VIABILIDADE SOCIOECONÔMICA PARA IMPLANTAÇÃO DE UMA ROTA TURÍSTICA NA VILA BIRIBIRI/MG

SOCIOECONOMIC FEASIBILITY FOR THE IMPLEMETATION OF A TOURIST ROUTE IN VILA BIRIBIRI/MG

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202409111435


Juliana Diniz Ribeiro1
Vanessa Helena Pires Diniz2


Resumo: A Vila Biribiri/MG, localizada em Diamantina, Minas Gerais, surgiu no século XIX como uma iniciativa do bispo D. João Antônio dos Santos para proporcionar trabalho às moças órfãs. A fábrica de tecidos lá estabelecida marcou a história da indústria têxtil em Minas Gerais. Este estudo propõe analisar a viabilidade socioeconômica da criação de uma rota de visitação na Vila. Os objetivos incluem avaliar a receptividade dos membros da comunidade à ideia, identificar os atrativos naturais e culturais locais, elaborar estratégias socioeconômicas para o desenvolvimento sustentável do turismo na região e verificar a viabilidade econômica e financeira da implantação da rota. O trabalho se justifica pela necessidade de melhorar a experiência turística na Vila e baseia-se em temas como roteirização turística, desenvolvimento sustentável do turismo e avaliação de potencial turístico. Foram utilizadas as metodologias de Payback Descontado, Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR) como análise econômica. Para a análise social, foi utilizada uma pesquisa de opinião através de um questionário juntamente com a observação participante. Conclui-se que é viável socioeconomicamente a implementação de uma rota turística no local e são feitas algumas recomendações para o melhor desenvolvimento da proposta.

Palavras-chave: Vila Biribiri (Diamantina, MG); turismo; rota de visitantes; desenvolvimento sustentável; viabilidade socioeconômica.

Resumen/Abstract: Vila Biribiri/MG is a village located in Diamantina, Minas Gerais, Brazil, established in the 19th century by Bishop D. João Antônio dos Santos to provide employment opportunities for orphaned girls. The textile factory built there played a significant role in the state’s textile industry history. This study aims to analyze the socio-economic viability of establishing a visitor route in the village. Objectives include assessing the community’s reception to the idea, identifying local natural and cultural attractions, developing socio-economic strategies for sustainable tourism development, and assessing the financial feasibility of implementing the route. The work is justified by the need to enhance the tourist experience in the village and is grounded in themes such as tourist route planning, sustainable tourism development, and tourism potential assessment. The methodologies of Discounted Payback, Net Present Value (NPV), and Internal Rate of Return (IRR) were used for economic analysis. For social analysis, an opinion survey was conducted through a questionnaire along with participant observation. It is concluded that the implementation of a tourist route in the location is socioeconomically viable, and some recommendations are made for the better development of the proposal.

Palabras-clave/Key words: Vila Biribiri (Diamantina, MG); tourism; visitor route; sustainable development; socioeconomic viability.

Introdução

A Vila Biribiri/MG, localizada no município de Diamantina, Minas Gerais, a 15 km do centro urbano, surgiu no século XIX por iniciativa do bispo D. João Antônio dos Santos. Seu objetivo era proporcionar trabalho para as moças oriundas do orfanato do Colégio Nossa Senhora das Dores, estabelecendo uma fábrica de tecidos. Esta fábrica, uma das primeiras comunidades fabris de Minas Gerais, era movida por turbinas hidrelétricas alimentadas pelo Rio Biribiri, destacando-se na história da indústria têxtil mineira (Maurício, 2015).

Fundada em 6 de janeiro de 1876, com apoio da empresa Santos e Cia, que importou maquinaria têxtil de Massachusetts, Estados Unidos, a fábrica abrigava 36 mulheres, 9 homens e 18 crianças. Em 1921, foi adquirida pela Irmãos Duarte S/A e, em 1954, por Alexandre Mascarenhas, que modernizou as instalações com uma micro usina hidrelétrica. No auge, empregava 1.200 operários, consolidando-se como um dos maiores polos têxteis de Minas Gerais. Em 1973, as atividades industriais foram encerradas, e a Vila foi posta à venda (Amormino; Neves, 2007).

A Igreja do Sagrado Coração de Jesus, financiada pelas operárias da fábrica, possui um sino fundido na própria fábrica em 1888 e uma torre com um relógio doado pela família real portuguesa. A arquitetura da igreja, em estilo Rococó, destaca-se por suas cores claras e temas religiosos leves (Amormino; Neves, 2007).

A arquitetura das casas da Vila Biribiri/MG é tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA), que preserva o acervo cultural do Estado através de proteção, fiscalização, conservação, restauração e promoção de estudos. Em 1998, o tombamento da Vila foi aprovado, registrando-a nos Livros de Tombo nº II, do tombo de Belas Artes e no Livro de Tombo nº III, do tombo Histórico, das obras de Arte Históricas e dos Documentos Paleográficos ou Bibliográficos (Maurício, 2015).

A Vila Biribiri/MG está localizada no entorno do PEBI. O local é composto por um diversificado conjunto arquitetônico, como as casas e os refeitórios que eram ocupados por funcionários e moradores que trabalham na época nos serviços da fábrica – uma das mais importantes e pioneiras relacionadas ao serviço de têxtil, lapidação e fundição de metais do estado. A maior parte das propriedades foi vendida pelos proprietários, já que com o fechamento da fábrica, não havia mais motivos para manterem as residências. Atualmente, na Vila, há áreas de lazer, refeição e descanso para os moradores e turistas da região (Souza; Milanez, 2019).

