REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11217033
Francisca das Chagas Nascimento Santana¹*
Lediane Cavalcante Rodrigues Cardoso²
Leonice Oliveira Santos³
Orientadora: Adrielly Martins Porto Netto¹**
Resumo: Nos dias atuais os dispositivos eletrônicos vêm fazendo parte do dia a dia das pessoas de maneira significativa. Nesse contexto, os adolescentes, cujo limite da faixa etária é o interesse deste trabalho. Nesse contexto, o objetivo do trabalho consiste em destacar como a dependência tecnológica dos smartphones afeta a saúde mental dos adolescentes. O método do trabalho é estudo exploratório por meio de pesquisa bibliográfica com análise narrativa, baseado em buscas eletrônicas de artigos indexados nas bases de dados eletrônicos. As pesquisas enfatizaram ponderações sobre os aspectos físicos, cognitivos e comportamentais dos adolescentes dependentes do uso da tecnologia. A maioria dos resultados mostraram uma associação estatisticamente significativa do uso do da tecnologia e das redes sociais com a ansiedade e com outras variáveis. Há diversas perspectivas sobre o impacto das redes sociais na saúde mental dos adolescentes, destacando-se um cenário complexo, onde benefícios como comunicação, entretenimento e acesso à informação coexistem com efeitos negativos, incluindo ansiedade, prejuízos em diferentes áreas da vida e experiências adversas.
Palavras-chave: Adolescentes; Saúde Mental, Tecnologia, Smartfone.
1 INTRODUÇÃO
É fato que a utilização de dispositivos eletrônicos para diversas atividades está cada vez mais comum no dia a dia das pessoas, sendo assim, no Brasil estima-se que existam aproximadamente 149 milhões de indivíduos que utilizam a internet e têm seu celular como principal ferramenta de acesso (TIC DOMICÍLIO, 2022).
No entanto, os adolescentes de hoje têm a possibilidade de desfrutar dos benefícios da tecnologia, através de smartphones, tablets, Ipods, notebooks e até mesmo televisões, que se tornaram acessíveis e estão cada vez mais presentes nos lares. Além disso, a conexão com a internet também está cada vez mais disponível, o que resulta em longas horas de acesso (SILVA e SILVA, 2017).”
Outrossim, segundo a pesquisa TIC Domicílios, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), o uso da internet no Brasil cresceu em 2020, passando de 74% para 81% da população, o que representa 152 milhões de pessoas. E, com isso, o número de adolescentes com problemas ocasionados pelo uso exagerado da tecnologia cresce aproximadamente na mesma proporção (SILVA, 2016).
Dessa maneira, dentre as crianças e adolescentes do Brasil, 86% estão online, o que equivale a cerca de 24,3 milhões de usuários (TIC Kids, 2018) da internet, o que, confirma o aumento do uso dessa ferramenta, principalmente entre os mais jovens. Com tudo, apesar de o avanço tecnológico proporcionar conveniência em diversas áreas, ocorre uma sobrecarga e acumulação maior de informações, sendo assim, as relações humanas se desconectaram do mundo real e se estreitaram no mundo virtual, trazendo consigo novos desafios (COSTA, et al, 2020).
Considerando isso, os dados da pesquisa TIC Kids de 2018, 41% dos usuários de internet de 9 a 17 anos revelaram ter contato com pessoas desconhecidas pessoalmente, sendo essa proporção maior entre os meninos (44%) do que entre as meninas (38%). Com isso, à medida que a tecnologia se torna cada vez mais presente nas atividades diárias dos adolescentes, as implicações positivas e negativas das mídias digitais em relação ao desenvolvimento psicossocial desses jovens têm sido motivo de preocupação.
Dentre as vantagens desse avanço tecnológico, os adolescentes relatam que a comunicação virtual permitiu a utilização de novas formas de linguagem, o que pode estimular a liberdade de expressão. Além disso, o ambiente virtual configura-se como um verdadeiro laboratório social, que auxilia os jovens na superação de dificuldades sociais, conflitos emocionais e timidez. No entanto, algumas características típicas da adolescência, como curiosidade e impulsividade, podem ultrapassar limites, seja ao se envolver em desafios virtuais, tirar selfies em locais perigosos ou praticar sexting, que envolve a própria exposição e pode abalar a autoimagem e a autoestima (COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL, 2016).
No entanto, a tecnologia e seus avanços não são inimigos dos adolescentes, porém se torna importante ter cuidado com o acesso a essas tecnologias, já que os adolescentes estão passando por uma fase especial de desenvolvimento biopsicossocial, principalmente quando há uma diferença significativa de maturidade e discernimento (TONO, 2015).
Nesse sentido, é necessário fornecer ferramentas para essa população lidar e entender a importância e qualidade dos conteúdos acessados nas mídias digitais (UNICEF, 2020), assim como identificar as dificuldades enfrentadas pelos pais e cuidadores no controle parental. Além disso, é importante promover um equilíbrio entre garantir a segurança dos adolescentes sem invadir sua privacidade (BRASIL, 2020).
