VIABILIDADE DA UTILIZAÇÃO DE ALVENARIA EM TIJOLOS ECOLÓGICOS PARA CONSTRUÇÕES DE PEQUENO PORTE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11236135


Camila Martins Figueiredo¹, Cristian Da Cunha Pereira², Fabiano Do Nascimento Rocha³, Marcos Vinicius De Assis Silva4, Maria Luiza De Souza5, Otavio Henrique Cavalcante Fernandes Costa6; Professora orientadora: Mestra Sheila Leal Oliveira Loureiro.


Resumo

O estudo realizou uma discussão dos benefícios ambientais dos tijolos ecológicos, bem como possíveis desafios ou limitações associados à sua aplicação prática.. A metodologia incluiu a revisão de artigos relevantes publicados nos últimos anos, seguida de uma análise crítica dos resultados obtidos. Os benefícios dos tijolos ecológicos incluem a redução da pegada de carbono, o uso de materiais sustentáveis e a melhoria da eficiência energética das edificações. No entanto, foram identificados desafios como o custo inicial mais elevado, a disponibilidade limitada de materiais e tecnologias adequadas, bem como preocupações relacionadas à resistência estrutural e durabilidade desses materiais. Conclui-se que abordar esses desafios é crucial para promover a adoção generalizada de tijolos ecológicos como uma solução sustentável na construção civil.

Palavras-chave: Tijolos ecológicos, Construção civil, Sustentabilidade, Desafios, Benefícios.

1. INTRODUÇÃO

O termo sustentabilidade tornou-se um ponto central das discussões no novo milênio. Esse conceito permeia diversos campos do planejamento e setores da economia (Fonseca, 2018). O âmbito da construção civil não foge à regra, pois aposta na utilização de materiais de última geração que minimizam o impacto ambiental e promovem o conforto térmico, bem como reduzem o consumo de energia. A gama de novos materiais e tecnologias disponíveis para este fim é imensurável (Yemal; Teixeira; Nããs, 2011).

Todos os dias, a questão do excesso de resíduos gerados pela construção civil representa um desafio significativo que nos leva a considerar abordagens e métodos alternativos para minimizar este volume. Do ponto de vista económico, parece plausível conseguir reduções substanciais de custos na produção de tijolos, dado que a matéria-prima primária é barata e os outros componentes estão prontamente disponíveis e são simples. O processo de conversão desse material em produto acabado pode ser feito manualmente ou por meio de automação, bastando aplicar pressão no molde com medidas padronizadas para tijolos ecológicos. Consequentemente, esta abordagem torna o preço mais acessível tanto para a produção como para a venda ao consumidor final (Godoi, 2012).

Para mitigar o impacto negativo da construção civil no meio ambiente, surgiu o conceito de construção sustentável, oferecendo soluções potenciais como a utilização de tijolos ecológicos. O tijolo ecológico, também conhecido como tijolo reciclado, é um dos principais materiais inovadores na área da construção civil. Utiliza técnicas de fabricação de solo-cimento padronizadas pela ABNT, oferecendo inúmeras vantagens para projetos de pequeno e médio porte. Esses tijolos podem ser utilizados para fins estruturais ou não, e passam por rigorosos testes destrutivos para garantir sua resistência, que é determinada pelas proporções e dimensões específicas utilizadas no processo de fabricação. Além disso, disponibilizam um vasto leque de opções de acabamentos, permitindo ao cliente escolher aquele que melhor se adapta às suas preferências e garantindo, em última análise, a sua satisfação e conforto (Godoi, 2012).

Esses tijolos ganham esse nome devido à ausência de queima em fornos, ao contrário dos tijolos convencionais, o que além de evitar o desmatamento, reduz a liberação de gases nocivos na atmosfera. Consequentemente, a adoção de tijolos ecológicos contribui para a diminuição do desperdício de materiais, resultando em um processo construtivo mais eficiente e ecologicamente correto (Santos; Suzart; Silva-Junior, 2013).

O desafio no domínio da construção civil reside em encontrar um equilíbrio entre qualidade de vida e habitação sustentável, ao mesmo tempo que otimiza os processos de construção e reduz os custos. O tijolo ecológico, feito a partir da combinação de um tipo específico de solo, cimento e água, oferece uma solução que traz maior eficiência e durabilidade às obras. Com design inovador e superfícies lisas e uniformes, este tijolo apresenta pequenas juntas e furos estrategicamente posicionados, permitindo a integração perfeita dos sistemas hidráulicos e elétricos sem a necessidade de alterações disruptivas (Fonseca, 2018).

