REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11145354
ALVES, Katia Simone Silvino;
BARBOSA, Luzia Alice dos Santos;
SILVA, Wendersan Gomes.
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo propor uma sequência didática para o Ensino Fundamental Maior. Tem como enfoque o trabalho com a variação linguística, atrelado ao Ensino de Língua Portuguesa na perspectiva da Gramática Normativa, tendo como suporte a Sociolinguística, sendo esta uma subárea da linguística, a qual é relevante para melhor compreendermos a variação linguística no ambiente escolar no que se refere ao processo ensino/aprendizagem. Desta maneira, as teorias sobre a variação linguística, fornecem-nos possibilidades de refletir criticamente sobre um discurso inserido em um contexto conversacional. Partindo do pressuposto, de que é possível estudar e descrever a variação, e que a variação está interiormente elencada a fatores sociais. Desta maneira, foi desenvolvido um trabalho de cunho documental e bibliográfico. Os referenciais teóricos que embasam o trabalho apóiam-se principalmente em: Bakhtin (1895-1975), Meillet (1866-1936), Marr (1865-1934), Naro (2008) Bagno (200). PCN (1998), Andrade (2010), Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) Alckmin (2001) Rodrigues (2006), Tarallo (1997). (CELLARD, 2008: 295). Dessa forma, percebemos a importância em propor uma possível sequência didática para o Ensino Fundamental Maior, tendo como finalidade uma nova perspectiva de ensino, em que prima pelo estudo da variação linguística, em consonância com a educação de língua materna.
Palavras-chave: Ensino Fundamental Maior. Variação Linguística. Sequência. Didática. Ensino.
1 INTRODUÇÃO
O estudo sobre variação linguística tem sido discutido no âmbito das pesquisas científicas, por estudiosos, mas, contudo há muito a ser divulgado especialmente na esfera escolar.
Assim, buscaremos explicar de forma sucinta, a história dos estudos linguísticos por um viés científico, bem como as mudanças ocorridas na língua, e será observado que ao longo do tempo, a língua tem variado de forma significante.
Desta maneira, será explanado sobre o tema, por ser uma temática que tem desafiado aos pesquisadores e educadores na área da linguagem, pois a mesma está em constante mudança. Assim sendo, realizaremos um estudo sobre o assunto, buscando nos embasar em algumas teorias sobre a linguagem, visando adquirir conhecimentos sobre a variação.
Este artigo tem como objetivo principal, propor uma possível sequência didática, para o Ensino Fundamental Maior, visando o trabalho com variação linguística em sala de aula.
Para conseguir tal objetivo, foi utilizada abordagem teórica da Sociolinguística Variacionista, relacionado-a, ao ensino de língua materna e as teorias da Sequência Didática.
Diante disso, buscaremos discorrer sobre o ensino de língua materna, que ultimamente ganha novas probabilidades de atuação e, metodologias diferentes, em que o professor venha trabalhar a língua materna priorizando a realidade do aluno enquanto falante.
Na metodologia, optou-se pela pesquisa documental e bibliográfica. No aspecto documental primou-se por documento de instituição escolar pública e privada PCN (1998). No aspecto bibliográfico são utilizados artigos científicos relevantes ao tema, que foram importantes na pesquisa.
Diante dessas considerações é um trabalho que deseja apontar sobre a responsabilidade, que os professores de Língua Portuguesa devem ter com relação às propostas de ensino, principalmente os que atuam no Ensino Fundamental Maior, pois os alunos ao concluírem, deverão ter conhecimento de uma gama variada de textos que circulam socialmente, reconhecendo suas formas de linguagem.
2. APORTE TEÓRICO
2.1 Línguística: A Partir De Um Olhar Científico
Inicialmente, os estudos sobre a linguagem têm início no século XX, com o linguista suíço Ferdinand de Saussure. Ele introduziu a linguística moderna, a partir do curso de linguística geral, ao delimitar e define o objeto de estudo a linguagem, ao estabelecer princípios gerais e métodos de abordagem.
Assim, é considerado percurso da linguística moderna, a qual é nomeada estruturalismo. Na visão saussuriana a língua é concebida como uma estrutura autônoma, Saussure apresenta algumas dicotomias de grande relevância como:
- Langue e Parole – a langue para ele é homogênea e social, um sistema de signos, e a parole é um ato individual de vontade é heterogênea, concreta pertence a langue.
