REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10965064
Adrielly Costa;
Ana Karolyne Rosendo;
Emily Siqueira;
Tainá Reis;
Orientadora: Karla Theonila.
1. RESUMO
Brasil e China são dois países inicialmente agrícolas e que hoje dominam o mercado de importação e exportação ao redor do mundo. Apresentam desenvolvimento e costumes totalmente diferentes, mas dependem um do outro para a sua sobrevivência em questões econômicas e para atender a demanda da população. Suas relações bilaterais começaram em 1978 e atualmente o país asiático é o principal importador de diversos produtos brasileiros. Neste artigo, busca-se entender o porque a China é o principal importador da carne e soja Brasileira e serão discutidos histórico econômico do Brasil, da China, relações bilaterais entre países, barreiras tarifárias e não tarifárias, regime de classes e política de segurança alimentar. A metodologia usada foi a pesquisa descritiva, realizada pesquisa em jornais, artigos e uma vasta coleta de dados. Por fim, o resultado do estudo explicou a cultura de cada país e porque são tão importantes um para o outro.
Palavras-chaves: Brasil, China, Importação, Carne, Soja.
2. INTRODUÇÃO
A economia da China, em 1912 , era voltada para agricultura, como cultivo de arroz, trigo, chá e algodão, sendo eles seus principais produtos. O comércio exterior era dominado pelas potências estrangeiras, a moeda local não tinha valor, a inflação era gigante e era conhecida como uma das economias mais fracas do globo. O Brasil da mesma forma, com uma economia agrícola e no ciclo do café e da borracha, sendo eles os principais produtos da época. Atualmente, os dois países apresentam um cenário totalmente diferente, em que a China é a segunda maior economia do mundo e o Brasil representa o vigésimo lugar na lista, ambos ocupando lugar no comércio exterior como uma das principais potências mundiais. Portanto é importante entender como chegaram lá, a relação entre estes países e o porquê da China ser o principal importador de carne e soja brasileira, mesmo ela sendo um dos maiores produtores do mundo.
A economia chinesa mudou drasticamente após Deng Xiaoping, passando de ser um país majoritariamente agrícola, para extremamente industrializado. Depois da abertura econômica, vários países se voltaram para a China pela mão de obra barata, devido aos baixos custos produtivos. Como resultado, desde 2010, ela
ocupa a segunda maior economia do mundo. Seu crescimento econômico é tanto que o seu baixo índice é, para o Brasil, uma referência de melhor conquista nacional, no mesmo indicador. O país ainda é agrícola, sendo o terceiro maior produtor de carne bovina e o quarto maior de soja, contudo ele não consegue atender a demanda do país devido a geografia, demografia e muitos centros urbanos, resultando em importar essas mercadorias, sendo extremamente rígidos com barreiras tarifárias e políticas de segurança.
A economia do Brasil passou por diversos ciclos ao longo de sua história, cada um marcado por desafios e avanços. Desde o período colonial, o país experimentou ciclos como o do pau-brasil, cana-de-açúcar, ouro e diamante, café, borracha, até chegar ao ciclo atual da soja e da carne. Contudo, foi no ciclo do café que os lucros financiaram centros urbanos, bancos, ferrovias, portos e até mesmo pequenas indústrias. O país passou por várias fases e moedas até finalmente chegar no Real, entrar na lista das maiores economias do mundo e grande exportador agrícola, com grandes investidores estrangeiros e beneficiado geograficamente.
A relação bilateral com a China se consolidou realmente no ano de 1978, completando em 2023, 50 anos dessa parceria. Atualmente o Brasil exporta mais de US$90 BI por ano, em soja, minério de ferro, petróleo e carne bovina, sendo o maior exportador de produtos agropecuários. Em 2023, 73% da soja, 58% da carne bovina e 72% do petróleo exportado brasileiro foram para a China, tornando o país o principal parceiro comercial.
Dessa forma, o artigo justifica-se pela necessidade de serem abordados pontos importantes de muita relevância para economia brasileira e geopolítica mundial e, ao longo do trabalho, será mostrada a relevância do tópico escolhido. Por fim, o objetivo é analisar o complexo da soja e carne brasileira e entender o porquê da China ser seu principal importador.
A metodologia usada é a pesquisa quantitativa baseada em critérios de artigos e jornais sobre temas relacionados ao que está sendo analisado neste artigo.
