THE IMPORTANCE OF GEOGRAPHY IN EVERYDAY SCHOOL LIFE: A BIBLIOGRAPHIC SURVEY
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11210353
Roberto Ranieri Soares de Andrade;
Antonia Milene de Lima Ribeiro.
Resumo
Este trabalho aborda a importância da Geografia no cotidiano escolar. Logo, a problemática encontrada foi questionar qual a importância da Geografia no cotidiano escolar. Justifica-se a escolha do tema por saber que a disciplina abordada contribui para o educando situar-se no mundo, compreender a organização desse espaço e identificar os tipos de intervenção que a sociedade executa na natureza. O objetivo geral deste estudo foi ressaltar a importância da Geografia no cotidiano escolar. Para atingir o objetivo proposto, foi adotada a pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa, sendo realizada a análise de artigos científicos, livros, assim como consultas a publicações de Libâneo (2012), autor da obra “Educação escolar: políticas, estrutura e organização”, publicada em 2012; Morais (2013), autor do livro “Diferentes Linguagens no Ensino de Geografia”, com publicação em 2013, sendo que também foram consultados outros autores. O presente artigo demonstrou que a Geografia escolar cumpre importante papel na formação do indivíduo em sua integralidade; e ela pode auxiliá-lo a ampliar suas concepções de mundo, a compreender as transformações e processos que ocorrem através da interação dinâmica entre os elementos da natureza.
Palavras-chave: Geografia; cotidiano escolar; aprendizagem; importância.
1. Introdução
Sabe-se de que apesar de toda a importância da disciplina de Geografia, o seu ensino vem sofrendo sérios problemas, e esses problemas podem ser percebidos também nas aulas de outras disciplinas, como a utilização apenas do livro didático nas
aulas, a formação deficiente do professor, o desinteresse dos alunos, a infraestrutura precária e falta de materiais na escola, dentre outros fatores. Vale ressaltar que a aprendizagem de modo significativo, que é tão almejada diante do processo de escolarização, só é possível quando o aluno é capaz de relacionar os conhecimentos adquiridos na sua realidade com as temáticas repassadas na escola. Mediante o exposto, este Artigo apresentou a seguinte questão norteadora: Qual a importância da Geografia no cotidiano escolar?
O objetivo geral deste estudo foi ressaltar a importância da Geografia no cotidiano escolar. Sendo que os objetivos específicos foram: 1) fazer uma abordagem teórica com relação à relevância da disciplina de Geografia no contexto escolar. 2) Analisar os estudos que deram enfoque à importância da Geografia.
A escolha do tema em questão justifica-se por saber que a Geografia contribui para o educando situar-se no mundo, de modo que ele compreenda como o espaço em que se encontra está organizado, e compreenda também o papel que a sociedade desempenha na natureza, no intuito de obter explicações sobre a sua relação com os fenômenos geográficos. Diante disso, houve o interesse pelo tema também por entender que a Geografia possibilita que o cidadão acompanhe as constantes transformações observadas no mundo contemporâneo, percebendo como essas transformações podem impactar no espaço geográfico. Vale lembrar que essas transformações podem ser políticas, econômicas e climáticas. Ou seja, consequências da ação humana no meio.
Como justificativa educacional, percebo que nas escolas a Geografia desenvolve nos alunos a capacidade de questionar e analisar, a fim de que esses possam reagir perante as injustiças sociais, ou seja, ela promove uma aprendizagem prática com intenção de tornar o aluno livre e independente.
Referente à justificativa social, o ensino da Geografia é de extrema importância, porque tenho conhecimento de que é fundamental entender as relações entre o meio em que o indivíduo está inserido. Sendo assim, essas relações possibilitam ter conhecimento da dinâmica do mundo, bem como dos seus processos históricos, e dos fenômenos que ocorrem na Terra e suas implicações sobre a sociedade.
