A FAMÍLIA NO MEIO SÓCIO ESCOLAR COMO UMA PRÁTICA NORTEADORA NO PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11127147


Gleiciane Andrade De Sousa; Tatiane Cavalcante De Azevedo; Rejane Dias Da Silva Carvalho; Professor Orientador Márcio José S. Mariano Especialista.


RESUMO

Mesmo se transformando através dos tempos, a missão da família é propor e construir um sistema de vínculos pautados na afetividade, essenciais na trajetória da formação humana da pessoa como ser social. O ambiente da família tem uma atribuição importante ao contribuir e reforçar de modo sistemático e preponderante o bom desempenho escolar da criança, para que assim tenha uma trajetória educativa com expectativa e resultados satisfatórios no âmbito da aprendizagem. Família e escola necessitam caminhar de mãos dadas no que tange ao processo de educar. Ambas as instituições são corresponsáveis frente ao processo ensino e aprendizagem, tanto que, é de suma importância para a prática pedagógica que a família tenha um papel significativo no meio sócio escolar. Desse modo, almeja-se analisar a importância da família no meio sócio escolar interligada a prática pedagógica e ao ensino e aprendizagem. Para tanto, o referido se configura como um estudo de base analítico e discursivo se amparando na pesquisa bibliográfica de livros, revistas, artigos, periódicos de internet. Dessa forma, é possível afirmar que a junção entre família e escola se faz necessário enquanto proposta curricular de ensino. Isso porque, a ideia de uma educação de qualidade, significativa e inclusiva, que trabalhe a formação social e política do aluno, está vinculada essencialmente a essa integração. O essencial nesse processo é que o aluno se sinta apoiado tanto pela família como pela escola na construção do conhecimento, bem como prática da cidadania. Pautada em princípios humanos e éticos, a família ganha confiança na vida, no mundo e passa a frequentar a escola com otimismo, com acompanhamento fraternal, pois entende que sua participação é indispensável na vida escolar dos filhos. À medida que se integra cada vez à escola, o aluno percebe que seus pais ou responsáveis estão acompanhando de modo bem próximo o que está acontecendo e que estão observando seu rendimento escolar.

PALAVRAS-CHAVE: Família; Escola; Ensino; Aprendizagem. 

ABSTRACT

Even transforming through time, the mission of the family is to propose and build a system of bonds based on affectivity, essential in the trajectory of human formation of the person as a social being. The family environment has an important role in contributing and reinforcing in a systematic and preponderant way the good school performance of the child, so that it has an educative trajectory with expectation and satisfactory results in the scope of learning. Family and school need to walk hand in hand with regard to the process of educating. Both institutions are jointly responsible for the teaching and learning process, so much so that it is of the utmost importance for the pedagogical practice that the family plays a significant role in the school partner environment. In this way, the aim is to analyze the importance of the family in the middle school partner, linked to pedagogical practice and teaching and learning. In order to do so, this is an analytical and discursive study based on the bibliographical research of books, magazines, articles, internet periodicals. In this way, it is possible to affirm that the junction between family and school becomes necessary as a curricular proposal of teaching. This is because, the idea of ​​a quality education, meaningful and inclusive, that works the social and political formation of the student, is linked essential to this integration. The essential thing in this process is that the student feels supported by both the family and the school in the construction of knowledge, as well as practice of citizenship. Based on human and ethical principles, the family gains confidence in life, in the world and begins to attend school with optimism, with fraternal accompaniment, because it understands that its participation is indispensable in the school life of the children. As the school becomes increasingly involved, the student realizes that their parents or guardians are closely following what is happening and that they are observing their school performance.

KEYWORDS: Family; School; Teaching; Learning.

1 INTRODUÇÃO

Família e escola são duas instituições fundamentais para a construção de uma sociedade melhor, mais justa e solidária. Ambas, tem a responsabilidade e o desafio de conduzir o educando para que construa seu conhecimento pautado na qualidade e no compromisso social, de modo que seja capaz de viver e contribuir para o desenvolvimento do meio social onde vive, pois a vida em sociedade pressupõe equilíbrio, responsabilidade e saber. Esse saber será utilizado para o trabalho, para ampliação de outras atividades necessárias, tendo em vista o bem estar social do aluno e de sua família.

Nesse sentido, construir um trabalho acadêmico dessa natureza, é valorizar a vida, a família e a escola, e o ponto central dele volta-se para a elaboração de competências e habilidades do educando, frente ao seu processo ensino aprendizagem. Além disso, é por meio da pesquisa acadêmica, que essas atividades são elaboradas e mostram a importância desse processo na formação humana. Logo, é dar um passo adiante para um mundo melhor. Pois é assim, que a análise e a reflexão se fortalecem frente ao contexto social que vivemos.

Dessa forma, o presente estudo se fundamenta na pesquisa e análises bibliográficas de referenciais teóricos acerca da temática em foco: Família e Escola, cuja abordagem se propõe a refletir criticamente sobre a parceria entre família e escola, frente aos desafios e responsabilidades do educando durante a construção de seu processo ensino aprendizagem.

Assim, no segundo capítulo, elaborou-se uma abordagem sobre conjuntura familiar na história, suas características, evolução e atribuições sociais. Com essa análise, apontou-se uma perspectiva sobre a família e suas atribuições no campo educacional referente à construção de valores. Nesse sentido, procurou-se olhar também para essa família e suas atribuições no campo educacional no tocante a vivência na vida escolar dos filhos.  Para tanto, olhou-se sobre as atividades escolares e também no que tange ao processo de aprendizagem de leitura, com apoio e incentivo tanto da escola como dos pais e sua participação efetiva.

Em relação ao terceiro capítulo, foi abordado acerca do núcleo escolar e suas responsabilidades educacionais. Para isso, há uma análise que enfatiza sobre as técnicas pedagógicas como forma de atração dos pais à escola, de modo que essa parceria se fortaleça.

Nesse contexto, então estamos otimistas em elaborar um trabalho acadêmico com esse tema, pois família e escola são os agentes essenciais para que o conhecimento seja elaborado em bases sólidas, amparadas na pesquisa, na reflexão e numa ação consciente. São eles que vão oferecer suporte para que a sociedade em que vivemos seja melhor e mais humana, uma sociedade que se preocupa com a criança, com o adolescente e com o idoso.

2 BREVE HISTÓRICO SOBRE A FAMÍLIA NA SOCIEDADE

Compreender a família diz respeito à busca do entendimento de todo um processo social, pois o núcleo familiar é o responsável em grande parte pela existência dessa sociedade. Nesse sentido, ela torna-se importante para que se compreenda melhor a educação e a formação das pessoas no que se refere ao processo de construção do conhecimento.

A família, como instituição sociológica, estrutura-se de tal modo que é considerada o pilar da sociedade em todas as épocas. Mesmo com profundas transformações sociais, políticas e econômicas a família permanece em sua estrutura básica.  A representatividade da estrutura familiar em sua condição original é composta de pai, mãe, filhos, podendo ser acrescentada com demais membros. A família é dinâmica como a própria sociedade e acompanha as sucessivas transformações pelas quais essa mesma sociedade passa. Diante disso, o núcleo familiar assume características que, muitas vezes fogem dos padrões tradicionais, como casais de relacionamentos: famílias homossexuais, famílias formadas por avós e netos, famílias apenas com pais e filhos e famílias apenas com mães e filhos. É um autêntico caldeirão de transformações sociológicas pela qual vem passando a família ao longo dos tempos.

A vida na sociedade atual é extremamente corrida, acelerada, rápida e isso afeta o modo como a família se organiza atualmente. Poucos pais têm tempo para uma convivência melhor com seus filhos, para o diálogo aberto, para o acompanhamento da educação, para a ida à escola, para saber como estão os filhos. Vale ressaltar, também que essa vida acelerada tem contribuído consideravelmente para separações e divórcios entre os casais. Na esteira desse processo, isso é o que tem contribuído para que a família passe por mudanças e relaciona-se aos novos modos de trabalho e ocupação cada vez mais do espaço pelas mulheres, entre outros.

Neste período contemporâneo, o modo como a família se forma por meio do casamento está sofrendo uma profunda influência, uma profunda transformação. E esse esteio de metamorfoses relaciona-se ao processo social como a vida é construída mediante as diversas formas de ocupação e trabalho. Romanelli, (2005, P.77) diz que: “Uma das transformações mais significativas na vida doméstica e que redunda em mudanças na dinâmica familiar é a crescente participação do sexo feminino na força de trabalho, em consequência das dificuldades enfrentadas pelas famílias”.  Logo, pode-se compreender que as mudanças pelas quais as famílias passam e se transformam tem uma influência considerável do modo como a sociedade se organiza economicamente.

