DESAFIOS À AREA DA LINGUAGEM NO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA: UM ESTUDO SEMÂNTICO-LEXICAL NO FALAR DE APUI-AM/2019-20

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11224612


Ligia de Morais,
Drº. José Amauri Siqueira da Silva,
Suzana Gusmão Lima


RESUMO

Este artigo tem como tema: desafios à área da linguagem no ensino da língua portuguesa: um estudo semântico-lexical no falar de Apuí -AM/2019-20.

Teve como objetivo investigar as variações semântico-lexicais presentes no dialeto falado em Apuí, município do Estado do Amazonas, buscando contribuir para o enriquecimento linguístico da região e para uma melhor compreensão do processo de ensino da Língua Portuguesa. A pesquisa surge da observação direta da diversidade linguística presente na região, que carece de estudos específicos sobre o assunto.

A metodologia utilizada baseou-se na Geolinguística, com a aplicação do Questionário do Atlas Linguístico do Brasil (ALIB) como principal instrumento de coleta de dados. Foram entrevistados moradores locais, selecionados de forma aleatória e de acordo com critérios pré-estabelecidos, submetidos a um questionário semântico-lexical.

Os resultados revelaram uma ampla gama de variações semântico-lexicais, influenciadas por diferentes povos e culturas que contribuíram para a formação do dialeto apuiense. A análise dos dados proporcionou uma visão mais abrangente da realidade linguística da região, fornecendo conhecimentos valiosos para o contexto educacional, especialmente no que diz respeito ao ensino da Língua Portuguesa. Este estudo, inserido nas áreas de Sociolinguística e Dialetologia, destaca a importância de considerar as variações linguísticas no processo educacional e sugere que os resultados obtidos podem fornecer uma base sólida para uma abordagem mais inclusiva e eficaz no ensino da Língua Portuguesa em Apuí e região.

Palavras-chave: Língua. Ensino. Variações semânticos-lexicais.

1 INTRODUÇÃO

O estudo proposto investigou a diversidade linguística no município de Apuí, localizado no Estado do Amazonas, Brasil. A língua brasileira, na época da pesquisa, representava um campo complexo e desafiador, refletindo uma ampla gama de influências culturais, históricas e sociais. Ao analisar a fala de uma comunidade específica, era possível compreender não apenas sua linguagem, mas também sua história, cultura e identidade.

A história de Apuí estava marcada por uma série de movimentos migratórios, impulsionados por projetos de colonização e desenvolvimento territorial durante o período da Ditadura Militar. Essas migrações haviam trazido pessoas de diversas partes do Brasil e do Paraguai, cada uma contribuindo com sua própria linguagem e cultura para a formação do dialeto apuiense.

Desde os colonos do Sul do Brasil até os brasiguaios do Paraguai e os sem-terra de Mato Grosso, cada grupo étnico havia deixado sua marca na linguagem local. Essa diversidade linguística representava uma fonte valiosa de variação semântica e lexical, merecedora de investigação para aprimorar o entendimento e o ensino da Língua Portuguesa na região.

Na época da pesquisa, o estudo, embasado na Geolinguística e utilizando o Questionário do Atlas Linguístico do Brasil (ALIB) como ferramenta de coleta de dados, tinha como objetivo identificar e analisar as variações linguísticas presentes no dialeto apuiense. A compreensão dessas variações poderia fornecer insights relevantes para o ensino da Língua Portuguesa em Apuí e áreas adjacentes.

Diante do exposto, buscou-se responder ao problema central da pesquisa: Quais variações semântico-lexicais estavam presentes no falar dos munícipes de Apuí – AM? Constituiu-se, assim, como objetivo geral explorar as variações semânticas lexicais do modo de falar de Apuí, município do Estado do Amazonas, localizado na Microrregião do Madeira.

Essa pesquisa justifica-se pela necessidade de registrar a riqueza linguística que se manifestava em Apuí – AM, devido ao contato, por mais de três décadas, entre pessoas com culturas e falares tão diversos. Além disso, a ausência de estudos como este no ponto de investigação em questão e a oportunidade de oferecer um panorama detalhado do falar característico dessa região do Amazonas também foram fatores que impulsionaram o desenvolvimento deste estudo.

Um estudo semântico-lexical, de natureza sociolinguística, foi conduzido para retratar o universo cultural da sociedade, considerando que o léxico funciona como testemunha da realidade que envolve um grupo sociolinguístico-cultural. Portanto, esse nível da língua revela elementos importantes sobre como um determinado grupo concebe a sua realidade.

