A IDEOLOGIA NEOLIBERAL NO MATERIAL DIDÁTICO: O CASO DE INTRODUÇÃO AO MUNDO DO TRABALHO NA EEEP COMENDADOR MIGUEL GURGEL

NEOLIBERAL IDEOLOGY IN TEACHING MATERIALS: THE CASE OF INTRODUCTION TO THE WORLD OF WORK AT EEEP COMENDADOR MIGUEL GURGEL

IDEOLOGÍA NEOLIBERAL EN LOS MATERIALES DIDÁCTICOS: EL CASO DE INTRODUCCIÓN AL MUNDO DEL TRABAJO EN LA EEEP COMENDADOR MIGUEL GURGEL

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.11009026


LOPES, Rodrigo Tizolin 1
ARRAIS NETO, Enéas 2
FEIJÓ, Jerciano P. 3


Resumo 

O artigo visa discutir a influência que o discurso neoliberal tem para a constituição de um tipo de sujeito que corresponde aos interesses do mercado, e os impactos desse discurso dentro da área da educação. Inicialmente se analisará as características desse sistema e a forma empregada para influenciar as instituições públicas, e no caso desta pesquisa, a escola profissional de ensino médio integrado (EEPs Ceará). Também se discutirá os métodos empregados para o convencimento dos sujeitos na escola, sendo esta um espaço privilegiado para a disseminação do seu arcabouço discursivo. Por fim,  se analisará o livro didático Introdução ao Mundo do Trabalho, utilizado na disciplina homônima, Mundo do Trabalho, ofertada na EEEP Comendador Miguel Gurgel (Fortaleza, Ceará, Brasil) e a forma discursiva neoliberal incluída em seus textos. Utilizou-se neste estudo, a metodologia de análise textual discursiva. Dessa forma, foi observado que a parte diversificada do currículo caracteriza-se como um discurso político neoliberal que procura se esconder através do uso de palavras e/ou expressões pseudo-progressistas. Procura-se assim desenvolver a crítica do projeto educacional conservador aplicado nas EEPs da Rede Pública Estadual do Ceará, visando a uma educação que rompa com essas ideologias hegemônicas preponderantes. 

Palavras-chave: Neoliberalismo. Educação Profissional. Ideologia.

Abstract  

The article aims to discuss the influence that the neoliberal discourse has on the constitution of a type of subject that corresponds to the interests of the market, and the impacts of this discourse within the area of ​​education. Initially, the characteristics of this system and the way it is used to influence public institutions, and in the case of this research, the professional school, will be analyzed. The methods used to convince subjects at school will also be discussed, as this is a privileged space for the dissemination of its discursive framework. Finally, it will analyze the textbook Introduction to the World of Work, used in the homonymous subject, World of Work, offered at EEEP Comendador Miguel Gurgel (Fortaleza, Ceará, Brazil) and the neoliberal discursive form included in its texts. The discursive textual analysis methodology was used in this study. Thus, it was observed that the diverse part of the curriculum is characterized as a neoliberal political discourse that seeks to hide itself through the use of pseudo-progressive words and/or expressions. The aim is to defend an education that breaks with these preponderant hegemonic ideologies.

Keywords: Neoliberalism. Professional education. Ideology.

Resumen

El artículo tiene como objetivo discutir la influencia que tiene el discurso neoliberal en la constitución de un tipo de sujeto que corresponda a los intereses del mercado, y los impactos de este discurso dentro del área de la educación. Inicialmente se analizarán las características de este sistema y la forma en que se utiliza para influir en las instituciones públicas y, en el caso de esta investigación, en la escuela profesional. También se discutirán los métodos utilizados para convencer a los sujetos en la escuela, por ser este un espacio privilegiado para la difusión de su marco discursivo. Finalmente, se analizará el libro de texto Introducción al Mundo del Trabajo, utilizado en la asignatura homónima, Mundo del Trabajo, impartido en la EEEP Comendador Miguel Gurgel (Fortaleza, Ceará, Brasil) y la forma discursiva neoliberal incluida en sus textos. En este estudio se utilizó la metodología de análisis textual discursivo. Así, se observó que la parte diversa del currículo se caracteriza como un discurso político neoliberal que busca ocultarse mediante el uso de palabras y/o expresiones pseudo progresistas. El objetivo es defender una educación que rompa con estas ideologías hegemónicas preponderantes.

Palavras-Clave; Neoliberalismo. Educación profesional. Ideología.