2. Metodologia
Para o desenvolvimento deste Trabalho de Conclusão de Curso foi adotada a pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa. Nesse sentido, para fundamentar este Artigo e obter as informações necessárias foi realizada a análise de artigos científicos, livros, assim como consultas a publicações de Libâneo (2012), autor da obra “Educação escolar: políticas, estrutura e organização”, publicada em 2012; Morais (2013), autor do livro “Diferentes Linguagens no Ensino de Geografia”, com publicação em 2013, sendo que também foram consultados outros autores.
Sobre pesquisa qualitativa, Creswell (2007, p. 187) acrescenta que,
A pesquisa qualitativa é fundamentalmente interpretativa, ou seja, o pesquisador faz uma interpretação dos dados partindo de uma visão holística dos fenômenos sociais. “Isso explica por que estudos de pesquisa qualitativa aparecem como visões amplas em vez de microanálises. Quanto mais complexa, interativa e abrangente a narrativa, melhor o estudo qualitativo” (CRESWEL, 2007, p. 187).
Com relação à pesquisa bibliográfica, Gil (2019, p.12) afirma que a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.
Ainda sobre a pesquisa bibliográfica Pizzani et al. (2012, p. 54) afirma que, “a pesquisa bibliográfica pode ser entendida como a revisão de literatura sobre as principais teorias que norteiam o trabalho científico”, e o levantamento bibliográfico pode ser realizado em livros, periódicos, artigo de jornais, sites da internet entre outras fontes”.
Para o autor mencionado, essa modalidade de pesquisa é adotada, praticamente, em qualquer tipo de trabalho acadêmico-científico, porque ela possibilita que o pesquisador tenha acesso ao conhecimento já produzido sobre determinado assunto. Sendo que há também a produção de pesquisas científicas que se fundamentam exclusivamente na pesquisa bibliográfica, buscando nas obras teóricas já publicadas as informações necessárias para dar respostas à problemática de estudo estabelecida pela investigação.
O artigo está estruturado em duas seções: na primeira, foi feita uma abordagem teórica sobre a relevância da disciplina de Geografia no contexto escolar; na segunda seção foi feita uma relação dos estudos que deram enfoque à disciplina de Geografia, assim como foi feita uma análise desses estudos.
3. Referencial teórico
3.1 Abordagem teórica com relação à relevância da disciplina de Geografia no contexto escolar.
Libâneo (2012, p. 24) ao falar do ensino de Geografia, afirma que “o enciclopedismo igualmente conclui o fenômeno da despolitização do discurso geográfico, que consegue tão frequentemente falar da atualidade sem colocar um único problema político”.
Fazendo uma relação com a fala do autor acima mencionado, tem-se conhecimento de que o espaço escolar é o grande responsável pelo desenvolvimento dos alunos, também no aspecto profissional e político. Sendo assim, a formação desses alunos mostra que há qualidade na educação. Diante dessa afirmação, considerando o ambiente escolar, na concepção de Cavalcanti (2012, p. 30) “o ensino da Geografia apresenta muita importância, pois, ela é a ciência que possui como objeto de estudo o espaço geográfico”. E é justamente nesse espaço geográfico, argumenta a teórica, que acontecem as mudanças e as relações sociais entre o homem e o meio ambiente.
Entende-se que a Geografia não está sendo, na maioria das vezes, lecionada para trabalhar o discernimento dos alunos, o conhecimento do espaço em que estão inseridos, bem como a política em sala de aula e as várias relações vivenciadas na sociedade (LIBÂNEO, 2012). Pois, de acordo com esse autor, isso implica na política, já que conhecer o espaço representa certa forma de poder.
É de conhecimento de todos que, em muitos ambientes escolares a Geografia é lecionada sem dar ao espaço à sua verdadeira finalidade e sem fazer referência à política, sendo que esse fator deixa o estudante sem entender o seu cotidiano. Nesse sentido, acredita-se ser necessário que a Geografia seja transmitida como de fato é, ou seja, uma disciplina que está em constante mudança, pois assim se comporta a sociedade. Perante o contexto apresentado, Santos (2015) afirma que há outra dificuldade encontrada no ensino de Geografia, que é a frequente falta de metodologias dinâmicas e que motivem os alunos.