Esta pesquisa foi realizada no município de Apuí, localizado no sul do estado do Amazonas, situado na BR – 319, no ano de 2019. O objetivo foi investigar as variações semântico-lexicais do modo de falar dos apuienses, utilizando como base a Geolinguística, um método cartográfico da dialetologia. Para isso, foi utilizado o Questionário do Atlas Linguístico do Brasil – ALIB, que permitiu a análise da variação diatópica (espacial), diagenérica (sexo) e diageracional (faixa etária).

2 METODOLOGIA

A metodologia desse estudo foi fundamental para guiar a pesquisa e alcançar os objetivos propostos. O método adotado foi cuidadosamente selecionado para atender às necessidades específicas do estudo, garantindo a validade e confiabilidade dos resultados obtidos. De acordo com Hovais e Villar (2001), o método é o meio pelo qual as etapas da pesquisa são realizadas, seguindo um plano estabelecido. Por sua vez, as técnicas empregadas na pesquisa representam a operacionalização desses métodos, exigindo habilidade e precisão em sua execução (Andrade, 2005; Marconi e Lakatos, 2002).

A pesquisa, conduzida no ano de 2019, baseou-se em uma abordagem metodológica que envolveu tanto a análise de fontes bibliográficas quanto a coleta de dados primários por meio de questionários. A escolha por uma pesquisa bibliográfica foi motivada pela necessidade de embasar teoricamente o estudo, explorando conhecimentos já existentes sobre o tema em questão. Isso envolveu consultas a uma ampla gama de fontes, incluindo livros, revistas, artigos acadêmicos e outros materiais relevantes. Essa etapa permitiu uma compreensão mais profunda do contexto e das teorias relacionadas à temática da pesquisa.

Além disso, a pesquisa contou com uma abordagem empírica, utilizando questionários como instrumento de coleta de dados primários. Os questionários foram aplicados a uma amostra representativa da população de Apuí, no estado do Amazonas, seguindo critérios específicos de seleção de participantes. A escolha desses métodos e técnicas permitiu uma análise abrangente das variações semântico-lexicais no modo de falar dos habitantes de Apuí, contribuindo para o alcance dos objetivos propostos no estudo.

 A metodologia adotada neste estudo foi essencial para garantir a qualidade e a validade dos resultados obtidos, proporcionando uma compreensão aprofundada das variações linguísticas em Apuí.

2.1. Coleta De Material Bibliográfico 

Durante a coleta de dados, foram seguidas as seguintes metodológicas:

Leitura exploratória: Inicialmente, todo o material selecionado foi submetido a uma leitura exploratória. Essa etapa envolveu uma análise rápida e objetiva para avaliar se o conteúdo era relevante para a pesquisa em questão. Essa abordagem permitiu identificar as obras que poderiam contribuir significativamente para o estudo.

Leitura seletiva: Em seguida, foi adotada uma leitura seletiva, caracterizada por uma análise mais aprofundada do material selecionado. Nessa fase, o foco estava em identificar informações e dados específicos que fossem consistentes e pertinentes para o trabalho. Essa abordagem permitiu uma compreensão mais detalhada dos conteúdos relevantes.

Registro das informações: Durante todo o processo de leitura, foram registradas as informações extraídas das fontes. Cada informação relevante foi devidamente documentada, indicando o nome do autor e o ano de publicação da obra. Esses registros foram posteriormente utilizados para embasar teoricamente o desenvolvimento do trabalho, garantindo a credibilidade e a transparência na apresentação dos dados.

Essas metodológicas foram essenciais para orientar o processo de coleta de dados e garantir a qualidade e a confiabilidade das informações utilizadas na pesquisa.

2.2 Análise e interpretação dos resultados 

Na etapa final, realizamos uma leitura analítica do material coletado para organizar e resumir as informações. Buscamos dados que respondessem ao problema de pesquisa, alinhando-os com os objetivos estabelecidos. Sintetizamos os principais achados e conclusões, destacando sua relevância para o estudo. Esse processo proporcionou uma compreensão clara do panorama da pesquisa, preparando o terreno para as considerações finais.