Diante do exposto o presente estudo tem como objetivo discutir os benefícios ambientais dos tijolos ecológicos, bem como possíveis desafios ou limitações associados à sua aplicação prática.

2. DESENVOLVIMENTO

A arquitetura contemporânea tem sido significativamente impactada pelo tema da sustentabilidade, levando ao surgimento de novas abordagens de design. Esta influência é evidente em vários contextos urbanos e ambientais, com inúmeras iniciativas e exemplos. O foco vai além do conforto ambiental e da eficiência energética, abrangendo aspectos como materiais de construção, uso de energia e recursos hídricos. Notavelmente, há uma forte ênfase na formulação de propostas que minimizem o impacto ambiental, segundo Pinheiro (2003). A Comissão Brundtland introduziu o conceito de Desenvolvimento Sustentável em 1987, com o objetivo de promover o progresso económico e social, preservando ao mesmo tempo o ambiente. No mesmo relatório, contempla-se a extensão e aplicação destes princípios de sustentabilidade ao foco específico do estudo, que é a sustentabilidade na indústria da construção.

Para Farias e Marinho (2020) a ideia de construção sustentável gira em torno do desenvolvimento de modelos que oferecem soluções para questões ambientais atuais, ao mesmo tempo que abrangem a tecnologia e as necessidades dos utilizadores. Sugere a utilização de materiais e recursos naturais regionais com consumo mínimo de energia para extração e transformação, bem como a integração do projeto e dos materiais com características geográficas locais e regionais. Segundo Araújo (2008), um projeto deve abranger o planejamento do ciclo de vida da edificação, o uso dos recursos naturais, a eficiência energética, a gestão e conservação da água, a gestão de resíduos, a qualidade do ar interno, o conforto termoacústico, o uso eficiente de materiais e a adoção de produtos e tecnologias ecologicamente corretos para serem considerados sustentáveis.

A construção sustentável, conforme definida pelo Araújo (2008), engloba a redução dos impactos ambientais ao longo de todo o ciclo de vida dos edifícios e do desenvolvimento urbano. Esta abordagem holística considera os aspectos económicos, políticos, sociais, culturais e ambientais, visando satisfazer as necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades. O conceito de construção sustentável enfatiza a importância de ser amiga do ambiente, economicamente viável, socialmente equitativa e culturalmente aceite.

Para Araújo (2008), a construção sustentável é um sistema abrangente que envolve intervenções ambientais para adaptá-la às necessidades de uso, produção e consumo humano. Tem como objetivo preservar os recursos naturais para as gerações futuras, estabelecendo parâmetros para uma construção sustentável. Esses parâmetros incluem a gestão do projeto, que envolve a realização de estudo de impacto ambiental e análise do ciclo de vida dos materiais.

Além disso, são aplicados critérios de sustentabilidade, como gestão de resíduos e consumo de energia para manutenção e renovação. Além disso, a construção sustentável aproveita recursos naturais como iluminação natural, conforto térmico e acústico, clima e formação e interferência do microclima. Seu objetivo é criar um ambiente saudável e livre de poluentes, garantindo a qualidade do ar e dos ambientes internos. A gestão de resíduos é também um aspecto crucial, com a inclusão de áreas designadas para recolha seletiva de resíduos e reciclagem.

Segundo Fiais e Souza (2017), as construções sustentáveis ​​podem ter um custo de construção até 5% superior ao das construções tradicionais. No entanto, este investimento inicial é rapidamente compensado pelas poupanças conseguidas no consumo de energia e água, resultando na recuperação de custos para os utilizadores. Para que um edifício seja considerado uma construção verde, inúmeras características devem ser incorporadas ao projeto inicial para garantir o seu bom funcionamento. A comunicação eficaz entre todas as partes interessadas é crucial para o sucesso de um projeto de construção verde. Portanto, projetistas, construtoras e proprietários que buscam realizar construções verdes e melhorar o desempenho econômico e ambiental têm acesso a importantes avanços em ciência, tecnologia e operações de construção, conforme destacado por Godoi (2012).