Conforme Libâneo (2012, p.26), “a Geografia, dentro da sua importância, é capaz de promover uma observação crítica da relação entre o contexto social e a natureza, focando na construção do espaço geográfico”. O que se entende na fala do autor é que essa disciplina tem muita importância, porque ela consegue estudar os sistemas políticos, econômicos, assim como ideológicos e sociais que se manifestam sobre os indivíduos e sobre o espaço.
O fato é que, além da disciplina de Geografia formar o entendimento do cidadão no que se refere às relações sociais, ela possibilita ainda estudar os fenômenos que acontecem na Terra, assim como saber se esses fenômenos afetam a humanidade. Faz-se necessário, portanto, a compreensão do ecossistema e das relações sociais, ou entre a interação dos dois para um entendimento melhor do espaço. Sendo assim, é a partir dessa questão que se consegue analisar a dinâmica global, dos povos e dos processos históricos que os influenciam (CAVALCANTI, 2012, p. 39).
Além da citação acima, Cavalcanti (2012, p. 28) também relata que “a geografia permite a análise das disparidades entre os povos de variadas regiões do mundo, como sua localização, suas diferenças sociais, econômicas e políticas”. Essa estudiosa diz que o conhecimento do espaço geográfico e de suas modificações causadas pelo sujeito facilita o entendimento e supõe-se que propõe um olhar questionador que permite a análise sobre a própria existência da humanidade, tornando possíveis as várias conclusões sobre o mundo. Mediante isso, Cavalcanti diz ainda que é de total relevância formar cidadãos pensadores, no intuito de aumentar a reflexão sobre a própria realidade.
O que se compreende no parágrafo anterior é que a Geografia apresenta uma imensa capacidade de promover ao discente uma reflexão sobre o ambiente em que vive, lembrando que é muito interessante com que esse aluno perceba o papel dele na sociedade, e como ele deve atuar nela, para que o mesmo possa se tornar crítico. Sobre essa questão, há uma afirmação dos autores a seguir:
Esse aspecto é muito importante, porque o contexto histórico da Geografia, assim como de todas as outras ciências, é parte da história da sociedade, dos conflitos, dos interesses contraditórios e demais questões. Sendo que o professor precisa compreender essas relações para poder se posicionar diante da disciplina de Geografia, diante do seu espaço e também diante do seu mundo (GIROTTO; MORMUL, 2016, p. 42).
É interessante destacar que o ensino da Geografia pode trabalhar em todas as capacidades e habilidades a serem exploradas e estabelecidas por meio da educação (CAVALCANTI, 2012). Sendo assim, Cavalcanti quer dizer que o ensino da Geografia pode promover ao aluno uma reflexão sobre si, bem como sobre o seu espaço de atuação. Complementando essa informação, é preciso dizer que o aluno também pode adquirir por meio do ensino da Geografia, críticas que irão lhe ajudar em seu meio social, sendo que ele pode adquirir também autonomia de pensamento, pois, dessa forma, esse aluno conseguirá construir conhecimento, até chegar ao objetivo de desenvolver completamente a sua cidadania.
A Geografia é uma parte do estudo que tem o compromisso de proporcionar mais compreensão de mundo para os alunos, de maneira mais justificável, entendendo que o mundo sempre está sujeito a modificações. Nesse sentido, a Geografia assume imensa relevância dentro dos Parâmetros Curriculares Nacionais, principalmente no seu objetivo de buscar um ensino para a conquista da cidadania brasileira (SANTOS 2015, p. 36).
Mediante a informação supracitada; na concepção de Santos (2015, p. 29) “a geografia pode ser compreendida como o espaço que o indivíduo produziu e que está em constante transformação no decorrer do tempo”. Levando-se em consideração essa afirmação, é válido ressaltar que a importância da Geografia está conectada à importância de se estudar e conhecer o espaço geográfico.