Os dispositivos legais tanto da Constituição Federal, como o Código Civil reconhecem essas transformações, essas mudanças. A Constituição Federal, no artigo 5º, inciso 1º refere-se e declara a igualdade entre o homem e a mulher. Reforça essa igualdade no artigo 226, parágrafos 3º e 4º dizendo que a família como relação proveniente de união estável e da monoparentalidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes e culmina esse princípio constitucional no artigo 227, parágrafo 5º, quando se refere sobre as relações ligadas pela afinidade e pela adoção. Os preceitos legais se consolidam esse olhar sobre família quando o Código Civil reforça o preceito e considera qualquer união estável entre pessoas que se gostam e se respeitam. Essas referências legais contribuem para uma mudança no conceito de família, superando o paradigma do conceito de família, até então considerado ideal.

As contribuições dos dispositivos legais tanto da Constituição Federal como o Código Civil reconhecem as transformações pelas quais a família vem passando e debatem essas mudanças em cada um dos seus dispositivos, pois para Genofre (1997, p. 54): “… o traço dominante da evolução da família é sua tendência a se tornar um grupo cada vez menos organizado e hierarquizado e que cada vez mais se funda na afeição mútua”. Pode-se ver que as transformações históricas, sócio-políticas e econômicas das últimas décadas contribuem na dinâmica e vêm influenciando nessa dinâmica e na estrutura familiar, acarretando mudanças em seu padrão tradicional de organização. Diante disso, não se pode falar em família, mas sim famílias, devido à diversidade de relações existentes em nossa sociedade.

Mesmo com todo esse rol de mudanças, de transformações, de metamorfoses com arranjos, rearranjos e que se apresentam durante o processo histórico, a família se propõe a permanecer com a mesma finalidade de manter as pessoas unidas, preservando a união monogâmica, que se fundamenta em parâmetros éticos com uma relação de respeito a todos os seus membros, em especial ao outro, ao parceiro. Assim, a instituição familiar, suporte para o indivíduo na vida social, nos dias atuais, deixou de ser modelo único para se apresentar com uma faceta que se reveste de diversos modelos. Ackerman, (1980, p.29) relata que a família “permanece como unidade básica de crescimento e experiência, desempenho ou falha”. Essa unidade básica vem singrando as épocas, os períodos históricos, ora mantendo características conservadoras, ora apresentando perfil progressista.

Diante das transformações na configuração da família, permite dizer que os laços mais próximos, mais significativos, como a afetividade tem a força de unir seus membros, de integrar cada componente, reforçando preceitos constitucionais hoje que propalam respeito à dignidade humana, considerando os laços afetivos condicionantes para a constituição familiar, independente do vínculo genético, como se referem Campos & Carvalho, (1983, p.19):

A palavra família, na sociedade ocidental contemporânea tem ainda para a maioria das pessoas, conotação altamente impregnada de carga afetiva. Os apologistas do ambiente da família como ideal para a educação dos filhos, geralmente evidenciam o calor materno e o amor como contribuição para o estabelecimento do elo afetivo mãe-filho, inexistente no caso de crianças institucionalizadas.

Com essa característica dinâmica e antropológica, a família vem atravessando cada fase histórica com características determinadas, de acordo com o paradigma vigente. Com isso permanece seja no modo tradicional, com pai, mãe, filho e outros parentes, seja com relações pautadas no princípio de mesmo sexo, mesmo um membro familiar como pai ou apenas mãe. Esse foco de debate oferece sempre uma análise a considerar e essa discussão é um suporte para um posterior aprofundamento e contribuição no campo de estudo que se propõe.

2.1 Histórico

A família é considerada uma das mais antigas instituições sociais e como tal, vem se consolidando através dos tempos como instituição sociológica. A partir do século XVIII, com a Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra, começa a passar por intensas transformações, pois os filhos, o pai e mãe começam a deixar sua casa para trabalhar nas fábricas. Muitas vezes enfrentavam uma jornada de trabalho de até dezesseis horas por dia. E isso, aos poucos ia alterando a dinâmica de organização familiar, pois tinham que se separar para trabalhar em outros ambientes, no caso, o ambiente da fábrica. Desde aquela época e até mesmo de tempos mais remotos, ou seja, mais distantes, a representatividade da estrutura familiar em sua condição original é composta de pai, mãe, filhos, podendo ser acrescentada com demais membros parentes e enteados.

A família é dinâmica como a própria sociedade e acompanha as sucessivas transformações pelas quais essa mesma sociedade passa. Diante disso, o núcleo familiar assume características que, muitas vezes fogem dos padrões tradicionais, como casais de relacionamentos: famílias homossexuais, famílias formadas por avós e netos, famílias apenas com pais e filhos e famílias apenas com mães e filhos. É um autêntico caldeirão de transformações sociológicas pela qual vem passando a família ao longo dos tempos.

Como núcleo, a família tem uma importante contribuição sociológica, pois contribui de modo decisivo para a organização de uma sociedade. Por isso mesmo que se diz que a família e base, é a célula da sociedade. Por isso que sua importância seja fundamental para a organização humana. Mesmo alterando sua estrutura, o grupo familiar continua com sua importância social.

A dinâmica social tem interferido de modo crítico na forma como a família se organiza, afetando significativamente sua estrutura. Isso vem ocorrendo principalmente nas últimas três décadas em razão do processo de formação e da sistematização como a economia do modo de produção capitalista vem se organizando. Instalou-se, com isso um princípio de organização social, cujo reflexo principal ocorre nas relações de trabalho e também da formação do núcleo familiar.  Cada vez mais, as famílias têm menos filhos, muitas delas não tem filhos e nem querem tê-los. Elas perderam sua estrutura tradicional, de pai, mãe e filhos. Hoje, é possível observar diversos tipos de famílias, criando um painel que dificilmente era imaginado há cerca de vinte anos. (PEREIRA, 2005)

Essa dinâmica da estrutura familiar afeta toda sociedade, criando uma nova percepção de organização social. Além dessas características apontadas por esse autor, Dias (2005, p.210), destaca também que:

A família é um grupo aparentado responsável principalmente pela socialização de suas crianças e pela satisfação de necessidades básicas Ela consiste em um aglomerado de pessoas relacionadas entre si pelo sangue, casamento, aliança ou adoção, vivendo juntas ou não por um período de tempo indefinido.

Qual o significado dessas mudanças que são visíveis aos nossos olhos? É possível afirmar que esse painel reflete a própria dinâmica do período no qual vivemos, pautado nos avanços da comunicação, da ciência, da tecnologia, entre outros. Significa também que tais mudanças citadas não devem ser observadas como aspecto ou tendência negativa ou uma espécie de crise. O que há é um novo paradigma, isto é, uma nova forma das pessoas olhar e enxergar o mundo e isso afeta de modo decisivo a família e seu modo de organização.

E esse paradigma que existe hoje cria uma ideia de uma possível falta de organização da família, mas é possível perceber também que o que ocorre verdadeiramente é uma nova reestruturação, um novo modo de agrupamento que ela (a família) vem passando. Com isso, as atribuições sociais para o homem e a mulher passam por intensas transformações, quer em casa, quer no mundo do trabalho, na rua, nas formas de lazer e demais âmbitos das relações humanas. Compreender esse processo é importante, à medida que passamos a conceber o mundo e sua estrutura social numa perspectiva de mudanças constantes e tais mudanças ocorrem porque estamos inseridos numa ordem social organizada por uma estrutura capitalista e competitiva e a família está no meio dessa dinâmica social. Essa dinâmica cria um discurso que não é mais possível falar de apenas uma família, mas de uma diversidade de famílias que convivem numa mesma sociedade, que está em permanente transformação.

No bojo dessas mudanças, pode-se afirmar que a família é fundamental nessa época de profundas transformações e que ela continua sendo indispensável e essencial para o fortalecimento da sobrevivência e da proteção permanente dos filhos e seus demais membros. Tudo isso, ocorre de modo autônomo, independente de sua organização familiar ou do modo como vem se estruturando. À medida que se transforma, continuam valendo a afirmação de que ela permanece única, fundamental e essencial para a configuração da sociedade e por que não dizer do próprio mundo! Ao se constituir no mundo a família tem parcela fundamental na educação de seus filhos, de seus membros.

Nessa caminhada, surgem inúmeras dificuldades na educação familiar, em razão de diversos fatores relacionados à própria organização da sociedade. Então, ocorre um descompasso no papel de mãe e no papel de pai. Cury (2003, p.28), destaca que: “hoje, bons pais estão produzindo filhos ansiosos, alienados, autoritários, indisciplinados e angustiados”. Esse desgaste gera conflito, proporciona o entendimento que é possível se refletir sobre isso e se buscar uma compreensão na própria estrutura da sociedade hoje, com tanta correria e falta de tempo para cuidar da família. O tempo é pouco para pais e mães dar atenção aos seus filhos. Essa atenção poderia ser construída com diálogo, onde os conflitos sociais poderiam ser destacados e discutidos.