- Sincronia e diacronia– condiz a dois eixos ou aspectos, dos quais se pode estudar a língua: na sincronia, faz- se um recorte da língua e, é estudado apenas um dado momento histórico /presente ou passado.
Nos estudos diacrônicos, a língua é considerada como um produto de uma série. Os desenvolvimentos que ocorrem na língua no decorrer do tempo são visto como algo mutável, dinâmico.
Desta maneira, é importante ter em mente, que embora Saussure admita que a língua seja um fenômeno social, produto de um acordo estabelecido entre os membros de uma determinada comunidade, os fatores externos referentes ao sistema linguístico são deixados de lado pelo estudioso, como o contexto social e ideológico.
Cabe ressaltar, que na década de 1960, surge o Gerativismo nos Estados Unidos com Noam Chomsky como reação ao estruturalismo, assim os gerativistas visam formalizar os fatores linguísticos, a linguagem. Desta maneira a visão formal da língua ganha destaque.
O Gerativismo concebe a língua como um sistema de princípios universais; o qual refere se a capacidade inata do falante: de construir frases gramaticais, ou seja, a competência do individuo, de produzir, compreender reconhecer a estrutura de quaisquer frases de sua língua, em que as regras podem ser apresentadas a partir de análise das construções gramaticais.
Uma das questões fundamentais para essa corrente é a relação entre linguagem e pensamento, visto que os estudos desta centram se no caminho psíquico da linguagem como resultado do domínio da razão.
Cabe, pois concluir, que a compreensão das duas correntes foi de suma importância, uma vez que, a visão estruturalista de língua de Saussure é relevante, porque o estudioso eleva a linguística ao patamar de ciência autônoma, com objeto e métodos definidos.
E, a contribuição de Chomsky é de aprimorar ainda mais os objetivos dessa ciência, ao propor que a faculdade da linguagem seja um elemento universal e inato da espécie humana.
Em suma, como foi colocado, tanto a abordagem estruturalista e gerativista foram importantes, para que a linguística fosse elevada a ciência autônoma, mas é importante ressaltar que essas duas correntes consideram a língua como uma realidade abstrata, exterior a um contexto linguístico.
2.2 Teorias Da Variação: Um Breve Histórico
E, assim, no decorrer de alguns anos, como reação a essas duas correntes surge a Sociolinguística Quantitativa que desponta nos Estados Unidos na década de 1960, com a finalidade de descrever a língua em uso real, inserida em contextos conversacionais, levando em conta o uso variável da língua.
No inicio do século XX, surgem alguns estudiosos na área da linguagem que, diferente do parecer teórico de Saussure, legitimam uma concepção social da língua. Como o lingüista francês Meillet (1866-1936).
Para ele, “Por ser a língua um fato social resulta que a linguística é uma ciência social, e o único elemento variável ao qual se pode recorrer para dar conta da variação linguística é a mudança social”. (MEILLET, 1921 apud CALVET, 2002, p.16). Deste modo, a linguística é a ciência incumbida de descrever as mudanças e transformações linguísticas ocorridas nas sociedades humanas.
Na União soviética, a contribuição na área da linguagem é do estudioso, Nicholas Marr. (1865-1934), com posições marxistas acerca da língua, o linguista relata que todas as línguas do mundo apresentam uma mesma origem e estrutura.
Desta maneira, são utilizadas pelos membros da sociedade enquanto organismo de poder, os quais simbolizam a luta de classes, diante disso, as línguas são elementos de uma composição estrutural, ao passar por alguns estágios de desenvolvimento. Assim, os estágios das línguas obedeceriam aos estágios da sociedade.
Ainda na perspectivada da linguística soviética, Bakhtin, terce critica ao aspecto estruturalista abstrato de Saussure, desta maneira, o estudioso prima por uma perspectiva da língua, baseada na interação verbal. Assim, para ele a mudança variação linguística ocorre de acordo com a história, e é determinada pelas distintas conjunturas que opera a língua.