Acredita-se que a disciplina de Geografia deveria ser algo bem visto pela sociedade, por vários motivos, conforme pontua Libâneo (2015, p. 31): “por fazer parte do nosso cotidiano, por dar sua contribuição para o entendimento do mundo atual e por possibilitar conhecimentos com relação à sociedade”. Esse estudioso afirma que além de trazer a possibilidade de conhecer a sociedade de modo geral, a Geografia também permite que o cidadão conheça a natureza, o universo e as tecnologias inovadoras. Sendo assim, pode-se dizer que o conhecimento geográfico é bem amplo.
Perante todo o contexto apresentado, considera-se ser de extrema relevância que os alunos possam ser estimulados a pensar sobre os fatos sociais de forma crítica, e que eles possam desenvolver uma reflexão relação à construção de pensamentos, assim como a sua localização e as condições geográficas do seu espaço. Assim sendo, para Santos (2015), os alunos desenvolvem a sua formação a partir do momento que observam o meio por onde transitam e convivem, sendo que as paisagens e os lugares ajudam na obtenção de informações.
É notório que a Geografia leva o aluno a redescobrir o mundo pelo método de observação e investigação. Meios que deveriam ser mantidos e expandidos, porque são fundamentais para a formação do cidadão questionador, autônomo e que participa da sociedade. É importante, entretanto, saber como o espaço está organizado, bem como o local e o mundo. Portanto, é por meio das relações de interação que o aluno desenvolve, revive e relembra práticas culturais e sociais que auxiliam no seu crescimento (GIROTTO; MORMUL, 2016, p. 48).
Diante da fala de Girotto e Mormul (2016) conclui-se que o ensino de Geografia pode auxiliar no fortalecimento de um projeto político que dialogue com a realidade social. Sendo que é nessa perspectiva, também, que o ensino de Geografia assume um importante papel, por meio da educação contextualizada com a realidade.
É através da educação contextualizada que ocorre o processo de construção do conhecimento, da necessidade da pesquisa que propõe projetos de desenvolvimento. Nesse sentido, entende-se que produzir espaço significa construir o próprio pensamento. E esse fator só é possível com uma educação voltada para os seus interesses, suas necessidades, suas identidades (PESSOA; BRITO, 2009, p. 32).
No ponto de vista de Cavalcanti (2012, p. 38) “a Geografia contribui para o discente situar-se no contexto mundial e ter a capacidade de identificar os tipos de intervenção que a sociedade exerce no meio ambiente”. Além desses fatores, visa também buscar explicações sobre a localização e a relação entre os fenômenos geográficos. Assim sendo, o ensino dessa matéria permite ao estudante acompanhar as transformações contínuas do espaço e do tempo.
A Geografia nos sistemas de ensino busca desenvolver o senso crítico dos alunos a fim de que eles possam reagir perante as injustiças sociais, ou seja, ela promove uma aprendizagem prática rumo à emancipação (LIBÂNEO, 2015). O teórico confirma essa informação, dizendo que, quando o ensino da Geografia possui uma abordagem que diverge daquele ensino tradicional, aí sim os discentes passam a adquirir saberes que fazem com que eles ajam de forma consciente na sua vida social e em outros setores. Sendo que eles serão capazes ainda de desenvolver atitude muito positiva em favor da chamada justiça social.
A Geografia escolar contemporânea torna-se uma ponte de ligação entre o aluno e o mundo que o cerca (MORAIS, 2013). De acordo com essa estudiosa, depois de tantas reformas, tanto teóricas quanto metodológicas na busca pela autonomia como ciência, a Geografia, por várias vezes, taxada como disciplina da memorização, ganha agora nova perspectiva.
Atualmente, a matéria de Geografia procura estruturar-se para ter uma visão mais integradora e aberta às contribuições de outras áreas e às diferentes especialidades em seu contexto. Isto é, ela procura ter um olhar mais sensível e compreensivo com relação às explicações da vivência, ao sentido dado pelas pessoas para as suas práticas espaciais (CAVALCANTI, 2008, p. 30).
Pessoa (2009, p. 48) defende que “a geografia dever ter mais aproximação com a vivência do aluno”. Dessa forma, para o autor, a geografia não se comportaria mais de forma mecânica, sem obter relações e ligação com outros fenômenos. Dessa forma, o aluno conseguiria enxergar de maneira mais clara a geografia ao seu redor e consequentemente o aprendizado se daria de maneira muito mais contundente e eficaz.
