THE ROLE OF THE NURSE IN THE EMOTIONAL HEALTH OF PREGNANT WOMEN
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11123144
Aléxia Nycole Nascimento Alves; Cristiane Barcelos; Wiviane de Azevedo Nascimento; Douglas José Angel.
RESUMO: introdução: A gravidez pode ser compreendida como um evento comum no decorrer da vida reprodutiva feminina. Durante a gravidez a mulher presencia níveis alterados de hormônios, vivencia também uma constante preocupação e ansiedade. Objetivo: Analisar o papel do enfermeiro na saúde emocional da gestante, assim como todos os aspectos envolvidos durante a fase reprodutiva, gestacional e no puerpério. Metodologia: Esse presente estudo tratase de uma revisão integrativa de literatura sobre o papel do enfermeiro na saúde emocional da gestante. A busca de dados ocorreu no dia 24 de abril de 2024 e foram estabelecidos os seguintes descritores (DeCS): saúde mental, gestante e enfermagem, com 06 artigos, sendo 3 da MEDLINE, 2 da LILACS e 1 da BDenf. Resultados: foi possível verificar que o enfermeiro consegue agir de forma preventiva em gestantes com tendência a apresentar quadros depressivos. Considerações finais: Os principais fatores detectados que possam levar a transtornos emocionais durante a gestação e puerpério são: gravidez não planejada, mulheres com históricos de violência física, psicológica, condições socioeconômicas desfavorecida, baixo nível de escolaridade.
Descritores: Saúde mental. Gestante. Enfermagem.
ABSTRACT: introduction: Pregnancy can be understood as a common event in the course of female reproductive life. During pregnancy, women experience altered levels of hormones and experience constant worry and anxiety. Objective: To analyze the role of nurses in the emotional health of pregnant women, as well as all aspects involved during the reproductive, gestational and postpartum phases. Methodology: This study is an integrative literature review on the role of nurses in the emotional health of pregnant women. The data search took place on April 24, 2024 and the following descriptors (DeCS) were established: mental health, pregnant women and nursing, with 06 articles, 3 from MEDLINE, 2 from LILACS and 1 from BDenf. Results: it was possible to verify that nurses are able to act preventively in pregnant women who tend to suffer from depression. Final considerations: The main factors detected that can lead to emotional disorders during pregnancy and the postpartum period are: unplanned pregnancy, women with a history of physical and psychological violence, disadvantaged socioeconomic conditions, low level of education.
Descriptors: Mental health. Pregnant. Nursing.
INTRODUÇÃO
A gravidez pode ser compreendida como um evento comum no decorrer da vida reprodutiva feminina, além de ser um período muito especial para a mulher e os familiares envolvidos (Cunha, 2012). De acordo com a cartilha Protocolos da atenção básica/Saúde das mulheres, publicada em 2016, todas as mulheres têm o direito de livre a acessos ao acompanhamento humanizado e as tecnologias da reprodução em todos os seus aspectos, seja antes da gestação, durante o período gestacional e no puerpério (Ministério da Saúde, 2016).
Durante a gravidez a mulher presencia níveis alterados de hormônios, vivencia também uma constante preocupação e ansiedade em relação ao desenvolvimento e saúde fetal, de como será os processos do parto, circunstâncias como essa, poderão aumentar a chances de possíveis problemas psicológicos, tendo em vista o estado de fragilidade já presente. Uma identificação precoce dos fatores de risco e fatores preditores para transtornos emocionais é considerada primordial para que seja possível a garantia de uma boa saúde mental para a gestante e para o feto (Guerra, 2014). Cerca de um quinto das gestantes em escala mundial apresentam depressão pré-natal, no brasil estima-se que essa prevalência seja de 20%, sendo que a grande parte dos casos decorrem para uma depressão pós-parto. Cabe ao enfermeiro acompanhar a gestante, monitorando os níveis de estresse, reduzindo o medo e ansiedade ligados a preocupação do parto, principalmente em primeiras gestações (Steen, 2019).
Dessa forma o enfermeiro é a pessoa responsável, sendo que esse profissional é o que está na linha de frente com o acompanhamento gestacional. Por esse motivo devem procurar mecanismos e preparação de interação multiprofissional, para que seja eficaz a captação das principais necessidades psicológicas, fisiológicas e sociais em todos os períodos da gestação (Oliveira, 2022).
Mediante ao problema exposto, indaga-se a seguinte problemática: qual é o papel do enfermeiro frente a saúde emocional da gestante?