Assim, a seguida afirmação: Bakhtin (1988 [1929], p. 147): “conforme a língua, conforme a época ou os grupos sociais, conforme o contexto apresente tal ou qual objetivo específico, vê-se dominar ora uma forma, ora outra, ora uma variante, ora outra”.
Naro (2008) confirma:
O pressuposto básico do estudo da variação no uso da língua é o de que a heterogeneidade linguística, tal como a homogeneidade, não é aleatória, mas regulada, governada por um conjunto de regras. Em outras palavras, tal como existem condições ou regras categóricas que obrigam o falante a usar certas formas (a casa) e não outras (casa a), também existem condições ou regras mudáveis que funcionam para favorecer ou desfavorecer, variavelmente e com pesos específicos, o uso de uma ou outra das forma sem cada contexto. (NARO, 2008, p. 15)
2.3 Variação Linguística no Brasil
Para falamos de variação linguística faz-se necessário, o resgate da história do Brasil, desde a sua descoberta. No início de nossa colonização quando os portugueses chegaram ao Brasil por volta do ano 1500, os índios já viviam em nossas terras, eles falavam várias línguas diferentes aproximadamente trezentas, como também, herdou-se as influências linguísticas dos colonizadores espanhóis e franceses.
Bagno comenta sobre a variação linguística no Brasil:
(…) são faladas mais de dezenas de línguas diferentes, entre línguas indígenas, línguas trazidas pelos imigrantes europeus e asiáticos, língua surgidas das situações de contato nas extensas zonas fronteiriças com os países vizinhos, além de falarem diversas línguas africanas trazidas pelas vítimas do sistema escravista. (BAGNO, 2008, p.27)
Cabe concluir que, no decorrer da colonização do Brasil, foi criada a Língua Geral como meio de comunicação, entre colonos e colonizados, que surgiu da mistura do Tupi com o Português, como forma de comunicação mais utilizada na colônia.
E, em 1757, o Marquês de Pombal proibiu a utilização da Língua Geral e, assim, tornando oficial a Língua Portuguesa objetivando o monolinguísmo no Brasil. Apesar desta ação e de alguns acreditarem que aqui se falava somente uma língua, é sabido que esta afirmativa não é verdadeira, devido a Língua Portuguesa originaliza-se de vários povos.
Convém observar, que somente no decorrer de algumas décadas que a concretização da língua se deu com a publicação do Cancioneiro Geral, de Garcia Resende. Desta maneira, surgem as primeiras gramáticas, as quais determinam a morfologia e a sintaxe que se evidenciou no século XVI. Com Os Lusíadas de Luís Vaz de Camões (1572). E assim embasados na pluralidade da língua é permitido verificar a variação linguística existente no país.
2.4 Variação e Mudança: Teoria Laboviana
A referida Teoria teve início com a publicação de dois textos Fundamentos empírico para uma teoria da mudança linguística (Empirical foundatins for a theory of language), publicado em 1968 por Uriel Weinreich, William Labov e Marvin Herzog. E padrões sociolinguísticos, (Sociolinguistic patterns), publicado por Labov em 1972. Estas obras foram de suma importância para a concretização dos novos estudos linguísticos. Diante disto, Labov desenvolveu inúmeros trabalhos voltados para o estudo das línguas a partir de um contexto social, desenvolvendo assim estudos sobre a variação.
Na concepção laboviana, a variação é um fenômeno próprio das línguas e está diretamente ligada à noção de heterogeneidade, visto que o sistema linguístico tem regras variáveis, as quais permitem que em certa situação linguística fale-se de uma maneira, e, em outra situação linguística, de outra maneira. Deste modo, as línguas são consideradas sistemas heterogêneos
No Brasil, os estudos no campo da Sociolinguística laboviana só tiveram início na década de 1970, sob a direção do professor Anthony Naro, os quais buscaram descrever fatores variáveis na língua.
Cabe frisar que, o professor Naro também desenvolveu pesquisas no campo da sociolinguística Variacionista e Funcional contribuindo de modo relevante para os desenvolvimentos dos estudos sociolinguístico no país.
2.5 Variedade, variação, variável, variante
“Linguagem e sociedade estão ligadas entre si de modo inquestionável. Mais que isso, podemos afirmar que essa relação é a base da constituição do ser humano” (ALKMIN, 2001, p.21).