Segundo Ribeiro e Dias (2020) para permanecerem competitivas, as empresas devem priorizar a qualidade, incluindo em suas políticas as considerações ambientais. Esse fato tem levando ao surgimento da construção ecoeficiente, também conhecida como construção “verde”. A construção ecoeficiente envolve a minimização do impacto ambiental e, idealmente, a criação de edifícios que tenham um efeito restaurador positivo no meio ambiente. Esta abordagem envolve a integração da construção nos ecossistemas da biosfera ao longo da vida útil do edifício (Godoi, 2012).

Segundo Sousa e Amado (2012), o gestor de construção desempenha um papel crucial no planejamento da construção sustentável, pois permite a execução de ações sustentáveis, promovendo assim a sustentabilidade no processo construtivo. Nesse sentido, de acordo com Silvestre e Figueiredo (2021) para atender às exigências de qualidade, os projetos precisam adotar sistemas construtivos que elevem a produtividade, diminuam o prazo de construção sem elevar os custos de forma expressiva, assegurando a competitividade no mercado.

Conforme Araújo (2008), para criar um projeto ecologicamente correto, o designer deve priorizar o uso de subprodutos, materiais reciclados e materiais recicláveis. Isto implica racionalizar todo o projeto para promover a construção sustentável. A responsabilidade do gestor é supervisionar as obras contratadas de projeto e construção, garantindo a qualidade e minimizando a necessidade de retrabalhos. Além disso, o papel do coordenador de projetos tornou-se cada vez mais importante, pois é responsável por garantir a compatibilidade entre todos os projetos. Segundo Pinheiro (2003), esta coordenação é um passo significativo para alcançar o desenvolvimento sustentável na construção. Na perspectiva do autor, o monitoramento contínuo das equipes de trabalho no local é necessário para garantir uma gestão eficaz e promover práticas ecológicas. Este acompanhamento permite identificar e corrigir eventuais desvios em termos de qualidade e produtividade.

Quanto maior a eficiência no alinhamento dos projetos, menor será a quantidade de trabalho necessária e mais significativa será a redução de desperdícios no local. Costa (2011) apoia a noção de que projetos mais pequenos não só melhoram a segurança, mas também contribuem para melhores resultados. Pinheiro (2003) enfatiza a importância de uma gestão eficaz da construção, que envolve a otimização de recursos e a promoção da conscientização dos profissionais envolvidos nas obras. Além disso, destaca a importância de educar o público sobre práticas ecologicamente corretas e o consumo de bens sustentáveis.

A fase de planejamento desempenha um papel crucial para garantir a sustentabilidade do projeto, pois envolve a realização de estudos preliminares como viabilidade económica, considerações legais e avaliação de fatores naturais e ambientais. Isso permite que as partes interessadas do projeto melhorem seu desempenho socioambiental, minimizando custos e prestando um serviço com preços competitivos que atenda às necessidades humanas, ao mesmo tempo em que reduz o impacto ambiental na busca por soluções sustentáveis na construção civil, os tijolos ecológicos surgem como uma alternativa promissora. Feitos a partir de materiais reciclados ou de fontes renováveis, como solo estabilizado, cinzas de biomassa ou plásticos reciclados, esses tijolos minimizam o consumo de recursos naturais e reduzem significativamente as emissões de carbono associadas à produção de materiais de construção tradicionais.

2.1 Tijolos Ecológicos

Ao longo da história, o solo tem sido amplamente acessível e utilizado como meio de proteção contra ocorrências naturais por meio da construção de receptáculos (LIMA, 2019).

No contexto da construção civil no Brasil, a taipa de pilão é um método predominante que capitaliza a facilidade de disponibilidade do solo. Segundo Lima (2019), as cidades de Ouro Preto, Diamantina e Paraty foram apontadas como locais onde esse fenômeno ocorre. Os primeiros indícios de utilização do solo como material de construção no Brasil remontam à influência portuguesa (Souza, 2012). Foi descoberto que inúmeras estruturas foram erguidas usando o solo como principal material de construção.

Ao longo dos anos, diversas hostilidades testaram a resistência de fundações e estruturas, mas conseguiram manter a sua estabilidade (Grande, 2003).