3. HISTÓRICO ECONÔMICO BRASILEIRO
A economia do Brasil passou por vários ciclos, fases e moedas, como o milagre econômico, cruzeiro, cruzado, plano real, a década perdida, entre outros, para então se tornar o que é hoje. Deixou de ser um país colonial, para desde o ano de 1960, ocupar o ranking das maiores economias do mundo. Entre avanços e fracassos, atualmente ela se encontra na nona economia mundial, com a taxa Selic de 10,75% ao ano, taxa de desemprego no primeiro trimestre de 2024 em 7,6% e previsão de crescimento de 2% e com uma média de 2,8% nos últimos 5 anos e bolsa de valores ocupando a vigésima maior do mundo. (IPEA, 2024).
A primeira fase histórica da economia do país é chamada de ciclo do pau-brasil (1500-1532), em que os indígenas trocavam matérias pela madeira da árvore, e que os portugueses as vendiam. Em 1532 as primeiras plantações de cana surgiram, dando início a outro ciclo, o da cana de açúcar, que durou de 1531 a 1750. A exploração era forte nos interiores e acabou dando início a outra fase, a do ouro e diamante (1700-1810). Contudo, a mineração não durou muito tempo, mas gerou muito lucro e foi crucial para o começo da industrialização brasileira. Porém, foi o do café (1750-1930) que mais prosperou e urbanizou a nação, seus lucros financiaram centros urbanos, bancos, ferrovias, portos e até mesmo pequenas indústrias. A primeira fase se inicia como colônia e acaba com o país sendo uma república, com profissionais assalariados e empresas liberais e a partir de 1960 entrou no ciclo da soja e da carne e que dura até os dias atuais. ( Gentilezza, 2018)
Como se pode ver, a economia do Brasil passou por diferentes ciclos econômicos ao longo de sua história, incluindo períodos de desenvolvimento e outros mais desafiadores. Um dos mais marcantes aconteceu entre os anos de 1956 e 1960, quando ocorreu o plano de metas, com o objetivo de desenvolver um rápido crescimento econômico e modernização do país em 5 anos, equivalente a uma meta de crescimento que levaria 50 anos. Estimulou-se fortemente a indústria e diversos setores, como energia e aço, e se atingiu 80% do crescimento econômico. No entanto, gerou uma das maiores dívidas do país. Logo após ocorreu a ditadura militar (1964 a 1985), a economia brasileira passou por diferentes períodos enquanto regime militar, com vários presidentes e diferentes projetos econômicos. Durante os primeiros anos a economia cresceu em um período conhecido como o milagre econômico, que chegou ao seu ápice em 1969-1974, quando ocorreu a redução da inflação de 91% em 1964, para 24% em 1967. (Descomplicada, 2023)
Foi criada uma nova moeda, o novo cruzeiro, que surgiu na intenção de diminuir a inflação e reduzir o déficit no setor público, além do lançamento do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), o SUDAM (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), o Banco Central do Brasil e mais de 274 estatais, como a Telebrás, resultando em crescimento do PIB em 11%, com taxas relativamente baixas de inflação, além da ampliação de multinacionais e investimento em grandes obras públicas como a ponte Rio-Niterói e a Rodovia Transamazônica.(Descomplicada, 2023)
A crise de petróleo (1973) foi uma das causas da redução do crescimento, tornando o país incapaz de arcar com as dívidas externas, que eram altíssimas, o que levou a um quadro próximo ao colapso, resultando da conhecida “década perdida”, nos anos de 1980. Em 1974, criou-se o II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento), que procurava estimular a produção de insumos básicos, como petróleo, aço e alumínio. Buscava- se uma alternativa para o setor energético no contexto adverso a crise do petróleo, surgindo a construção de hidroelétricas e a criação do projeto Proálcool. (Bernoulli, 2019)
Em 1985 houve o início do plano cruzado, com o objetivo de combater a inflação sem gerar recessão econômica, também estabeleceu o congelamento de salários e a criação do gatilho salarial, uma elevação automática do salário quando ele atingisse 20%. Porém o preço tabelado não correspondia à realidade econômica e começou a faltar mercadoria nos principais pontos de venda, fazendo com que os consumidores fossem obrigados a pagar uma taxa além do valor tabelado, dando fim ao plano. Quando o presidente Collor foi eleito, criou-se o Plano Collor, que teve medidas como congelamento de preços e controle dos gastos públicos, porém, sem sucesso, então ocorreu a criação do plano Collor II, com novos congelamentos de preços e novas medidas, que também fracassaram. Em 1991, o Brasil anuncia a criação do Mercosul (Mercado Comum do Sul) com a aproximação Brasil-Argentina, e logo depois entrou o Paraguai e Uruguai.