Portanto, tendo em vista que os relatos de depressão e outros problemas emocionais durante a gestação e o puerpério estão cada vez mais evidentes na sociedade em que vivemos, a depressão pós-parto (DPP) é um exemplo disso. Sendo assim, é de suma importância compreender o papel do enfermeiro na detecção dos fatores de risco durante a fase gestacional.
O presente estudo tem como objetivo geral: Analisar o papel do enfermeiro na saúde emocional da gestante, assim como todos os aspectos envolvidos durante a fase reprodutiva, gestacional e no puerpério.
METODOLOGIA
MATERIAIS E MÉTODOS:
Esse presente estudo trata-se de uma revisão integrativa de literatura sobre o papel do enfermeiro na saúde emocional da gestante. De acordo com a revisão integrativa tem uma amplitude acentuada podendo nela ser usados conhecimentos empíricos e teóricos, além de sintetizar resultados obtidos em pesquisas de maneira sistemática, ordenada e abrangente (Sousa, Silva, Carvalho, 2010).
Para a seleção dos estudos foi realizado busca na Bíblia virtual de saúde (BVS) em que foram encontrados 27 artigos, sendo 14 da Medical Literature Analsis and Retrivel System Online (MEDLINE), 11 da Base de Dados de Enfermagem (BDEnf)e 11 da Informação Científica e Técnica em Saúde Latina e Caribe (LILACS). A busca de dados ocorreu no dia 24 de abril de 2024 e foram estabelecidos os seguintes descritores (DeCS): saúde mental, gestante e enfermagem. Os critérios de filtragem: texto completo, Idioma em Inglês, português e espanhol com intervalo de publicação dos últimos 10 anos: 2014-2024, restou 06 artigos, sendo 3 da MEDLINE, 2 da LILACS e 1 da BDenf. Os restantes foram excluídos devido não atender período cronológico estabelecido, e alguns estavam duplicados
METODOLOGIA DE ANÁLISE E FORMA DE APRESENTAÇÃO
O estudo tem abordagem qualitativa, de forma descritiva. Os artigos foram classificados de acordo com a leitura prévia dos resumos, resultados e conclusões. Os artigos incluídos estão dispostos na parte dos resultados e discussões que contempla os aspectos relevantes dos artigos: nome do autor, ano, título do artigo, resultados e conclusões.
Organograma 1 – modelo do fluxo da pesquisa
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Quadro 1- O papel do Enfermeiro(a) frente a saúde emocional da gestante
Nº | AUTOR | ANO | TÍTULO | RESULTADOS | CONCLUSÕES |
01 | PORCEL, Giovanna da silva. SILVA, Monica Maria de Jesus. | 2023 | O cuidado de enfermagem a gestante com depressão | Enfermagem e os cuidados frente a depressão gestacional emitiram três categorias: diminuição dos sintomas depressivos, intervenções para o cuidado e modelos como cuidar | O conhecimento e a identificação precoce da enfermagem a gestante com depressão e crucial para qualificação da assistência ao prénatal e a promoção da saúde mental. |
02 | SOUSA, Bianca Miaell da Silva. ANDRADE, Josiane. | 2022 | Saúde mental das gestantes: a importância da assistência de enfermagem. | Os ciclos da gestação e puerpério são considerados períodos em que as mulheres estão em sua fase mais critica Precisando de um olhar mais ampliado | Os profissionais de enfermagem devem estar aptos e disponíveis para ouvir pacientes com uma postura de acolhimento, sendo este um dos requisitos mais importante no pré-natal dentro da ação preventiva. |
03 | ABUCHAIAM, Erica de Sá Oliveira. et al. | 2016 | Depressão pós-parto e autoeficácia materna para amamentar: prevalência e associação | sintomas de depressão estiveram presente em 31,25% das mulheres estudadas. | prevalência de depressão pós-parto e autoeficácia para amamentar foram evidenciadas |
04 | MARTINS, Maria de Fátima da Silva Viera. REMOALDO, Paula Cristina Almeida Cadima. | 2014 | Representações da enfermeira obstetra na perspectiva da mulher grávida | A enfermeira obstetra tem papel importante na saúde emocional da gestante, é quase sempre vista como amiga e representa suporte fundamental. | A enfermagem obstetra demonstrou- se bastante eficaz no quesito de apoio emocional a mulher gestante. |
05 | SANTOS, Maria Victoria Moreiras dos. et al | 2022 | Assistência de enfermagem na saúde mental da mulher durante o ciclo gravídico puerperal | Ao ser avaliado foi possível verificar que a assistência de enfermagem quando realizada de maneira assídua é capaz de reduzir transtorno mentais na mulher gestante | Assistência de enfermagem plena no pré-natal é capaz de aprimorar o padrão psicológico da gestante |