A propriedade particular das edificações permitiu que ocorresse a venda das casas em 2013, resultando em um Plano de Diretrizes de Preservação do conjunto arquitetônico e paisagístico de Biribiri, informando novos ocupantes sobre políticas de preservação. A Vila faz divisa com o Parque Estadual do Biribiri (PEBI), localizado na Serra do Espinhaço, reconhecida como Reserva da Biosfera pela UNESCO em 2005, despertando interesse turístico (Maurício, 2015).

O PEBI, uma Unidade de Conservação criada em 1998, abriga fauna e flora diversificadas, incluindo espécies ameaçadas de extinção como lobo-guará e suçuarana. O parque também destaca-se pela fitofisionomia dos campos rupestres, com solo predominantemente de arenito e quartzito (Instituto Estadual de Florestas, 2021).

O Governo do Estado de Minas Gerais, junto com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), criou em outubro de 2003 o Instituto Estrada Real, visa valorizar a história e o potencial turístico de Minas Gerais, promovendo negócios e turismo na área da Estrada Real, uma rota histórica e turística de 1.400 km que conecta Paraty a Ouro Preto e Diamantina (Instituto Estadual de Florestas, 2021).

O turismo é visto como um importante elo de aproximação entre comunidades, gestão e visitantes, incentivando a prática do turismo em contato com a natureza. As comunidades tradicionais podem integrar sistemas de proteção ambiental, desenvolvendo serviços e produtos comunitários que conciliam preservação da natureza com desenvolvimento econômico e social (Pereira; Diegues, 2010).

No Brasil, especialmente em Minas Gerais, muitas comunidades vivem dentro ou no entorno de Unidades de Conservação (UC). A participação comunitária é essencial no planejamento e desenvolvimento de ações nas UCs, promovendo o turismo sustentável que prioriza a interação com a natureza e respeito aos ambientes naturais (Oliveira, 2010).

O turismo na região em questão vem se despontando como alternativa de sustentabilidade e como modelo de turismo que prioriza a interação com a natureza e o respeito aos ambientes naturais e sua biodiversidade. O modo de produção capitalista vem obrigando a humanidade a buscar soluções de amenidades. A vida nesses espaços se mostra biodiversa e brincar com e na natureza é estar em conexão com a vida (Mamede; Benites, 2018).

Este estudo investiga a viabilidade social e econômica da implantação de uma rota de visitantes na Vila Biribiri/MG, analisando as circunstâncias sociais, econômicas e técnicas para sua criação e implementação. Acredita-se que a rota de visitantes pode integrar aspectos naturais, histórico-culturais e patrimoniais da Vila, favorecendo a valorização de estruturas como a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, a Fábrica Têxtil, o Salão de Festas e a Escola Municipal Dr. Alexandre Mascarenhas.

O planejamento e estruturação de rotas turísticas consistem em selecionar locais específicos de interesse, oferecendo formas imersivas de conhecimento sobre as tradições históricas e patrimoniais. Este estudo visa analisar a viabilidade dessa implementação, com o intuito de promover o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade turística na região (Brasil, 2007).

Metodologia 

Os procedimentos metodológicos de um trabalho científico engloba todos os caminhos a serem percorridos na realização de uma pesquisa (Gil, 2002). Nesta seção, são definidas as características do estudo e descritas as técnicas e instrumentos de coleta de dados, bem como os procedimentos para a elaboração do estudo, a fim de atingir os objetivos estabelecidos.

Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa exploratória descritiva de caráter qualitativo e quantitativo, métodos complementares que visam analisar dados e opiniões através de uma sequência lógica de atividades, incluindo redução de dados, categorização, interpretação e redação do relatório (Gil, 2002, p.133). Inicialmente, foi realizado um levantamento bibliográfico baseado em Gil (2002) e Lakatos e Marconi (2003) para selecionar os processos metodológicos adequados. Em seguida, uma investigação exploratória foi conduzida para verificar a opinião dos membros da Vila Biribiri/MG sobre a implantação de uma rota de visitação na Vila, utilizando a técnica de observação participante, conforme Flick (2009). Registros dessas observações foram feitos através de notas de campo, documentando não apenas o observado, mas também análises pessoais e teóricas do pesquisador sobre os eventos.

Para analisar a viabilidade socioeconômica da rota de visitantes para a Vila Biribiri/MG, o estudo propôs inicialmente a verificação dos atrativos com maiores possibilidades para compor tal rota. Foram elaboradas estratégias de sustentabilidade e verificada a opinião da comunidade local para subsidiar a elaboração do escopo do possível projeto de implantação da rota. A viabilidade econômica e financeira da rota foi analisada por meio da aplicação do método de PayBack Descontado em três orçamentos e da observação participante, levando-se em consideração o Valor Presente Líquido (VPL) e dos fluxos de caixa futuros (Fanti et al., 2015).

Na observação participante, enquanto técnica utilizada em investigação, há que realçar que os seus objetivos vão muito além da pormenorizada descrição dos componentes de uma situação, permitindo a identificação do sentido, a orientação e a dinâmica de cada momento (Spradley, 1980). Procura-se igualmente dar a conhecer algum aspecto, resultante da nossa experiência com a utilização deste método, dado que se constituiu como meio fundamental na coleta de dados, para o estudo desenvolvido.