Materiais à base de solo, como adobe, blocos prensados ​​e taipa de pilão, têm sido tradicionalmente utilizados na construção civil. No entanto, estes materiais têm sido gradualmente substituídos pelos tijolos cerâmicos convencionais, que infelizmente contribuem significativamente para a poluição ambiental. Para que estes materiais sejam comparáveis ​​aos tradicionais é necessário estabilizar o solo. Isto pode ser conseguido através da incorporação de cimento e/ou cal, processo semelhante à produção de tijolos de solo-cimento (Souza, 2012).

O solo foi comumente utilizado como material de construção até 1845, quando o Cimento Portland, um material de construção em pó, perdeu posição para outro concorrente (Lima, 2019). Uma vez exposto à água, passa por um processo de endurecimento que evita qualquer desintegração posterior, mesmo quando novamente em contato com a água. Quando combinado com água e outros materiais de construção, conhecidos como agregados, cria o resultado desejado. Os materiais de construção comumente empregados na construção civil, como concretos e argamassas, têm sido de uso constante. Joseph Aspdin, o criador do cimento Portland em 1824, deu-lhe o nome devido à semelhança que tinha com a pedra Portland encontrada em uma ilha no sul da Inglaterra (Godoi, 2012).

O mercado da construção oferece uma variedade de cimentos Portland, cada um projetado para finalidades específicas com base em suas características únicas. Estas características impactam diretamente na resistência e longevidade do concreto ou argamassa resultante. A composição deste material desempenha um papel crucial no seu desempenho. A composição do cimento, especificamente o tipo de cimento, é influenciada principalmente pelo clínquer e pelos aditivos. Esses aditivos desempenham papel crucial na determinação das características do cimento.

As matérias-primas utilizadas na produção do cimento Portland normalmente incluem argila e calcário, que passam por um processo de formação. O clínquer, juntamente com o gesso, a escória de alto forno, os materiais pozolânicos e os materiais carbonáticos, é um dos componentes utilizados na produção de cimento.  explica que o clínquer é formado através da fusão de argilas e outras substâncias. A clinquerização é um processo que envolve a transformação do calcário e do minério de ferro, embora este último esteja presente em menores quantidades. Esse processo resulta na formação do clínquer, que possui propriedades químicas distintas e contribui para as características físicas do cimento.

Solo-cimento, conforme descrito por Pinheiro (2003), é uma combinação de solo, cimento e água em proporções variadas. Isto resulta em um composto que apresenta excelente resistência à compressão, alta impermeabilidade, encolhimento volumétrico mínimo e durabilidade impressionante. É importante ressaltar que os solos mais adequados para essa mistura são aqueles que, segundo Pinheiro (2003), normalmente contêm 45% a 50% de areia, embora qualquer tipo de solo possa ser utilizado, exceto aqueles que consistem principalmente de matéria orgânica.

A implantação do solo-cimento no Brasil remonta a 1946, em 1948, a partir das experiências bem-sucedidas da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), foram construídas duas casas em Petrópolis-RJ utilizando este método de pavimentação (Souza, 2012). Ao longo dos anos, estas construções mantiveram-se em excelentes condições, levando à adoção generalizada desta técnica (Souza, 2012)

De acordo com Souza (2012) o solo-cimento tem a sua principal utilização na construção civil, nomeadamente nas áreas de pavimentação, construção de habitação, fabricação de tijolos e obras de contenção. Além disso, Souza (2012) ainda fala que a principal vantagem da utilização do solo-cimento está no seu custo-benefício, tornando-o uma opção viável para diversos projetos O tijolo de solo-cimento, material de construção formado por compressão, apresenta vantagens pela sua matéria-prima primária e pela ausência de necessidade de mão de obra qualificada (Grande, 2003).

O solo-cimento, seja ele manual ou hidráulico, ganhou popularidade no Brasil devido à divulgação e apoio ao seu uso. Em 1978, o Banco Nacional da Habitação – BNH concedeu autorização para utilização do material na construção de moradias populares, após amplos estudos que comprovaram sua qualidade e diversas vantagens (Mieli, 2009). A razão pela qual esse material é chamado de “ecológico” é que não requer queima. Uma vez comprimido e curado com água, o material evapora e retorna à atmosfera sem qualquer poluição. Além disso, a estrutura do material contém furos, eliminando a necessidade de eletrodutos ou interrupções na construção para instalações elétricas e hidráulicas (Farias; Marinho, 2020).

