REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11110365
Josimar Viana Paz
Erica Santana Viana Da Silva Lopes
Michelly Morais Araujo
Resumo
Este artigo tem como objetivo descrever a importancia da educação infantil e a contribuição pedagógica dos jogos na aprendizagem das crianças .Consiste em uma pesquisa bibliográfica e fundamentada em diversos autores. A intenção é chamar a atenção dos educadores para a utilização dos jogos como recurso pedagógico visando o pleno desenvolvimento das crianças integralmente em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social.
Palavras-chave: Educação, Jogos, Criança.
Introdução
Os educadores, de modo geral, sentem dificuldade para transmitir muitos conhecimentos, que poderiam ser mais facilmente transmitidos, se o professor usasse jogo e outras atividades lúdicas para este fim.
Aprender de forma lúdica pode proporcionar muitos benefícios para as crianças. Os jogos direcionados ofertam às crianças um ambiente agradável e interessante; possibilitando assim, o aprendizado de várias habilidades úteis a sua vida social e afetiva.
Segundo Queiroz (2003):
Os jogos e brincadeiras devem fazer parte do cotidiano das crianças da educação infantil. Através deles, a criança pode estimular o desenvolvimento do seu raciocínio lógico, da cooperação, criatividade, coordenação, imaginação e socialização. Através do jogo pode-se oportunizar aos alunos aprenderem a respeitar regras, discutir, inventar, criar e transformar o mundo onde estão inseridos. Isso porque o jogo constitui-se em “uma atividade organizada por um sistema de regras, na qual se pode ganhar ou perder”. (QUEIROZ, 2003, pg.158)
Para Queiroz (2003), a prática de jogos e brincadeiras no cotidiano escolar da Educação infantil torna-se fundamental uma vez que, por meio do brincar, as crianças, além de desenvolverem suas próprias aprendizagens, aprendem a respeitar regras e normas de convivência. Além disso, brincadeiras e jogos, são capazes de elevar a auto estima da criança proporcionando a ela bem estar e prazer.
O jogo é indispensável para o desenvolvimento psicomotor e afetivo da criança. A atividade lúdica deve ser encarada como uma ferramenta didática a mais nas mãos do professor como forma de tornar a aprendizagem mais prazerosa e eficaz.
O conhecimento através da ludicidade pode auxiliar a criança a obter melhor desempenho na sua aprendizagem. São muitas as vantagens de se educar ludicamente e, dentre elas, podemos citar: a melhoria da capacidade cognitiva da criança, a potencialização da sua capacidade psicomotora, bem como, da sua capacidade de relacionar-se com seus grupos de iguais.
Por meio do método dialético pretendemos mostrar que o lúdico na educação poderá tornar a aprendizagem dos pequenos, mais interessante e eficiente.
O homem durante toda sua vida está sempre pronto para conquistar novos conhecimentos pelo contato com seus semelhantes e com o meio em que vive. Nasceu para aprender criar, dominar, e esse aprendizado lhe garante a sobrevivência.
A educação é um ato de busca, de troca, de interação e apropriação, sendo assim, é uma ação conjunta entre as pessoas que cooperam e interagem em busca do conhecimento.
A infância é a fase que as crianças mais brincam. É através das brincadeiras que elas se realizam, expressando seus desejos e sentimentos. O lúdico é uma das formas mais eficientes para envolver as crianças nas atividades escolares porque a brincadeira é inerente à própria criança.
A Educação infantil no Brasil, atualmente é compreendida como o atendimento institucional – educacional ás crianças de 0 a 5 anos, em creches e pré-escolas, primeira etapa da educação básica e assegurada perante as leis brasileiras – Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, assim como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação-LDB nº 9394 de 20 de dezembro de 1996.
Segundo Alves (2007):
O cuidado de alta qualidade é aquele capaz de gerar confiança e vínculo afetivo entre a criança e o adulto. Nesse sentido, a discussão sobre o tema visa a que as famílias e outras pessoas que cuidam delas, como educadoras de creches e pré-escolas, compreendam que, mediante o cuidado, a interação e a brincadeira, estabelecem-se vínculos afetivos significativos e essenciais ao bem-estar infantil. (ALVES et al, 2007)
Para Alves (2007), o foco do profissional que trabalha com a Educação Infantil deve ser a formação e o desenvolvimento integral da criança, para isso é essencial que o educar caminhe junto com o cuidar, visto as necessidades dos alunos, que geralmente nessa faixa etária são bem mais dependentes e necessitam de cuidados permanentes.