Desta maneira, as Variedades são as diferentes maneiras de falar de cada grupo social, ou de pessoas de uma determinada região do país, como o falar: gaucho, paulista, nordestino, o falar dos médicos, advogados à linguagem utilizada por esses profissionais no ambiente de trabalho.
No que se refere a Variação Alckmin comenta: “Língua e variação são inseparáveis: a Sociolingüística encara a diversidade não como um problema, mas como uma qualidade constitutiva do fenômeno lingüístico”. (ALKMIN, 2001, p. 33), desta maneira, a variação linguística é um fenômeno pertencente as línguas, a qual é objeto de estudo da Sociolinguística.
E no que tange a Variável, é um fenômeno que ocorre na fala do emissor, de acordo com a origem, faixa etária, grupo social de quem faz uso de uma expressão, assim variável são as diferentes formas de se pronunciar um mesmo vocábulo.
Cabe concluir, no que se refere às Variantes, são as diferentes maneiras de falar de cada pessoa, por meio das quais se expressam as variáveis, ou seja, diz respeito a maneira de falar de cada pessoa .
2.6 Definições de língua padrão e não padrão
Como a língua é composta por variação, e cada uma delas com suas singularidades, tanto na gramática quanto na estrutura, assim é importante delimitarmos língua padrão.
O português padrão consequentemente é “[…] uma forma, um molde, um gabarito, uma régua”. (BAGNO, 2000, p. 160). Dito de outra maneira, a variante padrão condiz com as imposições dos manuais de norma padrão, assim, quando uma língua se constitui enquanto padrão ,ela ganha prestígio diante das demais variantes.
Ao passo que, as variantes não padrão e a variação linguística são na maioria das vezes desvalorizada por não fazerem parte de nenhum compêndio, não estão sujeitas a normatização ou padronização, por serem apreendidas pelo falante de modo natural em suas comunidades de fala como: família, amigos e ambiente escolar.
Bagno comenta sobre a variação linguística e seu valor social:
[…] mesmo que tenhamos tudo isso muito claro em nossas mentes, é preciso sempre lembrar que, do ponto de vista sociológica,o “erro” existe e sua maior ou menor “gravidade” depende precisamente da distribuição dos falantes dentro da pirâmide das classes sociais, que é também uma pirâmide de variedades linguísticas. […] O “erro” linguístico, do ponto de vista sociológico e antropológico, se baseia, portanto, numa avaliação estritamente baseada no valor social atribuído ao falante, […]. (2002, p.73).
Diante desta realidade, a língua é constituída de formas vistas como corretas e incorretas, em que os falantes são classificados de acordo com suas escolhas ao falar e ao escrever, por conseguinte, também são julgadas imperfeitas, as pessoas que têm dificuldades em abordar níveis linguísticos de construções apresentadas como aceitáveis, corretas.
Assim, surge o preconceito linguístico, em que são julgados os usuários da língua ou até mesmo uma comunidade inteira, pelo uso de formas linguísticas que empregam, as quais se afastam do padrão prescrito pela norma culta.
É importante lembrar, que cientificamente não se admiti que uma forma linguística seja superior a outra forma. Visto que, o português padrão tem que ser ensinado, no ambiente escolar por conter várias regras gramaticais e assim, exige-se do falante um preparo linguístico maior.
2.7 Variações linguistica na escola
Ao iniciar-se na escola, a criança traz consigo expectativas no que se refere aprender a ler. Almeja adquirir conhecimentos de um mundo novo, por meio da leitura, espera ser acolhida neste ambiente com seus conhecimentos linguísticos.
Porém, especialmente nos anos iniciais a maioria dos educadores estão preocupados em ensinar a norma padrão, a qual parece acreditar ser a única aceitável. Assim, ensinam a criança a falar segundo essa norma. E, é um enorme engano que se pode cometer se concordarmos com esse pensamento, quando sabemos que isso não condiz aos PCN.