Em 1994 criou-se o plano Real com o objetivo de estabilizar e economia, adotando o Real invés da moeda cruzeiro real e teve uma política mais rigorosa, com controle de emissão da moeda, manutenção de uma taxa de câmbio em relação ao dólar e a abertura da economia brasileira ao comércio internacional e foi um plano bem sucedido e é amplamente conhecido por estabilizar a economia brasileira.
Atualmente a economia Brasileira é uma das maiores do mundo com diversidade industrial e principalmente agrícola e pecuária, que geralmente representa em média 26% do PIB do país e em 2023 teve uma alta do PIB de 2,9%, Contudo em 2024, segundo o Ministério da Fazenda estima-se um crescimento menor de 2024, o maior motivo é a quebra da safra das principais commodities, que são responsáveis por 15% do PIB do agronegócios. A baixa taxa de investimento em relação ao PIB é preocupante, pois em 2023 ficou abaixo do que se viu em 2022.
Uma das medidas para melhorar a situação em 2024 é a antecipação de precatórios que vai injetar 30 Milhões de reais na economia e segundo a análise de Thais Herédia (2023), analista de economia, alega-se que a composição do PIB irá mudar, deixando o agronegócios e focar em outros lados como serviços. O economista Rodrigo Simões também reporta que em 2023, o PIB cresceu mais que o esperado devido a super-safra e que em 2024 não só o brasil mas vários países estão em desaceleração, e provavelmente terá reflexo na safra de 2024, puxando o desempenho da economia para baixo e que o setor que irá impulsionar serão outros, como serviços e comércio varejista. ( CNN, 2023)
4. HISTÓRICO ECONÔMICO DA CHINA
A economia chinesa dos anos de 1912-1945 era voltada para produção agrícola, como cultivo de arroz, trigo, chá e algodão, sendo eles os principais produtos; o comércio exterior era dominado pelas potências estrangeiras, a moeda não tinha valor, a inflação era gigante; e a industrialização estava no seu estágio inicial. Possuindo o décimo pior PIB per capita do mundo e o país na segunda guerra mundial e logo após uma guerra civil. ( Mota, 2022)
Em 1949 Mao Zedong assume o poder pelo partido comunista, vencendo a guerra civil e pondo fim na república chinesa e dando início a uma série de mudanças. Em 1958 ele lançou o projeto “grande salto adiante” com o intuito de provocar uma grande e forte reforma agrária, tentando acelerar ao máximo a industrialização do país, e revolução cultural. Mas como a produção insuficiente de produtos agrícolas, devido ao forçamento da industrialização, morreram entre 10 a 40 milhões de pessoas com fome.
Em 1976 Mao morre e o novo líder Deng Xiaoping começou a reformular a economia, os camponeses poderiam explorar suas próprias terras e as portas se abriram para investimento estrangeiro e em 1979 a China restabeleceu laços com os Estados Unidos, dando início à economia capitalista no país sem abrir mão do comunismo na política.
Vários países começaram a se voltar para a China devido a mão de obra barata e baixos custos produtivos, fazendo um grande êxodo rural e grande urbanização. Fazendo o país crescer rapidamente nos anos 90, reduzindo barreiras e tarifas comerciais; e os produtos explodiram em todo o mundo. (Mota, 2022).
A influência externa se expandiu rapidamente no mundo todo e desde de 2010, se tornou a segunda maior economia do mundo, e desde então, se especula que logo se tornaria a primeira. Seu crescimento foi tanto que grande parte da contribuição à evolução econômica mundial veio da China, criando uma relativa estabilidade de preços por ter se tornado um dos principais parceiros comerciais de diversos países, levando a inflação perto de zero até a pandemia. De 1994 a 2022 apresentou grande crescimento econômico, na média de 8,7% a.a, tendo pior crescimento, num período de 28 anos, no ano de pandemia (2020), com crescimento de 2,2%, com um declínio significativo. Contudo a China conseguiu se recuperar relativamente rápido devido ao estímulo econômico do governo e suas exportações.(Perini, 2023).