Girotto e Mormul (2016, p. 33) afirmam que “a concepção de transformação da realidade que está enquadrada em todas as reflexões no diz respeito à geografia tradicional passou também a caracterizar o ensino de geografia”. Esse teórico diz que a geografia escolar renova seus conteúdos, considerando a preocupação em trabalhar a opinião do aluno.
Conforme alega Santos (2015, p. 15) “a Geografia é capaz de interpretar e se apossar da realidade por meio do espaço, que é produto das dinâmicas e relações sociais ambientais”. Dessa maneira, é indispensável que o aluno tenha a compreensão de como a geografia física e a geografia que estuda a humanidade estão conectadas.
Por outro lado, a Geografia permite que se faça uma análise relação do sujeito com o espaço, com os recursos naturais e com tudo aquilo que o ecossistema propõe para a manutenção da vida. Permite ainda entender como a sociedade impacta de maneira positiva e negativa o meio, oferecendo assim alternativas para mantê-lo preservado.
Vale destacar que a importância da Geografia não está somente nos conhecimentos sempre estudados no ambiente escolar, como número de habitantes dos países e demais questões; mas sim, de acordo com Santos (2015) a importância da Geografia está em explicar as ações no espaço, como por exemplo, as transformações que ocorrem o tempo nos espaços das grandes cidades, os movimentos sociais que surgem, as formas superficiais terrestres e demais.
3.3 Estudos que deram enfoque à importância da Geografia.
Alguns autores como Morais (2013, p. 33) afirmam que “a Geografia tem como principal finalidade entender a constante mudança no espaço para ajudar no planejamento das ações do homem sobre ele”. Dessa maneira, Morais afirma que, para manter a vida em sociedade é interessante entender os fenômenos, a culturas nos diversos lugares, e entender como a sociedade se compõe.
Segundo Girotto e Mormul (2016, p. 34) “a importância da Geografia está relacionada à necessidade de se conhecer o espaço geográfico. E ele pode ser entendido como o espaço produzido pelo homem e que está em constante transformação ao longo do tempo”. Na visão desses teóricos, o espaço geográfico apresenta uma característica histórica e, por esse motivo, é capaz de contar a os fatos da humanidade sobre o meio em que se encontra.
Diante do exposto, este tópico explanou sobre os estudos que deram importância à Geografia, bem como fundamentaram este trabalho, conforme mostra o quadro 01.
Quadro 01- Estudos que mencionam a importância da Geografia
Ano | Título | Objetivo | Método | Resultados |
(Cavalcanti, 2008). | A Geografia escolar e a cidade: Ensaios sobre o ensino da geografia para a vida urbana cotidiana. | -Contribuir para a formação de indivíduos conscientes de seu papel como cidadãos em sua interação com o meio urbano;-Relacionar os conteúdos didáticos aos conceitos de cidadania e vida urbana. | Pesquisa teórica, de cunho qualitativo e natureza exploratória. | A complexidade dos espaços urbanos e sua teia de inter-relações tem sido um desafio para estudiosos de várias áreas, entre os quais, os profissionais da geografia. O enfoque geográfico é relevante pelo suporte que oferece para o pleno entendimento da questão, mediante a articulação de conceitos como paisagem, lugar, território, redes, escalas, etc. |
(Cavalcanti, 2012) | O ensino de geografia na escola. | -Estimular o conhecimento geográfico nos alunos, principalmente sobre localização e orientação;-Mobilizar as percepções e sensações dos alunos no processo do conhecimento alcançando a elaboração conceitual.-Apresentar uma perspectiva construtiva para a geografia escolar. | -Investigação e estudo do meio. Pesquisa de base qualitativa.-Atividades de simulação e trabalho com mapas, cartas, gráficos e tabelas. | Procedimentos de ensino que podem ajudar a introduzir, principalmente os estudantes de licenciatura, no mundo escolar, através de exemplos de métodos de trabalhos desenvolvidos no cotidiano da escola. |