O lúdico na educação infantil deve dar ao professor a oportunidade de compreender os significados e a importância dos jogos para a educação. Instigar o educador a inserir o lúdico na sua forma de educar, fazendo com que este tenha consciência das vantagens de se educar jogando.
Sneyders (1996 p.36) afirma que “Educar é ir em direção à alegria”. Uma vida sem alegria se torna chata, monótona, triste; com a educação não é diferente. Educação sem ludicidade é desinteressante, é desestimulante; é ruim para o professor e pior ainda para a criança. É de fundamental importância o uso de jogos e brincadeiras ao longo do processo pedagógico porque os conteúdos podem ser ministrados de forma agradável e cativante.
Este trabalho visa conceituar o lúdico, mostrar sua relevância para o desenvolvimento da criança, mostrando sua importância metodológica para dar mais significado ao ato de educar.
Por meio das descobertas e da criatividade, a criança pode expressar-se, criticar e transformar a realidade. Para que a ludicidade avance na educação é preciso fazer-se uma reflexão sobre o processo de ensinar e aprender.
Portanto, o presente artigo tem como objetivo, investigar como desenvolver o processo das metodologias utilizadas na educação infantil que se refere a crianças de zero a cinco anos de idade.
Conceito
Conceito de Educação Infantil
A educação infantil é a primeira etapa da educação básica organizada da seguinte forma: creches de 0 a 3 anos e Pré-Escola de 4 a 6 anos sendo um direito humano e social de todas as crianças até seis anos de idade, sem distinção alguma decorrente de origem geográfica, caracteres do fenótipo (cor da pele, traços de rosto e cabelo), da etnia, nacionalidade, sexo, de deficiência física ou mental, nível socioeconômico ou classe social. Também não está atrelada à situação trabalhista dos pais, nem ao nível de instrução, religião, opinião política ou orientação sexual.
Segundo Hermida (2007):
[…] a educação infantil precisa ser muito mais qualificada. Ela deve incluir o acolhimento, a segurança, o lugar para a emoção, para o gosto, para o desenvolvimento da sensibilidade; não podendo deixar de lado o desenvolvimento das habilidades sociais, nem o domínio do espaço e do corpo e das modalidades expressivas; deve privilegiar o lugar para a curiosidade e o desafio. (HERMIDA, 2007, p. 227)
Desse modo é dever da escola contribuir para o desenvolvimento e a realização do ser humano. A consideração da criança no seu desenvolvimento global indica ter uma preocupação em considerá-la em todas as suas dimensões, tanto nas necessidades físicas como sociais, ou seja, educá-la e cuidá-la, pois na prática pedagógica segundo atores da educação infantil, o cuidar e o educar são indissociáveis.
As instituições de educação infantil podem ser públicas ou privadas. As públicas são criadas ou incorporadas, mantidas e administradas pelo poder público federal, estadual, distrital ou municipal (LDB, art. 19, inciso I). As instituições privadas são mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado (LDB, art. 19, inciso II) e se organizam em dois grupos: as particulares com fins lucrativos e as comunitárias, confessionais e filantrópicas sem fins lucrativos definidas da seguinte forma: • instituições comunitárias: são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas de professores e alunos, que incluam em sua entidade mantenedora representantes da comunidade (LDB, art. 20, inciso II);
- instituições confessionais: são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem à orientação confessional e ideologia específicas e ao disposto no inciso anterior (LDB, art. 20, inciso III);
- instituições filantrópicas: são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, de direito privado, e possuem o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas).
Todas as instituições de educação infantil localizadas em u m município, tanto as públicas quanto as privadas, integram o respectivo sistema de ensino estadual, distrital ou municipal (LDB, art. 18, incisos I e II).
A regulamentação é o conjunto de leis e normas que orienta a criação, a autorização, o funcionamento, a supervisão e a avaliação das instituições de educação infantil.
Os sistemas de ensino têm autonomia para complementar a legislação nacional por meio de normas próprias, específicas e adequadas às características locais.