Pois, ao mesmo tempo em que a família educa, a sociedade mostra questões que influenciam crianças e jovens de modo negativo, uma espécie de deseducação, em razão da quantidade de estímulos que são mostrados nos diversos programas transmitidos pela mídia, internet, entre outros. É Nesse cenário que eles são convidados e incentivos ao consumo sem limites, veem cenas de violência, incentivo ao sexo precoce. Com isso, há uma quebra da falta de limites. Eles entendem que tudo pode. Há então, um descompasso naquilo que a família ensina e a sociedade. Cury, 2003, p. 30), enfatiza que: “estímulos sedutores que se infiltram nas matrizes de sua memória (…), os pais ensinam os filhos a serem solidários e a consumirem o necessário, mas o sistema ensina o individualismo e a consumir sem necessidade”. Essa dinâmica de um sistema com essas características precisa ser quebrada, uma vez que há essa necessidade de construção de um mundo melhor e a escola é uma instituição que pode contribuir decisivamente para isso, a medida que ela forma as pessoas para o desenvolvimento de seu potencial.

2.2 A Família no contexto atual: algumas questões interpessoais

Essa separação do discurso entre família e sociedade cria um ambiente de tensão no seio familiar, pois à medida que tenta educar e construir um patamar de limites, pais e filhos, muitas vezes, criam conflitos que podem provocar uma crise e angústia. A superação desse clima conflituoso advém da educação insistente do diálogo que pode ser a ferramenta de superação das barreiras. Nesse cenário, é possível afirmar que existem famílias com perfil diferenciado. De acordo com as pesquisas de Aparecida e Rebelo (2003, p. 69), é possível diferenciar três tipos diferentes os pais: “autoritários, permissivos e democráticos”. Cada um desses tipos constrói um rol de relações para a educação de seus filhos, possuindo características próprias e fundamentais na organização familiar.

Para essas pesquisadoras, cada tipo de pais, apresenta um perfil, uma característica. Esses tipos de pais bloqueiam o diálogo, tão essencial na formação familiar e na educação dos filhos. Não um canal de comunicação e a demonstração de afetividade não faz parte da interação familiar. Isso proporciona um clima tenso, conflituoso, rígido, e por que não dizer conservador e estático. Esses pais constroem um padrão de conduta rígido e elaborado com total ausência de diálogo e debate entre os membros familiares. Além disso, para eles, a obediência deve seguir rigidamente as normas e regras definidas por eles. Não há uma abertura para explicar aos filhos razões das imposições. Tudo isso é feito sem consulta sobre o que se deseja seguir e obedecer. O importante para esse tipo de pais, é a obediência como um fim em si mesma. Não há espaço para o diálogo e nem para a elaboração de ações conjuntas. Somente eles (os pais) são os que decidem tudo. Os filhos, apenas tem que obedecer! Desse modo, a família caminha rigidamente sobre o controle soberano desse tipo de pai que não constrói diálogo em nenhuma hipótese. (APARECIDA E REBELO, 2003)

O trabalho dessas pesquisadoras é intenso e sistemático, desnudando a natureza e o perfil de cada tipo de pai. Para elas, cada perfil tem suas características, seu estilo e modo de ser. Essa constatação parece nos mostrar que esse tipo de pai é o oposto do pai autoritário. Para o pai permissivo, tudo pode. Há um afrouxamento das relações familiares. Entende-se que tudo pode, tudo é permitido. Parece que os limites não são discutidos, debatidos e analisados à luz da coerência, da busca de um parâmetro de convivência sustável e com possibilidades conceituais.

Um ponto que pode ser observado do pai permissivo é o afeto. Esse tipo de demonstração é fundamental na construção da personalidade dos filhos, pois a afeição, os gestos de afetividade dos pais incentivam à calma, à percepção do carinho, ao estabelecimento de relações familiares carinhosas e construtivas no que se refere à calma, à percepção do outro no plano afetivo. E isso é bom, pois os laços psicológicos são mais duradouros e trazem novas possiblidades de relacionamentos sustentáveis no amor e no carinho. A tolerância representa outro fator positivo para esse tipo de pais. É através dessa demanda que os filhos aprendem e assimilam os aspectos relacionados à tolerância, á construção de valores que conduzem ao respeito mútuo. Isso é de suma importância para a vida em sociedade, pois ser tolerante garante o desenvolvimento da compreensão do outro, bem como assimila-se gradativamente o entendimento de aceitação e permissão das diferenças. Constrói-se uma percepção de que ser diferente é normal. Tudo isso, graças aos princípios da tolerância estabelecidos na convivência familiar.

Por seu turno, os pais democráticos completam o quadro elaborado por essas pesquisadoras sobre o perfil dos pais. Ser um pai democrático significa entre outros fatores incentivar a construção do diálogo, princípio básico da tolerância e da aceitação do heterogêneo, do diferente. A democracia caminha no sentido de uma formação de caráter tolerante, paciente, dedicado, responsável e capaz de conviver de modo harmônico com seus pares. Ser um pai democrático é fortalecer a família numa percepção de que o mundo pode ser melhor se cada um contribuir para isso. Essa contribuição ocorre, a partir de uma formação educativa, cujo esteio principal é o diálogo que fortalece as relações familiares.

Isso se estende à escola, pois é nesse espaço que a criança, o jovem e o adulto sentem a necessidade de organizar o saber e transformam sua experiência de mundo, tendo como base as orientações advindas das aulas, mediadas pelo conhecimento sistemático. Tudo isso é possível com a vida familiar construída num princípio democrática. Desse modo, os pais democráticos constroem um equilíbrio, a partir das ações e isso permite um amadurecimento, incentiva a independência, o respeito e principalmente as capacidades e o sentimento dos filhos. Os pais democráticos, assim demonstram afetividade e tomam isso como uma forma de estimular os aspectos críticos de compreensão e ação no mundo. Por sua natureza, os pais democráticos são flexíveis e cada vez mais conseguem fazer com que a criança seja disciplinada estabelecendo regras e limites de forma clara e objetiva. Tudo isso fundamentado na crença e no compromisso de que estão sendo formadas pessoas que são capazes de ser, de conviver e interagir de modo harmonioso no convívio social.

Ao se observar as características dos tipos de pais, é possível compreender que cada tipo tem características próprias e cada estilo procura impregnar e empreender sua marca na formação dos filhos. Cada uma tem uma dimensão e forma de direcionar a educação familiar, Esse direcionamento adota comportamentos diferentes no que se refere ao incentivo, desenvolvimento da personalidade dos filhos. Esse desenvolvimento propõe e elabora regras, condutas, relações afetivas, formas de elaboração do autocontrole, entre outros. De todos esses perfis, observa-se que os pais democráticos, são os que forma legítima realmente conseguem implementar práticas educacionais capazes de direcionar limites e regras de convivência e conduta de forma construtiva. Tudo isso com muita afetividade e também com responsabilidade. Se somos capazes de ser pais democráticos, é porque isso permite afirmar que isso seja o melhor caminho nos dias atuais para a formação dos filhos. Pois vivemos numa época de grande foco de violência de vários tipos. E formar os filhos para uma vivência democrática e de tolerância, significa contribuir para que tenhamos pessoas capazes de conviver e interagir fundamentada no reconhecimento das diferenças. Isso leva ao relacionamento pautado no respeito mútuo.

Se somos capazes de ser pais democrático, é porque entendemos essa necessidade e que vai canalizar a educação construída. Logo, percebe-se que a educação tanto na família como na escola, tem que ser uma educação com significado e com objetivos humanos. Isso conduz o filho a ser um aluno que vai perceber a encontrar um significado para o que está estudando, para o que está aprendendo na escola. Se ela percebe isso, vai entender que a vida é continuidade, é a extensão do que está vendo na escola. Isso reforça o que diz Chalita (2001, p. 120). Esse autor aponta que “a responsabilidade de educar não é apenas da escola, é de toda a sociedade, a começar pela família”. Logo, se a educação é responsabilidade de todos. É preciso que esse todos tenha uma compreensão democrática de vida, de mundo e por que não dizer uma educação para a continuidade da existência social. É possível, assim, apontar que a participação entre escola e família, são fatores predominantes de desenvolvimento educacional e comportamental dos filhos.  É esse comportamento que vai determinar a vida social, e por continuidade o equilíbrio harmonioso para uma sociedade tolerante, pacífico e responsável por todos.

2.3 A Instituição familiar e o meio educacional

O papel da família no tocante à educação dos filhos é fundamental e decisivo. E esse processo educativo familiar pode ocorrer numa possibilidade formal e informal, cada um desses tem característica própria e ambos se complementam permitindo a formação educativa dos filhos. É no seio familiar, em seu interior que os valores humanitários e éticos são elaborados. Esses valores reforçam e consolidam os laços de solidariedade e afetividade. Existem portanto, muitas possibilidades nesse processo educativo familiar, todas elas podem se fundamentar no direcionamento para uma vida equilibrada, reflexiva e acima de tudo, tolerante, respeitosa e que se direciona sempre para o diálogo, para a fraternidade para o respeito permanente e para a convivência pacífica e harmoniosa. Se somos capazes de conviver de forma pacífica e harmoniosa é porque assimilamos que há uma continuidade da vida entre as gerações. Todas elas podem se pautar nos valores reforçados pela cultura e também pelos valores morais. Todos eles representam um conjunto de procedimentos que auxiliam na caminhada educativa do ser, que sempre começa na família e se estende por toda a vida social.