A observação participante, conforme Malinowski (1922) e Bryman (2012), é essencial para alcançar o “ponto de vista do nativo”, permitindo uma imersão profunda do pesquisador no ambiente estudado e captando nuances e contextos das interações sociais fundamentais para a análise qualitativa. A comunidade foi observada de dezembro de 2019 a maio de 2023 (3 anos e 5 meses). Os proprietários das casas, membros da Associação de Moradores da Vila Biribiri/MG, responderam um questionário semiestruturado via Google Forms, baseado na dissertação de Maurício (2015), para obter resultados de suas opiniões sobre a implementação de uma rota turística. A pesquisa segue a Resolução CNS n.º 510, de 2016, garantindo a anonimidade dos participantes (Conselho Nacional de Saúde, 2016).

O desafio do trabalho é encontrar apoio financeiro e social para a implementação da rota na Vila. Atualmente, a visita à Vila custa R$10,00, revertidos para sua conservação. Em seguida, foi realizada uma avaliação técnica da Vila Biribiri/MG, considerando aspectos estruturais para identificar os atrativos turísticos disponíveis. Esse procedimento utilizou técnicas de observação participante, conforme orienta Correia (2009).

Para a viabilidade econômica detalhada, foram realizados cálculos de Fluxo de Caixa Descontado (FCD), Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR), utilizando-se uma calculadora financeira HP12C, com base nas seguintes fórmulas matemáticas:

Após a obtenção dessas informações e realização dos cálculos, foi proposta uma reunião com a Associação da Vila Biribiri/MG para a apresentação e discussão dos resultados, e recomendação de possíveis estratégias para contribuir com o desenvolvimento sustentável da visitação na Vila.

O turismo é apontado como um elo de aproximação entre comunidades, gestão e visitantes, avalizando as concessões de serviços turísticos que possam trazer retornos financeiros e parcerias (Rodrigues; Abrucio, 2019).

Resultados e discussão 

Rota Turística

O modelo de planejamento adotado utilizou uma metodologia mista para a formatação de uma rota turística na Vila Biribiri/MG, considerando seus atrativos. Este modelo combina elementos de modelos abertos e fechados, mantendo certa autonomia interna e capacidade de adaptação a elementos externos (Kotter, 1996). Caracteriza-se pela estabilidade interna, capacidade de resposta externa e flexibilidade moderada para se adaptar a mudanças, ajustando-se às condições específicas do ambiente externo sem perder a autonomia interna.

A comunicação e o valor transmitidos em prol da conservação envolvem atividades recreativas e educativas de baixo impacto, contribuindo para a preservação do patrimônio natural e cultural (Araujo, 2008). A valorização da experiência do visitante, buscando envolvê-lo emocional e intelectualmente, é uma abordagem central na interpretação do patrimônio.

A proposta da rota turística na Vila Biribiri/MG foi elaborada e visualizada através do My Maps Google, com sete pontos ao longo do percurso que contam uma história vibrante e significativa da era industrial mineira do século XIX. Essa rota oferece uma visão única do patrimônio histórico e cultural da região.

A interpretação do patrimônio envolve a construção de narrativas significativas que conectam as pessoas aos lugares e suas histórias, desempenhando um papel importante na promoção do desenvolvimento sustentável e na sensibilização para a conservação e valorização dos recursos naturais e culturais. As rotas turísticas, nesse contexto, são produtos valorizados que estabelecem a ponte entre turismo e cultura (Maia; Baptista, 2010).

Figura 1 – Vista panorâmica da Vila Biribiri/MG

Fonte: My Maps Google

O Ministério do Turismo (MTUR) define a rota turística como uma atividade que confere identidade ao percurso, utilizando atrativos turísticos contextualizados na história. Uma característica crucial da rota é que ela deve possuir um início e um fim claros, respeitando a sequência dos atrativos para proporcionar uma experiência ordenada (Brasil, 2007a). De acordo com Beni (2006), o turismo pode funcionar como ferramenta de gestão que contribui ao marketing e à sistematização dos atrativos locais, enquanto oferta aprimorada e integrada.  Portanto, é um instrumento que promove a segmentação dos atrativos, organização e o reconhecimento das especificidades locais e regionais.

A rota proposta na Vila Biribiri/MG é de curta distância, com aproximadamente 400 metros de extensão e grau de dificuldade fácil. Ela inclui sete estações, todas localizadas na Vila, sinalizadas com placas para orientação. A rota pode ser realizada de forma guiada ou autoguiada, e os visitantes têm a opção de completar todo o percurso ou apenas parte dele. A escolha da plataforma My Maps Google para mapear a rota facilita a visualização e navegação, proporcionando uma compreensão clara da disposição dos pontos turísticos.

Segundo Gonçalves e Ribeiro (2016), rotas turísticas devem ser contextualizadas em fatores históricos e culturais, com um ponto de partida e outro de chegada. Na rota da Vila Biribiri/MG, o percurso inicia-se a jornada no ponto A, onde está a entrada da Vila com uma bela vista da antiga fábrica têxtil. Em seguida caminha-se 183 metros até o ponto B, onde o imponente Salão de Festas recebe sua arquitetura única. Continuando por mais 70 metros até o ponto C, o antigo refeitório da fábrica. Em seguida, avança-se 14 metros até o ponto D, onde a majestosa Igreja do Sagrado Coração de Jesus ergue-se. Segue-se por mais 28 metros até o ponto E, onde a antiga barbearia se transformou no charmoso Café Biribiri. Continua-se por 12 metros até o ponto F, em frente à Escola Municipal Alexandre Mascarenhas. Conclua-se a jornada com uma caminhada final de 88 metros até o ponto G, em frente à antiga casa do gerente da fábrica.