Notas introdutórias: A construção  do sujeito neoliberal através da educação

Esta pesquisa tem como objetivo discutir o possível sentido direcionador com que certas palavras e expressões são revestidas e a influência que elas podem desempenhar ao serem ensinadas através dos materiais didáticos adotados nas escolas. As expressões e as ideias contidas nesses livros são ensinadas como uma forma de verdade que, na maioria das vezes assimiladas pelos alunos, tem o poder para influenciar o pensamento subjetivo e ideológico dos sujeitos estudantis. Analisaremos textos do manual Introdução ao Mundo do Trabalho (Instituto Unibanco, 2014) que revestidos de discursos pró-liberais e empregados como noções inquestionáveis no ambiente escolar, são a base definidora da disciplina de mesmo nome, Mundo do Trabalho. Utilizaremos como foco de análise a escola profissionalizante2 Comendador Miguel Gurgel, integrante da rede pública estadual de ensino médio profissionalizante (EEPs), localizada no bairro Messejana, na cidade de Fortaleza, capital do Ceará.

Para tanto, serão problematizados os seguintes questionamentos: Como é formado o sujeito neoliberal e qual tem sido a atribuição e a contribuição da disciplina Mundo do Trabalho para esse modelo formativo conservador nessa escola profissional? Também serão investigados os discursos embutidos nesse material didático, procurando elucidar os sentidos e objetivos atribuídos pelos textos presentes no livro em questão. Partimos da premissa que o sistema neoliberal através de seu poder econômico influencia e determina ações políticas e tais ações influenciam o sistema público de educação. Com base no objeto de estudo proposto, almejamos discutir e analisar a forma como é elaborada a subjetividade dos estudantes dentro do mundo capitalista e a ligação do livro didático com a formação desse sujeito. Assim, trazemos como ponto de questionamento quais seriam os objetivos que o livro Introdução ao Mundo do Trabalho (Instituto Unibanco, 2014) procura alcançar com a transmissão de seu ensino. Parte-se da hipótese de que essa disciplina visa disseminar a ideologia de mercado, construindo uma realidade na qual e com cada vez mais intensidade deve-se mostrar total comprometimento e submissão com a funcionalidade desse sistema econômico. 

A disciplina de Mundo do Trabalho está inserida na parte diversificada do currículo da escola profissional Comendador Miguel Gurgel e que segundo os idealizadores da matriz curricular para as escolas profissionalizantes do Ceará, a Seduc-CE, tem por objetivo “construir com os estudantes um Plano de Carreira que se complemente com as outras dimensões da vida, que estão sendo trabalhadas em Projeto de Vida.” (SEDUC, 2015). O texto deixa bastante claro que o que se pretende com o ensino dessa disciplina é traçar um conjunto de ações com objetivo da obtenção de uma carreira profissional. Essas ações deveriam ser delineadas metodicamente para se chegar a esse objetivo. Assim, essa matéria pretende moldar a maneira de ser dos indivíduos para alcançarem seus próprios interesses, assim como também satisfazer os interesses do mercado. 

Captar a essência dos sentidos dos discursos veiculados pelo sistema capitalista neoliberal para a educação é uma tarefa que julgamos não tão fácil, por conta das numerosas maneiras com que este sistema procura ocultar seus objetivos, mas é de fundamental importância para se entender suas metas principalmente para a educação. Portanto, devemos partir da compreensão contextualizada das origens desse sistema, de suas ideias e a interpretação mais cristalina possível dos mecanismos utilizados para a propagação de sua ideologia, que é refletida tanto na economia quanto na política, e no seio sócio-cultural. É através da expansão de seus perímetros de alcance que este sistema continua perpetuando-se enquanto um mecanismo hegemônico que fabrica e manipula nossa realidade atual. 

Abreu (2021) analisa o fenômeno da construção do empreendedor em si, se utilizando de uma terminologia da Dardot e Laval (2016). Ele parte de uma análise foucaultiana das relações de poder e como este se relaciona com o capitalismo, criando as técnicas utilizadas pelo capital no sentido da produção de um sujeito que se submete às suas influências. Na sua análise a escola será o principal ambiente de sua investigação, pois é através dela que esse sistema usará para “suporte na produção de sujeitos capazes de promover o crescimento e/ou a manutenção do referido modelo econômico”. (ABREU, 2021). Para tanto, o referido sistema irá se valer exaustivamente da teoria do capital humano como meio conscientizador para os sujeitos que estão sendo formados nessas escolas e que segundo o mesmo “teve grande influência na reestruturação produtiva do país e nas reformas educacionais implantadas já a partir da década de 1970” (ABREU, p.64), pois a educação é vista como uma instituição capaz de possibilitar um aumento significativo na produtividade da força de trabalho e como consequência no seu valor.

