevalência da doença entre 5% e 10% da população  feminina em idade reprodutiva. 

Quanto à fisiopatologia, este ainda é tema de discussão e apresenta várias teorias  baseadas em evidências clínicas e experimentais. Podgaec (2021) explica que existe a teoria de  Sampson ou da menstruação retrógrada, onde foi observado que 90% das mulheres apresentam  líquido livre na pelve em época menstrual, sugerindo, assim, que certo grau de refluxo tubário  ocorra. O autor ainda cita que as células endometriais, então, implantaram no peritônio e nos  demais órgãos pélvicos, dessa forma iniciando a doença. Como somente 10% das mulheres  apresentam endometriose, os implantes ocorreriam pela influência de um ambiente hormonal  favorável e de fatores imunológicos que não eliminam essas células desse local impróprio. 

Rodrigues et al. (2022) descreve também a teoria da metaplasia celômica, onde as  lesões de endometriose poderiam originar-se diretamente de tecidos normais mediante um  processo de diferenciação metaplásica. Moretto et al. (2021) elucida também sobre a teoria  genética, em que haveria uma predisposição genética ou alterações epigenéticas associadas a  modificações no ambiente peritoneal (fatores inflamatórios, imunológicos, hormonais, estresse  oxidativo) poderiam iniciar a doença nas suas diversas formas. 

2.1 Desafios no diagnóstico precoce 

O diagnóstico precoce da endometriose em mulheres é frequentemente dificultado pela  natureza variável dos sintomas associados à condição. Torres et al. (2021, p.6) descreve que  muitas mulheres experimentam dores pélvicas crônicas, sangramento menstrual abundante e  desconforto durante as relações sexuais, sintomas que podem ser atribuídos erroneamente a  outras condições ginecológicas comuns, como cólicas menstruais ou síndrome do intestino  irritável. Essa falta de especificidade nos sintomas pode levar a um diagnóstico tardio ou até  mesmo a uma subestimação da gravidade da endometriose. 

Outro desafio significativo reside na ausência de métodos de diagnóstico definitivos e  não invasivos para a endometriose, isto porque, o diagnóstico muitas vezes depende de  procedimentos invasivos, como laparoscopia, que podem ser adiados devido a preocupações  com custos, riscos e falta de acesso a serviços especializados (De Mendonça, 2019, p. 4). Como  resultado, muitas mulheres enfrentam anos de sofrimento antes de receberem um diagnóstico  formal, o que pode impactar na qualidade de vida e saúde reprodutiva.

A falta de consciência sobre a endometriose entre profissionais de saúde também é um  desafio significativo. Muitos médicos não estão informados sobre a condição ou não  consideram uma causa possível dos sintomas apresentados por seus pacientes. Isso pode levar  a atrasos adicionais no diagnóstico e tratamento, perpetuando o ciclo de sofrimento e  incapacidade das mulheres afetadas. 

Os desafios do diagnóstico precoce da endometriose são ainda mais exacerbados em  populações marginalizadas, como mulheres de baixa renda, minorias étnicas e aquelas que  enfrentam barreiras de acesso ao sistema de saúde. Essas diferenças sociais e econômicas  podem resultar em diagnósticos ainda mais tardios e avançados de saúde para essas mulheres  (Alves et al., 2022; Souza et al., 2020). 

Dessa forma, para enfrentar esses desafios, é necessário aumentar a conscientização  sobre a endometriose, educar tanto os profissionais de saúde quanto o público em geral sobre  seus sintomas e impacto na saúde das mulheres, e melhorar o acesso a métodos de diagnóstico  não invasivos e tratamentos eficazes. 

2.2 Características Clínica 

A apresentação clínica da doença varia consideravelmente, sem características clínicas  patognomônicas, fato que dificulta o seu diagnóstico. Para Jesus (2023) os principais sintomas  associados são: dismenorreia, dor pélvica crônica ou dor acíclica, dispareunia de profundidade,  alterações intestinais cíclicas (distensão abdominal, sangramento nas fezes, constipação,  disquezia e dor anal no período menstrual), alterações urinárias cíclicas (disúria, hematúria,  polaciúria e urgência miccional no período menstrual) e infertilidade. 