06 | LIMA, Marlise de Oliveira Pimentel. et al | Sintomas depressivos na gestação e fatores associados: estudo longitudinal | A frequência dos sintomas de depressão foi de 27,2%a 25,4% e apresentaram maiores riscos com sofrer ou ter sofrido violência psicológica | Apresentou um número elevado de sintomas depressivo durante a gestação |
No estudo de Porcel e Silva (2023) foi possível verificar que o enfermeiro consegue agir de forma preventiva em gestantes com tendência a apresentar quadros depressivos, pois o prénatal funciona como um monitor, e através dele o enfermeiro(a) consegue agir de maneira mais rápida afim de evitar a piora desse quadro criando um vínculo mais afetivo com a mulher e o parceiro conjugal, e assim incentivar a promoção a saúde emocional. Os mesmos ainda ressaltam em seu estudo que as atividades físicas como ioga, combinados com aeróbicos podem ser de suma importância para diminuição da depressão.
O momento da gravidez segundo Sousa e Andrade (2022) é o momento em que a mulher está com a fragilidade mais acentuada devido os acontecimentos de mudanças fisiológicas e emocionais sendo ocasionado o aumento de casos de ansiedade, e devido esses casos, muitos acabam criando mitos de que quando houver o parto todos os sintomas desaparecerão, e muitas vezes esses anseios se tornam desapercebidos por familiares, companheiros. Os dados epidemiológicos que apontam maior prevalência para o acontecimento de distúrbio emocionais na gestação são: a baixas condições socioeconômicas, gravidez não planejada, estado civil não solidificado e como parâmetro principal o índice de desemprego.
Existem diversos transtornos psiquiátricos que podem ser gerados durante a gestação, dentre eles a depressão pós-parto tem um ranking considerável com predominância entre 20 a 45% na maioria dos estudos sobre o tema, e como fatores que predispõem ao acontecimento temos: falta de apoio familiar como o percursor, pessoas com histórico de ansiedade extrema anterior, múltiplas gestações, histórico de perda gestacional anterior. No estudo realizado demonstrou-se que mulheres que tem alto eficácia para amamentar conseguem reduzir até 38,8% o escore de depressão generalizada, e as que começam ser portadoras de depressão pósparto quando tem alto eficácia para amamentar conseguem reduzir 11,84%. (Abuchaim et al, 2016). Já Labad et al (2015) traz um olhar diferente, com uma ressalva que existe outras alterações mais graves como gestantes que são portadores de Transtorno obsessivo compulsivo (TOC) em que 46% dessas mulheres apresentam piora do quadro quando estão gestantes, e que os sintomas do TOC estão presente em maior grau quando está no pós-parto em que as mesmas apresentam maiores obsessões e medos relacionados a possíveis contaminações da criança com doenças, além do receio com o trabalho de parto, e nesse momento o enfermeiro se tornar um avaliador capaz de detectar nas primeiras consultas de pré-natal quadros como esse, e conseguir proporcionar ajuda psicológica para a gestante. Através de um pré-natal bem elaborado, medos e incertezas podem ser destruídos, o enfermeiro é um veículo capaz de desmitificar teorias inconsistentes sobre o trabalho de partos e sobre outros acontecimentos.
Martins e Remoaldo (2014) trazem um olhar sobre a representação das enfermeiras obstetra na mulher grávida, em que essas profissionais são quase sempre vistas como uma amiga pelas gestantes, uma guia e representa um suporte fundamental para auxiliar a parturiente em todo o processo do nascimento, tornando-se menos doloroso, com menor índice de traumas, além de poder contribuir para medidas educativas que servirão por longos períodos, temos exemplos: ensinar a mãe a ajustar a pega correta do bebê fazendo com que tenha um menor risco de ferir as mamas, para não ser criado um espécie de receio em amamentar, outro ponto é falar sobre a importância da amamentação e derrubar tabus sobre o medo, pois principalmente para as mães de primeira viagem que estão cobertas de informações, em grande parte com medo, uma boa relação torna-se fundamental para evitar complicações psicológicas futuras.