A utilização do solo-cimento na produção desses tijolos “ecológicos” justifica-se pelas vantagens que oferece, como a eliminação da necessidade de queima, economia de tempo e materiais na instalação e redução de desníveis em relação aos tijolos cerâmicos tradicionais (Pires, 2004). Assim, o tijolo de solo-cimento, conforme definido pela NBR 8491 (ABNT, 2012), é uma mistura de água, solo e cimento Portland que é uniformemente misturado e compactado.  No próximo subtópico abaixo, será abordado com mais detalhes os aspectos referentes a fabricação dos tijolos ecológicos.

2.2 Fabricação

Segundo Souza (2012), o tradicional processo de queima pelo qual passam os tijolos na cerâmica convencional pode ser eliminado pela prensagem dos materiais. É importante que o tijolo tenha três dimensões: altura, largura e comprimento. A forma prismática de um retângulo, sendo a maior dimensão o comprimento e a menor a largura, é assumida pelos tijolos de solo-cimento (ABNT, 2012). Esses tijolos seguem os mesmos padrões dos tijolos cerâmicos. Diferentemente dos materiais tradicionais, os alternativos possuem composição e processo de produção distintos (Barbosa, 2018). O processo produtivo inicia-se com a classificação e peneiramento do solo, passando depois para a adição de cimento e água. Os materiais são então prensados, manual ou hidraulicamente, e finalmente curados nos primeiros sete dias após a produção (Souza, 2012).

Para a produção de solo-cimento é fundamental selecionar solos que sejam facilmente desintegráveis ​​e que mantenham granulometria consistente. Não é recomendado o uso de solos que não atendam a esses critérios. O solo utilizado na fabricação deve ter teor superior a 60%, preferencialmente constituído predominantemente de composição argilosa ou siltosa. Embora a argila possua propriedades ligantes, sua resistência pode ser comprometida devido ao processo de encolhimento, resultando na formação de fissuras, é aconselhável evitar solos com menores percentuais de teor (Silva, 2015).

Para uso de água, é aconselhável utilizar água potável não contaminada.
Recomenda-se a realização de análises preliminares antes da utilização de água de poços subterrâneos para garantir a integridade da mistura final (Pires, 2004).

O processo de mistura de solo e cimento para criar uma mistura homogênea é semelhante ao da produção de argamassa. A água é incorporada conforme necessário para atingir a consistência desejada. O processo de cura ocorre na primeira semana seguinte à compactação do solo-cimento, garantindo que este atinja o nível de umidade desejado (Pires, 2004). Recomenda-se a utilização de paletes para transporte e armazenamento para evitar o crescimento de bolores. Conforme orientação da NBR 10833:de 2012 a Fabricação de tijolo e bloco de solo-cimento com utilização de prensa manual ou hidráulica – Procedimento, recomenda-se a utilização do material somente após no mínimo 14 dias de sua data de fabricação (ABNT, 2012).

Para garantir um resultado desejável, recomenda-se proteger os materiais com lona após a inserção da água para evitar a perda do componente e subsequente comprometimento da resistência do material devido à cura inadequada (Betsuyaku, 2015).

Para melhorar o desempenho do material de construção e minimizar os efeitos ambientais, várias matérias-primas adicionais, incluindo Resíduo de Construção Civil (RCC), borracha, vidro, cal, etc., podem ser incorporadas juntamente com os componentes primários. A definição coletiva dos vestígios de entrada necessita da produção de materiais apropriados após o período de cicatrização (Lima, 2019).

Os tijolos ecológicos, têm sido cada vez mais explorados devido às suas vantagens ambientais e econômicas. De acordo com um estudo realizado por Smith et al. (2019), esses materiais apresentam menor impacto ambiental durante a produção, uma vez que utilizam menos energia e recursos naturais em comparação com os tijolos convencionais. Além disso, sua fabricação pode contribuir para a redução da quantidade de resíduos sólidos, já que muitos desses tijolos são feitos a partir de materiais reciclados.