Foucault desenvolve em alguns de seus ensaios a ideia de governamentalidade, que seria uma nova maneira de gestão dos sujeitos pelo Estado, em que a administração neoliberal tece uma nova lógica de atuação sintetizada na fórmula “fazer viver e deixar morrer”. Nessa perspectiva, o Estado neoliberal na ação regulatória para com a sociedade irá manter e potencializar a vida dos indivíduos. Para ele o sentido de governamentalidade seria o 

“[…] conjunto constituído pelas instituições, os procedimentos, análises e reflexões, os cálculos e as táticas que permitem exercer essa forma bem específica, embora muito complexa, de poder que tem por alvo principal a população, por principal forma de saber a economia política e por instrumento técnico essencial os dispositivos de segurança. Em segundo lugar, por “governamentalidade” entendo a tendência, a linha de força que, em todo o Ocidente, não parou de conduzir, e desde há muito, para a preeminência desse tipo de poder que podemos chamar de “governo’ sobre todos os outros- soberania, disciplina- e que trouxe, por um lado, o desenvolvimento de toda uma série de aparelhos específicos de governo [ e por outro lado], o desenvolvimento de toda uma série de saberes. Enfim, por “governamentalidade” creio que se deveria entender o processo, ou antes, o resultado do processo pela qual o Estado de justiça da Idade Média, que nos séculos XV e XVI se tornou o Estado administrativo, viu-se pouco a pouco “governamentalizado.” (Foucault, 2008)

Assim sendo, a governamentalidade para Foucault seria um conjunto constituído por instituições, procedimentos e estratégias que exerceriam o poder de forma específica, tendo como base o saber da economia política, teria como alvo, a melhor condução possível da população, empregando para tanto, dispositivos de controle estatais, desenvolvidos por todo o período da modernidade e pós-modernidade. Esses dispositivos estatais de controle teriam como meta moldar atitudes e comportamentos dos indivíduos em sociedade, criando subjetividades específicas e moldáveis, dóceis portanto a aceitação de um mundo em contínua transição.  Foucault (2008) desenvolve o conceito de empresariamento de si, como uma nova forma de identidade do homem moderno, que passaria a se caracterizar como o homem do consumo. 

Já Dadort e Laval (2016) irão trazer baseados numa leitura foucaultiana, a ideia que o neoliberalismo longe de ser apenas um novo sistema econômico de produção é um todo engendrador de uma nova racionalidade, de uma nova moral, em que os sujeitos agora se apregoam como empreendedores de si mesmos, e dessa forma, seriam os únicos responsáveis pelos seus destinos. Essa nova racionalidade traz como conceito importante a ideia do empresariamento de si, uma nova forma de pensar que se tornou uma espécie de doutrina que passou a influenciar os sujeitos a buscarem através de seus esforços suas próprias melhorias de vida. Para tanto, esse sistema disseminou um tipo de crença sobre a liberdade de determinar seu modo de vida independente, e que todas as pessoas teriam as mesmas oportunidades para progredir financeiramente através de suas dedicações ao trabalho. A pessoa passa a ser a única responsável por seu sucesso ou fracasso, a depender sempre de sua diligência e aplicação em seus negócios. 

Essa forma de pensar com o tempo transforma-se em um modo de vida bem específico. No caso, a formulação do sujeito neoliberal. Porém o que se oculta é que em última instância a intensificação da eficácia de cada sujeito em conseguir alcançar o máximo de bem-estar para si. beneficia os próprios interesses do capital, que logra no maior engajamento desse sujeito mais produtivo no trabalho. E isso tudo sem a necessidade de ações punitivas do sistema. Continua-se assim a lógica de espoliação do capital através desse homem que se sujeita às condições de trabalho sempre pensando na recompensa, numa lógica pautada pelo mais completo utilitarismo.

Mészáros (2011) desenvolve um conceito bem revelador sobre o modo de produção capitalista, tornado modelo social totalizador, chamando-o de sociometabólico. Essa ideia se desdobra em duas palavras: sócio, relativo ao conjunto sociedade, nesse caso fazendo referência a um controle totalizante na sociedade e metabólico, termo retirado da biologia, que significa o conjunto de transformações físico-químicas que as substâncias sofrem no interior dos organismos vivos e que resultam na sua preservação estrutural. Essa analogia traz algumas indicações sobre esse sistema do capital como um organismo que interage com a sociedade, transformando-a para sua própria sobrevivência estrutural. Segundo o autor, o capital deve ser visto como uma estrutura viva, mas que para continuar sua existência deve submeter o trabalho a sua ingerência, e como os homens tem o trabalho como meio de subsistência sob o capitalismo, devem se sujeitar a este sistema, que com o tempo regula e controla todas as demais esferas da existência humana, pondo-os ao serviço das necessidades incessantes dessa estrutura regente. O que está em jogo para ele é a modificação da “reprodução da estrutura de valores que contribui para perpetuar uma concepção de mundo baseada na sociedade mercantil”. (MÉSZÁROS, 2011).