Pós covid-19, esperava-se que o cenário econômico se recuperasse, e o dos Estados Unidos desacelerasse, e a China, seria, portanto, a maior economia mundial. Contudo, não é isso que está acontecendo, os Estados Unidos estão com um grande boom na economia, enquanto na China analistas mostram crescimento abaixo do esperado e estão prevendo números baixos com crescimento de apenas 5%, o que ainda seria muito para o Brasil, pois em ano de crescimento, a taxa brasileira é 2%, segundo jornalista Bruno Perini (2023).
Vários motivos estão ligados a essa desaceleração, entre eles, o setor imobiliário que representa 30% da economia da Chinesa e se encontra no patamar mais baixo desde 2008.
Grande parte do crescimento chinês veio devido à migração do campo para a cidade, e o movimento ainda está acontecendo, mas não tanto quanto antes, por isso não se espera maior investimento na infraestrutura.
Outro fator para a queda na economia é o menor número de importações, em julho de 2023 teve uma queda de 14%, esse é o pior número desde a pandemia. Devido
a diversos fatores, como: a recuperação de economias ao redor do mundo. Os países estão subindo juros para recuperar a inflação, fazendo a taxa subir e ocorrendo retirada de liquidez, resultando em menos crédito para a população e a economia dos países crescerem menos, resultando em menos capital para importar produtos da China. Os EUA tiveram uma queda de 23%, Europa de 39% nas importações vindas do país. Outro fator seria devido aos impostos impostos pelos Estados Unidos, não só isso como também o fator geopolítico, em que os países estão investindo cada vez mais em trazer a produção de produtos para o próprio continente ou para lugares mais perto e baratos; um local muito beneficiado nesse movimento é o México, e o Brasil tem grande potencial por conta da proximidade dos Estados Unidos e por ser um lugar com mão de obra barata.
Especialistas também analisam que a forma em que o partido comunista está lidando com a crise não está estimulando a economia. Mostrando uma ausência de pressa para agir, com medo de uma inflação maior ou uma má alocação de recursos. Outro motivo seria a tendência demográfica do país, em que teria o envelhecimento da população cada vez mais rápido e menos jovens, devido a política de filho único que durou 35 anos (1980-2015), resultando em menos jovens no mercado de trabalho e alta taxa de desempregos para jovens na idade de 16-23, o que corresponde a 21% da população. Resultando em uma diminuição de investidores no mercado, Devido as empresas de grandes capitalizações chinesa apresentando resultados negativos, como é o caso da MACHI (IShares MSCI China) com resultados de menos 9,16% e O Ishare China Large – cap, com resultado de menos 7%(Perini, 2023).
5. HISTÓRICO DAS RELAÇÕES BILATERAIS BRASIL-CHINA
As relações Brasil-China se consolidaram de fato apenas nos anos de 1978, quando se assinou o primeiro acordo comercial entre ambos e as importações passaram de US$19,4 milhões em 1974 para US$202 milhões em 1979. Produtos como algodão, farelo, açúcar e soja figuraram entre os mais exportados para a China naquele momento (50% do total), enquanto, sobretudo, elementos químicos e farmacêuticos (67% do total) foram os produtos chineses mais importados pelo Brasil. A partir de 1978, o petróleo passou a representar mais de 95%. (Becard, 2011)
Na década de 80, existia uma grande possibilidades de ganhos nas áreas científicas e tecnológicas, levando a assinatura de mais de 20 atos bilaterais ao longo da década, contudo, diversos fatores como infraestrutura, transporte caros e ajustes da reforma econômica foram grandes empecilhos para a aliança sino-brasileira. Porém, mesmo com dificuldade, entre os anos de 1984 a 2008, houve um aumento médio de 17% a.a.
No início da década de 90 e com o fim da guerra fria, poucos avanços significativos foram feitos, devido à parceria chinesa com outros países. Apenas em 1999 que voltou-se a ter avanços, e dos anos de 1999 até 2003, a China foi responsável por 15,4% do destino total das exportações brasileiras. Diversos fatores contribuíram para esses avanços, como a taxa de câmbio “flexível suja”(câmbio com intervenção do governo ou banco central) pelo Brasil e em 2001, a China ingressou como país membro da Organização Mundial do Comércio (OMC), diminuindo as taxas tarifárias. (Mortatti, 2011)
Devido a grande e acelerada modernização da China, as importações mudaram rapidamente e os dez principais produtos exportados pelo Brasil para a China representaram 83,49% de todos os bens que o Brasil exportou para esse país em 2007, sendo eles principalmente soja e carne. Em 2009, a China tornou-se o principal parceiro comercial do Brasil e formou oficialmente o grupo BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) e que em 2010 com a entrada da África do Sul se transformou em BRICS, amarrando ainda mais a parceria entre Brasil e China.