2.3 Vantagens

Como solução para o uso excessivo de recursos naturais pela indústria da construção, a criação de tijolos feitos a partir do solo surge como forma de amenizar esse problema. Esta tecnologia inovadora. O material em questão, conhecido como solo cimento, é uma alternativa sustentável e econômica. É composto por uma mistura de solo, cimento e água, que depois é compactado e curado sem necessidade de queima (Motta, 2014).

A utilização desta técnica na construção civil remonta a muitos anos. Atualmente, há uma busca por técnicas alternativas. A utilização deste material é uma escolha estratégica pela sua relação custo-benefício e sustentabilidade na construção em alvenaria (Oliveira, 2021).

Ao optar por esse material, são inúmeros os benefícios, incluindo redução de custos, consumo de energia e água, poluição, melhoria da imagem institucional, aumento da produtividade e adesão às normas ambientais (Motta, 2014).

A utilização de tijolos de solo-cimento oferece inúmeros benefícios. Primeiramente, elimina a necessidade de transporte de solo de fora do canteiro de obras, resultando em economia de custos. A superfície consistente do tijolo permite a aplicação de argamassa com espessura mínima de dois filetes na horizontal com 10mm de espessura sobre a superfície de assentamento, conforme NBR 16590: de 2017 – Composto polimérica para assentamento de alvenaria de vedação (ABNT, 2017). Quando não exposto ao contato direto com a água, não há necessidade de revestimento adicional. Outra propriedade é que esse material não necessita de queima, sendo uma opção ecologicamente correta. Vale ressaltar que a produção de tijolos de solo-cimento muitas vezes dispensa o envolvimento de trabalhadores altamente qualificados (Pires, 2004).

Este tipo de tijolo é particularmente adequado para a construção de moradias populares, pois utiliza materiais naturais e não depende muito de grandes pilares na estrutura (MOTTA, 2014). Ao proporcionar acesso a esse tipo de moradia, o uso do tijolo ecológico contribui para o progresso financeiro da sociedade. Consequentemente, serve como solução econômica, social e ecológica, desempenhando um papel crucial na promoção do desenvolvimento sustentável no setor da Engenharia Civil (Fraga, 2015).

Vale destacar que o investimento inicial para tijolos ecológicos pode ser maior em comparação aos tijolos cerâmicos tradicionais. O método convencional e amplamente utilizado, escolhido principalmente pela sua relação custo-benefício, pode ser significativamente melhorado com a incorporação do uso de tijolos ecológicos. Ao implementar as técnicas adequadas, a adoção desses tijolos pode resultar em uma redução notável de 40% no custo geral do projeto (Sampaio, 2017).

A formação de dutos durante o processo de assentamento tem a dupla finalidade de proporcionar conforto térmico e atuar como isolamento acústico. Além disso, esses dutos também podem servir como conduítes para redes elétricas e hidráulicas, eliminando a necessidade de quebra de paredes (Fraga, 2015).

O processo de fabricação não envolve a necessidade de combustão de materiais, evitando assim quaisquer emissões. O processo de produção desta substância não só contribui para a presença de poluentes nocivos na atmosfera, mas também é altamente provável. A produção de tijolos ecológicos, que dispensa queima, possibilita a execução manual do processo, tornando-o acessível a populações com recursos limitados (Motta, 2014).

Destaca-se a durabilidade das construções de solo-cimento, principalmente quando a compactação é realizada manualmente, pois permite a diminuição do consumo de energia. O material em questão, conhecido por sua alta resistência e impermeabilidade, tem capacidade de resistir aos efeitos do tempo, desgaste e umidade (Motta, 2014).

Ao optar pelos tijolos ecológicos, os canteiros de obras podem estabelecer um sistema mais organizado que efetivamente reduza o desperdício e minimize a quantidade de resíduos de construção (RCC) gerados (Motta, 2014).

Conforme afirma Silva (2015), a decisão pela utilização de tijolos ecológicos pode fazer com que a instalação e a população de insetos sejam efetivamente evitadas devido à construção em alvenaria, resultando em um ambiente mais higiênico. Além disso, a durabilidade e as necessidades mínimas de manutenção são enfatizadas. As superfícies lisas e perfeitas das peças eliminam a necessidade de revestimentos como chapisco, gesso e estuque, normalmente utilizados em construções feitas com esse material.  Dessa forma, no próximo subtópico serão abordadas as principais desvantagens da utilização dos tijolos ecológicos na construção.