Se tratando do sujeito que está cursando a escola, Abreu (2021) nos traz a ideia de como o discurso neoliberal se utiliza dos espaços escolares para moldar as subjetividades do empreendedor de si nos alunos através da utilização da teoria do capital humano no ajuste dos currículos das instituições de ensino de modo a produzir nestes alunos certas “condutas econômicas individuais e coletivas capazes de impulsionar o desenvolvimento do capitalismo em sua fase atual (neoliberalismo)” (ABREU, 2011). Assim, o autor nos diz como a educação foi apropriada por esse sistema de modo a operar na construção desse sujeito que fomentaria a sua promoção como se fosse o seu próprio desenvolvimento.  A escola passa a ser vista como um espaço privilegiado para o domínio político, pois onde se moldam os valores, crenças, condutas e concepções de mundo que servirão para apontar que tipo de visão esse sujeito terá ao se relacionar com a realidade externa à instituição. Assim nos aponta Silva que a escola é utilizada para: “a construção de vontades de verdade para as quais o êxito ou o insucesso na inserção no mundo do trabalho estão conectados com os esforços de cada um na consecução do seu capital humano emoldurado sob o prisma da formação permanente”. (SILVA, 2023).        

Compreender o sistema educacional nesse novo modelo de produção, que é também um sistema ideológico, é entender que este visa modificar a sociedade, transformando os valores e percepções dos indivíduos. Essa é a razão fundamental para o neoliberalismo mirar, desde o início da sua expansão, o sistema escolar, que nas sociedades modernas é o lugar de formação e preparação dos sujeitos para o desempenho das tarefas disponibilizadas pelo mercado. Para tanto, a escola é utilizada também como um espaço adequado para o desenvolvimento de comportamentos, atitudes, e disseminação de valores mercadológicos. Esse sistema difunde um tipo específico de ideias ao indivíduo fazendo com que este se considere um capital, ao qual se necessita investir, e a melhor maneira de se aumentar esse capital é investindo na ampliação de sua escolarização. A escolarização passa então a ser, acima de tudo, um investimento em si mesmo, em sua capacitação, para a obtenção de melhorias salariais para os indivíduos. 

A escola neoliberal passa a se reger e a se vivenciar pelas ideias da eficiência, do desempenho, e da rentabilidade. E, portanto, cada indivíduo deve se ver, desde cedo, como um empreendedor de si mesmo, um gestor de si mesmo. Segundo ARRAIS NETO (2011): 

Esse elemento de responsabilização individual deposita sobre os ombros dos estudantes a tarefa de desenvolverem as “competências” necessárias para que consigam emprego e remuneração socialmente respeitável. Como consequência, imputa à escola o dever de se tornar “trampolim” social ou porta de acesso direto, e não lugar de mediação, diante do mundo do trabalho

A partir daí, temos uma matriz antropológica que permite visar uma mudança muito mais global, muito mais geral da sociedade. Os neoliberais têm uma reflexão estratégica sobre como mudar a sociedade e o homem. As políticas neoliberais visam oficialmente tornar a escola mais eficiente, melhorar o seu desempenho, pois esse é o ideal – ou a “ideologia” de fundo – do neoliberalismo. A forma de se fazer isso seria através da estimulação da competição, entre os sujeitos, seja na escola com os alunos realizando testes e avaliações sistemáticas, seja com os professores fazendo provas e concursos e até de escolas para apresentarem melhores índices de aprovações de alunos em vestibulares, do que outras. Em resumo, segundo esses ideólogos desse sistema, para obter esse melhor desempenho da escola, bastaria instilar situações de mercado, com concorrência local. E as famílias, por essa lógica, procuram escolher a escola com mais alto retorno em desenvolvimento de competências aos seus filhos para que estes consigam um trabalho com a melhor remuneração possível. 

Para essa reorganização do espaço público, o empresariado vem procurando cada vez mais controlar esse processo, financiando a educação através de formações para a classe trabalhadora. Vários conglomerados de empresas e bancos como, por exemplo, o Instituto Itaú Unibanco, vem se ocupando em desenvolver “soluções de gestão” e com a chamada “inserção no mundo do trabalho”. No caso deste instituto, em seu site apresenta o comentário que: “atua para a melhoria da educação pública no Brasil por meio da gestão educacional para o avanço contínuo”, além de criar e publicar materiais educativos como o livro didático Introdução ao Mundo do Trabalho (2014).