O município que não organizou o sistema municipal de ensino, bem como não implantou o Conselho Municipal de Educação (CME), permanece integrado ao sistema estadual e segue as normas definidas pelo Conselho Estadual de Educação (CEE). Nas cidades em que o sistema municipal de ensino foi organizado, a competência da regulamentação da educação infantil é do Conselho Municipalde Educação (CME).
De modo geral, as normas abordam critérios e exigências que balizam o funcionamento das instituições de educação infantil, tais como:
- formação dos professores;
- espaços físicos, incluindo parâmetros para assegurar higiene, segurança, conforto;
- número de crianças por professor;
- proposta pedagógica;
- gestão dos estabelecimentos;
- documentação exigida.
O atendimento na educação infantil deve, portanto, observar leis e normas municipais, estaduais e federais, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil (MEC/CNE 2009), a Lei Orgânica Municipal, as exigências referentes à Construção Civil e ao Código Sanitário.
Além disso, com vistas a contribuir com a implementação da política municipal de educação infantil, o MEC publicou documentos orientadores, tais como Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil e Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil.
A adequada organização e estruturação do sistema de ensino é essencial para que a educação infantil se efetive como política educacional. Não basta o Conselho definir as normas, é preciso que a Secretaria de Educação oriente as instituições e dê os suportes técnico, pedagógico e financeiro necessários para que elas consigam se adequar às exigências da regulamentação. As instituições de educação infantil, por sua vez, devem promover as devidas adequações às regras do respectivo sistema de ensino.
A educação infantil é um direito de todas as crianças, sem requisito de seleção.
Em geral os critérios de matrícula combinam vários fatores como, por exemplo: índice de vulnerabilidade social; faixa etária da criança; local de moradia; sorteio; atendimento a irmãos, mãe trabalhadora e outros.
Deverá ser assegurada a vaga, em caráter compulsório, para criança com deficiência – Lei 7.853, de 24/10/89.
Segundo Vitoria (2002):
Uma das características que tem marcado as transformações observadas nas creches é a maneira como se dá o contato entre educadoras e mães e/ou famílias das crianças. Até poucos anos atrás, era mais comum a prática de receber e entregar as crianças no portão da instituição. […] Fomentou-se, assim, a discussão sobre a relação creche-família e sobre estratégias para abrir as creches à maior participação das famílias. […] Hoje, é possível encontrar creches abertas, creches mais ou menos abertas, creches fechadas. O processo está ocorrendo, não sem dificuldades (VITORIA apud FERMINO, 2002, p.24)
Dessa maneira o papel das famílias na educação dos filhos, ou mesmo, quanto ao nível de envolvimento que devem ter, até onde vai à obrigatoriedade das creches e pré-escolas e começa a das famílias vem sendo amplamente discutida.
É importante que os critérios sejam transparentes, amplamente discutidos e divulgados na comunidade, inclusivos e regulamentados pelo Conselho Estadual ou Municipal de Educação. Entretanto, é necessário esclarecer que qualquer família que questione os critérios de matrícula tem direito à vaga. Por outro lado, considerando a forte demanda por atendimento, os municípios que organizaram critérios envolvendo discussão com os diferentes setores como a Secretaria de Assistência Social, Secretaria de Saúde, Conselho Tutelar, Conselho de Educação, Fórum de Educação Infantil, Ministério Público entre outros têm conseguido apoio da população com relativo sucesso.
É importante ressaltar também, que, apesar de existirem critérios para a seleção das crianças a serem matriculados nas creches e pré-escolas, esses critérios não podem restringir, impedir ou dificultar o direto da criança à educação e na verdade devem ser entendidos com o critérios de prioridade e não de exclusividade.
A partir de 4 anos de idade completados em 31 de março do ano que ocorrer a matrícula. Segundo a Resolução CNE/CEB Nº 5/2009 art. 5º, § 2º, é obrigatória a matrícula na educação infantil de crianças que completam 4 ou 5 anos até 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula.
A criança deve ser matriculada a partir de 6 anos completos até o dia 31 de março do ano da matrícula.
Segundo Kramer (1992):
A educação pré-escolar começou a ser reconhecida como necessária tanto na Europa quanto nos Estados Unidos durante a depressão de 30. Seu principal objetivo era o de garantir emprego a professores, enfermeiros e outros profissionais e, simultaneamente, fornecer nutrição, proteção e um ambiente saudável e emocionalmente estável para crianças carentes de dois a cinco anos de idade (KRAMER, 1992, p.26).
