ESPIRITUALIDADE COMO FATOR DE PROTEÇÃO DO SUICíDIO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11307055


Francisca F. Braga Duailibe1
Franciele Vieira de Sousa1
Wruelha Lopes Nascimento Macedo1
Orientador(a): Hytalo Mangela de Sousa Faria2


Resumo: Este estudo aborda a complexa interação entre ideação suicida, espiritualidade, religião e a busca humana por sentido, reconhecendo o suicídio como uma questão de saúde pública profundamente enraizada em crises existenciais individuais. O objetivo geral foi explorar como a psicologia, a religiosidade e a espiritualidade influenciam a ideação suicida e de que forma a busca por um propósito de vida atua como um fator de resiliência. Através de uma metodologia de pesquisa bibliográfica, foram consultadas bases de dados acadêmicas. Os critérios de inclusão priorizaram estudos e teorias que abordavam a intersecção desses temas, excluindo-se trabalhos que não contribuem diretamente para a discussão proposta. A conclusão do estudo destaca a necessidade de uma abordagem integrativa na compreensão e prevenção do suicídio, valorizando a complexidade da experiência humana e a interação entre saúde mental, espiritualidade e a busca individual por propósito. Revela-se a importância de ambientes que fomentem a exploração de um sentido de vida pessoal e significativo como fundamentais para a saúde mental e o bem-estar. Assim, o estudo reforça que a felicidade e a autorrealização emergem como consequências de viver uma vida com propósito, desafiando perspectivas que vêem a busca por prazer, poder ou auto realização como objetivos finais da existência humana. Esta investigação oferece informações relevantes para profissionais da saúde, educadores e líderes religiosos, na promoção de uma compreensão mais profunda do suicídio e no desenvolvimento de estratégias eficazes para sua prevenção.

Palavras-chave: Espiritualidade. Saúde mental. Resiliência psicológica. Prevenção do suicídio. Bem-estar psicológico.

1. INTRODUÇÃO

A abordagem histórica do suicídio, especialmente a partir das contribuições de estudiosos como Philippe Ariès e Michel Vovelle, revela como este ato trágico foi percebido e interpretado ao longo dos séculos. Philippe Ariès (2012), em sua obra “História da Morte no Ocidente”, explora as transformações nas percepções culturais sobre a morte desde a Idade Média até a modernidade, destacando diferentes representações do suicídio em cada época. Ele destaca que o suicídio, ao longo desses períodos, foi representado de maneiras variadas, refletindo as mudanças nas atitudes e crenças sociais sobre a morte​​. Ariès (2012) explora como o tratamento da morte e do morrer foi influenciado por transformações culturais, econômicas e religiosas que alteraram fundamentalmente as práticas e as interpretações associadas a esses eventos.

Michel Vovelle, por outro lado, em “Mourir autrefois“, investiga as mudanças nas atitudes coletivas diante da morte durante os séculos XVII e XVIII, focando em como as luzes do Iluminismo e a Revolução Francesa influenciaram as visões seculares sobre a morte, incluindo o suicídio (Ariès, 2012). Ele discute como essas influências levaram a uma desmistificação progressiva da morte e ao surgimento de uma abordagem mais racional e menos religiosa do fenômeno​​. Vovelle destaca o impacto desses movimentos culturais e políticos nas práticas funerárias e nas crenças sobre o pós vida, mostrando uma transformação na maneira como as sociedades lidavam com a morte e com o ato do suicídio (Ariès, 2012).

No Brasil, João José Reis (apud Souza, 2022), com o livro “A morte é uma festa”, discute os rituais fúnebres e a revolta popular no século XIX, fornecendo um contexto para entender como o suicídio e a morte eram interpretados socialmente naquela época. Esse período foi caracterizado por uma sociedade profundamente influenciada por rituais e práticas religiosas, especialmente em torno da morte e dos funerais. Durante essa época, a morte era uma ocasião tanto de luto quanto de celebração pública, refletindo as crenças e valores culturais da sociedade brasileira da época (Souza, 2022).

Este período também foi marcado por transformações sociais significativas, incluindo a luta pela abolição da escravatura e as mudanças trazidas pela independência do Brasil em 1822. Tais eventos influenciaram profundamente as práticas sociais, incluindo as relacionadas à morte e ao luto (Souza, 2022).

Embora o foco desses autores não seja exclusivamente o suicídio, suas análises sobre a morte e suas práticas ritualísticas oferecem informações importantes sobre como o suicídio era compreendido em diferentes contextos históricos e culturais, contribuindo significativamente para o campo da historiografia do suicídio. Eles falam sobre a morte e rituais associados iluminam a compreensão do suicídio em diversos contextos históricos e culturais, mostrando como ele era integrado, resistido ou reinterpretado socialmente ao longo do tempo (Souza, 2022). 