Sempre é importante lembrar que vivemos e convivemos numa sociedade fincada pelos valores de uma economia capitalista. Além disso, há também o parâmetro da globalização que aproxima de modo impressionante quer pessoas, quer nações. Esse enfoque global estabelece, nesse plano, um novo parâmetro de educação, de estrutura familiar, de consumo, de demandas na comunicação. Aliás é a comunicação se tornou um fenômeno global. Estamos aqui, mas podemos nos comunicar instantaneamente com pessoas praticamente em qualquer lugar do planeta. Tudo isso, de certa forma, afeta os padrões de relacionamento e o comportamento das pessoas.  Muitas vezes nesse panorama, a existência de boa parte das pessoas pauta-se pela valorização do supérfluo, da superficialidade, bem como induz ao consumo exagerado. Cresce, assim, o individualismo que se sobrepõe aos valores da família, afetando o comportamento dos filhos. A personalidade desses filhos é afetada, influenciando os princípios éticos e todo um quadro social. De olho nessa questão, Vasconcelos, (1989, p.29) comenta que: “O homem trabalha mais; a mulher vai para o mercado de trabalho; a preocupação com o desemprego; há menos tempo (sobretudo qualitativo) para a família”. Se a família não tem espaço para ficar juntos, isso traz consequência para a educação de seus membros. Mas é importante não esquecer que vivemos numa ordem implementada pelo modo capitalista de ser. Esse modo promove a concentração de renda e indica uma ânsia cada vez mais de consumo, entre outros fatores que prejudicam o desenvolvimento educativo dos filhos.

 Se a família continua a existir mesmo em meio a paradigma diverso, como no caso do quadro atual que segue a orientação da ordem capitalista e da globalização, ela enfrenta inúmeras dificuldades, mesmo assim, para Chalita, a família tem a responsabilidade de: “formar o caráter, de educar para os desafios da vida, de perpetuar valores éticos e morais. A família é um espaço em que as máscaras devem dar lugar à face transparente, sem disfarces. O diálogo não tem preço”. Pode se ver que existem inúmeros desafios para que essa família possa continuar existindo e educando seus filhos com dignidade.  Pois é nesse espaço que através do diálogo podem se elaborar saberes voltado para a interação na sociedade, em que o respeito a si e ao outro, os princípios e os valores éticos e de conduta no ambiente social são construídos e assimilados.  Desta forma, nesse contexto, o diálogo é o principal instrumento para se conseguir fazer com que o educando aprenda. De acordo com Vasconcelos (1989, p. 123), dialogar requer além de possibilitar que os pais falem sobre o seu conhecimento, também, “É o olho no olho, estar junto, inteiro; querer saber como o filho está indo, suas conquistas, temores, expectativas de vida, visão de mundo, preocupações, etc.”

A conversa eficaz induz sempre os filhos a uma formação adequada, equilibrada e sustentável, com um caráter permanente e duradouro. Esses elementos conferem um equilíbrio para que o sistema atual possa ser vivenciado com coerência e lucidez. Se as famílias agem com coerência e lucidez na educação de seus filhos, a construção de regras e limites de convivência.

A construção e a constituição de regras e limites no ambiente familiar, faz-se necessário. É por meio do diálogo, que os pais mostram as causas de suas imposições para que os filhos possam compreender os motivos deles terem sido criados. É através do diálogo constante que eles aprendem a ouvir e entender o que pensam os pais e qual a melhor forma de condução na educação desses filhos. Assim, é importante que o educando entenda o que se propõe como algo melhor para ele, portanto, a explicação sempre se faz necessário, constituindo-se no melhor caminho para a superação dos conflitos. Pois é importante comentar que as relações autoritárias entre a família contribuem para a permanência de uma sociedade autoritária. E com isso, os membros permanecem com ideais de obediência e submissão. O indivíduo aprende apenas a copiar procedimentos sem questionar os padrões estabelecidos.

Se a família quer o melhor para seus membros, isso não pode significar em nenhuma hipótese facilitar demais as coisas ou evitar constrangimentos. Eles têm que assumir senso de responsabilidade pelo que fazem. Existe uma diferença em fingir que algo feito de modo errado não aconteceu, acobertando a falha e estimulando a irresponsabilidade. O apoio amparo emocional é fundamental e o elogio precisa sempre acompanhar o crescimento, mas existe diferença entre proteger e superproteger.

Desse modo, o preparo para a vida, a capacitação e a formação da pessoa, a construção do ser são responsabilidades da família quando a criança está em seu poder e esta pode preparar o jovem para agir com liberdade, mas sem perder a responsabilidade sobre seus atos. É tarefa da família contribuir para uma boa formação de caráter dos seus filhos, elaborando e edificando os valores éticos e morais, sem se afastar de sua responsabilidade a função de educadora.

No ambiente escolar, muitas vezes os alunos chegam e demonstram não ter princípios éticos e morais que lhes são cobrados. Talvez isso ocorra em razão da família ter deixado de trabalhar esses princípios ou pressupostos para que eles tenham um bom comportamento. Nesse caso, é necessário e essencial que a escola possa trabalhar e suprir tal necessidade. Se houver esse trabalho, o aluno passa a compreender gradativamente a necessidade de proceder de forma ética, bem como valorizar os princípios morais necessários à convivência em sociedade.

Assim, é importante e necessário que os valores sejam transmitidos de pai para filho por meio do próprio exemplo, este é fator fundamental na aprendizagem da criança, ou seja, quando no meio social familiar vive-se a prática de princípios morais como senso de justiça, lealdade, honestidade, humildade, solidariedade, etc. a criança tende a seguir o exemplos que seus pais colocam em prática no grupo familiar. (FEIJÓ, 2008, p. 108)

A partir dessa análise, é possível reforçar a importância da família e atitude dos pais diante dos filhos. Esse relacionamento vai criar parâmetros de entendimentos éticos necessários à formação do caráter e da personalidade desse agrupamento familiar. Os valores humanos hoje, são fundamentais para a construção de uma sociedade melhor, mais justa, digna, solidária e principalmente uma sociedade que incentive as pessoas e principalmente crianças e jovens a agir de modo ético e responsável diante dos desafios de cada dia.

Pois desse modo, a atitude tomada pelos pais influenciam diretamente na aprendizagem da criança, mesmo quando eles não percebem que isto está acontecendo.

Diante disso, se percebe que os filhos estão sempre atentos ao modo e à atitude de seus pais, aos exemplos de comportamento, entre outros. Pois mesmo sendo normal tomar atitudes de irritação e crítica de vez em quando, ainda que os filhos estejam ouvindo, o importante é não fazer destas ações, atitudes constantes e rotineiras no ambiente familiar. Dessa forma, de acordo com Nolte e Harris (2003, p. 15), “Se as crianças vivem ouvindo críticas, aprendem a condenar”. Não se deve então generalizar atitudes negativa. É necessário dialogar de modo constante para que elas não sejam a regra na educação dessas crianças. Portanto, as possibilidades de aprendizagem de crianças e jovens dependem da qualidade de mediações e exemplos dos adultos. Pois elas estão expostas em seus vários momentos da vida e de convivência com esses adultos, no caso seus pais e demais familiares.

2.4 A importância da integração entre Família e Escola no processo ensino e aprendizagem

A presença da família na vida escolar dos filhos é de grande importância para o desenvolvimento aluno, pois quando os pais estão presentes em todas as etapas de desenvolvimento educacional, esta se sente valorizada e importante na vida de seus pais. Essa presença reforça sentimentos positivos e somente contribuem para o seu aprendizado.

Portanto, ocorrem muitos modos dos pais participarem deste processo, sendo que algumas contribuições tornam-se muito importantes como o apoio nas atividades escolares, o incentivo a leitura e o seu envolvimento nos eventos pedagógicos ocorridos na escola. Esses elementos são o diferencial na vida do filho e cria laços de aproximação e cooperação entre escola e família, propiciando uma melhor aprendizagem e um melhor desenvolvimento.