Desse modo a criança neste sistema exerce uma função de massa moldável, o professor é pouco valorizado e a formação humanista é deixada de lado. É por essa razão e tantas outras que refletir sobre a Educação Infantil é uma forma de buscar respostas para como se deve trabalhar a Educação Infantil em toda sua essência.
Segundo Maistro (2002):
[…] a participação das famílias na creche, se reduz ao espaço de reunião de pais. Isso evidencia que a compreensão do que é participar parece restringir-se a „vir quando são chamados‟ pela instituição, o que revela a inexistência de um espaço mais efetivo e cotidiano de inclusão no contexto da creche (MAISTRO apud FERMINO, 2002, p.28).
Dessa forma a barreira existente na perspectiva dos pais ao atendimento de seus filhos ocorre, também, pela falta de informação que possuem e de acesso à própria instituição creche, no intuito de não só verificar, como também participar das ações e atividades pedagógicas propostas pelos centros de educação infantil. A educação infantil não trabalha com parâmetros de retenção (crianças com desenvolvimento julgado lento em relação a outras) e nem de aceleração (crianças julgadas como espertas ou “superdotadas”), espera-se que todas as crianças convivam com suas diferenças em seu grupo de idade e aprendam a partir daí. Da mesma forma, não são aplicáveis na educação infantil expressões como “repetir o ano” ou “perder o ano”, no caso de crianças que, não alcançando a idade de corte proposta no sistema, não irão de imediato para o ensino fundamental. Portanto, estar incluída em outra turma de pré-escola cuja nomenclatura é a mesma da turma frequentada pela criança no ano anterior não significa, necessariamente, participar da mesma programação. A proposta pedagógica da instituição deverá assegurar nova e mais ampla experiências às crianças que, por motivo de idade, permanecerem na educação infantil.
A educação infantil é a primeira etapa da educação básica. Tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até 6 anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade (LDB, art.29).
Esse tratamento integral dos vários aspectos do desenvolvimento infantil evidencia a indissociabilidade do educar e cuidar no atendimento às crianças. A educação infantil, como dever do Estado é ofertada em instituições próprias – creches para crianças até 3 anos e pré-escolas para crianças de 4 e 5 anos – em jornada parcial ou integral, por meio de práticas pedagógicas cotidianas. Essas práticas devem ser intencionalmente planejadas, sistematizadas e avaliadas em um projeto político-pedagógico, que deve ser elaborado com a participação da comunidade escolar e extra-escolar e desenvolvido por professores habilitados. A educação infantil ocorre em espaços institucionais, coletivos, não domésticos, públicos ou privados, caracterizados como estabelecimentos educacionais e submetidos a múltiplos mecanismos de acompanhamento e controle social.
Segundo AROEIRA & SOARES & MENDES (1996)
“O papel do educador será, então, agir no sentido de contribuir para a conquista da autonomia moral, intelectual, social e afetiva da criança, compreendendo-a na sua totalidade.” (AROEIRA & SOARES & MENDES, 1996, p.19).
Desta forma o embasamento teórico auxiliará o professor a identificar o que a criança já sabe, assim como o que ela está apta a aprender. Sabe-se que muito mais que o afeto, o conhecimento teórico sólido dos processos da aprendizagem infantil fará com que a ação do professor seja ilimitada.
Portanto a criança precisa de assistência, cuidado e consequentemente de educação dirigida, que lhe possibilite um amplo desenvolvimento de suas faculdades mentais e físicas, contudo a educação familiar aliada à escolar permitirá que a criança ultrapasse as diversas transformações que ocorrerá ao longo de sua vida, de forma equilibrada e sadia.
Conceito de jogos na aprendizagem
A compreensão de jogo está associada tanto ao objeto (brinquedo) quanto à brincadeira. É uma atividade mais estruturada e organizada por um sistema de regras mais explícitas. Exemplos clássicos seriam: Jogo de Mímica, de Cartas, de Tabuleiro, de Construção, de Faz-de-Conta etc. Uma característica importante do jogo é a sua utilização tanto por crianças quanto por adultos, enquanto que o brinquedo tem uma associação mais exclusiva com o mundo infantil.
Os jogos constituíram sempre uma forma de atividade do ser humano, tanto no sentido de recrear e de educar ao mesmo tempo.