A endometriose pode se mostrar assintomática em até 20% das mulheres e existem  diversas maneiras de estimar o grau de complexidade da doença (Salomé, 2020). Com base na  apresentação clínica, a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (SAMR) propõe um  modelo de estadiamento em quatro estágios (figura 2), considerando a localização, extensão e  profundidade da doença nas estruturas pélvicas e adjacentes.

Figura 2 – Classificação clínica dos sintomas da endometriose 

Fonte: https://telessaude.saude.ba.gov.br/wp-content/uploads/2023/09/2023081 

2.3 Métodos de Diagnósticos Atuais 

Atualmente, a média estimada do tempo entre o início dos sintomas referidos pelas  pacientes até o diagnóstico definitivo varia de cinco a dez anos. Dor pélvica ou demais sintomas  citados anteriormente associados a nódulos ou rugosidades enegrecidas em fundo de saco  posterior ao exame especular sugerem a doença (Silva, 2021). 

No exame anatômico, ao toque, útero se apresenta com pouca mobilidade, o que sugere  aderências pélvicas; nódulos dolorosos em fundo de saco posterior podem estar associados a  lesões retrocervicais, nos ligamentos uterossacros, no fundo de saco vaginal posterior ou  intestinais, além de que, anexos fixos e dolorosos, assim como a presença de massas anexiais,  podem estar relacionados a endometriomas ovarianos (Brilhante et al., 2019; Barreto e  Figueiredo, 2019). 

O ultrassom pélvico e transvaginal com preparo intestinal e a ressonância magnética  com protocolos especializados são os principais métodos por imagem para detecção e  estadiamento da endometriose e deverão ser realizados por profissionais com  experiência nesse diagnóstico (Brilhante et al., 2019).

Stefenon e Bossolani (2020) explicam que a ultrassonografia tem como principais  limitações a identificação de lesões em região de abdome superior, ser operador dependente e  a dificuldade de treinamento de ultrassonografistas para a investigação de lesões, com curva de  aprendizado lenta para a realização de exame especializado. 

Já a ressonância magnética é superior à ultrassonografia transvaginal na interpretação  de imagens, porém tem como barreiras o alto custo e a impossibilidade de realização da  avaliação dinâmica de sinais indiretos de acometimento pélvico, como aderências (Do  nascimento, 2022). 

A videolaparoscopia com biópsia e estudo anátomo-patológico dos tecidos continua  sendo considerada o método diagnóstico definitivo para e endometriose (Cruz et al., 2022),  visto que, com o avanço dos métodos por imagem, ela é indicada apenas em pacientes que  apresentaram exames normais e falha no tratamento clínico e/ou pacientes que demandam  abordagem cirúrgica terapêutica. 

O biomarcador sérico mais utilizado na investigação da endometriose é o CA-125, que  não apresenta sensibilidade (70%-75%) suficiente para sua indicação na prática clínica, nem  parece modificar condutas (Souza et al., 2020). 

2.4 Estratégias de Conscientização da Endometriose 

As estratégias de conscientização da endometriose são fundamentais para aumentar o  conhecimento sobre essa condição médica entre profissionais de saúde, pacientes e a sociedade  em geral. Uma das abordagens mais eficazes é a educação pública por meio de campanhas de  mídia, redes sociais e eventos comunitários. 

Para Silva e Lima (2022) outra estratégia importante é a formação e educação contínua  de profissionais de saúde. Isso inclui médicos de diversas especialidades, como ginecologistas,  médicos de família e especialistas em dor. Capacitar esses profissionais com informações  atualizadas sobre endometriose, incluindo diretrizes de diagnóstico e tratamento, pode ajudar a  reduzir os atrasos no diagnóstico e garantir que as mulheres recebam atenção e cuidados  necessários. 