 

2.4.1 Desempenho de atividades escolares

Um ponto que atualmente tem sido alvo de muitos debates principalmente entre família e escola é o apoio em relação às tarefas que a escola passa para casa. De acordo com os estudos diversas famílias e professores apresentam dificuldade em indicar o principal objetivo das tarefas de casa, pois, em muitas delas surgem questionamentos como: os alunos a executam somente para ganhar pontos.  Sendo que muitas vezes são os pais que respondem e realizam as tarefas e deveres que os filhos levam para casa, pois, geralmente estes não sabem como fazê-lo. Quando fazem, é feita de forma mecânica, como algo forçado e obrigatório. O professor não esclarece seus reais objetivos e essas tarefas acabam sendo imposta como uma espécie de o aluno. (PAROLIN, 2007)

Mesmo assim, diante dos problemas observados, existem algumas alternativas que são esclarecidas por alguns autores. Vasconcelos (1989, p. 127) destaca que é possível que as atividades extraclasse que os alunos levam para fazer em casa (que pode ser uma pesquisa, um trabalho de construção, desenho ou resolução de exercícios) sejam desenvolvidas de maneira significativa. E uma das formas, é a orientação docente, que deve ser objetiva e detalhada para que os pais possam auxiliar seus filhos, orientá-los na produção das atividades e não resolvê-las. O objetivo primário na orientação dos pais, é que eles devem mostrar a importância dessas atividades para o crescimento do aluno, do seu filho, motivando-os a interagir de forma criativa e responsável para com os deveres escolares.

Essas orientações apontadas por esse autor mostram que e possível se buscar um ponto de consenso, uma alternativa para que a tarefa de casa seja produtiva e seja também uma continuidade do estudo na escola. Pois assim, gradativamente o aluno vai entendendo seu significado e aperfeiçoando sua aprendizagem.

Essa ideia é relevante e contribui para melhorar a participação do aluno no que se refere às tarefas de casa. Pois se a criança se envolver no seu processo educativo, será um avanço e tanto para que sua aprendizagem tenha sentido e seja realmente significativa. Nessa linha de pensamento, então, realizar lições pelo filho, enfreando a própria letra, é prejudicial tanto para o desenvolvimento cognitivo da criança como para a própria autoestima dela. Pois o professor precisa saber o que o aluno consegue ou não fazer. E a lição de casa contribui para poder avaliar os motivos desta dificuldade.

Nisso, verifica-se que a lição de casa não deve se apresentar como um problema no ambiente familiar. E sim, como o objetivo de fazer com que o aluno possa pensar, resolver, refletir, colher dados, pesquisar, a fim de reforçar o que foi ensinado em sala de aula. Contribuindo com esse tema, Parolim (2007, p. 69) refirma o conceito de que o aluno tem que saber que, “possui compromissos e necessita aprender a realizá-los”. No entanto, se tem observado que na realidade as pesquisas com pais e alunos têm demonstrado é que em muitos casos, os deveres enviados pela escola apresentam um grave erro, ou seja: “tarefas óbvias que têm como função apenas a repetição de atividades já realizadas na escola, com a intenção de fixar conhecimentos, ou desenvolver hábito de estudo, porém com temas desvinculados da vida”.  A visão dessa autora demonstra que as tarefas de casa precisam ser autônomas, criativas e envolver o aluno para que este seja capaz de aprender e construir sua autonomia intelectual. Pois nem sempre é possível se realizar todas as tarefas na escola, há, de algum modo, a necessidade de continuar em casa. Então incentivar a autonomia do educando é essencial nesse processo de desenvolvimento da aprendizagem, que precisa sempre ter sentido e significado tanto para o aluno como para a escola.

Diante desse debate importante, é possível verificar a necessidade de haver uma reflexão por parte da escola em implantar a tarefa de casa, não como algo já enraizado nos estabelecimentos escolares e a serviço apenas do reforço do que foi dado em sala de aula desprovida de significados. As tarefas escolares devem ser um instrumento pedagógico que promova no educando a motivação para criar, refletir de forma emancipatória. Que o conduza a liberdade de pensamento e não a mera reprodução do saber pronto e acabado. (PAROLIM, p. 71)

Logo, se percebe que as lições de casa são importantes e essenciais e que devem realmente reforçar o desenvolvimento da aprendizagem, responsabilidade e autonomia do aluno e principalmente para que provoque nela uma reflexão sobre o que está estudando. A partir dessa compreensão, ele pode se sentir motivado para continuar estudando e sendo capaz de elaborar de forma autônoma e criativa o saber necessário para sua vida social. Se isso ocorrer, ele está apto para continuar aprendendo por toda a sua vida e a escola cumpre realmente com sua missão de educar.

2.4.2 Desenvolvimento das propostas para o ensino de Leitura

No desenvolvimento relacionado à prática da leitura, entende-se que o ato de ler acontece muito antes de a criança saber codificar e decodificar os signos linguísticos. Desse modo é no ambiente da família, que representa um espaço de orientação e construção da identidade da pessoa que se deve promover e desenvolver o ato de ler para que, ao fazer parte na vida do aluno, este construa o gosto pela leitura. Ao desenvolver a habilidade de leitura, naturalmente o aluno consegue construir um novo parâmetro de estudo. Será capaz de forma autônoma aprender mais e melhor. Ao ingressar para a escola, sua capacidade leitora construída na família serve como ponto de apoio e referencial para o desenvolvimento de sua aprendizagem.

Com isso, ao promover o desenvolvimento da leitura em casa, a família promove a capacidade leitora dos filhos por meio do letramento familiar. De acordo com Soares, (2000, p.56) “O letramento familiar pode ser entendido como o contato dos signos através dos pais, seja pela estória contada na hora de dormir ou canções ensinadas às crianças, esses são modos de letramento que auxiliam no fomento a leitura”. Aí está um ponto importante de desenvolvimento da aprendizagem que é trabalhar a capacidade leitora do aluno desde o ambiente familiar, pois essa responsabilidade não pode ser delegada somente à escola, deve ser uma parceria entre biblioteca escolar/escola, família e todas as instituições que se interessam pelo desenvolvimento da leitura e da aprendizagem de crianças, jovens e adultos.

Essa prática de leitura construída na família pode ser uma importante fonte de prazer e de desenvolver o conhecimento, pois, ao mesmo tempo em que se oferece algo valioso para os filhos que é a nossa presença, estamos lhes dando a oportunidade de viajar pelo mundo pelas páginas de um livro. Assim, desde pequenos, associarão leitura a momentos prazerosos, o que funcionará durante toda a vida mais ou menos como um estímulo para desenvolver a aprendizagem e o conhecimento. Conhecimento esse que é essencial para toda a vida.

As famílias que incentivam e estimulam a leitura ensinam os filhos a reconhecer o ambiente em que vivem e a desenvolver atitudes que os influenciarão durante a vida adulta, como confiança, respeito mútuo e compreensão de mundo.

2.4.3 A participação efetiva da Família na Escola

Quanto maior for à parceria entre escola e família, mais positivos e significativos serão os resultados da aprendizagem do aluno. Esse aluno terá um novo perfil no desenvolvimento de sua aprendizagem.  Dessa forma pode se observar que a participação dos pais na educação dos filhos deve ser continua e consciente. Nas palavras de Parolin (2007, p. 36): “A qualidade do relacionamento que a família e a escola construírem será determinante para o bom andamento do processo de aprender e de ensinar do estudante e o seu bem viver em ambas as intuições”. Ao consolidar a parceria entre escola e família, além dessas, quem ganha com tudo isso é o conjunto da sociedade. Pois um aluno com essa capacidade sente-se cada vez mais motivado em continuar estudando e aprendendo.

Logo essa relação da família com a escola amplia o dever da família com o processo de escolaridade e a importância da sua presença no ambiente escolar é publicamente reconhecida na legislação brasileira e nas Diretrizes do Ministério da Educação aprovadas no decorrer dos anos 90. Algumas destas constatações podem ser encontradas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069/90 em seu artigo 205 destaca que:

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Se essa parceria for reforçada, a educação assume um referencial indispensável para a pessoa. Pois sem essa educação, o exercício da cidadania pode ficar comprometido. Assim, é importante se discutir que a escola e a família são parceiras constantes no desenvolvimento da aprendizagem das crianças, jovens e adultos. Essa discussão deve reforçar sempre que a educação é fundamental para o exercício da trabalho e para a continuação dos estudos em qualquer área que se deseja empreender.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96) em seu artigo 12º indica os deveres da família como uma das responsáveis pelo desenvolvimento educacional da criança, bem como a escola em criar processos de articulação com a família, além de mantê-la informada sobre sua proposta pedagógica e outras informações como frequência e rendimento do aluno. Mas também destaca alguns princípios necessários no processo educacional da pessoa humana:

Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (LDB, 1998, p.13)

Desse modo, observa-se que a educação pode ocorrer, tanto no lar como em outras instituições formais, como na escola e no trabalho. Além de esta ser uma obrigação tanto do Estado como também da família. Atualmente em razão da legislação, as dificuldades estão sendo combatidas para que a família e escola venham a se unir cada vez mais nas decisões administrativas e pedagógicas. Isso acaba favorecendo e facilitando a educação dos estudantes, que passam a ver a escola e os docentes como principalmente como parceiros e que são capazes exigir desses docentes, maior dedicação e capacidade durante a construção do saber e de desenvolvimento da aprendizagem.