Segundo Piaget (1971), o jogo é :
expressão de uma das fases da diferenciação progressiva: é o produto da assimilação ,dissociando –se da acomodação antes de se reintegrar nas formas de equilíbrio permanente que dele farão seu complemento no nível do pensamento operatório ou racional […].O jogo constitui o polo extermo da assimilação do real ao eu.(1971:217)
Desse modo a acomodação é o processo pelo qual a criança modifica seu estágio mental em resposta a demandas externas. Por exemplo, ações como sugar o dedo , agarrar e lançar objetos comportam um ajuste dos movimentos e das percepções aos próprios objetos. É por meio do processo de assimilação que a criança incorpora os objetos de “sugar”, ”de segurar” ás ações em que essas condutas se tornam. Esses dois processos formam parte de todas as ações , aparecem em todos os estágios do desenvolvimento .Ás vezes um predomina sobre o outro ;outras vezes eles se encontram em “equilíbrio”
Piaget (1971) classificou e explicou o jogo nas diferentes fases ou estágios do desenvolvimento da criança. Segundo ele, o nascimento do jogo dá-se nas fases iniciais do desenvolvimento quando:
quase todos os comportamentos […] são suscetíveis de se converter em jogo , uma vez que se repetem por assimilação pura , isto é , por simples prazer funcional.(1971:117)
Desse modo, o desenvolvimento ocorre como um equilíbrio progressivo, permitindo que experiências externas sejam incorporadas pelo indivíduo, tendo em vista que o desenvolvimento é um processo de contínua construção da compreensão de uma realidade.
Piaget (1971) distingue três tipos de estruturas que caracterizam o jogo infantil e fundamenta a classificação por ele proposta:
- o exercício: Representa a forma inicial do jogo na criança e caracteriza o período sensório-motor do desenvolvimento cognitivo. Manifesta-se na faixa etária de zero a dois anos e acompanha o ser humano durante toda a sua existência — da infância à idade adulta. A característica principal do jogo de exercício é a repetição de movimentos e ações que exercitam as funções tais como andar, correr, saltar e outras pelo simples prazer funcional.
- o símbolo: Tem início com o aparecimento da função simbólica, no final do segundo ano de vida, quando a criança entra na etapa pré-operatória do desenvolvimento cognitivo. Um dos marcos da função simbólica é a habilidade de estabelecer a diferença entre alguma coisa usada como símbolo e o que ela representa seu significado.
- a regra: Constituem-se os jogos do ser socializado e se manifestam quando, por volta dos 4 anos, acontece um declínio nos jogos simbólicos e a criança começa a se interessar pelas regras. Desenvolvem-se por volta dos 7 a 11 anos, caracterizando o estágio operatório-concreto
Segundo Carvalho (1992):
(…) desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de esforços físicos se mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade, portanto, real valor e atenção as atividades vivenciadas naquele instante. (1992, p.14)
Dessa maneira o jogo deve ser criado e recriado, para que sejam sempre uma nova descoberta e sempre se transformem em um novo jogo, em uma nova forma de jogar. Quando a criança joga, sem saber fornece várias informações a seu respeito, no entanto, o jogar pode ser útil para estimular seu desenvolvimento integral, tanto no ambiente familiar, quanto no ambiente escolar.
Segundo ainda Carvalho (1992):
(…) o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da criança, já que ela se modifica de ato puramente transmissor a ato transformador em ludicidade, denotando-se, portanto em jogo. (1992, p.28)
Desse modo o jogo é uma atividade que contribui para o desenvolvimento da criatividade da criança tanto na criação como também na execução. Os jogos são importantes, pois envolvem regras como ocupação do espaço e a percepção do lugar.
Segundo Kishimoto (1993):
Os jogos têm diversas origens e culturas que são transmitidas pelos diferentes jogos e formas de jogar. Este tem função de construir e desenvolver uma convivência entre as crianças estabelecendo regras, critérios e sentidos, possibilitando assim, um convívio mais social e democracia, porque “enquanto manifestação espontânea da cultura popular, os jogos tradicionais têm a função de perpetuar a cultura infantil e desenvolver formas de convivência social. (1993, p.15)
Dessa forma o jogo é considerado uma atividade lúdica que tem valor educacional, a utilização do mesmo no ambiente escolar traz muitas vantagens para o processo de ensino aprendizagem, o jogo é um impulso natural da criança funcionando, como um grande motivador, é através do jogo obtém prazer e realiza um esforço espontâneo e voluntário para atingir o objetivo, o jogo mobiliza esquemas mentais, e estimula o pensamento, a ordenação de tempo e espaço, integra várias dimensões da personalidade, afetiva, social, motora e cognitiva.