Entende-se que em um mundo altamente digitalizado onde muitos jovens aprendem a socializar por meio da internet, de certa forma é importante reconhecer e compreender as consequências do uso desses dispositivos, pois a utilização inadequada pode resultar em impactos psicológicos e comportamentais. Em virtude disso, pode levar à perda de controle sobre o uso da internet, sentimento de culpa, isolamento, sintomas de ansiedade e depressão, além de afetar a autoestima, causar conflitos familiares e queda no desempenho escolar, e esses fatores podem afetar diretamente a saúde mental dos adolescentes (COSTA, et. al., 2020).
Atualmente, as redes sociais e os jogos eletrônicos se tornaram opções de entretenimento para os adolescentes, no entanto quando o uso dessas atividades se torna excessivo, há o risco de os jovens desenvolverem um comportamento de dependência, o que pode afetar negativamente a saúde mental. Esse transtorno geralmente resulta na perda de controle do tempo gasto na internet, jogando ou utilizando smartphones, o que causa sofrimento intenso e prejudica áreas importantes da vida, como relacionamentos e desempenho acadêmico (SPRITZER, 2016.)
Estudos indicam que muitos adolescentes reconhecem os danos à saúde mental causados pelas redes sociais, especialmente em casos de cyberbullying e dependência de smartphones (O` REILLY, et. al., 2018).
De acordo com o relatório do UNICEF (2020), estima-se que entre 10% e 40% de crianças e adolescentes tiveram acesso a conteúdos delicados, como suicídio, anorexia, drogas ou violência, portanto, é importante compreender que a tecnologia e as plataformas da internet não devem ser encaradas como meros brinquedos para distração e entretenimento (SALES, et. al, 2021).
Muito se discute que o uso inadequado das redes sociais, jogos e pornografia pode gerar sintomas semelhantes aos de outras dependências, incluindo fissura, tolerância e abstinência. Além disso, a dependência da internet pode levar ao desenvolvimento de transtornos de humor, transtorno de personalidade antissocial e transtornos alimentares (PICON et al. 2015).
Inicialmente, a melhor abordagem diante dos impactos da tecnologia na saúde mental dos adolescentes é promover a educação digital, fornecendo informações claras sobre os riscos e benefícios associados ao uso das mídias digitais, isso permitirá que os adolescentes lidam e respondam às situações que enfrentam de forma adequada (SAFERNET BRASIL, 2018).”
Para isso foi realizada uma revisão da literatura, para em seguida serem identificados e selecionados o material a ser utilizado de acordo com o tema da pesquisa. O levantamento da pesquisa foi efetuado com a finalidade de explicitar a importância do controle do uso das tecnologias para os adolescentes, com a justificativa que o tempo excessivo de atividades tecnológicas durante a fase de desenvolvimento do cérebro, dos adolescentes, pode afetar a atenção, memória, concentração, aprendizagem, perturbação no padrão do sono, saúde física, social e mental.
2 SURGIMENTO E AVANÇOS DA INTERNET
Inicialmente é importante entendermos o surgimento da internet e os seus avanços, sendo assim, de acordo com Silva (2016), a internet teve seu surgimento na década de 1960, como um projeto do governo dos Estados Unidos chamado ARPANET (Advanced Research Projects Agency Network). Inicialmente, era uma rede de computadores voltada para fins acadêmicos e militares, com o objetivo de trocar informações entre diferentes instituições. Nos anos 1980, a internet começou a se expandir e ganhou popularidade com a criação da World Websites (WWW) por Tim Berners-Lee. Essa foi uma forma de organizar e apresentar informações na internet de maneira mais acessível e intuitiva.
A década de 1990 foi marcada pelo avanço da internet para o público em geral, e com o desenvolvimento de tecnologias como os navegadores web e a conexão discada, tornou-se mais fácil e acessível para as pessoas se conectarem à internet. Dessa maneira, nos anos seguintes, surgiram diversas tecnologias e serviços que impulsionaram o avanço da internet, acontecendo assim a popularização das conexões de banda larga, o surgimento de sites de busca como o Google, as redes sociais e os serviços de streaming de vídeo e música são apenas alguns exemplos (BERNARDO, 2013).
Ademais, com o passar do tempo, a internet se tornou muito usada na sociedade moderna, transformando praticamente todos os aspectos da vida das pessoas, sendo na atualidade usada para comunicação, educação, entretenimento, comércio eletrônico, pesquisa, acesso a informações e muito mais. Sendo assim, de acordo com Silva (2016), a internet está recheada de informações criadas por milhões de usuários, onde acessam um navegador e utilizam mecanismos de busca como Google, Yahoo e Bing, podem navegar-se na web e explorar seu enorme potencial. Dessa maneira, com apenas palavras-chaves e alguns cliques, os usuários podem ser direcionados a página sobre o conteúdo que os interessa.