Teoria do capital humano e Análise textual discursiva: Metodologias 

. Para analisarmos os trechos do livro Introdução ao Mundo do Trabalho (Instituto Unibanco, 2014), recorremos à metodologia da Análise Textual Discursiva (ATC) em uma diálogo direto com a Teoria do Capital Humano (TCH). Segundo Galiazzi e Moraes (2011), a ATC é um conjunto de metodologias para pesquisas qualitativas que podem ser aplicadas a textos, que

[…] incluem desde a análise do discurso num extremo, até a análise de conteúdo num outro limite. A análise textual discursiva corresponde a uma metodologia de análise de dados e informações de natureza qualitativa com a finalidade de produzir novas compreensões sobre os fenômenos e discursos. Insere-se entre os extremos de análise de conteúdo tradicional e análise de discurso, representando um movimento interpretativo de caráter hermenêutico. (Galiazzi; Moraes, 2011)

Galiazzi e Moraes (2011) irão propor uma metodologia que se organiza em torno de quatro focos, sendo eles: 1) desmontagem dos textos; 2) estabelecimento de relações; 3) captando o novo emergente; e enfim; 4) um processo auto-organizado. A desmontagem de textos que também pode ser chamada de unitarização (2011, p. 11)  é um processo de análise minuciosa dos textos em seus detalhes com o objetivo de fragmentá-los para encontrar unidades de pensamento nos seus sentidos e enunciados; esse processo é seguido pela categorização (2011, p. 12), também chamada de estabelecimento de relações, que busca criar um quadro de relações entre as unidades básicas do texto, traçando combinações e as categorizando, visando reunir elementos em uma formação de conjuntos. Cria-se, dessa forma, um sistema de categorias; a partir destes processos, devemos captar o novo emergente, ou uma criação de um metatexto que resulta a partir da análise minuciosa e detalhista dos conjuntos de categorias traçados anteriormente e que tem como objetivo explicar a interpretação e compreensão que é apresentada como uma síntese dos elementos traçados anteriormente Enfim, por mais que passemos por processos de racionalização e planejamento, é atingida uma nova compreensão acerca do texto que é resultado de um processo auto-organizado, que em certa medida é imprevisível. 

Sendo assim, se estamos nos propondo fazer uma análise textual discursiva em busca de sentidos escondidos acerca da criação de uma subjetividade neoliberal impregnada dentro de textos escolares, devemos nos preparar para buscar sob que forma será apresentada essa construção de uma ideologia subjetiva que é transferida para alunos de uma escola profissionalizante na capital de um estado nordestino, e de como é perseguido um ethos universal de se portar em relação ao (parafraseando o livro e a disciplina) mundo do trabalho, que espera mais um corpo e uma força produtiva para continuar a sua reprodução. Galiazzi e Moraes (2021) propõem que:

a análise textual discursiva parte de um conjunto de pressupostos em relação à leitura dos textos que examinamos. Os materiais analisados constituem um conjunto de significantes. O pesquisador atribui a eles significados a partir de seus conhecimentos, intenções e teorias. A emergência e comunicação desses novos sentidos e significados são o objetivo da análise. (GALIAZZI; MORAES, 2021)

Dessa maneira, partirmos da premissa da utilização da Teoria do Capital Humano (TCH) na educação pública no Brasil, e no caso desta pesquisa em questão, nas escolas profissionalizantes do Estado do Ceará, mais precisamente, na escola EEEP3 Comendador Miguel Gurgel, no bairro da Messejana, tendo como base de análise a disciplina Mundo do Trabalho e seu material didático homônimo, Introdução ao Mundo do Trabalho (Instituto Unibanco, 2014). A TCH foi desenvolvida pelo economista Theodore William Schultz (1902 – 1998) na Universidade de Chicago durante os anos 1950. De acordo com Abreu (2021), a teoria é fundamentada em torno de sua principal tese, que afirma que:

o fator humano é preponderante na otimização dos processos produtivos, sendo a qualificação da mão de obra, por meio da educação, capaz de proporcionar um ambiente favorável ao alcance de estágios mais elevados de desenvolvimento humano ( Abreu, 2021, p. 61)

Seu conceito base se constroi inicialmente como uma justificativa da ideia de que se deveria criar “estoques de mão de obra qualificada, através de investimentos em educação, para suprir as necessidades de uma economia capitalista que se expandia ano após ano” (ABREU, 2021, p. 65). Ainda segundo Abreu (2021), posteriormente, os princípios da TCH foram se adaptando a uma necessidade de estimular os sujeitos desde a fase inicial escolar para a criação de um ethos que adquira os conhecimentos tidos como necessários para estarem aptos à concorrência e disputa de vagas disponibilizadas no mercado. Da mesma forma, também gerar seu próprio emprego e renda através de um estímulo de comportamentos individuais. Segundo Foucault (2008):