Não é papel da escola ensinar o aluno a falar: isso é algo que a criança aprende muito antes da idade escolar. Talvez por isso, a escola não tenha tomado para si a tarefa de ensinar quaisquer usos e formas da língua oral. Quando o faz, foi de maneira inadequada: tentou corrigir a fala “errada” dos alunos – por não ser coincidente com a variação linguística de prestigio social, com a esperança de evitar que escrevesse errado. Reforçou assim o preconceito contra aqueles que falam diferente da variedade prestigiada. (Secretaria de Educação Fundamental, 1997, p. 48)
Desta maneira, as aulas de Língua Portuguesa habitualmente prima pelo ensino da gramática, ensinando várias regras, que se distanciam da realidade dos falantes. Assim, ocasiona certo estranhamento por parte dos alunos, porque eles se sentem como aprendizes de um novo idioma.
Diante desta realidade, o professor de língua portuguesa deve buscar a cada dia se auto-avaliar, no que se refere ao material didático, utilizado por ele. Assim fazer questionamentos e, embasar sua pratica pedagógica, em material didático que desmistifique a variação, buscar viabilizar o ensino da língua à realidade dos alunos, e, adequar seu material de ensino, para que o aluno sinta valorizada sua língua e cultura.
2.8 Orientações didáticas de acordo com PCN (1998). Variação linguística ao conteúdo de língua portuguesa
É importante ter em mente, que a Língua Portuguesa é uma unidade composta de muitas variedades. Assim sendo, o educando ao ser inserido no ambiente escolar, já utiliza de uma dessas variedades. A qual aprendeu por estar introduzido em uma comunidade de falantes. Assim, o aluno que se encontra no terceiro ao quarto ciclo, já traz consigo algum conhecimento sobre a variação e mudança linguística.
Deste modo, os PCN relatam sobre a variação:
Desse modo, não pode tratar as variedades lingüísticas que mais se afastam dos padrões estabelecidos pela gramática tradicional e das formas diferentes daquelas que se fixaram na escrita como se fossem desvios ou incorreções. E não apenas por uma questão metodológica: é enorme a gama de variação e, em função dos usos e das mesclas constantes, não é tarefa simples dizer qual é a forma padrão (efetivamente, os padrões também são variados e dependem das situações de uso). Além disso, os padrões próprios da tradição escrita não são os mesmos que os padrões de uso oral, ainda que haja situações de fala orientadas pela escrita. A discriminação de algumas variedades lingüísticas, tratadas de modo preconceituoso e anticientífico, expressa os próprios conflitos existentes no interior da sociedade. (PCN 1998, p.82)
Cabe frisar que, o preconceito linguístico, é a consequência de considerações pessoais de alguns grupos da sociedade, os quais carecem ser combatidos. Pois o educando, ao estudar novas formas linguísticas, em especial a escrita padrão, a qual é apontada como normativa, também deve ter conhecimento na escola da importância da variação linguística.
Assim sendo, é de fundamental importância que o professor de língua portuguesa, no desenvolvimento de sua atividade docente busque desenvolver no aluno a competência discursiva ampliando em suas atividades em sala de aula conteúdos que relatem sobre a diversidade linguística.
Diante do exposto, os (PCN 1998 p.83), relacionam algumas propostas de atividades, que visam ampliar mais intensamente o trabalho com a variação linguística no terceiro e quarto ciclo.
É orientado ao professor trabalhar com transcrição de textos orais gravados e vídeo cassete, assim permitira ao aluno identificar os recursos linguísticos próprios da fala, bem como, trabalhar com textos orais, gênero da modalidade escrita, para que o aluno perceba algumas das diferenças entre a fala e a escrita;
Da mesma forma, que orienta o trabalho com filmes, música popular, romance e poemas entre outras modalidades discursivas, visando contribuir para o conhecimento linguístico do aluno no que tange a variação.
3 METODOLOGIA
Segundo Rodrigues (2006, p. 136) ”o método científico consiste num conjunto de procedimentos racionais e sistemáticos que possibilitam alcançar um determinado objetivo. É um caminho planejado a ser seguido na investigação científica”. Desta maneira, é um Conjunto de procedimentos de base científica importantes à resolução de uma problemática.
Como foi colocado, é com base na metodologia e objetivos, percebe-se a importância em se fazer atuante, a pesquisa bibliográfica e documental, sendo que o estudo particulariza, fontes de materiais impresso como documentos e artigos científicos
A pesquisa é um processo coerente, disposto de maneira particular, em que os objetivos primam por encontrar respostas aos problemas propostos, desta maneira, a pesquisa é importante quando se deseja encontrar possíveis respostas a um problema.