Além disso, é possível criar e utilizar informações na World, Wied, Web, dessa forma podemos dizer que um dos principais exemplos é o acesso às redes sociais, a marca da internet do nosso tempo, onde, o usuário pode configurar seu perfil para se comunicar com pessoas e selecionar o conteúdo que aparece em suas telas de acesso. Logo os usuários também podem explorar a variedade de conteúdos disponíveis, descobrir novas páginas, usar a rede para explorar seus interesses, distribuir informações, pesquisar ou fazer as duas coisas ao mesmo tempo (ROGER, 2020).
2.1 Desenvolvimento da tecnologia
É importante compreender o desenvolvimento da tecnologia, porque ela desempenha um papel significativo em praticamente todos os aspectos de nossa vida cotidiana. Dias (2016), contribui dizendo que o desenvolvimento da tecnologia é um processo contínuo de inovação e aprimoramento das ferramentas, dispositivos e sistemas que utilizamos no dia a dia. A tecnologia abrange uma ampla gama de áreas, incluindo a tecnologia da informação, biotecnologia, nanotecnologia, inteligência artificial, automação, entre outras.
Como descrito por Pimentel (2020), o avanço da tecnologia é impulsionado pela pesquisa e desenvolvimento em universidades, institutos de pesquisa e empresas, bem como pela demanda do mercado por soluções mais eficientes e avançadas. Além disso, novas descobertas científicas e avanços tecnológicos frequentemente levam a melhorias significativas em diversos setores, como saúde, transporte, comunicação, manufatura e energia, entre outros.
Dessa forma, o desenvolvimento da tecnologia também levanta questões importantes, como questões éticas, preocupações com a privacidade, o uso consciente, autoconsciência e impactos mental. Portanto, é crucial que o desenvolvimento da tecnologia seja usado de maneira consciente de modo que não tragam efeitos negativos, para as relações interpessoais e saúde mental dos adolescentes (FREITAS, 2017).
2.2 Benefícios da tecnologia para os adolescentes
Reconhecer e entender os benefícios da tecnologia nos ajuda a aproveitar ao máximo suas vantagens e a lidar com os desafios que ela traz. Além disso, a internet permite o acesso fácil e rápido e uma vasta quantidade de informações, permitindo a pesquisa e o aprendizado em diversos campos, como a comunicação instantânea em todo o mundo, facilitando o contato entre pessoas e empresas, independentemente da localização geográfica. Como também, impulsiona a inovação em diferentes setores, criando soluções e oportunidades de negócios (Sousa et al, 2021).
Outrossim, conforme Alexandra Berelli (2022), a tecnologia tem seus pontos positivos para os adolescentes, como conexão e apoio social, conteúdos afetuosos, interesses compartilhados, recursos educativos sobre saúde mental, prevenção de suicídio, pode auxiliar na superação das dificuldades sociais, conflitos emocionais e timidez. Como também, pode ajudar os adolescentes a desenvolverem habilidades importantes para o mundo atual, como pensamento crítico, resolução de problemas, comunicação digital, até construir uma carreira no mundo virtual.
Como descrito pela Prefeitura de Curitiba (2021), na pandemia do COVID -19, eles deram continuidade aos grupos terapêuticos em um Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil (CAPSi), usando a tecnologia, e tiveram um retorno significante, principalmente com alguns adolescentes dependentes da internet que ainda não tinham aderido ao tratamento por não concordar em sair de casa, por não aceitar a interação social com o grupo, e com o grupo online aceitou participar e aderiu ao tratamento com a terapia online em grupo.
Portanto, é importante ressaltar que, embora a tecnologia ofereça diversos benefícios, é essencial que os adolescentes utilizem essas ferramentas de forma responsável e equilibrada, sempre com orientação e supervisão dos pais ou responsáveis.
2.3 Desenvolvimento biopsicossocial do adolescente
Em outros períodos da história humana, não existia o conhecimento de adolescência como temos atualmente. “O período da adolescência, no que tange à faixa etária e no contexto da cultura ocidental, é aquele que corresponde à segunda década de vida das pessoas, ou seja, de 10 a 19 anos de idade” afirma (VELHO et al., 2014, p.77).
Ana Bock (2004) psicóloga e professora, contribuiu para a compreensão da adolescência sob uma perspectiva psicológica e social, enfatizando a adolescência como um período de transição que envolve não apenas mudanças físicas, mas também transformações psicológicas, sociais e culturais. Destacando a busca por identidade, a influência do contexto social e familiar, e a importância da construção de autonomia e valores durante essa fase. Essa visão holística considera a interação entre fatores internos e externos na formação do jovem.