(Girotto; Mormul, 2016). | Formação docente e educação geográfica: entre a escola e a universidade. | -Analisar processos contemporâneos relacionados à formação docente e à educação geográfica. | Elaborado a partir de pesquisas desenvolvidas nos últimos 10 anos pelos autores e também das experiências dos mesmos como professores de Geografia.Pesquisa de abordagem qualitativa, baseada em estudo de caso. | A educação geográfica exige posturas que avancem da simples transmissão de conhecimentos na escola e para tanto na formação dos docentes também. A formação do professor de Geografia é analisada a partir das propostas teóricas da: Transposição didática, Orientação disciplinar e Cultura Escolar. |
(Morais, 2013). | Diferentes Linguagens no Ensino de Geografia. | -Verificar que concepção de linguagem tem a área de ensino da Geografia quando alude a este termo. | Pesquisa de caráter exploratório. | A linguagem não é apenas acesso ao conhecimento, é conhecimento em si.A linguagem, por ser um conceito abordado por distintas áreas do conhecimento, é comumente compreendida não como estrutura do pensamento, mas como transmissão de informação; comunicação; expressão; regra estruturante de um processo; ou objeto semiótico. |
(Pessoa; Brito, 2009). | Da origem da Geografia Crítica à Geografia Crítica escolar. | -Abordar o desafio da educação e mais especificamente da geografia escolar.-Compreender o mundo e a realidade na qual estamos inseridos. | Pesquisa teórica, de cunho qualitativo e natureza exploratória. | A geografia crítica, no seu cerne, não apenas procurou subjugar as geografias clássica, moderna e pragmática; mas fundamentalmente buscou se envolver com temas novos. Procurou compenetrar-se em conjunto com a sociedade civil na discussão de seus principais anseios e problemas, com vistas ao debate e no intuito de propor soluções às questões não solvidas referentes ao espaço geográfico |
(Santos, 2015) | Geografia Escolar: Formação, concepções e práticas. | -Analisar a concepção do Curso de Licenciatura em Geografia para a formação do professor.-identificar historicamente o papel da geografia e do seu ensino na sociedade. | Abordagem qualitativa indutiva e um enfoque interpretativo dialético da realidade sobre o estudo, buscando compreendê-lo de forma relacional a outras questões que influenciam no processo formativo. | Há uma concepção a ser definida ou caracterizada, no seu conjunto. Tal fato demonstra a multiplicidade de concepções entre os docentes, pois cada um possui uma forma singular de compreender a geografia, o seu ensino no âmbito acadêmico e escolar e a formação do seu professorado. |
3.3.1 Análise
O quadro 01 demonstrou algumas obras que fazem referência ao ensino da Geografia e a sua importância. Sendo assim, na obra de Lana Cavalcanti (2008) “A Geografia escolar e a cidade: Ensaios sobre o ensino da geografia para a vida urbana cotidiana” foi constatado que a Geografia escolar pode representar a relevância da educação na construção contínua do indivíduo, uma vez que ela possibilita aos estudantes uma releitura do cosmo social que a vida pode proporcionar ao homem, analisando, em todas as esferas, as mudanças do espaço.
O livro “O ensino de geografia na escola” também da escritora Lana Cavalcanti (2012) aborda as orientações curriculares voltadas para as propostas de ensino de geografia relacionadas à formação de cidadãos críticos e participativos, onde ela destaca as seguintes orientações: i) o construtivismo como atitude básica do trabalho com a geografia escolar; ii) a “geografia do aluno” como referência do conhecimento geográfico construído em sala de aula; iii) a seleção de conceitos geográficos básicos para estruturar os conteúdos de ensino; iv) a definição de conteúdos procedimentais e valorativos para a orientação de ações, atitudes e comportamentos socioespaciais.
Além dessas orientações, a referida autora também apresenta em seus escritos os vários exemplos de temas e métodos para serem trabalhados nas aulas da disciplina de geografia, sendo que, a ética ambiental, por exemplo, é um tema que deve ser trabalhado no ambiente escolar, pois, uma vez problematizado e discutido em sala de aula permite a formação de valores e convicções em relação ao ambiente e à natureza.