A integração de recursos naturais e culturais, infraestrutura, serviços turísticos, análise da demanda e sustentabilidade é essencial para o desenvolvimento turístico. Autores como Boullón (2002), Cândido e Flávio (2012) e Middleton (2002) destacam a importância de uma avaliação cuidadosa do potencial turístico para garantir que o turismo contribua positivamente para o desenvolvimento econômico e social das regiões.

A proposta da rota turística na Vila Biribiri/MG visa informar os visitantes sobre os atrativos locais e promover o desenvolvimento do turismo na região. Além disso, a rota inclui informações educativas que aproximam os visitantes do ambiente natural e sensibilizam para a conservação ambiental.

Os resultados da pesquisa corroboram com as definições do MTUR sobre a importância de uma rota bem estruturada, com início e fim definidos, para proporcionar uma experiência coesa e significativa aos visitantes. A escolha de uma rota linear de curta distância com grau de dificuldade fácil facilita o acesso e a participação de um público diversificado, promovendo a inclusão e o turismo sustentável.

A utilização da plataforma My Maps Google foi uma escolha estratégica que revela um compromisso com a acessibilidade e a eficiência na navegação, facilitando a compreensão da disposição dos pontos turísticos. A rota não apenas conduz os visitantes por uma jornada temporal, mas também oferece uma visão única do patrimônio histórico e cultural da região, conforme sugerido por Gonçalves e Ribeiro (2016).

A integração de aspectos históricos e culturais na definição dos pontos de interesse ao longo da rota garante uma experiência enriquecedora e coesa para os turistas. A flexibilidade da rota, permitindo que os visitantes escolham completar todo o percurso ou apenas parte dele, aumenta a sua atratividade e acessibilidade.

Em conclusão, a proposta da rota turística na Vila Biribiri/MG está alinhada com as diretrizes do MTUR e as contribuições teóricas de autores renomados. A rota oferece uma experiência turística rica em significados históricos e culturais, promovendo o desenvolvimento sustentável do turismo local e contribuindo para a conservação do patrimônio natural e cultural.

Figura 2 – Ponto A da Vila Biribiri/MG

Análise de Viabilidade Social

Diversas metodologias foram utilizadas para avaliar o potencial turístico da Vila Biribiri/MG, incluindo métodos quantitativos e qualitativos. Boullón (2002) recomenda a aplicação de pesquisas de campo, entrevistas com partes interessadas e análises estatísticas para obter uma visão detalhada do potencial turístico. Cândido e Flávio (2012) sugerem o uso de tecnologias, como sistemas de informação geográfica (SIG), para facilitar a coleta e análise de dados, proporcionando uma avaliação mais precisa e eficiente.

A pesquisa incluiu 32 propriedades particulares da Vila Biribiri/MG, cujos proprietários compõem o grupo de associados. Todos os associados responderam ao questionário, resultando em 100% de adesão.

Figura 9 – Perfil da comunidade 

A análise de gênero mostrou que 59,4% dos participantes são homens e 40,6% são mulheres. Em relação à faixa etária, 40,6% dos participantes têm entre 51 e 60 anos, 34,4% têm entre 35 e 50 anos, e 25% têm mais de 60 anos.

A análise do grau de escolaridade revelou que 62,5% dos participantes possuem especialização, mestrado ou doutorado; 28,1% têm graduação; 6,3% possuem ensino médio completo; e 3,1% têm ensino fundamental. A origem dos associados mostrou uma predominância de residentes de Diamantina/MG com 71,9%, com outros participantes vindos de Belo Horizonte em 9,4%, e várias outras cidades como Bambuí/MG, Congonhas/MG, Curvelo/MG, Itaúna/MG, Manaus/AM, Rio de Janeiro/RJ  com 3,1% cada.

Alinhando-se às teorias de Boullón (2002) e Cândido e Flávio (2012) sobre a importância de métodos abrangentes e precisos para avaliar o potencial turístico. A utilização de métodos quantitativos e qualitativos, juntamente com tecnologias avançadas como SIG, foi fundamental para obter dados detalhados e precisos.

A alta taxa de adesão em 100% e a significativa aceitação entre os participantes destacam um forte interesse e apoio da comunidade. A diversidade de origens e o alto nível de escolaridade dos participantes sugerem que a comunidade está bem-informada e disposta a participar do desenvolvimento turístico de maneira ativa e informada.

Além disso, a análise de demanda recomendada por Cândido e Flávio (2012) foi essencial para entender as preferências dos associados. Com base na composição demográfica dos participantes, pode-se inferir que há um potencial significativo para atrair turistas de diferentes faixas etárias e níveis educacionais, especialmente aqueles com maior nível de escolaridade, que podem valorizar mais o patrimônio cultural e histórico da região.

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) define áreas naturais que abrigam populações tradicionais, cuja existência é baseada em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desempenhando um papel crucial na proteção da natureza e manutenção da diversidade biológica (Instituto Estadual de Florestas, 2023b). Segundo Cândido e Flávio (2012), os recursos naturais e culturais, como a beleza cênica, biodiversidade, patrimônios históricos e culturais, são os principais atrativos turísticos de uma região. A preservação e valorização desses recursos são essenciais para garantir a sustentabilidade do turismo a longo prazo.