No entanto, a adolescência é um período de transição e os desafios enfrentados pelos adolescentes serão desafios de desenvolvimento. Estes incluem a adaptação às alterações fisiológicas e anatômicas associadas à puberdade e a incorporação da maturação sexual nos padrões comportamentais individuais, nomeadamente a separação gradual dos pais e da família e o estabelecimento da identidade pessoal, sexual e da sociedade através dos relacionamentos. Trabalhar com colegas para aproveitar uma riqueza de habilidades pessoais e desenvolver o potencial para atividades de carreira e desenvolvimento (VELHO, et al, 2014).
A maneira como os adolescentes processam as informações emocionais difere da dos adultos. Os cientistas realizaram um estudo no qual observaram a atividade cerebral de adolescentes enquanto identificavam emoções exibidas na tela do computador. Indivíduos no início da adolescência (11 a 13 anos) dependem predominantemente da amígdala, uma pequena estrutura semelhante a uma amêndoa que está situada no lobo temporal e desempenha um papel significativo nas respostas emocionais e instintivas. Por outro lado, os adolescentes mais velhos (14 a 17 anos) apresentaram padrões semelhantes aos observados em adultos, utilizando os lobos frontais. Esses lobos são responsáveis por tarefas como planejamento, raciocínio, julgamento, regulação emocional e controle de impulsos, permitindo-lhes fazer avaliações mais precisas e lógicas. (PAPAIA E FELDMAN, 2013).
Devido às mudanças corporais, às relações sociais, aos conflitos que ocorrem, os adolescentes necessitam do apoio familiar e escolar, para auxiliá-los a vivenciarem pela adolescência de forma menos traumática.
Segundo Gonçalves Nuernberg (2012), o uso excessivo de celular corresponde a uma fuga da realidade. Dependendo do nível da fuga, essa demanda requer tratamento adequado, principalmente, quando interfere diretamente na qualidade de vida dos adolescentes. Assim como qualquer comportamento de dependência, o vício em telas pode ser encarado como consequência da relação dos adolescentes com o ambiente social em que eles vivem.
2.4 A dependência tecnológica e suas consequências na vida dos adolescentes
Com o crescente desenvolvimento da tecnologia na sociedade atual, tornou-se cada vez mais difícil viver sem a sua utilização, seja para a realização de estudos, pesquisas, trabalhos, interações e lazer. O grande problema surge quando os usuários não têm controle dos impulsos e seus desejos tornam-se dominados pelas telas, a exemplo de telefones celulares, smartphones, notebooks, computadores e tvs. Dessa maneira, à medida que o uso dos recursos tecnológicos se torna parte essencial na vida comum dos adolescentes, fica ainda mais evidente a necessidade da análise dos benefícios e prejuízos resultantes dessa utilização (NEGRI, 2019).
Nesse sentido, considerando que o adolescente ainda está em fase de desenvolvimento biopsicossocial, pode-se inferir que nem sempre ele terá discernimento e controle para o uso adequado da tecnologia. Assim, pode ocorrer a dependência, que é caracterizada pela ausência de controle do uso da tecnologia, acarretando prejuízo em áreas importantes da vida como relacionamentos interpessoais, desempenho escolar e saúde (SPRITZER et. al., 2016).
Sendo assim, a fim de tornar mais claro o conceito de dependência tecnológica, pode- se utilizar como parâmetro, as recomendações de tempo de exposição a telas da Sociedade Brasileira de Pediatria, a qual publicou em 2019, e reforçou em 2021, os seguintes alertas:
Quadro 1 – Limite de uso de telas
Idade | Alerta |
Menor de 2 anos | Evitar a exposição às telas, sem necessidade (nem passivamente!). |
2 a 5 anos | Limitar o tempo de telas ao máximo de 1 hora/dia, sempre com supervisão depais/cuidadores/ responsáveis |
6 a 10 anos | Limitar o tempo de telas ao máximo de 1-2 horas/dia, sempre com supervisão de pais/responsáveis. |
11 a 18 anos | Limitar o tempo de telas e jogos de videogames a 2-3 horas/dia, e nunca deixar “virar a noite” jogando. |
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2019
Nesse sentido, com referência ainda ao uso excessivo de tecnologia, o Código Internacional de Doenças, em sua 11ª versão (CID-11, 2023), apresenta os critérios para o diagnóstico de transtorno decorrente do uso excessivo de jogos eletrônicos, o qual é descrito por um comportamento persistente ou recorrente, podendo ser online ou offline, que acarreta sofrimento acentuado e considerável prejuízo nos padrões de funcionamento pessoal, social, educacional, familiar, assim como em outras áreas importantes da vida.
Do mesmo modo, o DSM5-TR (2014) apresenta critérios para o diagnóstico de “Transtorno do jogo pela internet”, designado como uso da internet, de forma persistente e recorrente, referente à prática de jogos, o que ocorre frequentemente com envolvimento com outros jogadores, causando prejuízo clinicamente significativo ou sofrimento.