A pesquisa é desenvolvida a partir de processos selecionados, em que são utilizados procedimentos, técnicas e métodos científicos, Visando desenvolver o trabalho, no decorrer de um método que envolve várias fases, desde a formulação do problema até os resultados almejados.
3.1 PESQUISA BIBLIOGRAFICA
A pesquisa bibliográfica tende disponibilizar maneiras para a elaboração de trabalhos acadêmicos, científicos, e é ampliada a partir de material já elaborado: como livros, artigos, periódicos entre outros.
A pesquisa bibliográfica é ampla, assim é de essencial relevância em:
“Seminários, painéis, debates, resumos críticos, monografias não dispensam a pesquisa bibliográfica. Ela é obrigatória nas pesquisas exploratórias, na delimitação do tema de um trabalho ou pesquisa, no desenvolvimento do assunto, nas citações, na apresentação das conclusões.” (ANDRADE, 2010, p.25, grifo nosso).
Com base no conceito de pesquisa, é importante ressaltar a pesquisa bibliográfica, por esta ser de grande valor, uma vez que a mesma caracteriza-se por apresentar uma contribuição científica, auxiliando nas etapas da pesquisa, constituindo-se da escolha do tema, levantamento bibliográfico, formulação de dados, entre outros.
3.2 PESQUISA DOCUMENTAL
O desenvolvimento da pesquisa documental diferencia-se das demais por apresentar fonte diversificada, sendo que a mesma contempla a mesma maneira da pesquisa bibliográfica, por ambas utilizar-se de material impresso. A pesquisa documental apresenta documentos de órgãos públicos e instituições privadas.
[…] o documento escrito constitui uma fonte extremamente preciosa para todo pesquisador nas ciências sociais. Ele é, evidentemente, insubstituível em qualquer reconstituição referente a um passado relativamente distante, pois não é raro que ele represente a quase totalidade dos vestígios da atividade humana em determinadas épocas. Além disso, muito freqüentemente, ele permanece como o único testemunho de atividades particulares ocorridas num passado recente (CELLARD, 2008: 295).
Cabe aqui ressaltar, a pesquisa documental, porque esta apresenta benefícios, pois documentos é fonte rica e constante de dados. Portanto, subsistem ao transcorrer do tempo, os dados, são preservados na passagem dos anos.
“A análise documental constitui uma técnica importante na pesquisa qualitativa, seja complementando informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema” (Ludke e André, 1986). Diante do exposto, a pesquisa documental apresenta auxílio, bem como, oferece material de apoio ao trabalho.
4. SEQUÊNCIA DIDÁTICA: CONCEITOS TEÓRICOS
Sequência didática é um procedimento encadeado, que articula diferentes atividades no decorrer de uma unidade de didática de passos, ou etapas ligadas entre si. Com objetivo de tornar mais hábil o procedimento de ensino.
Assim, as sequências didáticas são esquematizadas e desenvolvidas visando à realização de atividades, referentes ao ensino aprendizagem dos alunos, atividades estas, em que o professor deseja aprimorar o conhecimento dos seus alunos envolvendo sempre metodologia de ensino e avaliação com objetivos definidos na educação, com início e fim.
De acordo com Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004, p. 97), a sequência “é um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito”. Suas principais finalidades: trabalhar gêneros de textos com o objetivo de ajudar o aluno a apropria-se do gênero em estudo.
Assim, a adoção da sequência didática leva o aluno a progredir no que se refere a escrever e falar de forma mais apropriada de acordo com a ocasião, bem como, a interagir com seus pares, instigando-o as práticas de novas linguagens.
4.1 UMA PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL MAIOR: DE QUE FORMA PODE SER TRABALHADA A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM SALA DE AULA?
4.1.1 Justificativa
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN do terceiro e quarto ciclo, em que o documento orienta o professor trabalhar com gêneros textuais orais e escritos, objetivando realizar um trabalho que busque inserir ao aluno sua socialização com seus pares, bem como a construção do conhecimento.