Middleton (2002) enfatiza que o desenvolvimento sustentável do turismo deve ser planejado e gerido para preservar os recursos naturais e culturais, promover o bem-estar das comunidades locais e garantir benefícios econômicos duradouros. A avaliação do potencial turístico deve incorporar princípios de sustentabilidade, garantindo que o desenvolvimento não comprometa as gerações futuras.

Figura 10 – Intenção de preservação

Os dados revelam que 93,8% dos associados se consideram proprietários de áreas de interesse patrimonial, indicando um alto grau de envolvimento na preservação e desenvolvimento turístico da Vila Biribiri/MG. Este forte comprometimento reflete a valorização das características históricas e culturais da região. No entanto, 6,3% dos associados não se consideram proprietários de áreas de interesse patrimonial, apontando para possíveis desafios ou oportunidades para aumentar o envolvimento da comunidade na preservação patrimonial.

A importância atribuída à preservação do vilarejo é consensual entre os associados, com 100% considerando a preservação essencial. Em relação ao significado da Vila Biribiri/MG, 65,6% dos proprietários destacam a importância histórica e memórias associadas ao local, indicando uma forte conexão emocional. Outros 12,5% percebem a Vila como um espaço ambiental, 9,4% como uma paisagem cultural e 9,4% ressaltam a necessidade de preservação e conservação. Um pequeno grupo de 3,1% valoriza a combinação de história, beleza natural e conservação.

Os resultados indicam um compromisso sólido dos associados com a preservação e valorização da Vila Biribiri/MG, corroborando as teorias de Cândido e Flávio (2012) sobre a importância dos recursos naturais e culturais para a atratividade turística. A totalidade dos associados considera importante preservar o vilarejo, evidenciando um consenso unânime sobre a valorização do patrimônio local.

O envolvimento direto dos moradores, com 93,8% se considerando proprietários de áreas de interesse patrimonial, sugere um alto grau de conexão com o patrimônio da Vila. No entanto, o pequeno grupo de 6,3% que não se identifica como proprietário de tais áreas pode representar um desafio a ser abordado para garantir um envolvimento comunitário mais amplo.

A percepção variada sobre o significado da Vila Biribiri/MG, com destaque para a importância histórica e memórias, reflete a riqueza de perspectivas e a valorização multifacetada do local. Isso está alinhado com Middleton (2002), que enfatiza a necessidade de planejar o turismo de forma sustentável, preservando tanto os recursos naturais quanto culturais, promovendo o bem-estar comunitário e garantindo benefícios econômicos duradouros.

Boullón (2002) define o potencial turístico como a capacidade de uma região de atrair visitantes, considerando seus recursos naturais e culturais, infraestrutura e serviços disponíveis. A avaliação do potencial turístico, essencial para o desenvolvimento sustentável do turismo, permite identificar forças, fraquezas e oportunidades de desenvolvimento de uma região. 

Para uma implementação eficaz de um projeto turístico, é crucial considerar os interesses dos moradores locais e visitantes (Santos, Ranzan e Souza, 2019). Quando esses interesses se alinham, é possível desenvolver projetos que fortalecem os atributos locais e promovem o desenvolvimento socioeconômico.

As técnicas de interpretação do patrimônio, conforme Murta e Albano (2002), são estratégias valiosas para o desenvolvimento sustentável do turismo. Essas técnicas visam aumentar a compreensão e apreciação do patrimônio natural e cultural por meio de diversas estratégias educacionais e comunicativas. Pérez (2009) destaca que o turismo cultural oferece múltiplas experiências e formas de consumo cultural, promovendo o contato intelectual entre as pessoas.

Middleton (2002) enfatiza a necessidade de infraestrutura adequada e serviços turísticos de qualidade para viabilizar o desenvolvimento do turismo. Sem uma infraestrutura adequada, como transporte, hospedagem,alimentação e informação, o desenvolvimento do turismo é inviável.

Figura 11 – Receptividade à rota turística

Na Vila Biribiri/MG, a familiaridade com os atrativos turísticos é alta, com 96,9% dos associados conhecendo os pontos de interesse locais. Um pequeno indicador não conhece os atrativos turísticos com 3,1%, atribuído a vários fatores, como a recente mudança para a região, falta de interesse específico ou pouca exposição a informações turísticas. Isso sugere um significativo envolvimento e conscientização sobre a herança cultural e turística da região. Portanto, discorre-se sobre a tomada de consciência seguidamente com uma mudança de comportamentos perante aqueles que estão envolvidos por formas diretas e indiretas com o turismo, como contexto a comunidade local, empresas, atores sociais e por fim os turistas. (Feitosa; Gómez, 2013).

Em relação à sinalização informativa, 84,4% dos participantes desejam a instalação de placas nos atrativos turísticos, indicando a importância de uma sinalização que melhore a experiência dos visitantes ao fornecer contexto histórico e cultural. Uma minoria indica que não gostaria da instalação de placas com 15,6%. As razões por trás dessa opinião podem variar e incluir preocupações estéticas, preferência por uma experiência mais natural ou desconhecimento da utilidade das placas.

A criação de uma rota turística é apoiada por 78,1% dos participantes, refletindo um interesse em estruturar a experiência do visitante e orientar sobre as principais atrações. Contudo, 21,9% preferem uma exploração mais livre, apontando para uma diversidade de opiniões sobre a melhor forma de promover o turismo na região.