Assim, a família deve expressar interesse pelas atividades que os filhos realizam na escola, como meio de sua preocupação pela atuação da instituição e de seu apoio a ela, de acordo com López (2002, p. 77) os pais necessitam priorizar em suas vidas o acompanhamento escolar de seus filhos e para precisam seguir um planejamento de ações:

  • Realizar visitas semanalmente a Escola sem ser preciso a convocação da direção acerca das queixas de indisciplinas. O objetivo é o acompanhamento do desenvolvimento escolar;
  • Participar ativamente das reuniões de pais e mestres, bem como dos projetos da Escola;
  • Agir de forma colaborativa com o corpo docente, quando receber as queixas pedagógicas acerca do comportamento e desempenho escolar do filho. Ouvir os professores, a orientação da Coordenação acerca das queixas e a partir disso, orientar e cobrar mudanças de atitudes no meio escolar por parte do seu filho.

Logo, é necessário que família acompanhe seu filho, não somente, no desenvolvimento da aprendizagem da criança, mas ao tipo de educação que lhe é fornecida no ambiente escolar. Em consequências disso, ambas podem se interagir e trabalhar sempre em prol do processo ensino aprendizagem do aluno. Numa escola em que a democracia seja construída para o efetivo exercício da cidadania, a aprendizagem torna-se uma realidade eficaz.

E a participação da família na Escola deve ser uma proposta prevista no Projeto Político Pedagógico de qualquer Instituição escolar. A família que deve fazer parte da comunidade escolar de maneira efetiva e não apenas como parte de um órgão fiscalizador. O que significa que na construção do plano de ação de uma Escola, a comunidade escolar composta por pais, alunos, professores, diretores e funcionários em geral necessitam fazer das decisões e das construções da política pedagógica da Escola. (GADOTTI, 1993, p. 17).

Com isso, constata-se a importância da participação da família na própria ação pedagógica da escola. Os pais devem integrar-se com os professores não somente nas reuniões pedagógicas, mas em outros momentos como na construção do Projeto Político Pedagógico, na participação de uma aula, entre outros.

Na construção do processo ensino aprendizagem do educando, a família tem uma responsabilidade fundamental, isso incide sobre a elaboração de valores e princípios humanos, fundamentais para a vida. Pois ao chegar á escola, o educando vem de uma família que possui suas características, suas crenças e visão de mundo. Tudo isso, é somando na aprendizagem, na motivação e no interesse que ele terá no ambiente da escola. Portanto, nessa trajetória a responsabilidade fundamental da família é acompanhar esse processo de estudo de seus filhos, incentivá-lo. Há a necessidade também de sua presença na escola para que conheça o corpo escolar e dialogue constantemente com ele. Pois é o diálogo que vai esclarecer os avanços e as dificuldades que o educando tem na escola.

Logo, é possível compreender que se integrar efetivamente da vida escolar, além de fator importante para que o aluno se sinta valorizado e pronto para o aprendizado, tal situação é possibilitada em inúmeros momentos e oportunidades que podem ser sugeridas pela escola a fim de que a família venha a se integrar no processo de aprendizagem desse educando. E é essa integração que trará benefícios significativos para todos, especialmente para o aluno que assume sua condição de pessoa em desenvolvimento intelectual.

3 A ESCOLA ENQUANTO ENTIDADE EDUCACIONAL

O surgimento da escola tornou-se fundamental para o desenvolvimento da sociedade. Pois é no ambiente escolar que o conhecimento passa por um processo de sistematização, tornando a compreensão de mundo melhor para todos. Ao longo da história, a escola vem passando por intensas transformações, de acordo com as características de cada período histórico. Atualmente, a vida da escola ampara-se em diversas teorias pedagógicas e sociológicas como o construtivismo, o domínio tecnológico, entre outros. Nessa perspectiva, cada vez mais a instituição escolar torna-se cada vez mais importante para a formação das pessoas. E essa formação passa necessariamente pela qualidade de seu processo ensino aprendizagem. Pois mesmo sendo uma instituição burguesa, Donatelli, (2004, p. 109), afirma que essa instituição surgiu da “necessidade de escolarização das populações camponesas que migravam para os grandes centros urbanos em busca de trabalho nas indústrias manufatureiras que nasciam na Revolução Industrial”. Pode se conceber que a escola tem hoje uma função de educar para a vida, para o trabalho, para uma ocupação social. Isso amplia seu campo social, sua função sociológica.

O papel fundamental da escola é educar seus alunos e isso deve ocorrer da melhor forma, do melhor modo para que todos possam aprender usar esses conhecimentos no seu cotidiano, bem como continuar estudando em outros níveis de ensino. Ensinar, pois nessa perspectiva, é dialogar com outro, é mostrar-lhe todo o seu potencial para que seja capaz de construir seu próprio entendimento de mundo. Se houver ensino, ocorrerá aprendizagem, pois aprender é compreender, ampliar sua participação no mundo de modo crítico, ético e responsável. Nesse ato educativo, a instituição escolar deve iniciar sua ação, sua atividade de educação elaborando um plano de trabalho, para direcionar o caminho a seguir durante seu trabalho pedagógico. Para tanto, seu ponto de partida deve constituir-se na elaboração do seu Projeto Político Pedagógico. Nesse plano pedagógico, deve definir as metas, estabelecer todos os projetos setoriais, os critérios de avaliação e dessa forma avançar, progredir sempre cada vez mais no desenvolvimento educacional dos alunos. É esse desenvolvimento educacional que deve ser de qualidade e que consiste na existência da escola, no seu conceito quanto instituição que educa para a cidadania, para o crescimento ético e intelectual dos seus alunos.

No desenvolvimento de sua proposta pedagógica que consta no projeto pedagógico, todos os envolvidos no processo educativo devem agir com tomada de consciência, com responsabilidade de suas ações.  Essa ação consciente e responsável deve criar oportunidade para que todos os agentes escolares, em especial alunos e suas famílias tenham momento de interação, de acolhida e que possam compreender a escola como espaço heterogêneo e não homogêneo e essas diferenças encontradas no ambiente da escola seja um caminho que viabilize a inclusão de todos os alunos para que esses possam se sentir valorizados e qualificados para uma aprendizagem significativa e de qualidade.

Isso significa dizer que o quadro docente de uma Escola não deve se ater apenas ao processo ensino e aprendizagem. O professor como uma figura política necessita ter uma ação política e cidadã no meio escolar. O professor deve ultrapassar a linha do saber sistemático e exercer uma práxis pedagógica integradora, afetiva que conduza o educando a inclusão no que tange a Escola como um espaço do aprender para além dos muros, para a vida, para o mundo. (ESTEVES, 1995).

Em outras palavras, quando o professor atua, desenvolve sua prática de acordo com a orientação desse autor, o ensino flui melhor, tornando-se acolhedor, agradável e acompanha as propostas da pedagogia atual de que a escola deve ser sempre um centro educativo de acolhida, de qualquer que seja o tipo de aluno. Pois uma educação assim deve ser desenvolvida de um ser para outro, é refletir na promoção do educando, a partir de um aprendizado moral e intelectual, de um processo que reconheça o ser humano capaz de aprender e crescer continuamente pela vida. Se o educando vê essa possibilidade de continuar crescendo, ele compreende o chamado da escola, gradativamente se envolve nas atividades da escola e assume totalmente compromisso com seu estudo, com sua caminhada educativa. Pois educar é elevar a pessoa, incentivando-o para desenvolver sua capacidade e buscar a perfeição. Nessa busca da perfeição, o aluno desperta sua consciência e assim sente-se capaz de construir seu progresso integral quanto aluno que está em fase de aprendizagem, de desenvolvimento intelectual. Nessa visão educativa construída no ambiente escolar, a atividade desenvolvida pela escola para o aluno cria uma relação equilibrada em sala de aula em que alunos e professores estabelecem uma convivência saudável, mediada pelo conhecimento e pela formação pedagógica que ocorre no dia-a-dia dessa unidade escolar.

O trabalho educativo desenvolvido pela instituição educacional deve representar uma oportunidade, um fato concreto de superação das dificuldades e das necessidades. E as ações para essa superação devem constar no seu projeto pedagógico cujo foco central deve ser a formação e a valorização do conhecimento, dos saberes do educando. Logo, a se ver valorizado, o aluno age melhor, sente-se motivado em superar novos desafios que vão surgindo durante sua permanência na escola. Essa atitude eleva o aluno para agir no meio social de acordo com as orientações recebidas na escola. Em sua nova atitude diante do meio social, o educando utiliza os saberes apreendidos torna-se capaz de criar, de elaborar novos conceitos e desenvolvendo continuamente o ato de pensar e de participar no seu mundo social. Talvez isso seja o ponto alto da importância da escola para a sociedade, pois ao formar o aluno, esse passa a agir conscientemente em seu meio onde vive e atua.   