As tecnologias podem ter vários impactos negativos na saúde mental dos adolescentes. Para Silva e Eisenstein (2022), os adolescentes vivem atualmente em dois mundos: o atual e o digital, cujas experiências são permeadas de fantasias e ilusões dos jogos, aplicativos e conteúdos espalhados por várias pessoas e isso pode trazer impactos no desenvolvimento cognitivo dos adolescentes.
Além disso, os computadores, tablets, notebooks, smartphones e outros dispositivos que fazem parte da área de tecnologia da informação e comunicação (TIC), tanto abrem novas possibilidades de relacionamentos que podem trazer benefícios e trocas de conhecimentos, como também oferecem riscos à saúde mental, durante as importantes fases do crescimento e do desenvolvimento cognitivo-emocional-social na faixa etária dos adolescentes (SILVA E EISENSTEIN, 2022)
Outrossim, uma pesquisa realizada pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) em 2022, com 28.466 jovens de 15 a 29 anos, aponta que mais de 40% dos jovens brasileiros não conseguem ficar mais de um dia sem usar o celular. Nesse sentido, o estudo também mostrou que, entre os entrevistados, 27,13% têm a habilidade de permanecer sem telefone por no máximo 24 horas. Apenas 3,16% conseguem ficar sem telefone celular por no máximo 6 horas e 3,16% conseguem manter o aparelho apenas por 30 minutos.
Dessa forma, o abuso do smartphones tem trazido muitos prejuízos aos adolescentes, como a nomofobia, que é o medo desproporcional de ficar sem a conexão com o mundo virtual, a qual pode ser comparada com a dependência de substâncias químicas e álcool. Além disso, a síndrome do toque fantasma, que ocorre quando o indivíduo acredita que determinado dispositivo móvel está vibrando, quando, na verdade, não está. Outro prejuízo é o tecnoestresse, que é caracterizado por respostas de adaptação ao estresse generalizado, ocasionando a desregulação cerebral da liberação de corticotrofina e dopamina, que contribuem para causar vários distúrbios clínicos, dependendo de sua intensidade e cronicidade, no cérebro em desenvolvimento de crianças e adolescentes (SILVA e EISENSTEIN, 2022).
Nesse sentido, os adolescentes também estão expostos a vários riscos online, como predadores, cyberbullying, conteúdo inapropriado e até suicídio. O uso contínuo e excessivo de celular pode levar os adolescentes a desenvolverem uma dependência da tecnologia, afetando negativamente sua saúde mental e emocional, a ponto de até ser necessário buscar um tratamento com terapias e medicamentos (TEIXEIRA et. al., 2022).
Outrossim, no documentário “Dilema das redes” (2020), lançado pela Netflix, dirigido por Jeff Orlowski, fala sobre a questão psicológica do consumo midiático, com uma chave behaviorista com enfoque na utilização do condicionamento dos comportamentos das pessoas para reformar e melhorar a sociedade, de acordo com os interesses de uma classe específica. Ademais, é trabalhada a teoria da sociedade de massa. Nesse contexto as respostas do público à mídia são analisadas de maneira generalizada, colocando-o como receptor passivo de conteúdo e possuidor de reações completamente uniformes.
Nessa mesma lógica, considerando a ideia de que alguns transtornos psiquiátricos podem desenvolver-se como consequência do uso excessivo de tecnologias, Abreu at al. (2008) dizem que há muitos estudos que mostram a relação da dependência de internet com algumas comorbidades psiquiátricas, a saber: depressão e transtorno do humor bipolar, transtornos de ansiedade e TDAH.
Adicionalmente, os principais problemas médicos e alertas de saúde de crianças e adolescentes na era digital, apresentados pela Sociedade Brasileira de Pediatria (2021) são relacionados na seguinte ordem: problemas de saúde mental: irritabilidade, ansiedade e depressão; transtornos do déficit de atenção e hiperatividade; transtornos do sono; transtornos de alimentação: sobrepeso/obesidade e anorexia/bulimia; sedentarismo e falta da prática de exercícios; bullying & cyberbullying; transtornos da imagem corporal e da autoestima; riscos da sexualidade, nudez, sexting, extorsão, abuso sexual, estupro virtual; comportamentos auto-lesivos, indução e riscos de suicídio; aumento da violência, abusos e fatalidades; problemas visuais, miopia e síndrome visual do computador; problemas auditivos e PAIR, perda auditiva induzida pelo ruído; transtornos posturais e músculo-esqueléticos; e Uso de nicotina, vaping, bebidas alcoólicas, maconha, anabolizantes e outras drogas.
Considerando isso, a tecnologia tem papel essencial no mundo, entretanto quando o uso é excessivo e a exposição a telas não tem controle na fase da adolescência, período marcado pelas relevantes alterações cognitivas, afetivas, sociais e físicas, é possível que ocorram prejuízos na saúde mental desse público, podendo surgir diagnósticos como depressão, ansiedade, TDAH, além do distúrbio do sono e comportamentos de irritabilidade e impulsividade (SUELY, 2023).