2.3 Pesquisa de campo

Os dados para este estudo foram coletados por meio de uma pesquisa de campo realizada na sede do município de Apuí – AM. Utilizando o Questionário Semântico-Lexical (QSL) do Atlas Linguístico Brasileiro (ALIB), foram realizadas conversas direcionadas com moradores de diferentes faixas etárias e níveis de escolaridade. Os critérios para seleção dos informantes incluíram ser nativo da região, preferencialmente com pais e cônjuge locais, não ter se afastado da localidade por mais de 1/3 de sua vida e apresentar boa dicção. Foram entrevistados 12 informantes, divididos igualmente entre os níveis de escolaridade Fundamental e Superior, com representantes de três faixas etárias distintas: 18 a 35 anos, 36 a 55 anos e 56 anos em diante. O questionário utilizado continha 327 questões elaboradas com base em 10 campos semânticos.

2.4. Tipo de investigação

A pesquisa adotou o tipo de investigação de Pesquisa Básica Estratégica, visando desenvolver conhecimentos que pudessem ser aplicados em outros estudos. Ela possuía um nível exploratório, objetivando sondar o fenômeno das variações semântico-lexicais encontradas no discurso dos habitantes do município, buscando confirmar ou refutar as hipóteses levantadas.

Quanto à abordagem, adotou-se o método quantitativo, caracterizado por sua objetividade. O método utilizado foi o Hipotético-Dedutivo, partindo das hipóteses formuladas para chegar a conclusões sobre a problemática investigada. O procedimento consistiu na Pesquisa de Campo, fundamentada na investigação geolinguística, identificando os fenômenos naturalmente ocorridos na fala dos habitantes de Apuí no que diz respeito às variações semântico-lexicais, além de uma abordagem bibliográfica para explorar o pensamento de autores sobre o tema em questão.

2.5 Nível esperado de conhecimento

A partir do desenvolvimento desta pesquisa, esperava-se contribuir para a formação do aluno em diversas áreas do conhecimento, como História, Geografia e Artes, mas principalmente no ensino da Língua Portuguesa. Além disso, visava-se contribuir para o mapeamento dos falares, ou seja, das variações linguísticas voltadas para os estudos semântico-lexicais do português brasileiro. Pretendia-se resgatar um pouco da história tanto do município de Apuí – AM, quanto do Brasil, servindo de base para estudos futuros sobre essa temática.

2.5.1 População e Amostra

A população investigada foi a população de Apuí. A pesquisa foi realizada com um método de amostragem não probabilística, intencional ou dirigida, onde os elementos da população foram selecionados intencionalmente pelo pesquisador. Isso foi feito considerando que esses indivíduos possuíam características representativas da população em estudo. Neste caso, os indivíduos foram selecionados com base nas seguintes características:

Critérios de inclusão:

Foram selecionados seis homens e seis mulheres, distribuídos em três faixas etárias diferentes e dois níveis de escolaridade (fundamental e superior). Esta seleção incluiu um homem e uma mulher entre 18 e 35 anos com ensino fundamental, um homem e uma mulher com nível superior na mesma faixa etária, um homem e uma mulher entre 36 e 55 anos com ensino fundamental, um homem e uma mulher entre 36 e 55 anos com ensino superior, um homem e uma mulher com mais de 55 anos com ensino fundamental, e um homem e uma mulher com mais de 55 anos com ensino superior. Esses critérios garantiram uma amostra representativa para alcançar os objetivos da pesquisa com dados satisfatórios.

2.5.2 Critérios de exclusão:

Outros tipos de informantes foram excluídos, pois não atendiam aos critérios específicos de inclusão. A pesquisa compararia as respostas da variação semântico-lexical apenas em um grupo de pessoas pré-selecionadas com base nos critérios de inclusão mencionados anteriormente.

Para testar a funcionalidade do questionário QSL em Apuí, foi selecionado um informante para um questionário piloto. Este informante era do sexo masculino, tinha 67 anos de idade, ensino fundamental incompleto e era natural de Itatiba, estado do Rio Grande do Sul. Ele residia em Apuí há mais de 35 anos, chegando ao município em 20 de agosto de 1983. Das 40 perguntas do questionário piloto, 17 respostas estavam de acordo com o padrão do QSL, enquanto 23 divergiam, o que embasou a hipótese de que a variação semântico-lexical dos apuienses é resultado do encontro entre culturas, gerando novas expressões.

2.5.3 Instrumentos e Técnicas de Coleta de Dados

Para investigar as variações semântico-lexicais no modo de falar dos habitantes de Apuí, a pesquisa adotou o método geolinguístico, utilizando o Questionário ALIB para coletar dados. Doze informantes foram selecionados intencionalmente, sendo seis com escolaridade fundamental e seis com nível superior, representando diferentes faixas etárias e gêneros. Eles foram submetidos ao Questionário Semântico-Lexical (QSL) contendo 40 perguntas distribuídas em 10 eixos temáticos. O método de coleta de dados envolveu a aplicação de um questionário estruturado, onde todas as perguntas foram respondidas pelos informantes.