2.4 Desvantagens

O principal componente utilizado na produção dos tijolos ecológicos é o solo, material facilmente disponível e encontrado em abundância na natureza. Contudo, é importante salientar que a extração inadequada do solo pode potencialmente desencadear processos erosivos, constituindo assim uma desvantagem. Nessa perspectiva, Motta (2014) ressalta que ao selecionar este material específico é o potencial de surgirem defeitos de construção se a dosagem não for devidamente calibrada.

Devido às propriedades distintas do material em relação aos tijolos cerâmicos tradicionais, é necessário abordar com cautela as instalações e revestimentos quando se trabalha com solo-cimento. Isso ocorre porque o solo-cimento apresenta variações dimensionais e taxas variadas de absorção de água (Silva, 2015). No entanto, a grande variedade de solos encontrados na natureza pode representar uma desvantagem potencial. No processo de seleção dos materiais é imprescindível a realização de testes preliminares para avaliar adequadamente suas características antes de incorporá-los à produção. Esses testes incluem granulometria, compactação e compressão simples, todos simples e descomplicados (Silva, 2015).

Uma grande desvantagem da utilização de tijolos de solo-cimento é a ausência de conhecimento técnico entre os consumidores e alguns especialistas em construção, apesar dos inúmeros benefícios que oferecem. Lamentavelmente, uma parte significativa de Fraga (2015) conclui que devido ao desempenho inferior percebido em comparação aos tijolos cerâmicos tradicionais, os indivíduos optam por não utilizar o material.

3. METODOLOGIA

3.1 Caracterização e Estratégia de Pesquisa

Este estudo adotou uma abordagem de revisão bibliográfica qualitativa de artigos analíticos para examinar criticamente os benefícios ambientais dos tijolos ecológicos, ao mesmo tempo em que identificou os desafios e limitações associados à sua aplicação prática. Dessa forma, a pesquisa bibliográfica segundo Gil (2015) permite uma investigação mais aprofundada das questões relacionadas com o fenômeno em estudo e as suas relações, procurando problemas comuns, mas ainda existentes, maximizando o contato direto com a situação em estudo, coisas abertas perceber a individualidade e os múltiplos significados.

Além disso, Marconi e Lakatos (2007), ressalta que é necessário que os pesquisadores estabeleçam os limites da pesquisa, esclareçam a questão de pesquisa, o fenômeno selecionado e o contexto de pesquisa. Para Triviño, Siqueira e Scanavini, (2007) a descrição do objeto de pesquisa exige do pesquisador uma postura mais cuidadosa e precisa na definição das técnicas, métodos e teorias que orientam a pesquisa.

Diante do exposto, para atender a esse propósito, foi conduzida uma pesquisa sistemática nos bancos de dados: Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), o Portal de Periódicos CAPES Scientific Electronic Library Online (SciELO).

Os termos de busca foram selecionados para abranger palavras-chave relevantes, como “tijolos ecológicos”, “construção sustentável”, “impacto ambiental”, “eficiência energética” e “materiais de construção sustentáveis”. A pesquisa foi restrita a estudos publicados nos últimos anos, garantindo a atualidade das informações analisadas e a relevância para o contexto atual da construção sustentável.

Os artigos foram selecionados buscando responder com clareza ao questionamento central: “Quais os benefícios ambientais dos tijolos ecológicos e os possíveis desafios ou limitações associados à sua aplicação prática.?” A busca não foi restrita ao período de publicação na nenhuma publicação, com o intuito de incluir abranger ao máximo de estudos recentes e relevantes, alinhando-se ao protocolo de busca de literatura estabelecido para esta revisão (figura 1).

Figura 1 – Fluxograma de Pesquisa

Fonte: Acervo pessoal do autor, 2024.

3.2. Considerações Éticas

Dada a abordagem da revisão bibliográfica, que se fundamenta na análise de dados já publicados, a submissão ao Conselho de Ética não se faz necessária. O estudo é pautado na utilização exclusiva de informações disponíveis publicamente na literatura científica, eliminando, assim, a necessidade de coleta direta de dados de pacientes.

A transparência metodológica é garantida para possibilitar a compreensão clara do processo de revisão. Além disso, a ausência de intervenção direta em seres humanos minimiza riscos associados à participação em pesquisa, uma vez que não há interação direta com sujeitos de estudo.