Vale ressaltar que os diagnósticos só podem ser validados por profissionais habilitados a analisarem de forma criteriosa a vida funcional do adolescente e de qualquer paciente, pois nem todos os usuários de internet, apesar da quantidade excessiva de horas diante de telas, desenvolvem transtornos psiquiátricos ou significativos prejuízos pessoais e sociais. Desse modo, torna-se imprescindível a avaliação clínica de um profissional quanto às comorbidades derivadas de dependência tecnológica (MARTINHAGO, 2019).
3. METODOLOGIA
O presente artigo teve como objetivo destacar como a dependência tecnológica no uso de Smartphone afeta a saúde mental dos adolescentes. A partir disso, foi realizado um levantamento de estudos que abordavam esta temática. O processo envolveu atividades de busca, identificação, fichamento, mapeamento e análise, sendo realizada a leitura flutuante dos artigos selecionados, etapa de suma importância, pois apesar do uso dos descritores utilizados, muitos estudos não condizem com o tema em questão. A partir desse conhecimento prévio obtido por meio da exploração do material, fez-se possível a interpretação livre dos resultados encontrados nos estudos presentes na literatura.
Trata-se de um estudo exploratório por meio de pesquisa bibliográfica com análise narrativa, baseado em buscas eletrônicas de artigos indexados nas bases de dados da SCIELO (Scientific Eletronic Library Online), LILACS (Literatura LatinoAmericana e do Caribe em Ciências da Saúde) e PePSIC (Periódicos Eletrônicos de Psicologia), entendidas como boa fonte de pesquisa pela grande quantidade de material disponível. Os artigos científicos selecionados para fornecer dados ao estudo deveriam conter o texto original publicado em revistas científicas e estar acessíveis, na íntegra, nas referidas bases de dados na língua portuguesa, artigos completos. Foram excluídos artigos incompletos, indisponíveis, bem como teses, editoriais, dissertações e artigos em outra língua que não seja o português. Os critérios de inclusão para a seleção dos estudos foram artigos nacionais publicados no período de 2020 a 2023.
Inicialmente, realizou-se um levantamento bibliográfico no qual se fez necessário a utilização de alguns descritores para verificar a frequência de produções relativas ao tema, sendo eles: “adolescentes”, “saúde mental”, “tecnólogia” e “smartphone”. Os termos utilizados, embora algumas vezes indicassem artigos já contidos nos demais, em outras revelavam produções não presentes nos outros descritores. Deste modo, foram encontradas 687 produções científicas com os descritores supracitados, foram selecionados 31 artigos para análise. A escolha arbitrária do número de trabalhos selecionados se deu por considerar um quantitativo adequado para análise, entendendo que adicionar mais trabalhos desconsidera a intenção de observar os de maior impacto.
A pesquisa bibliográfica é um método de revisão amplo, que possibilita a análise de estudos com metodologias distintas. Tem como objetivo principal a reunião e síntese das produções publicadas sobre determinado tema, construindo uma conclusão a partir das evidências encontradas, resultando, assim, em um retrato abrangente de conceitos, teorias ou problemas relacionados com o tema. Segundo Calado (2004), esse tipo de pesquisa trará subsídios para o conhecimento sobre o que foi pesquisado, como e sob que enfoque e/ou perspectivas foi tratado o assunto apresentado na literatura científica.
Segundo Cellard (2008), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.
A Revisão Narrativa se diferencia das outras duas modalidades de revisão, focando apenas em mapear o conhecimento produzido em determinada área, sem critérios sistemáticos para busca, retenção de artigos e extração de informações (CORDEIRO et al., 2007; ROTHER, 2007; SOARES et al. 2013).
A pesquisa qualitativa, de acordo com Lakatos (2003), se ocupa com um nível de realidade que não pode ou não deveria ser quantificado, isto é, trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes. Sendo esse aplicado na pesquisa que segue.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
As pesquisas feitas por Gonçalves (2021), Chamon (2023), Fin e Aparecida (2021) e Costa (2021), de um total de 52 artigos válidos encontrados no bancos de dados citados, enfatizam ponderações sobre os aspectos físicos, cognitivos e comportamentais dos adolescentes dependentes do uso da tecnologia. A maioria dos resultados mostraram uma associação estatisticamente significativa do uso do da tecnologia e das redes sociais com a ansiedade e com outras variáveis. Através da pesquisa, seleção e leitura dos artigos que compõem essa revisão foi possível fazer um levantamento das principais variáveis associadas ao impacto da tecnologia, contribuir para a discussão sobre o tema e reconhecer ainda mais a importância dele. Assim, esta revisão de literatura, ao sumarizar os principais achados que abordam pode ser útil para intervenções e pesquisas futuras sobre a temática.