No neoliberalismo – e ele não esconde, ele proclama isso-, também, vale-se encontrar uma teoria do homo oeconomicus, mas o homo oeconomicus, aqui, não é em absoluto um parceiro da troca. O homo oeconomicus é um empresário, e um empresário de si mesmo. Essa coisa é tão verdadeira que, praticamente, o objeto de todas as análises que fazem os neoliberais será substituir, a cada instante, o homo oeconomicus parceiro da troca por um homo oeconomicus empresário de si mesmo […] (FOUCAULT, 2008)

A TCH foi utilizada dentro do campo educacional vinculando-se a uma tendência tecnicista da educação, buscando relacionar e solucionar questões acerca de uma melhoria da produtividade através da apreensão de conhecimentos tecnológicos e científicos. Arrais Neto (2006) já denunciava a tentativa de utilização dos processos educativos escolares como mecanismo político-ideológico-social de alavancagem dos processos do que ele denominava “Modernização Conservadora” através da educação. Segundo Abreu (2021, p. 61) essa tendência foi capitaneada desde investimentos do poder público, interesses do setor privado e por interesses do próprio indivíduo através de capacitações, treinamentos, escolarização e afins. Inclusive, é importante termos em mente que o que lemos enquanto “interesse do próprio indivíduo” pode fazer parte de uma apreensão de significados e símbolos que constroem o que venho chamando de ethos neoliberal, ou o sujeito neoliberal empreendedor de si mesmo. Abreu (2021) irá trazer que nas últimas duas décadas e principalmente no período após a crise de 2008, “a Teoria do Capital Humano vem se vinculando a um saber-empreendedor, a uma cultura empreendedora que de várias formas está impactando as constituições dos sujeitos nas mais variadas esferas” (2021, p. 66), sendo que no ambiente escolar, essa cria um sujeito-professor e um sujeito-aluno, que “são submetidos a processos de subjetivação que defendem o desenvolvimento de competências e habilidades valorizadas pelo mercado de trabalho” (2021, p. 66).

Introdução ao Mundo do Trabalho: Revelando um discurso

O entendimento de que as políticas públicas são influenciadas pelo sistema de mercado, como foi já exposto, possibilita compreendermos os interesses que esse sistema possui sobre a educação. Essas políticas públicas já permeadas da ideologia liberal, ensejam a criação de determinadas leis e diretrizes para a educação que são elaboradas com a finalidade primordial de adequar as instituições de ensino com a realidade que a cerca. Sendo assim, as escolas se transformam em âmbitos de grande relevo para a implantação de direcionamentos de formação humana compatível aos parâmetros neoliberais que visam direcionar os rumos dessa formação para se ajustar ao mundo instituído por esse sistema, pois é dela que o capital se servirá após completarem seus estudos. É a partir disso que devemos compreender os objetivos na concepção e confecção de materiais didáticos utilizados pelas escolas, principalmente as escolas profissionais que comungam mais próximo com a realidade empregatícia.

O material didático que se irá analisar subsidia a disciplina de Mundo do Trabalho da escola profissional Miguel Gurgel que tem o mesmo livro nome da disciplina, produzido pelo Instituto Unibanco, criado pelo Banco Itaú e que segundo seu site oficial, “atua para a melhoria da educação pública no Brasil por meio da gestão educacional para o avanço contínuo” (Instituto Unibanco, 2024). O mesmo diz apoiar e desenvolver

soluções de gestão para aumentar a eficiência do ensino nas escolas públicas. Além de resultados sustentáveis de aprendizagem, […], com base em quatro valores fundamentais: Valorizar a diversidade, acelerar transformações, conectar ideias e ser orientado em evidências. (Instituto Unibanco, 2024)

A atuação de setores privados na área educacional no Brasil tornou-se cada vez mais comum, principalmente após a introdução do neoliberalismo a partir dos anos 1990 (RAMOS, 2014), e tornado espaço privilegiado da disputa por hegemonia social e política (Arrais Neto, 2020). Estes setores privados e conservadores, em geral, propagam a hipótese que a educação tem um problema e que este está relacionado com a falta de uma gestão eficiente para solucionar essas dificuldades. Essas dificuldades de uma maneira geral estariam relacionadas com uma má preparação dos estudantes por essas instituições que não estariam formando adequadamente seus alunos para se adaptarem ao cenário, seja do mercado de trabalho ou da continuidade de seus estudos.