O suicídio, um fenômeno profundamente enraizado na história da humanidade, ressurge na contemporaneidade como um desafio crítico para a saúde pública global. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), este ato trágico é uma das principais causas de morte entre diversas faixas etárias, refletindo sua pervasividade e impacto devastador em sociedades ao redor do mundo. A OMS destaca que a cada 40 segundos, uma vida é perdida para o suicídio, o que sublinha a frequência alarmante e a gravidade deste problema (OPAS, 2016).

Este cenário preocupante evidencia a necessidade imperativa de estratégias de prevenção e tratamento mais eficazes e acessíveis. A prevenção do suicídio exige uma abordagem multifacetada que inclua suporte psicológico, intervenções médicas e políticas públicas eficientes. Além disso, é essencial aumentar a conscientização e a educação sobre saúde mental, desmistificando estigmas e proporcionando um ambiente onde indivíduos se sintam seguros para buscar ajuda.

A cooperação internacional e o compartilhamento de melhores práticas são fundamentais para combater esse problema. Investimentos em pesquisa são essenciais para entender melhor os fatores de risco, as condições subjacentes e as estratégias mais eficazes para reduzir as taxas de suicídio. Com esforços coordenados e políticas baseadas em evidências, é possível salvar vidas e mitigar o impacto deste grave problema que atravessa as fronteiras e afeta a todos, independentemente de origem ou status.

Especialmente entre jovens de 15 a 29 anos, o suicídio é a segunda maior causa de morte, com aproximadamente um milhão de vidas perdidas anualmente. Além disso, as tentativas de suicídio são muito mais frequentes nessa faixa etária, ocorrendo de 10 a 20 vezes mais do que os casos fatais. Para colocar essa estatística em perspectiva, a taxa anual de mortes por suicídio é equivalente à extinção total da população de uma metrópole como São Paulo, que possuía mais de 12 milhões de habitantes em 2020, segundo o IBGE. Esse cenário se repete a cada 12 anos, destacando a urgência em abordar essa questão crítica de saúde pública (OPAS, 2016).

O suicídio não apenas reflete o extremo de um sofrimento insuportável para o indivíduo, mas também deixa marcas duradouras e questionamentos para os que permanecem. Conforme apontado por Bertolote (2012), cada suicídio impacta profundamente de 5 a 6 pessoas no entorno do indivíduo. Esses dados sublinham a urgência de pesquisas dedicadas a entender esse fenômeno social complexo, visando o desenvolvimento de estratégias preventivas e terapêuticas eficazes para reduzir essas estatísticas alarmantes.

Koenig (2012), Jacob et al. (2003), Loureiro et al. (2015) e Oliveira (2018), indicam uma correlação inversa entre altos níveis de Religiosidade/Espiritualidade (R/E) e baixa Saúde Mental (CS), sugerindo que quanto maior a religiosidade/espiritualidade, menor a prevalência de problemas de saúde mental. Contudo, apesar dessas descobertas, é importante notar que os mecanismos subjacentes a essa relação ainda estão sob investigação, assim como as potenciais abordagens de intervenção clínica que podem ser desenvolvidas com base nesses dados. 

Devido à significativa importância dessa temática, este estudo propõe uma revisão atualizada sobre as principais evidências que relacionam R/E e CS, explorando os impactos tanto positivos quanto negativos e os elementos intermediários que influenciam essa conexão.

Este trabalho aborda a espiritualidade como um fator de proteção no combate ao suicídio, sugerindo que a percepção de falta de propósito na vida é um fator que pode induzir a pensamentos suicidas. Este estudo questiona: A espiritualidade pode atuar como um fator decisivo na escolha pela vida em momentos de crise, oferecendo ferramentas para lidar com ideias suicidas e de que forma pode ajudar a superar tais pensamentos?

Além disso, investiga se a espiritualidade pode auxiliar na busca por um sentido de vida. Este trabalho propõe ir além das abordagens terapêuticas convencionais adotadas pela psiquiatria e psicologia, propondo uma expansão do entendimento do ser humano para além de sua constituição biopsicossocial, incluindo a dimensão espiritual na análise.

2. A PSICOLOGIA MEDIANTE AS IDEAÇÕES SUICIDAS

Hoje em dia, o suicídio é abordado e analisado por profissionais da epidemiologia e da saúde pública, enfocando suas características clínicas individuais. Ele é considerado um problema de saúde que necessita de intervenção de especialistas em saúde mental, incluindo psiquiatras e psicólogos (Ribeiro; Moreira, 2018). 

Bertolote (2012, p. 21) define o suicídio como “uma ação intencional e deliberada de autoprovocação da morte, realizada por um indivíduo que está ciente ou tem uma forte expectativa de que tal ato resultará em sua própria morte”. Observando o suicídio sob uma perspectiva mais abrangente, é possível dizer que:

Na maioria dos países, tal fenômeno se configura como uma das principais causas de morte, sobretudo, em relação à população na faixa-etária de 15 a 29 anos, na qual é a segunda causa de morte mais frequente. Sobre este aspecto, estima-se que para cada caso de suicídio, há mais de 20 casos de tentativas, o que exerce considerável impacto nos serviços de saúde (Santos et al., 2016, p. 516).