Sobre a divulgação turística da Vila Biribiri/MG, 65,6% dos participantes desejam maior promoção da vila, reconhecendo seu potencial turístico. No entanto, 34,4% se opõem à divulgação, preocupados com os impactos do turismo na comunidade e a preservação da tranquilidade local.

As sugestões dos associados para a divulgação e preservação da Vila incluem a criação de uma rota programada com pontos específicos e contação de histórias, disponibilização de guias turísticos, um jornal da Vila e iniciativas de consciência ambiental nas escolas. Essas sugestões refletem um desejo de equilibrar o desenvolvimento turístico com a preservação do patrimônio e da autenticidade da Vila.

Os resultados mostram uma comunidade engajada na Vila Biribiri/MG, com 100% de adesão dos associados à pesquisa. A maioria dos participantes é composta por homens com 59,4%)e adultos entre 51 e 60 anos em 40,6%, com altos níveis de escolaridade representando 62,5% com especialização, mestrado ou doutorado. A maioria reside em Diamantina/MG de um total de 71,9%, embora haja uma diversidade de origens.

O desenvolvimento que pode ser gerado pelos projetos turísticos, demonstra influências perante a temas ambientais naturais. É importante ressaltar a realização de análise e planejamento para implementação por meios viáveis, exequíveis e conscientes que proporcione resultados positivos sistêmicos, os quais aliam o avanço econômico, preservação ambiental, cultural e o bem-estar social. Os planos estratégicos devem interligar integralmente em conjunto de políticas urbanas para gerar melhores condições no qual compatibiliza a médio e curto prazo a desenvoltura econômica de modo coeso com a preservação cultural e ambiental (Sena; Queiroz, 2006).

A análise revela um alto grau de envolvimento na preservação patrimonial, com 93,8% dos participantes se considerando proprietários de áreas de interesse patrimonial e consenso unânime sobre a importância da preservação do vilarejo. A familiaridade com os atrativos turísticos locais é elevada com 96,9%, e a maioria é favorável à criação de uma rota turística em 78,1%, com sugestões para melhorar a comunicação e a educação ambiental. Esses resultados destacam a importância de equilibrar o desenvolvimento turístico com a preservação da autenticidade e tranquilidade da Vila Biribiri/MG.

Análise de Viabilidade Econômica

A sustentabilidade do turismo está diretamente ligada à economia das regiões turísticas, pois pode gerar recursos que contribuem para a preservação da natureza, da história e da cultura, além de melhorar a qualidade de vida das comunidades locais (Almeida e Abranja, 2009; Candioto, 2011). Na Vila Biribiri/MG, a valorização das características naturais, históricas e culturais pode favorecer a sustentabilidade da visitação.

A viabilidade financeira das propostas foi avaliada em três tempos de execução por empresas distintas (X, Y e Z), utilizando-se os métodos de PayBack Descontado, Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR). A taxa de desconto mensal aplicada foi de 0,83%, equivalente a 10% ao ano, indicada para propostas de baixo risco. Conforme Gitman (2010), o uso conjunto dessas técnicas permite uma avaliação abrangente da viabilidade de projetos de investimento, oferecendo uma visão detalhada e multidimensional (Marquezan e Brondani, 2006).

As propostas envolvem a produção de sete placas com um fluxo de caixa padrão de R$800,00. A análise do PayBack Descontado, que considera o valor do dinheiro no tempo, revela o período necessário para recuperar o investimento inicial sob a taxa de desconto estabelecida (Gitman, 2010). Esse método fornece uma visão clara da eficiência na recuperação do capital investido.

O Valor Presente Líquido (VPL), calculado descontando os fluxos de caixa futuros à taxa de desconto apropriada e subtraindo o investimento inicial, indica o valor adicional gerado pelo projeto em termos monetários (Buarque, 1984). Um VPL positivo sugere que a proposta pode gerar retornos financeiros superiores aos custos iniciais, enquanto um VPL negativo indica inviabilidade financeira.

A Taxa Interna de Retorno (TIR), que expressa a rentabilidade do investimento, foi calculada para fornecer uma perspectiva adicional sobre o desempenho financeiro das propostas (Marquezan e Brondani, 2006). Uma TIR superior à taxa de desconto estabelecida reforça a atratividade do investimento.

As placas interpretativas foram selecionadas como parte da estruturação da rota turística, oferecendo direcionamento e informações sobre os pontos atrativos da localidade (Madeira et al., 2018). Foram considerados aspectos como preços, qualidade e durabilidade dos materiais, tamanhos, fornecedores e logística.

Ao comparar os resultados dos indicadores entre as empresas X, Y e Z, foi possível identificar a melhor viabilidade financeira, permitindo uma tomada de decisão fundamentada em dados financeiros. Essa análise contribui para a escolha da proposta mais eficiente e rentável, garantindo um desenvolvimento turístico sustentável e integrado à preservação do patrimônio local.

Figura 12 – Placa de sinalização

Fonte: Arte da autora: Luana Monticelli Alves

A análise do orçamento da empresa X, que aloca R$16.500,00 para a implementação de uma proposta com estrutura metálica, revela dados encorajadores sobre sua viabilidade financeira. O VPL, um indicador crucial na avaliação de investimentos, registra um total positivo de R$843,62, sugerindo que a proposta possui potencial para gerar retorno financeiro (Buarque, 1984).

Além disso, a TIR atinge uma taxa positiva de 1,25%. Este percentual, superior à taxa de referência, indica que a proposta é atraente do ponto de vista financeiro, demonstrando uma rentabilidade adequada (Marquezan e Brondani, 2006).