Lana Cavalcanti desenvolve ainda uma discussão sobre procedimentos no ensino de geografia, baseando-se na proposta sócio-construtivista1 de Vygotsky. Segundo a autora, a escola corresponde ao espaço dos saberes produzidos e construídos pela sociedade, ou seja, representa o lugar das manifestações culturais.
A obra “Formação docente e educação geográfica: entre a escola e a universidade” de Najla Mehana Mormul e Eduardo Donizeti Girotto (2016) enfatiza que a história da formação docente em Geografia está diretamente articulada com as transformações econômicas, políticas e sociais pelas quais passou o país no último século. Os autores salientam também que é importante lembrar que antes mesmo de ser um saber sistematizado nas universidades, a Geografia já existia como disciplina escolar, e que os impactos da falta de formação docente profissional sobre o desenvolvimento do ensino de Geografia no Brasil, reforçando que os conhecimentos geográficos, embora fossem de grande interesse do Estado, eram pouco valorizados nas salas de aulas.
Reforçando a fala de Girotto e Mormul (2016) sobre a formação docente e educação geográfica, os mesmos ressaltam que em suas perspectivas, a licenciatura em Geografia permite que os professores contribuam para a formação humana e intelectual do cidadão. Nesse sentido, esses estudiosos relatam que as especificidades das licenciaturas demonstram que cada área do conhecimento detém uma série de elementos constitutivos que a projetam num patamar que perpassa pela necessidade de formação e consolidação do projeto de escola, educação e sociedade. Nesse contexto, saber quantos e quem são os profissionais formados na área, nos possibilita enxergar os limites e possibilidades da profissão, uma vez que ser professor demanda responsabilidade, comprometimento e competência.
“Diferentes Linguagens no Ensino de Geografia” de Ione Morais (2013) defende que o ensino da geografia exige maior discussão das mudanças ocorridas no espaço e nas relações homem e meio. A estudiosa diz ainda que os conteúdos geográficos necessitam dessa discussão pautada numa geografia crítica, com fundamentos científicos, bem como, o uso das linguagens para o desenvolvimento de uma melhor metodologia em sala de aula.
Morais (2013) afirma que quando se coloca o uso das diferentes linguagens na complementação dos conteúdos de geografia, verifica-se que muitas vezes esses conteúdos são trabalhados incoerentemente, deixando uma lacuna no educando e até a insatisfação no educador.
Pessoa (2009), no livro “Da origem da Geografia Crítica à Geografia Crítica escolar”, relata que a geografia crítica tem em si uma real possibilidade de explicação concreta do espaço geográfico atual, sendo que essa real possibilidade acontece a partir da utilização de suas categorias de análises próprias e não somente de um discurso inflamado ou mesmo de uma retórica crítica que muitas vezes pode se estabelecer através de um discurso primoroso, mas vazio de conteúdo, pontua Pessoa.
Nessa publicação, Pessoa (2009) mostra que a geografia crítica escolar, isto é, aquela expressada nas escolas de ensino básico, deteve, em todo o tempo, uma forma própria e certa autonomia em relação à geografia ensinada na academia. E o autor faz uma crítica quando diz que o ensino de geografia transmitido nos níveis fundamental e médio é apenas uma mera e simples repetição simplificada do que se produz na academia.
Complementando o parágrafo anterior, o autor destaca em seu exemplar que é importante ressaltar que antes da chegada da geografia crítica nas instituições de ensino superior, já existia certo número de professores que lecionavam no ensino fundamental e médio, introduzindo em suas práticas novas abordagens, por meio de temas e metodologias que ainda não tinham sido experimentados na academia.
O estudioso em questão diz em sua publicação que a geografia crítica escolar dá importância à realidade do aluno, as suas experiências, a sua condição de vida, assim como aos seus conflitos e interesses produzidos no espaço. Essa geografia crítica se preocupa em formar alunos que possam exercer a cidadania, que sejam ativos e ao mesmo tempo participativos, desenvolvendo neles o questionamento, a independência e criatividade em face aos problemas encontrados no seu cotidiano.