A ideação suicida refere-se ao conjunto de pensamentos relacionados ao desejo de autoeliminação, incluindo vontades, inclinações e estratégias de uma pessoa para acabar com sua própria vida. Ocorrências ocasionais desses pensamentos não são incomuns e podem ser parte do processo natural de maturação que ocorre na transição da infância para a adolescência (Silva et al., 2015). 

Esta condição é considerada um fator de risco importante para o ato de suicídio concretizado, junto com depressão e desesperança, e não deve ser subestimada (Cantão; Botti, 2016). Do ponto de vista da psicologia clínica, a ideação suicida é entendida através da identificação de tentativas de suicídio anteriores que não foram bem-sucedidas. Segundo a teoria de Rogers, o indivíduo passa por um contínuo de experiências em um universo pessoal em constante transformação, conhecido como campo fenomenal, destacando a singularidade das vivências pessoais (Fonseca; Lôbo, 2015).

A ideação suicida é um sinal de alerta crítico, e existem diversos fatores que, avaliados isoladamente ou em conjunto, podem intensificar os pensamentos suicidas. A severidade desses pensamentos, que podem variar desde uma ideação passiva, com reflexões esparsas sobre a morte sem intenção real de morrer, até uma ideação ativa, com planos e desejo contínuo de morte, está intrinsecamente ligada ao risco de suicídio. 

Sobre isso, Fonseca e Lôbo (2015) afirmam que a ideação suicida passiva envolve pensamentos ou desejos de morrer sem a preconcepção de um plano específico ou meios para alcançar a morte. Em contraste, a ideação suicida ativa inclui pensamentos persistentes sobre suicídio, acompanhados de um plano detalhado sobre como cometer o ato. Estes conceitos são fundamentais para entender a complexidade e a variedade dos pensamentos suicidas entre indivíduos em diferentes contextos psicológicos e sociais.

Para alguns, a morte pode ser vista como uma saída para aliviar o sofrimento intransponível, levando à busca por soluções autodestrutivas para pôr fim à dor (Figueiredo et al., 2015). Portanto, é crucial investigar as diversas variáveis associadas ao suicídio, compreendendo todas as suas influências para promover uma prevenção eficaz e, consequentemente, reduzir as taxas de suicídio.

3. A RELIGIÃO E O SUICÍDIO

A satisfação com a vida é frequentemente considerada uma medida da saúde mental e está relacionada a fatores de risco para a saúde. Contudo, o descontentamento com a vida não surge isoladamente, estando conectado a aspectos da vida social do indivíduo, especialmente à sua religiosidade (Santos et al., 2016). 

O papel do psicólogo é crucial para pacientes com tendências suicidas, pois cabe a esse profissional identificar tais comportamentos e possíveis distúrbios mentais, além de explorar históricos de tentativas de suicídio do paciente ou de pessoas próximas a ele (Figueiredo et al., 2015).

Segundo Freud, a fé, no âmbito religioso, oferece uma camada adicional de proteção contra certas doenças neuróticas, pois a adoção de uma neurose universal impede o desenvolvimento de uma neurose pessoal. Nesse sentido, os preceitos religiosos são vistos como neuroses coletivas e suas verdades, embora mascaradas, impactam inclusive aqueles que não são crentes, que podem se sentir coagidos pelas ameaças religiosas a aceitá-las como realidades (Carneiro, 2013). 

No Catolicismo, acredita-se na salvação pela fé e prática, entendendo que apenas Deus tem o poder de julgar aqueles que cometem suicídio, uma visão que sugere que a ausência da divindade pode levar a distúrbios psicológicos e ao desejo de suicídio, posicionando o suicídio como contrário ao amor divino (Sturza; Tonel, 2019). 

A visão Evangélica considera o suicídio um ato contra si mesmo, mas enfatiza que apenas Deus decide sobre salvação ou condenação, vendo o suicídio como um pecado, mas também como um sinal de não resistência às pressões da vida (Bovo Jr.Bruning, 2019). O Espiritismo, com sua abordagem filosófica e científica, vê a evolução espiritual humana como um processo contínuo de reencarnações, onde o suicídio é uma tentativa de fuga do sofrimento que interrompe esse progresso evolutivo (Loureiro et al., 2015).

Entre as religiões de matriz africana, inicialmente, a adaptação cultural visava à aceitação da realidade da escravidão para reduzir fugas, rebeliões, suicídios e abortos (Jardim, 2017). Os terreiros são vistos como espaços de culto e de cura, onde as energias inconscientes podem emergir de maneira intensa, potencialmente podendo levar ao suicídio (Lopes, 2011). Portanto, a religião pode ter um duplo impacto na ideação suicida: positivo, ao fornecer força e iniciativa para enfrentar adversidades, ou negativo, quando o fanatismo e o conservadorismo exacerbado prevalecem (Murakami; Campos, 2012). Além da religiosidade, estratégias de saúde pública, como linhas de ajuda e barreiras físicas, são fundamentais na prevenção do suicídio, exigindo a colaboração de todas as esferas e autoridades (Silva; Marques Jr.; Suchara, 2018). 