O jogo não é apenas um método de aliviar tensões e sim uma atividade real para aquele que brinca. Normalmente a criança joga o jogo, brinca com muita paixão sem necessariamente saber o que o significa.
O educador, principalmente o da educação infantil deve compartilhar do jogo, estimular e intervir quando se faz necessário, aceitando os papéis que as crianças querem desempenhar e desejam que outros desempenhem sempre que possível
O JOGO E A EDUCAÇÃO INFANTIL
Na Educação Infantil a criança deve jogar e interagir com os demais, pois neste momento do jogo a criança se desenvolve e constrói seu conhecimento de mundo.
Segundo Piaget (1967):
“Os jogos são brincadeiras e ao mesmo tempo meios de aprendizagem” (PIAGET,1967, p. 87).
Dessa forma o jogo pode ser muito mais que uma simples brincadeira. Ele proporciona o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos.
Segundo Vygotsky (1998):
“O jogo e a brincadeira permitem ao aluno criar, imaginar, fazer de conta, funciona como laboratório de aprendizagem, permitem ao aluno experimentar, medir, utilizar, equivocar-se e fundamentalmente aprender”
Desse modo os jogos constituem uma forma de atividade do ser humano, tanto no sentido de recrear e de educar ao mesmo tempo.
Na Educação Infantil, o desenvolvimento de atividades lúdicas devem ser consideradas como prioridades no delineamento de atividades pedagógicas contidas no planejamento escolar realizado pelos professores e coordenadores. Essa inclusão visa, portanto a flexibilização e dinamização das atividades realizadas ao longo de toda a prática docente, oportunizando a eficácia e significação da aprendizagem.
Segundo Kishimoto (2007):
A criança procura o jogo como uma necessidade e não como distração […]. É pelo jogo que a criança se revela. As suas inclinações boas e más, a sua vocação, as suas habilidades, o seu caráter, tudo que ela traz latente no seu eu em formação, torna-se visível pelo jogo e pelos brinquedos, que ela executa. (2007,p.106)
Desse modo é um importante recurso pedagógico que estimula e desenvolve as funções mentais superiores, as funções psicomotoras e participa no processo de construção do conhecimento, onde a criança pode assumir outras personalidades, representando papéis como se fosse um adulto, realizar ações que representam as interações, os sentimentos e conhecimentos presentes no ambiente em que vivem.
Portanto através do jogo, a criança forma conceitos, seleciona ideias, estabelece relações lógicas, integra percepções, faz estimativas compatíveis com o crescimento físico e desenvolvimento e, por meio dele vai se socializando com as demais crianças.
Considerações finais
A Educação Infantil é importante pelo interesse que vem ganhando ao longo da historia, e sua eficácia garantida pela combinação dos seguintes fatores: consideração as características da criança, ambiente adequado a cada fase do seu desenvolvimento, profissionais preparados, socialização com indivíduos semelhantes e estímulo à criança.
As crianças possuem um modo próprio de conhecer e interagir com o mundo, o jogo é responsável por vários tipos de aprendizagens e se tornam essencial na Educação Infantil, pois nele, estão presentes as múltiplas formas de ver e interpretar o mundo. É no espaço da escola que as crianças têm oportunidade de vivenciar relações éticas e morais que permeiam a sociedade na qual estão inseridas.
O jogo tem papel fundamental no desenvolvimento da criança, em seus primeiros anos de vida, sua capacidade de sonhar, imaginar e jogar com a realidade são primordiais.
A criança precisa de assistência, cuidado e consequentemente de educação dirigida, que lhe possibilite um amplo desenvolvimento de suas faculdades mentais e físicas, contudo a educação familiar aliada à escolar permitirá que a criança ultrapasse as diversas transformações que ocorrerá ao longo de sua vida, de forma equilibrada e sadia.
E para melhor desenvolvimento entra a contribuição pedagógica do jogo, onde por meio deste processo a criança ira proporcionar aumento nas suas habilidades e na sua aprendizagem.
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