Cruz et al. (2022) explica que, promover uma pesquisa sobre endometriose também é  uma estratégia importante de conscientização. Aumentar o financiamento para estudos sobre as  causas, mecanismos biológicos e novas opções de tratamento da endometriose pode ajudar a  avançar o conhecimento científico e melhorar os cuidados para mulheres afetadas pela  condição.

Portanto, as estratégias de conscientização da endometriose devem ser abrangentes e  multidimensionais, envolvendo profissionais de saúde, pacientes, pesquisadores e a sociedade  em geral para promover um melhor entendimento, diagnóstico e tratamento dessa condição  médica comum, porém frequentemente subestimada. 

3. METODOLOGIA 

3.1 Desenho do estudo 

A pesquisa foi realizada através de uma revisão integrativa. As abordagens qualitativas  da pesquisa se fundamentam em uma perspectiva que concebe o conhecimento como um  processo socialmente construído pelos sujeitos nas suas interações cotidianas, enquanto atuam  na realidade transformando-a e sendo transformada (Lakatus e Marconi, 2014). 

Neste modelo, em vez de coletar novos dados empiricamente, os pesquisadores revisaram  e avaliaram cuidadosamente as publicações anteriores, como artigos científicos, livros, teses e  relatórios, a fim de extrair relatos de estudos publicados. 

3.2 Referencial Metodológico e Etapas 

Segundo Gil (2008), no fato de o referencial ser caracterizada por um espectro que reúne  resultados obtidos por métodos e técnicas adaptados ao caso específico, ao invés de um método  padronizado único, ressaltando assim, que o método deve se adequar ao objeto de estudo, e que  este objeto de estudo como ponto de partida seja centrado num problema que contribua no  processo de desenvolvimento do indivíduo e do contexto no qual está inserido; interpretação  dos resultados; construção de sistemas descritivos e análise de dados. 

3.3 Elaboração do problema da pesquisa 

A amostragem representativa de mulheres com endometriose é um desafio, dada a  relutância em discutir sintomas relacionados à doença e a dificuldade em acessar serviços de  saúde. O diagnóstico complexo da endometriose, muitas vezes confundido com outras  condições, aumenta a dificuldade em identificar precocemente a doença e iniciar o  tratamento adequado. 

3.4 Busca por estudos primários 

A pesquisa foi realizada em bancos de dados como, Pubmed, Capes, Scielo (Scientific  Electronic Library Online) e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde) além da utilização de informações de sites relacionados a problemática do diagnóstico tardio da endometriose em  mulheres jovens no Brasil. 

Foram utilizados artigos, teses e periódicos, obtidos após pesquisa nos bancos de dados  supracitados. Isto porque, a utilização destes é crucial para a construção de um referencial  teórico sólido em uma pesquisa. 

3.5 Extração de dados 

Nesta fase, optou por itens de pertencimento a temática do artigo, objetivos e os  resultados que seriam capazes de responder ao problema de pesquisa dentro da revisão  integrativa. 

3.6 Critérios de Inclusão e Exclusão 

Na inclusão, o recorte temporal filtrou artigos de revisão entre os anos de 2016 e 2023  (com exceção dos temas introdutórios), pelos idiomas português, inglês e espanhol analisados  pelos títulos. Neles, estudos de caso, artigos de revisão, meta análises, integrativas e  sistemáticas. Na exclusão, optou-se por artigos completos, excluindo citações nas bases de  pesquisa e capítulos soltos, além destes, papers, resenhas e títulos que não se configuram de  pertencimento à questão norteadora do estudo. 

3.7 Avaliação dos Estudos 

A análise que se faz é comparativa e indutiva, com a leitura dos textos e reescrita deles  a partir do entendimento do próprio autor sobre as características com as quais as falas se  relacionam com o problema dessa pesquisa, e com o pensamento de se defender um ponto de  vista. 