4. O SENTIDO DA VIDA E O VAZIO EXISTENCIAL

Neste segmento, a discussão se volta para temas como crise de identidade, vazio existencial e a busca pelo sentido da vida, explorando questões centrais tanto para a sociedade em geral quanto para especialistas em comportamento humano. Espera-se que a interlocução entre pesquisadores e teóricos forneça informações para compreender o drama existencial daqueles que consideram o suicídio, apontando caminhos para lidar com essa questão premente. 

A análise se inicia com uma contextualização do indivíduo contemporâneo, investigando a construção de sua subjetividade e identidade como um processo evolutivo. O ser do século XXI é visto como o resultado de um longo desenvolvimento histórico e social, marcado por transformações aceleradas propiciadas pela comunicação instantânea. Como essas mudanças influenciam a maneira como o indivíduo encara os desafios da vida?

Hall (2006) detalha o processo de formação da identidade do homem moderno, destacando a passagem de um indivíduo centralizado e unificado, típico do Iluminismo, para uma figura descentralizada e fragmentada na modernidade tardia. Mead (apud Hall, 2006) complementa essa visão com a ideia de um “eu” formado interativamente, mas Hall (2006) observa que tal estabilidade é ilusória, apontando para a fluidez das identidades no mundo contemporâneo.

Na obra “Modernidade Líquida”, Bauman (2001) descreve uma era caracterizada pela transitoriedade e pela fragilidade das relações e estruturas sociais, onde a constante mudança torna-se a única certeza. Neste contexto, a sensação de desadaptação ao mundo emerge como uma consequência direta da dificuldade em encontrar pontos de ancoragem estáveis que confiram sentido à existência individual. A rápida obsolescência dos modelos de vida, a fluidez das relações interpessoais e a pressão por adaptabilidade contínua podem gerar um profundo sentimento de alienação e vazio existencial. 

Esse cenário de incerteza e de instabilidade crônica, conforme Bauman (2001) analisa, propicia um terreno fértil para o sofrimento psíquico, uma vez que a falta de referências sólidas e a dificuldade em estabelecer conexões significativas minam a autoestima e a sensação de pertencimento. Essa conjuntura, marcada por uma contínua sensação de desencaixe e de insegurança, pode levar a estados de angústia profunda, contribuindo para o desenvolvimento de ideação suicida como uma resposta ao desamparo experimentado no seio da modernidade líquida, onde a fluidez das estruturas sociais e a precariedade das relações humanas desafiam a construção de identidades coesas e de projetos de vida duradouros.

Geertz (2000) e Woodward e Silva (2000) discutem a construção da identidade através das lentes culturais e simbólicas, ressaltando a importância das diferenças e da representação cultural na moldagem de nossas percepções de nós mesmos e do mundo. Woodward e Silva (2000) enfatizam a influência da cultura na identidade e na percepção do significado, sugerindo que o sistema de classificação social é fundamental, mas não abarca a complexidade individual.

O homem moderno enfrenta incertezas e a desestabilização de sua identidade, vivendo em um mundo sem garantias ou um ponto fixo de referência. Crema destaca que a fragmentação é um dos maiores impedimentos à felicidade, refletindo a crise de dissociação que vivemos. Diante dessas mudanças incessantes, surgem questões existenciais profundas sobre o propósito e o significado da vida, levando a um incessante questionamento sobre a própria existência e o lugar do indivíduo no mundo.

Segundo Victor Frankl (2008), a busca por um propósito existencial é a principal motivação do ser humano, superando a busca por prazeres materiais, sexuais ou de poder, e se contrapondo ao niilismo prevalente na modernidade. Ele sustenta que o anseio por um significado profundo na vida é uma força primordial, e que a felicidade verdadeira advém dessa busca por sentido, mesmo que este possa ser encontrado no enfrentamento do sofrimento. Frankl (2008) argumenta que, embora não possamos escolher nosso destino, temos a liberdade de escolher como reagimos a ele.

Aquino (2009) ressalta que o ser humano é o único que confere significado ao mundo ao seu redor, destacando a importância de interpretar e dar sentido às experiências vividas como uma necessidade tão fundamental quanto as necessidades físicas. Geertz (1989) ecoa essa ideia, pontuando que o homem é incapaz de existir num mundo destituído de sentido. Para Frankl (2008), viver com propósito envolve engajar-se apaixonadamente em algo maior que si mesmo, utilizando plenamente suas capacidades.