O que se propõe, dessa forma, é a intervenção de setores privatistas na elaboração de propostas de ensino que estejam em uma melhor sintonia com as exigências externas às instituições de ensino. Essa ideia transmite uma certa percepção de que as escolas perderam seu referencial com a realidade externa à seus muros e que alguém mais capacitado e em consonância com as atualidades do mundo, pode direcioná-la ao “caminho correto”.

É nesse contexto que os textos sob análise foram confeccionados. O livro é dividido em dois volumes: o primeiro está relacionado com um aprendizado sobre um autoconhecimento e uma melhor convivência com o outro, já o segundo segue uma linha de desenvolvimento de competências, marketing pessoal e gestão financeira. Percebe-se que um dos objetivos desses livros é a criação de um ambiente teórico o mais próximo possível daquele em que o jovem irá se defrontar ao se candidatar a um emprego e também permanecer nele.  

É na criação dessa ambientalização teórica que se desenvolvem os discursos neoliberais com a maior naturalidade possível, instaurando valores e aspirações mercadológicas de forma sutil na consciência do estudante, moldando sua mentalidade a tal ponto em que se constituam como sujeitos comprometidos com crescimento e/ou a manutenção do modelo econômico neoliberal. 

Em se tratando da estrutura organizacional desses livros, o primeiro volume é dividido em tópicos com os seguintes capítulos: 1º Aprendendo a ser; 2º Aprendendo a conviver; 3º Cidadania e ética; 4º Fazendo escolhas no mundo do trabalho. Podemos inicialmente perceber que os dois primeiros tópicos possuem a mesma temática do relatório Delors de 1996, que trata sobre a relação entre educação e emprego. Este relatório objetivava a criticar a forma como a política educacional vinha sendo exercida mundialmente, diante uma realidade de muitas reestruturações econômicas e de novas exigências para com o papel formador da educação. Apresentado na Unesco, trazia dados quantitativos sobre o desemprego, pobreza e desigualdades mundiais e sugere como alternativa prática de solução para esses problemas, uma educação que estivesse comprometida com a melhoria na qualificação dos futuros trabalhadores e alinhada às rápidas demandas criadas pelo desenvolvimento técnico-científico. O objetivo seria então o de propor um ajuste para a educação, como resposta ao grave quadro de dificuldades sociais existentes, principalmente o desemprego, tido como o maior dos problemas sociais.

A educação assim deveria estar comprometida com o desenvolvimento de competências alinhadas aos desafios do mundo atual. Segundo esse documento, a qualificação é fundamental  para o sucesso tanto pessoal quanto profissional. Para tanto, ressalta a importância de as instituições de ensino terem um foco estratégico relativo às necessidades geradas pelo mercado de trabalho. A formação preparatória do aluno deve ser direcionada para suprir essas demandas desse mercado. Como o relatório recomenda o papel da educação deve: 

Para fazer face ao problema do desemprego é preciso repensar a concepção atual de educação, eliminar os contextos que afetam a escolaridade das crianças e ultrapassar os limites da escolaridade obrigatória, para prever, na perspectiva da educação ao longo de toda a vida, vários períodos de aprendizagem. O conceito de sociedade educativa devia levar, também, à redução da diferença entre trabalho qualificado e não qualificado que é, no mundo atual, uma das fontes fundamentais de desigualdade. A passagem de tecnologias que exigem grande quantidade de mão-de-obra para tecnologias que economizam trabalho humano conduz, inevitavelmente, a uma valorização da qualidade do trabalho e, portanto, da educação, mas oferece também a todos a possibilidade de consagrar mais tempo à aprendizagem.” (DELORS, 1998). 

O terceiro capítulo refere-se a construção de valores éticos e a formação cidadã, esta é uma temática muito importante para os liberais, que se preocupam com a criação de um sujeito comprometido com os seus princípios. Para tanto, é necessário instituir ensinamentos que enalteçam um comportamento o mais resiliente possível, pois a realidade dos ambientes de trabalho demandam essa e outras características. Para o instituto Ayrton Senna, as competências socioemocionais seriam definidas como: 

características individuais que (a) se originam na interação recíproca entre predisposições biológicas e fatores ambientais; (b) se manifestam em padrões consistentes de pensamentos, sentimentos e comportamentos; (c) continuam a se desenvolver por meio de experiências formais e informais de aprendizagem; e (d) influenciam importantes resultados socioeconômicos ao longo da vida do indivíduo. (INSTITUTO AYRTON SENNA, 2021).