A publicação de Santos (2015) “Geografia Escolar: Formação, concepções e práticas” traz a formação de professores de Geografia, destacando a importância dessa ciência/disciplina no campo escolar para a propagação dos conhecimentos geográficos. Dessa forma, essa obra traz, de forma inicial, algumas problemáticas relacionadas à formação de professores, por meio de indagações que podem parecer simples de serem respondidas, mas que pela sua natureza não são, porque, para Santos, falar de educação é falar dos mais diversos indivíduos.
Santos (2015) relata também que é muito urgente nos questionarmos a respeito do real papel que o professor de Geografia desempenha, principalmente nos dias atuais. Para ele, o professor como agente social e transformador necessita de uma formação que se adeque a um mundo cada vez mais problematizado por questões das mais diversas possíveis. Portanto, o professor precisa, dentro dessa lógica de mundo, ser um agente social, um agente que vê na sua prática um sentido de ser docente.
4. Considerações Finais
Ao longo deste trabalho, foi possível constatar que a disciplina de Geografia tem relevante papel no cotidiano escolar, pois ela contribui para a formação crítica e cidadã dos discentes, no intuito de torná-los sujeitos autônomos no seu pensar e no exercício de sua cidadania. Assim, através de diversos estudos mencionados neste artigo confirmou-se essa questão.
Sabe-se que a Geografia é uma ciência que sempre esteve presente em nossa rotina e nas relações do homem com o meio. Essa relação nos permite obter maior conhecimento do espaço global e das ações praticadas pelo ser humano.
Atualmente, no mundo globalizado que vivemos, é notório que o distanciamento das pessoas com o restante do mundo está cada vez menor, pois a tecnologia e a globalização estão presentes até mesmo nas classes sociais menos favorecidas. Diante disso, conclui-se que a disciplina de Geografia ocupa um papel de grande importância na vida do aluno. E entre as suas várias funções, é primordial que o professor encontre os devidos meios para que o aluno consiga conciliar o conteúdo curricular com a realidade vivenciada.
Através da disciplina de Geografia é possível discutir temas importantes para a formação da cidadania do sujeito, conforme se mostrou neste estudo. A geografia é uma disciplina que estuda o meio considerando os agentes naturais e também os agentes sociais, possibilitando entender que o espaço não é um produto pronto, mas que vai sendo modificado e (re)configurado através dessas relações.
Foi verificado que, para que a Geografia tenha mais importância em sala de aula é necessário que os estudantes aprendam sobre os fenômenos naturais, as tecnologias e sobre outros fatores que irão influenciar e transformar o espaço em que esses estudantes vivem, seja no bairro, cidade ou estado. Conclui-se, portanto, que se torna interessante estudar todos os fenômenos que ocorrem no mundo, mas, lembrando sempre da escala local, inserindo o aluno nesses fenômenos, para que eles percebam que fazem parte de todo esse contexto.
Constatou-se que as diferentes abordagens de ensino tornam as aulas de Geografia bem mais interessantes, sendo que abrir mão dos métodos tradicionais tende ajudar tanto o aluno quanto o professor a terem uma experiência única, além de promover a aproximação de ambos no processo de aprendizagem.
É interessante destacar que é a Geografia que mostrará o contato que o aluno terá com o meio, em seu próprio bairro, por exemplo. Dessa maneira, resgatar o lugar em que o aluno mora, suas vivências, suas relações com o espaço e com a sociedade, aproxima-o da disciplina, ficando mais fácil de assimilar, pois ela passa a ser entendida através do convívio social.
A Geografia abordada na escola tem uma relevante função na formação integral do indivíduo, sendo que ela pode ajudá-lo a ampliar suas visões de mundo, e a compreender os processos ocorridos através da interação dinâmica entre os elementos da natureza.
1A teoria sócio-construtivista adota a tese de que o conhecimento é uma construção social, fruto de interação entre os indivíduos. Disponível em: http://www.educandario.com.br Acesso em: 10. out. 2022.
Referências
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