O smartphone é uma tecnologia inovadora que combina características de um telefone móvel com outros dispositivos móveis a exemplo de notebooks e tablets, com capacidade de total acesso à internet, conferindo aos usuários inúmeros possibilidades de uso com os aplicativos desenvolvidos. São diversos os benefícios da tecnologia presente nos smartphones; suas diversas funcionalidades, o uso excessivo e a dependência por eles gerada constituem uma realidade mundial (YOUNG; NABUCO DE ABREU, 2020)
Dentre os dispositivos móveis atuais, o smartphone é um dos principais meios de acesso à internet. Em virtude disso, há crescente preocupação na compreensão do comportamento e do vício da internet, videogames e smartphones. O uso da internet e a interação com conteúdo/atividades online são historicamente considerados como um vício global. Diante deste cenário, o surgimento do smartphone, com possibilidade de conexão e oferta de aplicativos, torna-se um dispositivo potencialmente viciante (CGIBr, 2022).
Preocupada com essas questões, a OMS declara que o uso excessivo e problemático dos dispositivos eletrônicos, dentre eles o smartphone, constitui um problema de saúde pública mundial, e incentiva pesquisas para fornecer evidências científicas sobre os fatores implicados a este comportamento e os possíveis malefícios na saúde dos usuários (OMS, 2022)
A dependência tecnológica, especialmente em relação ao uso excessivo de smartphones, tornou-se uma preocupação crescente na sociedade contemporânea. Os adolescentes estão particularmente em risco de desenvolver dependência de dispositivos eletrônicos devido à sua constante exposição a essas tecnologias (NUNES, 2021). A dependência tecnológica, especialmente em relação ao uso excessivo de smartphones, está associada a uma série de problemas de saúde mental entre os adolescentes. Estes incluem ansiedade, depressão, solidão, falta de sono e dificuldades de concentração (GONÇALVES et. Al., 2021).
A relação entre uso de smartphones e problemas de saúde mental nos adolescentes que fazem um uso excessivo de smartphones têm maior probabilidade de experimentar problemas de saúde mental em comparação com aqueles que utilizam esses dispositivos de forma equilibrada. O uso constante de smartphones também pode levar a um aumento do estresse e da irritabilidade (FIM e APARECIDA, 2021). Além disso, a dependência tecnológica pode impactar qualidades nas relações interpessoais dos adolescentes, levando a uma diminuição na qualidade das interações sociais face a face e aumentando o isolamento social (CHAMON, 2023).
Costa (2020), elenca inúmeros fatores acerca da dependência tecnológica, especialmente em relação ao uso excessivo de smartphones, está associada a uma série de impactos negativos na saúde mental dos adolescentes. Estes incluem:
Dependência e Autoestima: O uso excessivo de smartphones também pode afetar a autoestima dos adolescentes, uma vez que uma comparação constante com os outros nas redes sociais pode levar a sentimentos de inadequação e baixa autoconfiança;
Impacto no Desempenho Acadêmico: O uso excessivo de smartphones pode resultar em dificuldades de concentração, falta de eficiência e queda no rendimento escolar;
Ansiedade e Estresse: Adolescentes que são dependentes de seus smartphones tendem a apresentar níveis mais elevados de ansiedade e estresse. A necessidade constante de estar conectado e a pressão gerada pelas redes sociais positivas para esses sentimentos;
Depressão: Foi observada uma manifestação entre o uso excessivo de smartphones e sintomas de depressão entre os adolescentes. A comparação constante com outras redes sociais e a exposição de conteúdos negativos podem desencadear ou agravar quadros depressivos;
Solidão e Isolamento: O uso excessivo de smartphones pode levar a interações sociais face a face por interações virtuais, o que pode resultar em sentimentos de solidão e isolamento.
Nesse contexto, Borges (2022) destacou a influência do uso de smartphones na autoimagem e autoestima dos adolescentes. Fatores relevantes citado acima que incluem: a Comparação Social como exposição constante a padrões irreais de beleza e sucesso nas redes sociais pode levar os adolescentes a se compararem níveis com os outros, resultando em sentimentos de inadequação e baixa autoestima, seguida ou não de Validação Externa, em que o uso excessivo de smartphones para obter validação externa, como curtidas e comentários em publicações, pode criar uma dependência emocional e estimular a autoestima base
Borges (2022) ainda acrescenta que, além dos impactos na saúde mental, o estudo estabelece uma relação entre o uso excessivo de smartphones e comportamentos de risco entre os adolescentes. Estes incluem:
Cyberbullying: Adolescentes que passam muito tempo online são mais suscetíveis a serem vítimas de cyberbullying, o que pode ter sérias implicações na saúde mental e bem-estar emocional;
Procrastinação e Distração: O uso prolongado de smartphones pode levar à procrastinação e à dificuldade de concentração, afetando níveis de desempenho acadêmico e a produtividade dos adolescentes.