Esse conjunto de habilidades de controle das emoções torna-se uma importante ferramenta na aquisição de uma maior adaptabilidade do indivíduo ao ambiente de trabalho e também uma melhor convivência em sociedade. Esse conjunto de habilidades são fundamentais aos propósitos de se atingir uma maior eficiência das pessoas em suas formações escolares. Não é por acaso que a LDB e a BNCC trazem em seus bojos a obrigatoriedade desse ensino: “Os currículos do ensino médio deverão considerar a formação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho voltado para a construção de seu projeto de vida e para sua formação nos aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais”. (LDB, 2023) e “Para cumprir essas finalidades, a escola que acolhe as juventudes têm de garantir o prosseguimento dos estudos a todos aqueles que assim o desejarem, promovendo a educação integral dos estudantes no que concerne aos aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais”. (BNCC, 2019).

A partir dessa obrigatoriedade no seu ensino, as competências socioemocionais passam a se tornar um dos componentes mais importantes dos currículos das EEEP’s, principalmente se levarmos em consideração o tempo integral de permanência dos alunos na escola. Nessas quase dez horas em que estão nestes estabelecimentos são requeridos deles uma verdadeira prática das habilidades emocionais aprendidas em sala. Esse formato de escola com esse tipo de currículo ajuda a fortalecer o compromisso dos alunos com seu aprendizado, além de os colocarem como candidatos adequados a vagas de estágios, com grandes chances de serem contratados após o término do ensino médio, pois os mesmos já demonstram terem habilidades profissionais e pessoais. 

Conclusão

Até o momento, os homens sempre fizeram representações falsas de si mesmos, daquilo que eles são ou devem ser. Eles organizaram suas relações de acordo com suas representações de Deus, do homem normal e assim por diante. Os produtos de sua cabeça tornaram-se independentes. Eles, os criadores, curvaram-se diante de suas criaturas. Libertemo-los de suas quimeras, das ideias, dos dogmas, dos seres imaginários, sob o jugo dos quais eles definham. Rebelemo-nos contra esse império dos pensamentos. (MARX & ENGELS, A Idelogia Alemã)

Quisemos iniciar essa conclusão com essa epígrafe de Marx e Engels sobre ideologia, por considerarmos que resume, como ideia síntese, a fundamentação primeira do debate exposto em nosso texto. 

Tendo em mente que um material como Introdução ao Mundo do Trabalho (Instituto Unibanco, 2014) idealizado por um instituto criado por um banco privado e que segue cartilhas (como o Relatório Delors) de políticas públicas neoliberais, tem uma posição e uma ideologia marcada de como agir dentro de uma sociedade de mercado, e mais do que isso, busca ser uma contribuição à criação do sujeito neoliberal, um sujeito empreendedor de si mesmo, a personificação do homo oeconomicus final foucaultiano, o homo oeconomicus empresário. 

Objetivamos revelar o discurso repassado e instilado nos estudantes, através dos subsídios teóricos de seus estudos, como verdade absoluta. Se os ideólogos das políticas neoliberais não fazem questão de esconder que sujeito estes pretendem criar, é papel das ciências humanas revelar que esse sujeito é uma face recortada de uma visão de mundo e não o sujeito final, ou a verdade absoluta de um modo de vida a ser perseguido. O sujeito-empreendedor de si mesmo, o ethos neoliberal, são construções bem guiadas e que possuem um objetivo ideológico, que podemos encontrar em páginas de um livro didático utilizado em sala de aula no nordeste do Brasil. São ecos e reverberações de uma máquina que está em pleno vapor, visando a moldar concepções de mundo e os consequentes comportamentos sociais e políticos dela decorrentes. 

Nosso estudo aponta para a necessidade de aprofundarmos essas avaliações e análises, conectando não apenas os referenciais e subsídios teóricos das disciplinas da parte diversificada do currículo, mas investigando e analisando os modelos formativos dos próprios docentes. Esse processo, necessário para um redirecionamento geral de intenções e procedimentos pedagógicos efetivos, para o que avaliamos no presente artigo, terá que levar, como decorrência necessária, ao redirecionamento desses referenciais e subsídios formativos, tão mais deletérios quanto são implementados no espaço da escola pública estadual, voltada aos setores sociais subalternos dos trabalhadores (um pouco mais ou pouco menos) pobres do Estado do Ceará.

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1 Programa de pós-graduação em Mestrado Profissional (PROFEPT) pelo Instituto Federal do Ceará (IFCE). E-mail: rodrigo.lopes@prof.ce.gov.br – ORCID ID https://orcid.org/my-orcid?orcid=0000-0002-5919-4554 Coautor.
2 ORCID ID https://orcid.org/my-orcid?orcid=0000-0002-5919-4554 Coautor
3 Coautor