As exportações brasileiras para a China mantiveram-se, porém, ainda modestas quando comparadas com as de outros parceiros comerciais chineses. Em 2011, enquanto as exportações atingiram US$30 bilhões, as importações elevaram-se a US$26 bilhões (AMARAL, 2011).
Em 2023, as relações bilaterais completaram 50 anos, e atualmente o Brasil importa por ano mais de US$60 bilhões, e elas são essenciais para o comércio brasileiro, pois muitos produtos, máquinas e tecnologias têm origem chinesa. O Brasil exporta para a China mais de 90 BI por ano, em soja, minério de ferro, petróleo e carne bovina. Sendo o maior exportador de produtos agropecuários para o país asiático, a dependência do país é gigante para a economia Brasileira. Em 2023, 73% da soja exportada vai para a China, 58% da carne bovina e 72% do petróleo exportados vão todos para o país e continua sendo o principal importador dos produtos brasileiros. (Cultura, 2023)
6. BARREIRAS TARIFÁRIAS E NÃO-TARIFÁRIAS
Em 1998, havia 69 picos tarifários na China, contudo a entrada na OMC em 2001 fez com que o país se comprometesse a implementar reformas para reduzir as barreiras ao comércio e a facilitar acesso a seu mercado. Tendo consequências como revogar e alterar várias leis e regulamentos, estabelecendo cronogramas de redução e eliminação de medidas protecionistas. Um grande exemplo foi a redução da tarifa média aplicada (AHS) incidente sobre a soja mesmo triturada (HS 12.01.00) de 140% para 2,4% (WITS/TRAINS, 2008).
Atualmente ocorreu a extinção da tarifa antidumping na importação de carne de frango do Brasil pela China, formalizada este mês, beneficia as cooperativas que vinham pagando entre 17,8% e 34,2% de imposto, e pode, inclusive, representar um aumento nas exportações do setor para o mercado chinês, que já esperava-se o aumento de vendas maior que no ano de 2023, em que se comprou 75% (75,6 milhões de toneladas) das pouco mais de 101 milhões de toneladas de soja exportadas pelo Brasil, segundo dados da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). Um ano antes, o país havia comprado 69%.
Além delas, existem as barreiras não-tarifárias, sendo um conjunto de normas de importações impostas pela China, como quotas, licenças para importar, políticas de substituição de importações, além de certificações restritivas e padrões de quarentena. De acordo com a Embaixada da República Popular da China no Brasil em setembro de 2007 a China notificou à OMC a adoção de 63 barreiras técnicas comerciais (BTC) para proteger a saúde pública e o meio ambiente no país. Apesar da China ser o maior produtor de soja do mundo e um dos maiores produtores de carne, ela ainda depende fortemente do Brasil para conseguir suprir sua demanda, se tornando o maior parceiro comercial do País. Existem vários motivos ligados à insuficiência da demanda, como: limitação de terras e recursos hídricos disponíveis para a agricultura, práticas menos avançadas para a agropecuária em comparação a outros países e políticas agrícolas. Se tornando uma grande barreira para o governo, que visa depender cada vez menos de importações de outros países.
7. REGIME DE CLASSES E A POLÍTICA DE SEGURANÇA ALIMENTAR
“A China sempre foi um país agrícola, mas a comida é e sempre será um traço hereditário da sua cultura” (Escher, 2019). Como relata a frase acima, comida sempre será um traço hereditário do País. Mas apesar das especificidades nacionais, variações regionais e diferenças com o Ocidente, a sua experiência de desenvolvimento econômico e alimentar vem sendo acompanhada por um processo secular chamado de “transição nutricional”, o qual impulsiona transformações nos hábitos alimentares e dietas de classe da população.( Escher, 2019)
Com a urbanização, os velhos costumes foram deixados para trás e os novos hábitos surgiram, desempenhando importantes funções relevantes nas práticas de distinção e marcador social na definição de identidades de classe dos consumidores. Desde meados dos anos 1980 o consumo per capita de carne na China quadruplicou, chegando a 61 kg de carne por pessoa em 2010. Embora seja uma média baixa quando comparada a dos Estados Unidos (120 kg), ela é bastante razoável em comparação com a média do Brasil (73kg) e está bem acima da média mundial (42 kg), considerando que a China produz e consome mais de 50% da carne de porco do mundo, o que representa 39 kg per capita, com estimativas de chegar a 50 kg em 2025 (Schneider, 2014).