A pesquisa seguiu o método geolinguístico, com a Pesquisa de Campo registrando as falas e dialetos dos informantes por meio de um questionário elaborado previamente. Os dados coletados permitiram mapear as variações semântico-lexicais, identificando fenômenos linguísticos e fatores históricos, como a migração de palavras entre regiões.

O processo de pesquisa envolveu a seleção do ponto linguístico (município de Apuí), a escolha dos instrumentos e métodos de coleta de dados, a seleção dos informantes de acordo com critérios específicos, a aplicação do questionário por meio de entrevistas gravadas e a transcrição das falas dos informantes. Posteriormente, foi realizada uma análise quantitativa dos dados, elaborando tabelas com as lexias encontradas e confrontando-as com os objetivos e hipóteses da pesquisa.

2.5.4 Procedimentos de Aplicação do Instrumento

Para conduzir esta pesquisa, foram tomadas as seguintes etapas:

Seleção intencional de 12 informantes residentes em Apuí, distribuídos igualmente entre os sexos e divididos em três faixas etárias distintas, com seis informantes tendo educação fundamental e seis com ensino superior. Os critérios de seleção incluíram ser nativo da região, ter pais e cônjuge locais, não ter se afastado da localidade por mais de um terço da vida e ter boa dicção.

A coleta de dados consistiu em 40 questões retiradas do Questionário ALIB, abrangendo 10 campos semânticos diferentes, como atividades agropastoris, fauna, corpo humano, entre outros. O pesquisador leu as perguntas e os entrevistados responderam com a primeira coisa que lhes veio à mente. As entrevistas foram gravadas com a devida permissão dos informantes.

Após a coleta de dados, as respostas foram tabuladas em tabelas e gráficos para análise. Essa análise visava verificar se as hipóteses levantadas foram confirmadas ou refutadas com base nos dados obtidos.

3 CRITÉRIOS PARA A ANÁLISE DE DADOS

Para a presente pesquisa, usou-se se os seguintes critérios para analisar os dados coletados:

  • I1 para Informantes do sexo masculino com nível superior com mais de 56 anos.
  • I2 para Informantes do sexo feminino com nível superior com mais de 56 anos.
  • I3 para Informantes do sexo masculino com ensino fundamental com mais de 56 anos.
  • I4 para Informantes do sexo feminino com ensino fundamental com mais de 56 anos.
  • I5 para Informantes do sexo masculino com nível superior entre 36 a 55 anos.
  • I6 para Informantes do sexo feminino com nível superior entre 36 a 55 anos.
  • I7 para Informantes do sexo masculino com ensino fundamental entre 36 a 55 anos.
  • I8 para Informantes do sexo feminino com ensino fundamental entre 36 a 55 anos.
  • I9 para Informantes do sexo masculino com nível superior entre 18 a 35 anos.
  • I10 para Informantes do sexo feminino com nível superior entre 18 a 35 anos.
  • I11 para Informantes do sexo masculino com ensino fundamental entre 18 a 35 anos.
  • I12 para Informantes do sexo feminino com ensino fundamental entre 18 a 35 anos.

Tal classificação serve como referência para especificar a faixa etária dos participantes da pesquisa, bem como detalhar as características deste para uma possível análise isolada. 

4 DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

A pesquisa em questão buscou investigar as variações semânticas e lexicais em diferentes categorias linguísticas. Os participantes foram questionados sobre uma variedade de tópicos, incluindo habitação, atividades agropastoris, fauna, corpo humano, convívio social, religião, jogos infantis, alimentação e vida urbana. O estudo destaca a diversidade linguística e cultural dentro da comunidade estudada, revelando nuances nas percepções e experiências das pessoas. Análise e Resultados. 