Segundo, a muito tempo atrás, Abreu (et. al. 2020) já dizia que, a dependência tecnológica também influência as relações interpessoais dos adolescentes e seu desenvolvimento social. Apresentou resultados mostraram que:
Redução da Qualidade das Interações Sociais: O uso excessivo de smartphones pode prejudicar a qualidade das interações sociais face a face, limitando a capacidade dos adolescentes de desenvolver relacionamentos significativos;
Impacto no Desenvolvimento de Habilidades Sociais: A dependência tecnológica pode comprometer o desenvolvimento de habilidades sociais essenciais, como a empatia, a comunicação não verbal e a resolução de conflitos, que são fundamentais para o bem estar emocional e social dos adolescentes.
A importância de abordar a questão da dependência tecnológica na saúde mental dos adolescentes. É crucial que sejam adotadas estratégias de prevenção e intervenção para reduzir os impactos negativos do uso excessivo de smartphones. Os pais, educadores e profissionais de saúde mental desempenham um papel fundamental na promoção do uso saudável da tecnologia e na conscientização sobre os riscos associados à dependência tecnológica (CHAMON, 2023).
É necessário promover atividades offline e incentivar uma maior interação face a face entre os adolescentes, a fim de reduzir a dependência dos dispositivos eletrônicos e fortalecer as relações interpessoais. Campanhas de conscientização sobre o uso responsável da tecnologia e a importância do equilíbrio entre o mundo online e offline também são essenciais para combater os efeitos específicos da dependência tecnológica na saúde mental dos adolescentes (NUNES, et. al., 2021).
Os impactos importantes da dependência tecnológica, especialmente do uso excessivo de smartphones, na saúde mental dos adolescentes, demonstra que é fundamental que sejam adotadas medidas eficazes para prevenir e lidar com os efeitos negativos da dependência tecnológica, a fim de promover o bem-estar e a saúde mental dos adolescentes. A conscientização, a educação e o apoio contínuo são essenciais para enfrentar esse desafio e garantir que os adolescentes possam utilizar uma tecnologia de formação saudável e de equilíbrio (BORGES, 2022).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos resultados destaca-se a importância de campanhas educativas e de promoção de saúde em diversos cenários socioeducativos e na mídia, com intuito de sensibilizar os adolescentes, pais, educadores e profissionais de saúde quanto os riscos da dependência do smartphones à saúde física e mental e conscientizar quanto a utilização adequada deste dispositivo.
Nesse contexto, e com a maioria dos pesquisadores que trataram do tema, de que a internet faz gerar a sensação de ter poder e acesso a tudo e até de ignorar limites do mundo real, já que os usuários podem manter o anonimato, o acesso fácil às informações e a realização de diferentes atividades.
As características peculiares da adolescência potencializam ao jovem um encontro mais imediato com aquilo que almejam na busca de sua autoafirmação enquanto indivíduos que precisam do outro para formar sua identidade, no qual aspectos como número de amigos, identificação com os grupos de interesses, manter-se atualizado com o grupo de amigos e se sentir em um espaço mais amplo, contribuem para que os adolescentes fiquem cada vez mais na frente da tela de um computador. É importante aqui também salientar que a maioria dos adolescentes tomam atitudes que os expõem ao perigo de forma a testar o mundo e como marca de se separar dos pais.
Há diversas perspectivas sobre o impacto das redes sociais na saúde mental destacam um cenário complexo, onde benefícios como comunicação, entretenimento e acesso à informação coexistem com efeitos negativos, incluindo ansiedade, prejuízos em diferentes áreas da vida e experiências adversas. Isso ressalta a necessidade de discernimento no uso dessas plataformas, tanto em relação ao tempo diário dedicado a elas quanto aos conteúdos acessados
Cabe destacar que muitos desafios serão impostos aos profissionais que estudam o comportamento humano, bem como aos pais, aos alunos e aos professores, pois, enquanto o ser humano evoluir, a tecnologia evoluirá também, que, por sua vez, levará a uma maior evolução do homem, e assim por diante; o ciclo é infinito. Uma estratégia importante é o diálogo e a produção de momentos de reflexão como proposto nesta prática, a fim de estabelecer uma relação saudável entre o ser humano e a tecnologia.
Por fim, como sugestões para estudos adicionais na área, entende-se que é necessária uma melhor compreensão dos processos psicológicos ligados ao tema em questão. Como resultado, sugere-se que não apenas a família deva ter atenção especial aos adolescentes, mas também o governo, as escolas e a sociedade como um todo devem tomar medidas proativas para conscientizar quanto aos riscos que esses comportamentos irresponsáveis representam para a sociedade como um todo, bem como sensibilizar para os aspectos patológicos que esses comportamentos apresentam aos adolescentes.
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