Nessa ótica, é preciso lembrar ROUSSEAU (1712 – 1778), pois esse eminente educador foi um dos pioneiros da educação a elaborar uma observação crítica acerca do processo de aprendizagem do aluno. Em suas observações considerou o educando como sendo um ser com características e necessidades específicas, vendo a imaginação e a espontaneidade como qualidades positivas. Essa postura rousseana decorre em função das grandes mudanças ocorridas no cenário europeu, a partir do século XVII, espalha-se pelo mundo e criando novos rumos para o processo educativo e para a aprendizagem como um todo.  “Quando ocorre um processo de aprendizagem dinâmica, com jogos por exemplo, o educando tem uma nova interação, como “Em todos os jogos, as crianças sofrem sem se queixar, rindo mesmo, o que nunca sofreriam de outro modo sem derramar torrentes de lágrimas”. ROUSSEAU, Apud ALMEIDA (1999, p. 22)

 Ao interpretar o desenvolvimento humano, numa perspectiva de interação com o meio e com a ludicidade, ROUSSEAU lançou a educação para além do seu tempo e criou uma percepção de atuação do aluno amparado num parâmetro de responsabilidade, pois se o aluno age de modo responsável e ético no meio social, a escola tem uma parcela fundamental de contribuição para isso. Pois é no ambiente da escola que ele, o aluno teve os primeiros contatos formais com os princípios éticos e de valores.  Por isso que a escola tem um papel fundamental na formação das pessoas e essa importância deve sempre se amparar na qualidade e no compromisso de todos que pertencem à escola.

Desse modo de acordo com Toro (2002, p. 25) o trabalho pedagógico em uma Escola, deve contemplar de maneira ampla a formação de indivíduos capazes de viver em sociedade, de saber fazer e ser parte de um todo e isso de maneira produtiva. A Escola deve conduzir o educando a prática da cidadania e da busca pela dignidade e valores morais e sociais essenciais na relação com o outro e com o mundo.

Nessa lógica, é papel indispensável da escola, elaborar uma educação que seja ética, que envolva aluno para um compromisso social mais amplo como aponta esse autor. Que seja uma educação alicerçada em valores e cooperação que vai tornar a sociedade melhor, mais justa e solidária. Se a escola busca e constrói um perfil amparado numa formação ética e valores, as pessoas em seu interior tem uma atitude de respeito uns para com os outros, cria-se um clima escolar favorável ao desenvolvimento de uma amizade fraterna pautada na busca e na elaboração do conhecimento. Se o conhecimento é desenvolvido num clima de fraternidade, as pessoas constroem e contribuem melhor para que a escola seja autônoma, democrática e participativa. Representando um espaço social de acolhida, de convívio onde o foco central seja o desenvolvimento humano contínuo, solidário e ético.

Esse conjunto de princípio cria uma formação para a cidadania, pois a própria escola oferece condições para isso ao ampliar seu espaço para que todos os integrantes da comunidade escolar (pais, alunos, professores, membros do corpo administrativo e pedagógico, funcionários) possam se sentir motivados a participar. Essa participação não pode partir apenas da presença em reuniões e do simples fato de comparecer a festas e a outros eventos promovidos na escola, mas estar presente na própria ação educacional.

Uma escola com essas características é uma fonte, é um centro de democracia dessa comunidade escolar. É um espaço de formação para o debate de todos os seus membros, iniciando pela participação do aluno e de sua família. Logo, se a educação caminha nessa perspectiva, há um avanço social imenso, pois se fortalece continuamente como instituição que busca através do seu ensino, A escola como instituição busca através de seu ensino, que seus alunos possam assumir a responsabilidade por este mundo.

É verdade, o aluno, na maioria das vezes tem contato com os conceitos herdados de nossa cultura mediante a orientação da escola e isso é importante, pois a partir dessa interação, ele pode sentir-se motivado a avançar e a enxergar o mundo com outro olhar, sob seu próprio ponto de vista, agora, numa visão mais crítica e questionadora. Se o educando aprende a olhar o mundo dessa forma, passa a exigir mais de si mesmo e dos seus interlocutores, passa a compreender melhor as coisas e fatos e assim, agir com responsabilidade, numa dimensão onde direitos e deveres são duas faces de uma mesma moeda. (CASTRO, 2003)

Desse modo, ao seguir por esse caminho, entende que a escola tem um grande poder de influencia na construção das atividades educativas e culturais e na criação e prática de valores para sua vida. Por isso que ao elaborar seu Projeto Político Pedagógico, a escola deve caminhar na direção da construção dos princípios de igualdade, solidariedade, respeito à vida e aos direitos humanos, entre outros, buscando sempre incluir o aluno e sua família em sua proposta de trabalho educativo. Nesse trabalho educativo uma das grandes e necessárias responsabilidades da escola é ter seu próprio Projeto Político Pedagógico, pois de acordo com Libâneo (2003, p. 346) este documento: “consiste em dar um sentido, um rumo, às práticas educativas, onde quer que sejam realizadas, e firmar as condições organizativas e metodológicas para a viabilidade da atividade educativa”.  Se a atividade educativa se ampara nessa política pedagógica, os resultados serão muito mais significativos para todos, pois há um norteamento, existe um caminho a percorrer e a bússola norteadora de todas as ações é o Projeto Político Pedagógico.

 O direcionamento fundamental desse Projeto Político Pedagógico é implementar os valores da comunidade escolar, as orientações, seus objetivos que devem ser sempre compartilhados. Direcionar as prioridades, a definição de caminhos. Todos esses elementos devem ser elaborados de acordo com a participação de toda a comunidade escolar, com destaque especial para a participação do aluno e de sua família.  Pois é este conjunto de documento que traz consigo toda a orientação para o desenvolvimento do trabalho educativo e toda a sua prática, consolidando a escola como instituição verdadeiramente democrática e participativa. Numa comunidade direcionada nesse principio, sua caminhada é orientada num sentido de uma prática avaliativa também democrática, cujo centro é o acompanhamento de cada etapa do desenvolvimento da aprendizagem.

Nessa perspectiva, a avaliação como prática democrática, auxilia de modo eficiente na verificação da aprendizagem e o modo como ela está ocorrendo entre os alunos. Se ocorre uma avaliação positiva, ela impulsiona todas as possibilidades de desenvolvimento e consolida-se como uma ferramenta de inclusão. Ocorrendo desse modo, a avaliação fortalece a parceria entre aluno e professor, tornando-os eternos companheiros na aventura de construção do conhecimento.

Esse caminho mostrado pelo autor aponta na ideia de que a avaliação deve pautar-se sempre numa possibilidade de formação e construção do educando. Com isso, a avaliação não pode representação de uma simples julgamento de dados pelo avaliador, deve ser sempre de caráter ativo, partindo da ação-reflexão-ação, onde educador e educando possam interagir mediando o processo avaliativo e avançando sempre na aprendizagem significativa.

A aprender de modo significativo é valorizar a sociedade e fortalecer a escola, pois é em seu espaço que são formados alunos equilibrados para serem responsáveis, tolerantes, não violentos, éticos, solidários. Agindo desse modo, a unidade escolar deverá sempre estar estruturada de modo participativo com a comunidade, facilitando assim o processo educacional de modo integral, democrático, onde as potencialidades dos alunos e de toda a comunidade são valorizadas. Nesta ação, a participação dos pais não pode deixar de acontecer, pois são componentes essenciais para que escola e família possam caminhar juntas e unidas para vencer todos os desafios que surgem nos dias atuais.

3.1 A relação Escola e Família

Família e escola são duas importantes instituições sociais e devem sempre andar de mãos dadas para a construção de metas e objetivos comuns. Nessa relação, a família sempre espera encontrar uma escola de qualidade e que tenha compromisso social na formação das novas gerações. Por ser uma instituição que forma cidadãos e constituir-se em espaço onde os profissionais da educação trabalham, é necessário que ela seja capaz de construir coletivamente uma relação de diálogo mútuo, onde cada parte envolvida tenha o seu espaço e momento de fala, onde exista uma efetiva troca de saberes. Nessa interação, família e escola se fortalece cada vez mais, cada uma compreende a importância da outra para sua existência, para o fortalecimento da formação das pessoas.

Um fator essencial nessa relação família e escola é o fortalecimento da interação através do diálogo. É através da capacidade de comunicação e as expectativas do diálogo que cada um tem seu espaço de fala, de expressão. Cada instância precisa falar e comunicar seus desejos, suas necessidades e expectativas em relação ao processo educativo. É essa troca de ideia que fortalece essa relação e cada uma explica seu potencial, sua capacidade, bem como suas limitações. Cada uma com sua característica, com seu jeito, complementa a outra e as duas juntas podem avançar conscientes de suas peculiaridades e modo de ser e de agir no meio social.