O autor ainda identifica três caminhos principais através dos quais o sentido pode ser concretizado: os valores experienciais, que se referem à apreciação de experiências positivas ou ao amor; os valores criativos, que envolvem a criação de obras ou o empenho em trabalhos significativos; e os valores atitudinais, relacionados à postura assumida diante do sofrimento inevitável (Frankl, 2008). Carrara (2016) complementa essa visão, enfatizando que a abertura para um propósito que transcenda o eu e esteja ligado a tarefas significativas e ao outro é essencial para a saúde mental e a resiliência diante das adversidades.

Nesse contexto, o sentido da vida é intrinsecamente pessoal e flutuante, variando significativamente de um indivíduo para outro, de dia para dia, e até de momento a momento. Cada pessoa enfrenta a vida como um conjunto único de desafios a serem superados, onde o significado e valor de cada situação são profundamente pessoais e condicionados pelo contexto em que o indivíduo está inserido. Portanto, descobrir o sentido da vida é uma jornada pessoal e uma responsabilidade que não pode ser delegada. É nessa busca pessoal, subjetiva e única que cada um de nós pode encontrar a verdadeira essência do viver (Frankl, 2008).

Berger (2000), Carrara (2016), Geertz (1989) e Aquino (2009) apresentam a ideia de que encontrar um propósito na vida é uma jornada essencial para o ser humano, tão vital quanto às necessidades básicas de sobrevivência. Viver de forma significativa envolve abraçar a vida com paixão, amar sem esperar retribuição, engajar-se em causas e atividades com entusiasmo e criatividade, participar ativamente na vida dos outros e enfrentar os desafios com resiliência. 

Mas, o que acontece quando a vida parece perder seu sentido? Quando as pessoas não conseguem mais identificar sua motivação principal e caem em um estado de desalento e vazio existencial? Segundo Frankl (2008), a sociedade moderna está imersa em uma “frustração existencial”, um termo que ele utiliza para descrever a sensação de que a vida perdeu seu significado, também conhecido como vazio existencial. Essa condição, segundo ele, não é necessariamente patológica. É normal que, em diferentes momentos, as pessoas reavaliem seus objetivos e propósitos de vida. Contudo, na contemporaneidade, essa busca por significado se tornou um desafio constante para muitos. O vazio existencial manifesta-se principalmente através de um tédio profundo e persistente. A incapacidade de satisfazer essas necessidades existenciais fundamentais, e a consequente falta de propósito, tornou-se um fenômeno difundido, afetando indivíduos e sociedades inteiros. Na visão do autor, esse vazio é a raiz de muitas neuroses pessoais e coletivas.

O homem de hoje, ao contrário do que ocorria nos tempos de Sigmund Freud, já não é sexualmente frustrado, mas existencialmente frustrado. E hoje sofre menos do que no tempo de Alfred Adler, de um sentimento de inferioridade do que de um sentimento de falta de sentido, precedido por um sentimento de vazio, de um vazio existencial (Frankl, 1991, p. 155).

O temor do vazio se manifesta tanto no aspecto físico quanto no psicológico. Ainda conforme destacado pelo autor, a vida frenética dos tempos modernos é, na verdade, uma tentativa ineficaz de lidar com a frustração existencial, pois “quanto menos o indivíduo compreende o propósito de sua existência, mais ele acelera seu ritmo de vida”. 

Schopenhauer (2010 apud Oliveira, 2018), em “O Mundo como Vontade e Representação”, argumenta que o suicídio, longe de negar a vontade de viver, a reafirma fortemente, mostrando a insatisfação com as condições de vida, mas não com a vontade de viver. Para ele, o suicídio é uma tentativa desesperada de resistência, onde o desejo inabalável pela vida leva à rejeição da existência sob condições intoleráveis.

Shneidman (1998), ao abordar a ideação suicida, enfatiza a importância de se considerar a dor psíquica do indivíduo, além dos fatores sociais e de saúde mental. Sêneca (1991) e Camus (2004), cada um a seu modo, apontam que a busca por um sentido de vida é um empreendimento pessoal e íntimo, moldado pelas avaliações internas de cada um diante dos desafios da existência.

Assim, as reflexões de Shneidman (1998), Frankl (2008), Camus (2004), Sêneca (1991) e Schopenhauer (2010 apud Oliveira, 2018)  convergem para a compreensão de que, na essência da crise existencial moderna e no aumento das taxas de suicídio, está a luta do homem contra o vazio de uma vida desprovida de significado. A questão que se impõe é: por que, mesmo diante de todas as possibilidades materiais, a existência parece desprovida de sentido?

Frankl (1988), divergindo de Freud e Adler, argumenta que a autorrealização, felicidade, prazer e poder não constituem o objetivo supremo do ser humano. Ele salienta que a busca por um sentido na vida fornece a verdadeira base para a felicidade. Essa perspectiva é resumida no princípio de que a felicidade não deve ser o alvo direto; ela emerge espontaneamente quando se encontra um propósito significativo para viver. 