Após serem selecionadas as obras que irão compor o desenvolvimento do estudo,  buscar-se-á localizar nestas as informações que se mostrarem úteis à elucidação do problema  de pesquisa por meio de leitura crítica/analítica considerando a intelecção do texto e o seu teor  que será, na sequência, interpretada tornando possível a formação de conclusões para  elaboração da pesquisa de conclusão de curso. 

3.8 Síntese do conhecimento evidenciado 

Levando em consideração os níveis de evidência, a classificação ocorreu em três níveis,  considerados apenas o nível mais forte cujas evidências fossem provenientes de revisões  sistemáticas ou meta análises de ensaios clínicos randomizados. O segundo nível, com  evidências de ensaios clínicos randomizados delineados e no terceiro nível, juntou-se estudos de caso, revisões de literatura, estudos descritivos e qualitativos e evidências de opinião de  especialistas. 

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 

Os resultados desta pesquisa bibliográfica foram agrupados em quadro e texto, o qual  responderam aos objetivos específicos deste estudo. No (quadro 1), são apresentados artigos  científicos que elucidam sobre as características clínicas da endometriose. 

Quadro 1 – Características clínica da endometriose 

SINTOMATOLOGIA DA ENDOMETRIOSE
Autor Metodologia Característica clínica
Leal et al. (2024) Revisão integradaDor pélvica, dor na região sacral  da coluna,menstruação irregular,  infertilidade e constipação intestinal.
Cardoso et al. (2021)Estudo descritivo retrospectivo  envolvendo 237 mulheres  atendidas em dois hospitais de  referência em endometriose.Dispaurenia, dor pélvica,  menstruação irregular e queixas  intestinais cíclicas.
Silva et al.(2021)Pesquisa descritiva, qualitativa,  realizada com dez mulheres com  diagnóstico de endometriose no município do Rio de Janeiro (RJ).Dor pélvica, dismenorreia,  infertilidade é um fluxo intenso.
Simões e Galhardo (2023)Preenchimento de formulário online por 260 mulheres com  endometriose.Ansiedade, estresse,depressão e  dor pélvica diária.

Fonte: Autor, 2024. 

Desta forma, os estudos do (quadro 1) nota-se a importância de reconhecer os sinais da  endometriose, uma vez que, estes podem levar a um diagnóstico precoce e tratamento adequado,  o que é importante para gerenciar a dor, preservar a fertilidade e evitar complicações a longo  prazo. Além disso, estar ciente dos sintomas iniciais da endometriose é essencial para que as  mulheres possam buscar ajuda médica especializada (Neuman, 2023, p. 5). Muitas vezes, os  sintomas são erroneamente atribuídos a cólicas menstruais normais, atrasando o diagnóstico e  o tratamento. 

Silva et al. (2021, p.8) descreve que, ao reconhecer os sinais precoces, as mulheres podem procurar um ginecologista especializado em endometriose, que pode realizar exames e  procedimentos adequados para confirmar o diagnóstico e oferecer opções de tratamento  personalizado.

Quanto aos métodos atuais de diagnóstico da endometriose, estes podem ser solicitados  conforme a eficácia e aplicabilidade dependendo da gravidade dos sintomas e das necessidades  individuais da paciente (Brilhante, 2019). O método mais comum é a laparoscopia, uma cirurgia  minimamente invasiva na qual um laparoscópio é inserido através de uma pequena incisão  abdominal para examinar os órgãos pélvicos em busca de tecido endometrial fora do útero (Da  conceição, 2019). Este procedimento não apenas permite ao médico visualizar diretamente os  implantes de endometriose, mas também possibilita a realização de biópsias para confirmação  definitiva. 

Além deste, a ultrassonografia transvaginal é frequentemente utilizada como uma  abordagem menos invasiva para o diagnóstico de endometriose. Este exame de imagem usa  ondas sonoras para criar imagens dos órgãos pélvicos, permitindo a detecção de cistos  endometrióticos nos ovários, aderências e outras anormalidades (Duarte, 2021). 