O aumento da demanda induziu transformações na produção pecuária, reestruturações na indústria da carne e crescentes importações de soja como matéria-prima da fabricação de rações na China. Além da carne, em 2014 as importações de soja da China contabilizam 64% do comércio global e 85% do seu consumo interno, sendo que três países respondem por 97% das exportações de soja para a China (Brasil com 45%). Do total da soja importada, são divididos em 85% para farelo (produto principal) e óleo, os 15% restantes para outros derivados (usos industriais) (Oliveira & Schneider, 2016) e apesar da China ser o terceiro maior produtor de carne bovina do mundo (em 2021 produziu cerca de 7,5 milhões de toneladas) ficando atrás dos Estados Unidos e Brasil, ela não consegue suprir a necessidade da população.
Os efeitos destas mudanças nos hábitos de consumo e nas cadeias de valor agropecuárias aparecem refletidos na política alimentar chinesa. A principal tem a ver com a redução da fome. Ainda que siga num nível moderadamente alto, o
percentual de pessoas com subnutrição crônica na China passou de 23,9% no biênio de 1990-1992 para 16,1% em 2000-2002 e para 10,6% em 2012-2014 para 2,5% em 2018-2020. Este considerado declínio ocorreu devido a mudança alimentar e ações do governo para combater a pobreza e resultou por 2/3 da diminuição da subnutrição asiática. (Escher, 2019)
Apesar de ser de extrema necessidade suas importações para o País, ele possui uma série de políticas em relação a segurança alimentar, como: Registro de importadores, em que todas as empresas que desejar importar para o país deve obter licença; além de políticas como Requisitos de rotulagem, controle de qualidade e inspeção, certificado de origem e certificados sanitários, regulamentações específicas para produtos específicos e os importadores devem ser capazes de rastrear a origem dos alimentos importados (Rastreamento). Caso não venham conforme as normas, as vendas serão suspensas; como é o caso da “vaca louca” que gerou um prejuízo de bilhões de dólares devido a presença de ractopamina na carne. Esse aditivo é proibido no país e em vários outros países e resultando em uma parada da importação do Brasil por meses. ( Economia, 2023)
A China quer aumentar a segurança alimentar, diversificando seus canais de importação e suas estratégias de aquisição. Entre as estratégias, quatro delas (investimento no setor agrícola, Promoção do comércio com países vizinhos, adoção de medidas que resultem na diminuição de riscos e suporte à agricultura familiar) prometem mudar a rota das importações chinesas e devem servir de alerta para o mercado brasileiro de commodities. E apesar de ser um grande importador dos produtos brasileiros, o país asiático é grande produtor de carne e grãos, e suas políticas também se aplicam internamente; como o surto da peste suína asiática, que começou em 2018 e gerou um declínio significativo no ramo, que até atualmente passa por uma vista rigorosa de qualidade. ( Rural, 2019)
8. CONCLUSÃO
Como se pode analisar, existem várias questões que implicam a China não conseguir suprir a demanda da população, como: limitação de terras e recursos hídricos disponíveis para a agricultura e práticas menos avançadas para a agropecuária em comparação a outros países.
Além da grande relação bilateral que há entre os países fora do âmbito econômico e como se mostra, de décadas e que é extremamente válido que o Brasil é o maior fornecedor de carne e soja para vários países do mundo e tem muito a oferecer à China, sendo ambas, fundamentais para o crescimento dos mesmos.
Este Artigo mostra também como o regime de classes e políticas de segurança alimentar interferem na importação da carne e da soja brasileira. Em que os costumes alimentares pós urbanização mudaram completamente e fez com que a China importasse os produtos brasileiros e girando US$30 bilhões na economia. Além da exigência do padrão de qualidade que é feita, tirando as taxas alfandegárias, para a confirmação do produto ser de qualidade. Sendo clara a importância das relações bilaterais entre países para ambas as nações.
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