A aplicação do PayBack Descontado, que considera a valorização do dinheiro ao longo do tempo, confirma a viabilidade da proposta. O retorno do investimento ocorre dentro de 24 meses, indicando o tempo necessário para recuperar o capital investido, considerando os descontos relativos ao valor temporal do dinheiro (Gitman, 2010). Esses resultados sugerem que a proposta da empresa X é financeiramente viável e atrativa, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do turismo na Vila Biribiri/MG.

Figura 13 – Orçamento da empresa X

MÊSFLUXO DE CAIXA (R$)FLUXO DESCONTADO (R$)FLUXO ACUMULADO (R$)
00-R$16.500,00-R$16.500,00-R$16.500,00
01R$800,00R$793,41-R$15.706,59
02R$800,00R$786,88-R$14.919,71
03R$800,00R$780,41-R$14.139,30
04R$800,00R$773,98-R$13.365,32
05R$800,00R$767,61-R$12.597,71
06R$800,00R$761,29-R$11.836,42
07R$800,00R$755,03-R$11.081,39
08R$800,00R$748,81-R$10.332,58
09R$800,00R$742,65-R$9.589,93
10R$800,00R$736,53-R$8.853,40
11R$800,00R$730,47-R$8.122,93
12R$800,00R$724,46-R$7.398,47
13R$800,00R$718,49-R$6.679,98
14R$800,00R$712,58-R$5.967,40
15R$800,00R$706,71-R$5.260,69
16R$800,00R$700,90-R$4.559,79
17R$800,00R$695,13-R$3.864,66
18R$800,00R$689,40-R$3.175,26
19R$800,00R$683,73-R$2.491,53
20R$800,00R$678,10-R$1.813,43
21R$800,00R$672,52-R$1.140,91
22R$800,00R$666,98-R$473,93
23R$800,00R$661,49R$187,56
24R$800,00R$656,05R$843,61

A análise do orçamento da empresa Y, que alocou R$12.500,00 para a implementação da proposta envolvendo back light ACM (Alumínio Composto), revela aspectos promissores em termos de viabilidade financeira e qualidade do material escolhido. O back light ACM consiste em uma estrutura metálica confeccionada por perfis de metalon com tratamento anticorrosivo, revestida por chapas de ACM 3mm e com a possibilidade de adesivação de textos ou logomarcas.

O VPL destaca-se positivamente ao apresentar um saldo favorável de R$724,75. Este valor positivo sugere que a proposta tem potencial para gerar retornos financeiros superiores aos custos envolvidos, conferindo-lhe uma característica atrativa (Buarque, 1984).

A TIR contribui para a avaliação positiva da proposta, com uma taxa de 1,45%, indicando que o investimento na estrutura de back light ACM é capaz de gerar ganhos financeiros significativos, superando a taxa de referência (Marquezan e Brondani, 2006).

A aplicação do PayBack Descontado reforça a viabilidade da proposta, estabelecendo que o retorno do investimento ocorrerá dentro de 18 meses. Esse período representa o tempo necessário para recuperar o capital investido, considerando os descontos relativos à valorização do dinheiro ao longo do tempo (Gitman, 2010).

Diante desses indicadores positivos, a empresa Y pode tomar decisões embasadas na confiança de que o investimento em back light ACM não apenas atende às expectativas estéticas e técnicas da proposta, mas também se mostra financeiramente atraente. Essa análise fornece uma base sólida para a tomada de decisões estratégicas, indicando que a proposta possui uma perspectiva de retorno financeiro satisfatório no médio prazo.

Figura 14 – Orçamento da empresa Y

MÊSFLUXO DE CAIXA (R$)FLUXO DESCONTADO (R$)FLUXO ACUMULADO (R$)
00-R$12.600,00-R$12.600,00-R$12.600,00
01R$800,00R$793,41-R$11.806,59
02R$800,00R$786,88-R$11.019,71
03R$800,00R$780,41-R$10.239,30
04R$800,00R$773,98-R$9.465,32
05R$800,00R$767,61-R$8.697,71
06R$800,00R$761,29-R$7.936,42
07R$800,00R$755,03-R$7.181,39
08R$800,00R$748,81-R$6.432,58
09R$800,00R$742,65-R$5.689,93
10R$800,00R$736,53-R$4.953,40
11R$800,00R$730,47-R$4.222,93
12R$800,00R$724,46-R$3.498,47
13R$800,00R$718,49-R$2.779,98
14R$800,00R$712,58-R$2.067,40
15R$800,00R$706,71-R$1.360,69
16R$800,00R$700,90-R$659,79
17R$800,00R$695,13R$35,34
18R$800,00R$689,40R$724,74

A análise do orçamento de R$3.800,00 da empresa Z para a proposta envolvendo ACM (Alumínio Composto) 3mm na cor cinza, com caracteres plotados/digitalizados em vinil, recorte eletrônico, impressão digital U.V., e uma estrutura em metalon 18mm com pintura esmaltada e chumbadores de solo, revela um panorama financeiro promissor e um cuidadoso planejamento técnico.

O VPL apresenta um saldo positivo de R$5.251,53, indicando que a proposta tem o potencial de gerar retornos financeiros significativos, superando os custos iniciais (Buarque, 1984). A TIR, com uma taxa expressiva de 17,90%, confirmou a viabilidade da proposta, apontando para uma possibilidade de retorno financeiro robusto (Marquezan e Brondani, 2006).