As 10 categorias aplicadas no questionário:

  • Habitação: O índice de similaridade nas respostas dos participantes foi alto nessa categoria, sugerindo uma uniformidade nas percepções sobre temas relacionados à habitação. Isso pode ser atribuído à familiaridade dos indivíduos com aspectos do cotidiano, como moradia e infraestrutura urbana.
  • Atividades Agropastoris: As respostas apresentaram variações significativas, refletindo diferentes experiências individuais e interpretações culturais sobre as atividades agropastoris.  Da mesma forma, as respostas relacionadas à fauna revelaram nuances regionais e individuais na linguagem utilizada pelos participantes.
  • Fauna: Houve variações linguísticas, incluindo mudanças regionais e culturais na forma como os participantes identificam diferentes animais e insetos. Essas variações podem ser influenciadas por fatores como idade, região geográfica, e contexto cultural.
  • Corpo Humano: As respostas revelaram algumas variações semânticas, indicando diferenças individuais na linguagem utilizada para descrever características físicas. Essas variações refletem não apenas diferenças individuais, mas também dinâmicas sociais mais amplas.
  • Convívio Social: As respostas refletiram variações na linguagem relacionadas a comportamentos sociais e relacionamentos interpessoais, com influência da faixa etária e do contexto cultural.
  • Religião e Crença: As respostas mostraram variações na percepção de conceitos religiosos, refletindo diferentes interpretações culturais e crenças individuais. Por exemplo, as respostas sobre a localização de Deus e quem está no inferno ilustram nuances na compreensão desses conceitos entre os participantes.
  • Jogos e Diversões Infantis: As respostas revelaram uma diversidade de termos usados para descrever brincadeiras e brinquedos, indicando variações regionais e culturais.
  • Alimentação e Cozinha: As respostas apresentaram variações na nomenclatura de alimentos e bebidas, refletindo preferências individuais e influências culturais.
  • Vida Urbana: As respostas mostraram variações na linguagem usada para descrever elementos urbanos, como transporte público e locais de convívio, com influência da faixa etária e do contexto social.

Por fim, a análise comparativa das variações semânticas e lexicais entre diferentes grupos demográficos, como gênero e nível de escolaridade, revelou padrões interessantes. Embora as variações tenham sido observadas em todos os grupos, a magnitude dessas variações não mostrou diferenças significativas entre os diferentes estratos demográficos.

Esses achados destacam a complexidade da linguagem e da cultura, enfatizando a importância de considerar a diversidade linguística e cultural em pesquisas linguísticas. As variações semânticas e lexicais oferecem informações valiosas sobre as interpretações, experiências e dinâmicas sociais presentes em uma comunidade, contribuindo para uma compreensão mais profunda da linguagem e da sociedade. Em suma, este estudo oferece uma análise detalhada e penetrante das variações linguísticas em uma variedade de contextos, fornecendo entendimentos importantes para a compreensão da linguagem e da cultura dentro da comunidade estudada.

CONCLUSÃO

A análise do texto revela a riqueza e complexidade das variações semânticas e culturais na linguagem utilizada pelos participantes. Essas variações refletem não apenas diferenças individuais, mas também influências regionais, culturais e sociais na forma como as pessoas percebem e descrevem o mundo ao seu redor. O estudo ressalta a importância de considerar a diversidade linguística e cultural ao interpretar dados sociais e linguísticos, proporcionando entendimentos significativos sobre as percepções e experiências das comunidades estudadas. Após uma investigação meticulosa das variações semânticas e lexicais em uma ampla gama de categorias linguísticas, emerge um retrato rico e complexo da diversidade cultural e linguística dentro da comunidade estudada.

Desde temas cotidianos como habitação até aspectos mais subjetivos como convívio social e religião, as sutilezas das interpretações e experiências individuais ecoam através das respostas dos participantes. As análises revelaram não apenas diferenças regionais, mas também influências culturais e até mesmo variações relacionadas à idade e contexto social. Este estudo, de maneira eloquente, desvelou as intricadas teias da linguagem e da cultura, destacando como elas se entrelaçam para moldar as interações humanas e as perspectivas individuais.

Além disso, ao mergulhar nas complexidades das variações linguísticas entre diferentes grupos demográficos, como gênero e nível de escolaridade, o estudo apontou para padrões fascinantes que transcendem essas categorias, ressaltando a universalidade das variações linguísticas como uma faceta essencial da condição humana.

Em última análise, este estudo não apenas oferece uma análise detalhada das variações linguísticas, mas também ressalta a importância de reconhecer e valorizar a diversidade linguística e cultural em pesquisas linguísticas. As variações semânticas e lexicais não apenas enriquecem nosso entendimento da linguagem, mas também fornecem uma janela única para os pontos de vista, experiências e dinâmicas sociais presentes em uma comunidade específica. Assim, este estudo não apenas contribui para o campo da linguística, mas também nos lembra da beleza e da complexidade da diversidade humana, convidando-nos a apreciar e celebrar as muitas maneiras pelas quais a linguagem e a cultura se entrelaçam para moldar nossa compreensão do mundo e uns dos outros.

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