É preciso, pois superar as dificuldades que ainda existem em algumas escolas no que se refere a importância da família. Pois conforme estudos elaborados por Paro (1993, p. 68), há necessidade do fortalecimento dessa relação. De acordo com esse autor: “parece haver, uma incapacidade de compreensão por parte dos pais, daquilo que é transmitido na escola; por outro lado, uma falta de habilidade dos professores para promoverem essa comunicação”. Ao superar essa lacuna, certamente haverá um avanço, um fortalecimento dessa relação e tais dificuldades apontadas, serão superadas, pois o paradigma educativo atual mostra da necessidade do estreitamento dos laços entre família e escola que são instituições essenciais e necessárias no processo educativo.

A maioria dos pais participa e deseja sempre estar presente na vida escolar de seus filhos, mas, muitas vezes, na maioria das vezes ocorre uma ausência desses pais da escola e isso se dá em razão principalmente por causa do trabalho. Muitos desses pais saem de casa cedo e somente retornam á noite. Isso representa um desafio a mais e a escola precisa compreender isso e buscar alternativas de participação das famílias para que possam acompanhar efetivamente o desenvolvimento educativo de seus filhos.

Uma alternativa possível apresentada para superar essa dificuldade constatada por causa do trabalho dos pais é oferecer opções de horários dentro do período de funcionamento da escola e que o professor deixe anotações e solicite a colaboração do auxiliar do período para o atendimento ao pai. Com isso, o pai fica sabendo da participação do filho e pode colaborar e dinamizar um horário em que tenha essa participação melhor e mais frequente. Outro ponto ou fator que pode ser considerado nessa relação e no seu fortalecimento, diz respeito ao desenvolvimento pedagógico com o aluno que poderá também influenciar na frequência dos pais pela escola.

O trabalho pedagógico envolvente e motivador que também pode envolver a família e traze-la para a escola. Esse trabalho deve partir da qualidade do ensino, da atração que pode exercer sobre o aluno e desperta-lo para que entenda o que a escola quer lhe ensinar, que lhe formar para a vida social. Existem diversas atividades, diversos projetos que podem ser desenvolvidos para envolver o aluno. Cada um desses projetos pode incentivar o desenvolvimento de novas habilidades seja nas artes, na atividade física, na matemática, na produção de texto, no teatro, na dança, nas datas comemorativas, entre outras.

É preciso também que a escola fique atenta para a realidade das famílias, pois hoje existem diversos tipos de família, cada uma com característica e realidade diferentes. Pois muito muitos alunos são de famílias com pais separados e de filhos que sequer sabem que são seus pais. É preciso também que isso seja alvo de reflexão por parte da escola, de modo que tenha condições de atender a todos os tipos de famílias como mostra Vasconcelos (1989, p. 78): “para comprar um presente, nem todos possuem condições econômicas; e segundo, que muitos dos nossos alunos não sabem quem é o pai, outros, quem é a mãe, pois moram com os avós.” É nessa realidade hoje, que muitas escolas se deparam e é isso que se constitui um grande desafio, pois todos esses alunos precisam ser contemplados, acolhidos e orientados para a vida.

Diante dessa realidade constatada a escola precisa ter clareza em seu projeto para que todas as ações tenham um caráter de inclusão e de superação das dificuldades observadas.  Desse modo a realidade familiar pode acarretar para o aluno situações bem delicadas que, de acordo o autor cabe a escola refletir, antes de colocar esse aluno uma comemoração que não faz parte da vida do educando, como se refere esse o mesmo autor.

É necessário, dessa forma, que a escola adeque sua proposta de trabalho à realidade dos educandos, pois sua missão é a inclusão, é fortalecer e motivar o ser humano para que possa aprender cada vez mais e ter confiança na vida e no futuro. Sendo assim, ao detectar o tipo de família desses alunos, cabe a escola adaptar a sua realidade ao mundo vivido por eles.  Além de manter sempre o aluno esclarecido sobre as ações a serem tomadas no que condiz às comemorações referentes aos membros da família e, principalmente, das reuniões escolares.

No que se refere a presença da família na escola, deve se sempre reforçar que a escola ao criar condições da sua participação, está distribuindo responsabilidades, isto é, a educação passa a ser responsabilidade conjunta das duas instâncias e cada uma contribui para que o processo avance. Nessa dinâmica, considerar que a escola ao propor uma parceria efetiva, pode também direcionar às famílias, elementos de formação. Isso pode ocorrer nas reuniões que tratam de questões relevantes do interesse delas. Que essas reuniões sejam mais formativas e que atendam as necessidades das famílias.

A escola pode apresentar sua proposta pedagógica e outros temas que podem ser orientadores conforme o que rege políticas e leis educacionais que reforçam essa filosofia da Escola, em trazer a família para o âmbito escolar, e que esta seja parte significativa nos seus projetos pedagógicos ligados ao processo ensino e aprendizagem. (FALCÃO, 1986, p. 56).

Logo, a escola tem a função de nos seus momentos de reunião com a família, apresentar o seu planejamento pedagógico e forma que possa fazer com que esta venha a se integrar e auxiliar no alcance dos objetivos. E também, torna-se importante reforçar para os pais a importância de família e escola serem parceiras no processo de aprendizagem do educando. Assim, cabe a escola fazer com que a participação dos pais nas reuniões tenha um melhor conhecimento das metas escolares, de sua estrutura organizacional e de sua dinâmica, de suas relações com a comunidade.

Diante disso, é importante também que os pais sejam ouvidos, onde suas expectativas, dúvidas, reclamações e sugestões em relação à escola sejam democraticamente conhecidas pelo setor administrativo e pedagógico. Tais ações somente propiciarão um clima de trabalho favorável e participativo entre pais e escola.

É importante reforçar que as reuniões também podem ser momentos de informar os pais sobre o andamento do processo educacional do aluno, pois de acordo com Tiba (2002, p.182): “A escola percebe facilidades, dificuldades e outras facetas na criança que em casa não são observadas, muito menos avaliadas”. Assim, o aluno que estiver com problemas, sejam eles, comportamentais ou em relação aos conteúdos curriculares, receberá ajuda, tanto da escola quanto dos pais para superá-los. Dessa forma, o fortalecimento da parceria entre escola e família traz inúmeros benefícios, principalmente a compreensão de que o aluno está acompanhado em seu desenvolvimento escolar, com objetivo fundamental voltado para o desenvolvimento de sua aprendizagem.

Logo, diante de um debate dessa natureza, se percebe que a escola tem constantes responsabilidades frente aos desafios do processo ensino-aprendizagem. É preciso reforçar que escola primeiramente essa instituição necessita elaborar uma proposta pedagógica, cujas ações sejam efetivas em conduzir o educando para que assuma compromisso com seu estudo, com sua vida escolar. Pois isso é fundamental, sem envolvimento do educando tudo fica mais difícil em todas as etapas da aprendizagem. Ao preparar seu foco de ação, a escola passa a conduzir sua prática de modo sistemático, reflexivo, cujos valores principais abordam a importância do educando e de sua família. Nisso, surgem novas possibilidades do educando caminhar de modo mais consciente em que seu desenvolvimento cognitivo apoiado numa prática escola responsável e ética.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação é uma das mais importantes construções humanas e permite uma compreensão crítica da realidade, com possibilidades de transformações para uma vida melhor. E nesse processo, as participações da família e da escola são fundamentais, à medida que essas instituições fornecem os elementos humanos e cognitivos para tudo isso. A família é a base, é a célula da formação social, da edificação da sociedade e a escola é um centro de sistematização do saber. Ela transforma o senso comum em algo crítico, reflexivo e dinâmico, oferecendo uma nova compreensão para uma intervenção inovadora na sociedade. Logo, nesses termos, família e escola devem sempre caminhar de mãos dadas, tecendo juntos objetivos comuns para a formação significativa do educando.

Durante a elaboração deste trabalho, percebemos o valor dessa temática na educação, buscando sempre o debate, de forma que seja ampliado. Pois encontramos respostas significativas sobre a família e sua trajetória ao longo do tempo e da importância de sua parceria com a escola. Pois são elas que vão amparar o aluno, fornecer-lhe a condição necessária para seu desenvolvimento humano e intelectual. São essas instituições que vão impregnar a vida do educando com valores, com ética, com responsabilidade, para que possa agir confiante na vida presente e futura.

Desse modo, o presente trabalho de conclusão oferece aos estudiosos da educação uma parcela de saber sobre a escola, a família e valor social dessa parceria. Oferece também um pouco de contribuição para esse debate tão amplo que é família e escola. Ele representa um ponto de partida para que possa ser ampliado e contribua cada vez mais sobre as práticas da escola e o modo como se articula para que abra suas portas para a família e para o educando. Com isso, a sociedade ganha em significado educativo e humano, e a vida pode ser mais bela, à medida que tem em seio meio pessoas conscientes dos seus direitos e deveres. Pessoas essas que sejam tolerantes que saibam cuidar de si mesma, do outro e do meio ambiente.com isso o futuro será bem melhor para todos.

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