Dessa forma, a autorrealização emerge como um subproduto da busca por sentido, e não como um objetivo em si. O desejo por sentido guia o indivíduo a encontrar felicidade e satisfação, independente de alcançar prazer, poder ou autorrealização. Pereira (2009) complementa, destacando que a orientação humana para além do binômio prazer-poder permite uma existência satisfatória mesmo diante de fracassos ou desafios. 

De acordo com Medeiros (2019), o significado da vida refere-se à crença ou ideia que fundamenta as razões ou motivos para viver. Possuir um propósito na vida é essencial para a existência humana, especialmente ao enfrentar adversidades. O propósito da vida é, portanto, uma percepção pessoal que varia entre indivíduos e muda ao longo do tempo. 

Frankl (2011) enfatiza que esse sentido é crucial para atender ao anseio por propósito. O mais importante não é definir qual é o sentido da vida, mas sim identificar o que motiva uma pessoa no momento presente. Isso é compreensível, pois a vida nos confronta com diversas situações e dilemas, muitas vezes sem respostas claras, e cada pessoa reage e pensa de maneira diferente em momentos distintos, dada a nossa natureza cambiante. 

Conforme a filosofia de Heráclito sobre o devir3, “não se pode entrar duas vezes no mesmo rio” porque, como seres em constante mudança, não somos os mesmos de um momento para o outro, e as águas desse rio também se transformam (Reale, 1993 apud Martins, 2007, p. 60). 

Xausa (2003, p. 84) ressalta que apenas os seres humanos podem escolher como responder ao sofrimento, pois “a resposta ao sentido do trágico é encontrada justamente na atitude que tomamos diante de uma situação trágica apresentada”. Isso se deve à existência de uma liberdade fundamental, que reside no íntimo de cada pessoa e permite escolher uma resposta alternativa às circunstâncias enfrentadas. 

Essa liberdade fundamental perdura por toda a vida, permitindo que alguém encontre significado em sua vida até mesmo nos momentos finais. Assim, mesmo sob circunstâncias que possam limitar a liberdade e a dignidade, ainda resta uma liberdade interna que impulsiona a escolha de como perceber e reagir às situações (Xausa, 2003). 

Segundo os autores, a pessoa procura então escapar do vazio e preencher a lacuna que a falta de propósito e o vazio existencial provocam, buscando estabelecer sua autenticidade, seja através da ajuda de um estranho que possa aliviar seu sofrimento ou através de um ato extremo de violência contra si mesmo, como o suicídio ou tentativas de suicídio (Dutra; Rosa, 2001).

Nesse ensejo, hedonismo e o eudaimonismo são duas perspectivas filosóficas significativas sobre o que constitui uma vida boa ou bem-vivida, mas cada uma propõe um caminho distinto para alcançar a felicidade ou o bem-estar.

De acordo com Pequeno (2014), o hedonismo, oriundo das ideias de Epicuro, é a teoria que identifica a felicidade com o prazer e a ausência de dor. Para os hedonistas, o objetivo principal da vida é maximizar o prazer e minimizar o sofrimento. Epicuro, por exemplo, defendia um tipo de hedonismo moderado, onde os prazeres mais sustentáveis e menos perturbadores — como a amizade e o conhecimento — são mais valorizados do que os prazeres intensos, porém transitórios e potencialmente destrutivos.

Já o eudaimonismo, por sua vez, tem suas raízes nas teorias de Aristóteles e é frequentemente associado à ideia de realização ou florescimento humano. Para Aristóteles, a felicidade (eudaimonia) é alcançada por meio da realização das virtudes, que são disposições de caráter que nos permitem viver de maneira plena, realizando nosso potencial humano. Diferentemente do hedonismo, o eudaimonismo não foca somente na busca por prazer, mas na realização de uma vida virtuosa como um todo (Pequeno, 2014).

Ambas as abordagens têm sido discutidas e adaptadas por filósofos contemporâneos. O hedonismo foi explorado em debates sobre ética utilitarista, como nos trabalhos de Jeremy Bentham (1974) e John Stuart (2005), que argumentam que as ações devem ser julgadas moralmente com base em sua capacidade de produzir o maior bem para o maior número de pessoas. 

Já o eudaimonismo foi retomado e expandido por filósofos modernos como Martha Nussbaum (2009) e Alasdair MacIntyre (2001), que o integraram em suas reflexões sobre ética das virtudes e a importância de desenvolver qualidades e habilidades que contribuem para o bem-estar humano e social.

5. A ESPIRITUALIDADE COMO ELEMENTO DE PROTEÇÃO E RESILIÊNCIA

A trajetória do suicídio ao longo da história reflete a evolução cultural da sociedade, marcada por seus valores, crenças, e momentos significativos tanto de progresso quanto de adversidade. As fronteiras da experiência humana, nesse contexto, revelam os contornos do pensamento predominante em cada época. Atualmente, vivemos em uma era marcada por profundas complexidades e incertezas, onde o ser humano, muitas vezes, se encontra em encruzilhadas existenciais, sem satisfação para suas necessidades elementares, levando-o a encarar o suicídio como uma solução viável para sua desesperança e angústia. 