Assim, esses gêneros textuais, destinam-se a possibilitar que os alunos desenvolvam melhor a capacidade para a recepção de gêneros de maior circulação social.
Diante disto o (PCN 1998, p.53), confirma que:
Neste documento, foram priorizados aqueles cujo domínio é fundamental à efetiva participação social, encontrando-se agrupados, em função de sua circulação social, em gêneros literários, de imprensa, publicitários, de divulgação científica, comumente presentes no universo escolar. (PCN 1998, P.53).
Visando ampliar o conhecimento linguístico dos alunos, será utilizada a modalidade textual entrevista. A partir desta abordagem: Hoffnagel explica que: “Uma constelação de eventos possíveis que se realizam como gêneros (ou subgêneros) diversos. Assim, teríamos, por exemplo, entrevista jornalística, entrevista médica, entrevista científica, entrevista de emprego etc.” (2003, p. 180).
Desta maneira, será apontado por meio desta modalidade textual, o estudo da variação linguística no decorrer das aulas. Em que buscará desmistificar o preconceito linguístico no Ensino Fundamental Maior.
4.1.2 Objetivo geral
Buscar, a partir de o gênero textual entrevista fazer com que o alunado, identifique característica própria da linguagem oral e característica da escrita, reconhecer assim, as mudanças e variação da língua, por meio deste gênero textual.
4.1.3 Objetivos específicos:
- Fazer com que os alunos adquiram conhecimento do gênero textual entrevista;
- Propor por meio da entrevista o desenvolvimento da oralidade dos alunos;
- Refletir sobre a língua formal e não formal e suas variações;
- Compreender a língua como heterogênea;
- Reescrever a entrevista, escrita com as marcas da oralidade fazendo adequações;
- Distinguir a característica entre língua padrão (escrita) vernácula (fala)
4.1.4 Metodologia
A abordagem metodológica consistirá na apresentação de uma possível sequência didática, que explanará a modalidade textual entrevista, visando o estudo da variação linguistica: linguagem formal, e não formal.
O gênero textual entrevista é um gênero essencialmente oral, em que tem por finalidade a informação. Prima pela interação entre os interlocutores, representados na pessoa do entrevistador e do entrevistado, tem por objetivo é relatar suas experiências e conhecimentos acerca de um determinado assunto. De acordo com os questionamentos previamente elaborados pelo entrevistador.
4.1.5 Desenvolvimento-Metodológico (6 aulas com duração de 45 minutos cada)
Na 1º aula, trabalharemos com o gênero textual entrevista, primeiramente será feito uma sondagem na turma sobre o tema, e será explicitado sobre a importância do gênero, no que se refere a circulação social. Dando sequência, será apresentado o conceito, e será pedido para que os alunos façam anotações. Em seguida será explicado sobre algumas tipologias do gênero: entrevista de trabalho, entrevista jornalística, em sequência ocorrerá a distribuição do material xerocopiado com modelo de entrevista já citada para que os alunos comessem a reconhecer e identificar o gênero.
Na 2º aula, será proposta à classe a produção de uma entrevista na escola com profissionais que trabalham nela, com o objetivo de conhecer melhor os funcionários da escola. Será feita uma seleção: Lista no quadro, com auxilio dos alunos com nomes dos profissionais que poderiam ser entrevistadas. Dando continuidade, será realizada uma votação para escolher cinco funcionários para ser entrevistado, bem como, pedido para a turma formar grupos de cinco alunos para elaborarem um questionário contendo dez perguntas, dando continuidade o grupo deve escolher um aluno para realizar a entrevista, na qual, os alunos deverão retrata nas escritas falas de cada um dos entrevistados de maneira mais idêntica possível, utilizando caderno e caneta para anotação.
Na 3º aula, será destinada para a realização da entrevista.
Na 4º aula, pedirei para os alunos que apresentem a entrevista e, em seguida colocar em cima de suas carteiras. Logo, pedirei que os mesmos identifiquem nos textos deles, a entrevista, marcas da linguagem informal, sublinhando essas possíveis palavras, como hesitações e risos. Dando sequência, apresentarei um conteúdo sobre Variação Linguística: A língua e suas variações, iniciarei o assunto distribuindo material xerocopiado para a turma, que está contido no livro didático “Vontade de Saber Português” (2012), uma charge para em que os alunos façam uma leitura e, explicarei sobre o assunto contido na página 27.