Salomé et al.(2020) cita que, outro método diagnóstico é a ressonância magnética (RM),  que oferece imagens detalhadas dos órgãos pélvicos sem a necessidade de cirurgia. A RM pode  detectar lesões de endometriose em diferentes tecidos, incluindo os ligamentos uterossacros, o  reto e a bexiga, ajudando os médicos a planejar o tratamento com mais precisão (Salomé et al.  (2020). 

Além desses exames, os médicos podem realizar a avaliação clínica dos sintomas da  paciente, juntamente com exames físicos, história clínica detalhada e testes laboratoriais para  descartar outras condições que possam causar sintomas semelhantes (De Sousa, 2023). Neste  contexto, o diagnóstico da endometriose geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar,  combinando informações clínicas, exames de imagem e, em alguns casos, procedimentos  cirúrgicos. 

Por último, o terceiro objetivo específico, responde sobre as estratégias de  conscientização sobre a endometriose, uma vez que estas têm sido fundamentais para aumentar  o conhecimento público sobre essa condição e promover uma melhor compreensão dos seus  impactos na vida das mulheres. Andrade (2023) explica que, uma das estratégias mais eficazes  é a educação em saúde, que envolve a disseminação de informações (campanhas e eventos  comunitários) precisas e acessíveis sobre os sintomas, diagnóstico e opções de tratamento da  endometriose. 

Além disso, as mídias sociais (redes sociais) desempenham um papel significativo na  conscientização sobre a endometriose, permitindo que as pessoas compartilhem suas  experiências pessoais, informações úteis e recursos relacionados à condição (Ramos et al.  (2024). Outra estratégia importante é o ativismo, que envolvem a defesa pelos direitos das

Mulheres com endometriose, incluindo acesso a cuidados de saúde de qualidade, pesquisa e  desenvolvimento de tratamentos mais eficazes, e políticas públicas que abordem as  necessidades específicas das pessoas com essa condição (Treis, 2021). 

Além disso, a realização de eventos e atividades de sensibilização, como corridas,  passeios de bicicleta, feiras de saúde e palestras em escolas e locais de trabalho, pode ajudar a  atrair a atenção da comunidade para a endometriose e incentivar o envolvimento e a  participação ativa na conscientização e no apoio às pessoas afetadas pela condição.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Diante dos desafios evidenciados na pesquisa sobre o diagnóstico precoce da  endometriose em mulheres no Brasil, é importante implementar medidas para melhorar a  detecção precoce e o manejo dessa condição. Uma abordagem multidisciplinar é fundamental,  envolvendo não apenas ginecologistas, mas também médicos de outras especialidades, como  gastroenterologistas e urologistas, devido à variedade de sintomas que podem estar associados  à endometriose. 

Além disso, a educação e conscientização tanto dos profissionais de saúde, quanto da população  em geral são necessárias para reduzir os atrasos no diagnóstico e tratamento. Campanhas de  saúde pública, programas de educação continuada para médicos e materiais informativos  acessíveis podem desempenhar um papel importante na disseminação do conhecimento sobre  a endometriose e seus sintomas. 

Por fim, são necessários mais investimentos em pesquisa para desenvolver métodos de  diagnóstico mais precisos e acessíveis, bem como opções de tratamento mais eficazes e menos  invasivas. Através de uma abordagem abrangente e colaborativa, é possível melhorar  significativamente o tratamento da endometriose no Brasil, proporcionando uma melhor  qualidade de vida para mulheres que vivem com essa condição.

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1Discente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade Nilton Lins Campus laranjeiras e-mail:  deboracarolina.macedo@gmail.com / almeida.monique17@gmail.com 
2Docente do Curso Superior de Biomedicina da Faculdade Nilton Lins Campus Laranjeiras. Mestre em  Imunologia (PPGIBA/UFAM). marissa.prado@uniniltonlins.edu.br