Até o século XVII, a Igreja desempenhou um papel central na construção e condução da verdade absoluta na sociedade ocidental. Dominando os campos da filosofia, da ética e da ciência, a autoridade eclesiástica moldava o entendimento do mundo e ditava normas morais, servindo como a principal, e muitas vezes única, fonte de explicação sobre a realidade e a ordem do universo. Durante a Idade Média, a Igreja não apenas influenciava a vida espiritual das pessoas, mas também exercia poder político, controlando o conhecimento através das universidades e da censura dos textos, o que mantinha a ortodoxia de suas interpretações e doutrinas (Araújo; Bett, 2022).

Com o advento do Renascimento, segundo Godinho (2012), a partir do século XIV, esse panorama começou a mudar significativamente. Este período foi marcado por um ressurgimento do interesse pelos textos clássicos gregos e romanos, que promoveu um florescimento cultural e um aumento do questionamento da autoridade da Igreja. Pensadores renascentistas como Erasmo de Roterdã e mais tarde figuras como Galileu e Descartes começaram a explorar ideias que desafiavam as interpretações tradicionais da Bíblia e das verdades estabelecidas pela Igreja. Com o desenvolvimento do método científico e o aumento do ceticismo, o monopólio da Igreja sobre a verdade foi sendo erodido, dando lugar a uma visão mais pluralista e diversificada do conhecimento (Godinho, 2012).

De acordo com Brugnera (2015), esse processo culminou na promoção do relativismo moral e intelectual, onde verdades múltiplas podiam coexistir, dependendo de perspectivas culturais, históricas e pessoais distintas. Essa transição do pensamento foi acelerada pela Reforma Protestante e pelos avanços científicos, que democratizaram o acesso ao conhecimento e incentivaram o pensamento crítico e independente.

Atualmente, segundo o mesmo autor, a herança desse movimento em direção ao relativismo continua influenciando profundamente nossa segurança emocional e moral. Em uma era de pluralidade de ideias e de globalização, indivíduos são frequentemente confrontados com uma variedade de verdades e normas morais, o que pode gerar tanto uma sensação de liberdade quanto de incerteza. A falta de verdades absolutas e o relativismo de crenças exigem que as pessoas desenvolvam resiliência emocional e habilidades de pensamento crítico para navegar em um mundo onde as certezas são menos claras e onde os valores podem ser questionados e debatidos abertamente (Brugnera, 2015).

Essa situação pode ser desafiadora, pois, enquanto a flexibilidade e a abertura à diversidade podem enriquecer a experiência humana e promover a tolerância, também podem levar a sentimentos de desorientação e ansiedade. Muitas pessoas buscam na religião, na filosofia ou em comunidades ideológicas um senso de comunidade e estabilidade, evidenciando que, mesmo em um mundo de relativismo moral, a busca por significado e por segurança emocional permanece um aspecto central da condição humana (Tavares; Machado, 2013).

Walsh (2005) argumenta que no cerne da resiliência está o coração, ou seja, o sistema de crenças de uma pessoa. Esses sistemas são forças potentes para a resiliência, pois ajudam o indivíduo a encontrar significado nas adversidades, relacionando essas experiências ao seu contexto social, crenças religiosas e culturais, história familiar multigeracional, e suas aspirações e esperanças futuras. Esses sistemas de crenças permitem que as pessoas reinterpretem adversidades sob uma perspectiva espiritual e transcendental.

De acordo com Cameron (2004 apud Leão; Silva, 2016), a religiosidade beneficia o ser humano ao promover o bem-estar e estimular virtudes como honradez, prudência, temperança, confiança e honestidade. Essas virtudes podem fomentar solidariedade nas interações sociais e atitudes éticas. Assim, uma espiritualidade virtuosa, ao contrário da intolerância, surge como um elemento construtivo é sinônimo de resiliência. A adoção e prática de princípios religiosos ajudam no desenvolvimento de sentimentos positivos e no estabelecimento de relações mais saudáveis entre as pessoas.

Desde cedo, no início do desenvolvimento humano, a experiência religiosa começa, frequentemente, quando a pessoa ainda é um recém-nascido. Objetos transicionais, como um cobertor ou mesmo o cuidador, podem representar segurança para a criança, estabelecendo uma conexão com o transcendente e proporcionando bem-estar, pois representam algo constante e seguro, embora não estejam fisicamente presentes (Ecco et al., 2016).

A fé é vista por Flach (1991) como um pilar da resiliência, um processo contínuo de adaptação onde o indivíduo utiliza recursos biológicos e psicológicos para restabelecer-se e superar com sucesso os desafios da vida. Para alguns, a fé está confinada dentro dos limites de uma religião, enquanto para outros, reside no inconsciente profundo, em conexão com o absoluto.