A aplicação do PayBack Descontado estabelece que o retorno do investimento ocorrerá dentro de 12 meses, mesmo considerando os descontos relativos à valorização do dinheiro ao longo do tempo (Gitman, 2010). Esse prazo é consideravelmente curto, sugerindo que a empresa Z poderá recuperar seu investimento de maneira eficiente.

A escolha criteriosa dos materiais, combinada com a técnica avançada de impressão e o design da estrutura, ressalta a qualidade técnica da proposta e contribui para sua viabilidade financeira. A presença de chumbadores de solo reforça a preocupação com a estabilidade e durabilidade da proposta.

Dessa forma, a empresa Z pode tomar decisões embasadas, pois a análise indica que o investimento proposto não apenas atende aos requisitos técnicos e estéticos da proposta, mas também apresenta uma perspectiva financeira sólida. Esses indicadores mostram que a proposta tem o potencial de ser bem-sucedida tanto do ponto de vista técnico quanto financeiro.

Figura 15 – Orçamento da empresa Z

MÊSFLUXO DE CAIXA (R$)FLUXO DESCONTADO (R$)FLUXO ACUMULADO (R$)
00-R$3.850,00-R$3.850,00-R$3.850
01R$800,00R$793,41-R$3.056,59
02R$800,00R$786,88-R$2.269,71
03R$800,00R$780,41-R$1.489,30
04R$800,00R$773,98-R$715,32
05R$800,00R$767,61R$52,29
06R$800,00R$761,29R$813,58
07R$800,00R$755,03R$1.568,61
08R$800,00R$748,81R$2.317,42
09R$800,00R$742,65R$3.060,07
10R$800,00R$736,53R$3.796,60
11R$800,00R$730,47R$4.527,07
12R$800,00R$724,46R$5.251,53

A análise de viabilidade econômica e financeira é crucial na tomada de decisões empresariais, utilizando técnicas como PayBack Descontado, TIR e VPL para avaliar a rentabilidade e os riscos associados a projetos de investimento (Buarque, 1984; Marquezan e Brondani, 2006; Gitman, 2010). A aplicação integrada desses conceitos garante decisões de investimento que maximizam o valor da empresa e asseguram a sustentabilidade financeira a longo prazo.

Os resultados financeiros das propostas das empresas X, Y e Z foram analisados com base nesses indicadores, revelando variações significativas:

a) Empresa X: Apresentou um VPL positivo e uma TIR rentável, indicando que a proposta é viável financeiramente. O PayBack Descontado mostrou a recuperação do investimento dentro de um prazo aceitável;

b) Empresa Y: Demonstra resultados positivos tanto no VPL quanto na TIR, sugerindo uma atratividade financeira. O PayBack Descontado indica uma recuperação do investimento em um período razoável;

c) Empresa Z: Destaca-se com um VPL expressivamente positivo e uma TIR robusta, apontando para uma elevada rentabilidade. O PayBack Descontado revela uma recuperação do investimento em um curto espaço de tempo.

Esses resultados indicam que todas as propostas são financeiramente viáveis, com a empresa Z se destacando pela alta rentabilidade e rápido retorno do investimento.

Considerações finais

Neste estudo, a implementação de uma rota turística na Vila Biribiri/MG foi considerada socioeconomicamente viável, com forte apoio comunitário e um compromisso significativo com a preservação patrimonial. Recomendações para o desenvolvimento incluíram a criação de materiais educativos, guias turísticos e uma divulgação equilibrada para atrair visitantes conscientes e respeitosos. Os resultados sugerem que, com uma abordagem cuidadosa e participativa, a Vila Biribiri/MG pode se tornar um destino turístico sustentável, preservando sua história e beleza natural para as futuras gerações.

Através da observação participante, analisou-se a organização, engajamento e ações da associação dos moradores na promoção do desenvolvimento turístico. A comunidade mostrou-se ativa e interessada, com 100% de adesão ao questionário de opinião. A análise econômica, utilizando o método de Payback, confirmou a viabilidade de três propostas para a execução da rota turística, destacando a proposta Z pelo menor tempo, custo e melhor qualidade do serviço.

O desafio foi desenvolver estratégias que respeitassem a identidade única da Vila, promovendo uma experiência turística enriquecedora. O apoio significativo à divulgação turística, criação da rota e instalação de placas indica uma base favorável para o desenvolvimento turístico, desde que seja realizado de forma sustentável e respeitando as características locais. O engajamento ativo da comunidade e programas educacionais são essenciais para alinhar os objetivos de desenvolvimento com os valores locais.

Adaptar estratégias de acordo com mudanças na demanda do mercado, monitorando e avaliando continuamente o impacto das iniciativas, será crucial para garantir um crescimento turístico equilibrado. A colaboração com parceiros externos pode proporcionar uma abordagem mais abrangente, aproveitando recursos e experiências adicionais.

A Vila Biribiri/MG tem a oportunidade de se posicionar como um destino turístico único, preservando sua autenticidade, promovendo o envolvimento da comunidade e oferecendo experiências memoráveis aos visitantes através de uma rota turística. Encontrando o equilíbrio social e econômico adequado, o turismo pode contribuir para o desenvolvimento sustentável, preservando a beleza singular e a identidade do local.

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1Bacharel em Turismo pela UFVJM (Orcid: 0009-0004-1113-4095)
2Cirurgiã dentista, graduada na UFVJM, Mestre em Clínicas odontológicas na PUC MG, Doutorando na Inovação Tecnológica na UFMG ( Orcid: 0000 00028658 0039)