Em um estudo transversal e descritivo feito com 41 profissionais da área da saúde sendo 16 enfermeiros e 25 técnicos de enfermagem em forma de entrevista semiestruturada sobre consultas de gestantes durante pré-natal e puerpério , foi possível verificar que a grande maioria não soube utilizar instrumentos para detectar de forma precoce a depressão gestacional e puerperal, em que a maioria dos entrevistados relataram que tem conhecimento sobre os sinais dos distúrbios emocionais, mas que não tem conhecimento teórico científico para trabalhar com as mesmas quando necessário (Lima, 2017).
Um estudo longitudinal feito com 272 gestantes no município de São Paulo em 12 unidades de saúde diferentes, e ao final da pesquisa foi verificado que fatores de proteção contra depressão no período do parto foram: gravidez planejada e escolaridade e emprego rentável. E os fatores que contribuíram para acentuar quadros depressivos, gestantes que já sofreram violência psicológica. Amamentação também demonstrou fator de proteção contra sintomas de depressão gestacional (Santos, 2022).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final dos estudos encontrados, em sua grande parte, foi possível verificar que o papel do enfermeiro é de suma importância para contribuir para que a gestante durante todo o seu processo de pré e pós parto seja primordial para os cuidados da saúde mental da mulher.
Os principais fatores detectados que possam levar a transtornos emocionais durante a gestação e puerpério são: gravidez não planejada, mulheres com históricos de violência física, psicológica, condições socioeconômicas desfavorecida, baixo nível de escolaridade. Um ponto de destaque observado nas pesquisas foi que foi percebido também que alguns enfermeiros sabem como detectar sinais e sintomas de distúrbios emocionais como no caso de depressão e ansiedade, mas não sabem como agir e de que forma agir.
O profissional de enfermagem é capaz de atuar precocemente junto a equipe multidisciplinar e intervir em questões que possam colocar em risco a saúde materna e fetal, o pré-natal é um ótimo percursor para realizar um trabalho preventivo e capaz de desmitificar teorias de que quadros depressivos só tem duração durante o período gestacional. Sugere-se que novos estudos sejam enfatizados, e que os profissionais de enfermagem recebam cada vez mais capacitação para atuar de forma mais eficaz quando detectar quadro de transtorno emocionais em gestantes.
REFERÊNCIAS
CUNHA, A. B. et al. A importância do acompanhamento psicológico durante a gestação em relação aos aspectos que podem prevenir a depressão pós-parto. Saúde e Pesquisa, v. 5, n. 3, 2012.
GUERRA, Maria João et al. Promoção da saúde mental na gravidez e no pós-parto. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, v. 1, p. 117-124, 2014.
LIMA, M.O.P. et al. Sintomas depressivos na gestação e fatores associados: estudo longitudinal. Acta Paul Enfermagem, v.30, n.1, p.39-46, 2017.
MARTINS, M.F.S.V; REMOALDO, P.C.A.C. Representações da enfermeira obstetra na perspectiva da mulher grávida. Revista Brasileira de Enfermagem-REBEN, v.67. n.3, p.360-365, 2014.
NASCIMENTO, A.P.S; SOUSA, V.P; SOUSA, P.M.L.S. Assistência de enfermagem na depressão pós-parto. Revista Ilbero Americana de Humanidades Ciências e EducaçãoREASE. v7, n.9, p. 1381-1392, 2021.
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PORCEL, G.S; SILVA, M. M. J. O cuidado de enfermagem a gestante com depressão. Revista eletrônica saúde mental, v.19, n.2, p. 121-129, 2023.
REIS, S.R; RACHED, C.D.A. O papel do enfermeiro no acompanhamento de pré-natal de baixo risco utilizado a abordagem centrado na pessoa gestante. Revista Brasileira de Enfermagem, v.10, n.4, p.22-29, 2021.
SANTOS, M.V.M. et al. Assistência de enfermagem na saúde mental da mulher durante o ciclo gravídico. RESEARCH, v.11, n.4, p.1-8, 2022.
SOUSA, B.M.S; ANDRADE, J. Saúde mental das gestantes: a importância da assistência de enfermagem. Reserch Societ and Development. v.11, n.5, p.1-8, 2022.
SOUSA, M.T; SILVA, M.D; CARVALHO, R. Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein, v.8, n.1, p.10-15, 2010. STEEN, Mary;
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