Na 5º aula, pedirei para os alunos, que refaçam o texto entrevista e, que retirem as passagens que são próprias da fala, mas são desnecessárias na escrita como repetições de expressões e hesitações, risos e substituam termos vagos por outros mais precisos, e pedirei que os alunos se atentem as mudanças e variação que ocorre na língua escrita/fala, no momento da reescrita.
Na 6º aula, será explanado sobre Variação Linguística: Linguagem Formal e Informal, a partir de uma charge retirada do site: Trab. Avaliação. Variações Linguísticas 6º-e-7º ano. Disponível em<HTTPS: os//PT. scribd.com>. Será trabalhado este conteúdo na turma, como forma de avaliação pedirei para os alunos que respondam uma atividade que está anexada a charge, como forma de avaliá-los, no que se refere a aprendizagem do conteúdo de Variação Linguística.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com intuito, de elaborar uma proposta de sequência didática, que tem como objetivo o ensino da variação linguística, tendo em vista aproximar as mudanças que acontecem na língua Materna ao contexto do aluno.
Desta maneira, este trabalho apresenta a importância da variação linguística e de sua abordagem no ambiente escolar, proporciona estudo sobre a variação, do ponto de vista de alguns teóricos, bem como discorre sobre o preconceito linguístico envolvendo o terceiro e quarto ciclo do Ensino Fundamental.
Diante do que foi sugerido neste artigo, fica em evidência que, os professores de Língua Materna ainda tenham resistência, em discutir sobre variação lingüística em sala de aula. Acredita-se, que a resistência esta em não buscar embasamento teórico, para saber como trabalhar com a capacidade linguística do aluno.
Diante disso, a maioria dos educadores ficam presos aos conceitos formados pela gramática normativa, a qual prescreve regras que devem ser seguidas pelos alunos de maneira rigorosa.
Diante de tal situação, para que, o ensino de língua materna não se empregue apenas nas regras fiéis aos princípios da gramática normativa é preciso, que o professor entenda que o ensino de Língua Materna para ser realizado com êxito deve ser instigado no aluno a capacidade cognitiva e linguística, por meio da sua competência oral e escrita.
Cabe, pois concluir que, o ensino de língua materna tenha ocorrido várias mudanças. Assim observa-se uma nova postura, no que se refere aos objetivos do ensino de língua, os quais têm buscado embasar- se nos parâmetros e nas orientações curriculares nacionais. Desta maneira, aponta para modificações no aspecto conceitual e metodológico, visando á melhoria do ensino de língua materna.
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ANEXOS
Variedades Lingüísticas: Linguagem Formal e Informal
Leia as tirinhas abaixo e responda:
1º) Que diferenças vocês perceberam entre a linguagem usada pelo personagem Chico Bento e os demais personagens das outras tirinhas?
2º) Em que locais vivem os personagens? Que personagens representam o meio urbano e o meio rural?
3º) Em que tirinhas a linguagem usada é mais próxima ao que é ensinado pela gramática e em que são diferentes da linguagem usada nas tirinhas do Chico Bento?
4º) O personagem Chico Bento freqüenta a escola. No entanto, os seus diálogos representam a maneira como ele fala. Por que vocês acham que isso acontece?
5º) Embora Chico Bento não fale de acordo com as normas da gramática, compreendemos o que ele diz?
6º) Podemos dizer que o personagem Chico Bento fala errado? Explique
.7º) Imagine a seguinte situação: Chico Bento precisa escrever um bilhete para sua professora justificando sua falta à escola no dia em que foi aplicada a prova de Português e solicitando uma nova data para fazê-la. Em que nível de linguagem deve ser escrito este bilhete? Justifique.
1Graduada em Letras/ Língua Portuguesa: UFPA, e-mail: katiasimonesilvino20@gmail.com;
2Graduada em Licenciatura Plena em Língua Portuguesa – e-mail: aliceluiza1@hotmail.com;
3Graduada em Licenciatura Plena em Língua Portuguesa – e-mail: wendersansilva@hotmail.com