Em sua pesquisa sobre o luto e sua interação com a religiosidade e espiritualidade, Farinasso (2011) observou que a religião é uma grande fonte de apoio para aqueles que enfrentam a perda de entes queridos. A instituição religiosa e a prática da religiosidade oferecem força para superar essas perdas, e pessoas que já passaram pelo luto tendem a aceitar mais facilmente essas situações.

Esses estudos destacam como a espiritualidade está intrinsecamente ligada à resiliência, permitindo que as pessoas se fortaleçam espiritualmente e se tornem mais flexíveis diante das adversidades, reduzindo o sofrimento.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo forneceu uma análise abrangente e multifacetada das complexas relações entre ideação suicida, psicologia, religião, espiritualidade e a incessante busca humana por sentido. Através de uma revisão da literatura disponível, emergem temas centrais que destacam tanto a vulnerabilidade humana diante das questões existenciais quanto a capacidade inerente de encontrar resiliência e propósito mesmo nas circunstâncias mais desafiadoras.

A análise dos resultados revela que o suicídio, além de ser um grave problema de saúde pública, reflete profundas crises existenciais e psicológicas individuais. Profissionais da saúde mental, como psiquiatras e psicólogos, desempenham um papel crucial na identificação e intervenção precoce em casos de ideação suicida. Contudo, a eficácia dessa intervenção muitas vezes depende da compreensão das complexas interações entre fatores psicológicos, sociais e espirituais que influenciam o indivíduo.

A religião e a espiritualidade são identificadas como fatores significativos, capazes de oferecer tanto apoio quanto desafios para indivíduos enfrentando crises de suicídio. As diversas tradições religiosas abordam o suicídio de maneiras que refletem seus valores e crenças fundamentais, podendo tanto oferecer consolo e um sentido de pertencimento quanto exacerbar sentimentos de culpa e desespero. Contudo, o estudo destaca uma tendência contemporânea de busca por uma espiritualidade mais personalizada e menos dogmática, sugerindo uma evolução nas formas de vivência do sagrado que pode ser mais alinhada com as necessidades individuais de significado e propósito.

O conceito de busca por sentido, especialmente conforme explorado por Viktor Frankl, emerge como um pilar central para a compreensão da prevenção do suicídio. Este estudo reafirma a ideia de que a capacidade de encontrar um propósito significativo na vida é fundamental para a saúde mental e o bem-estar. A autorrealização e a felicidade surgem, portanto, não como objetivos diretos, mas como subprodutos de uma vida vivida com propósito e direcionada para algo além de si mesma.

Assim, este estudo reforça a necessidade de uma abordagem holística e integrativa na prevenção do suicídio, que leve em conta a complexidade do ser humano e a intersecção entre saúde mental, espiritualidade e busca por sentido. A promoção de ambientes que apoiem a exploração e o desenvolvimento de um propósito de vida pessoal e significativo é essencial. Além disso, é crucial o reconhecimento da diversidade das expressões de espiritualidade e religiosidade, garantindo que cada indivíduo possa encontrar apoio na sua própria jornada pessoal em busca de significado. Este estudo lança luz sobre as dinâmicas profundas que moldam a experiência humana, oferecendo informações importantes para profissionais da saúde, educadores, líderes religiosos e a sociedade como um todo, no esforço contínuo para entender e prevenir o suicídio.


3Processo contínuo de transformação que afeta todos os seres. Um movimento constante que serve como uma norma universal, capaz de gerar, alterar e remodelar todas as existências; essa própria transformação. Fonte: https://www.dicio.com.br/devir/#:~:text=Significado%20de%20Devir,que%20existe%3B%20essa%20pr%C3%B3pria%20mudan%C3%A7a. Acesso em: 13 mai. 2024.

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1Somos estudantes acadêmicas de Psicologia, possuímos formação teórica e prática na área, com ênfase em TCC e Psicanálise. Atualmente, estamos envolvidas em pesquisas sobre espiritualidade e ciência, buscando compreender a espiritualidade como fator de proteção na saúde mental. Além disso, nossas participações em projetos anteriores, estágios e atividades extracurriculares nos proporcionaram experiência prática no atendimento clínico, pesquisa experimental, intervenção comunitária, etc. Estamos comprometidas com o avanço do conhecimento na Psicologia e em contribuir de maneira significativa para a comunidade acadêmica e profissional nesta área. E-mail: ffduailibe@gmail.com, fran.kizy@hotmail.com, neurowruelha@gmail.com
2Professor orientador Especialista em Saúde Mental, atuou no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas – CAPSAD de Araguaína – TO. Ministrou palestras sobre gerenciamento das emoções, manejo na crise suicida, relacionamento interpessoal, e Burnout. Atuou como psicólogo social no Centro de Referência da Assistência Social de Araguaína. Atuou como supervisor de estágio docente do curso de Psicologia da UNITPAC. Atuou como diretor de Clínica-escola de Psicologia da UNITPAC.E-mail: profhytallo@gmail.com