Foram estabelecidos critérios de inclusão e exclusão para selecionar estudos que abordassem diretamente os benefícios ambientais dos tijolos ecológicos, bem como os desafios práticos enfrentados em sua implementação.

3.3 Critérios de Inclusão

Foram considerados para inclusão na pesquisa estudos que atenderam a critérios específicos. Incluindo apenas pesquisas publicadas nas bases de dados estabelecidas, o foco esteve na avaliação dos benefícios e desafios do uso do tijolo ecológico.

Além disso, foi essencial que os artigos selecionados dispusessem de dados sobre a temática. Dessa forma, garantiu-se a relevância e atualidade dos estudos incorporados a revisão. Isso incluiu considerações sobre aspectos como custo, disponibilidade de materiais, resistência estrutural e aceitação no mercado da construção.

3.4. Critérios de Exclusão

Durante a seleção, os estudos foram excluídos se não atendessem a critérios específicos. Isso incluiu a exclusão de estudos publicados em revistas de acesso restrito, livros, artigos duplicados e artigos incompletos. Além disso, foram descartados aqueles que não abordaram o questionamento da pesquisa.

A insuficiência de informações sobre os resultados de interesse levou à exclusão dos estudos. Essa abordagem metódica de exclusão foi empregue para garantir a qualidade e a importância dos estudos incluídos no estudo bibliográfico.

3.3 Analise dos dados

Após a seleção dos estudos relevantes, os dados foram analisados e sintetizados, incluindo informações como origem do estudo, metodologia utilizada, principais resultados e conclusões. Uma análise comparativa foi realizada para identificar padrões e tendências nos benefícios e desafios associados aos tijolos ecológicos, proporcionando uma compreensão abrangente da sua viabilidade ambiental e aplicação prática na construção sustentável.

Tabela 1- Artigos para análise da Revisão baseada no ano, título, autores e local de publicação.

ANOTÍTULOAUTORESLOCAL DE PUBLICAÇÃO
12017Construção sustentável com tijolo ecológicoFIAIS, Bruna Barbosa; DE SOUZA, Daniel SartoRevista Engenharia em Ação UniToledo, v. 2, n. 1
22019USO DO TIJOLO ECOLÓGICO: Aspectos e aplicações desta técnica construtiva nos dias atuaisPORTELA, Naaman Ferreira; AMARAL, Diego Roger BorbaHUMANIDADES E TECNOLOGIA (FINOM), v. 16, n. 1, p. 534-554
32020Mitigação de impactos ambientais através do uso de materiais de construção ecológicos. Estudo de caso: tijolos ecológicos comparados a tijolos cerâmicosSANTOS, Elaine Cristina Oliveira Batista; JÚNIOR, Juliano Moura Chaves; BARBOSA, Isa Lorena SilvaETIS-Journal of Engineering, Technology, Innovation and Sustainability, v. 2, n. 1, p. 32-42
42014Produção de tijolo ecológico para construção de residência no semiáridoSILVA, Viviane F. et al.Revista Educação Agrícola Superior, v. 29, n. 1, p. 41-44
52021Caracterização de solos utilizados em indústrias cerâmicas e análise da visibilidade de uso em tijolos ecológicosQUEIROZ, Abílio José Procópio; MORAIS, Crislene Rodrigues da SilvaAmbiente Construído, v. 21, p. 111-123
62017Revisão integrativa: reutilização de resíduos da construção civil na fabricação de concreto e de tijolo ecológicoSANTOS, Jocileila Lima; DE OLIVEIRA, Dean Gomes; DA SILVA LAGO, Pamela IstéfaniRevista Eletrônica Científica Inovação e Tecnologia, v. 8, n. 20
72018Aplicações do tijolo ecológico na construção civilDE CASTRO JORDAN, Anelise; FREITAS, Vitor AbbadeEtic-encontro de iniciação científica-issn 21-76-8498, v. 14, n. 14
82010Estudo do solo-cimento para a fabricação de tijolos ecológicosPEREIRA, Dayane Baloni; PEZZUTO, Claudia CotrimEncontro de iniciação cientifica, v. 15
Fonte: Próprio autor, 2024.

No contexto das pequenas construções, o uso de tijolos ecológicos tem sido objeto de estudo e análise por diversos pesquisadores. Fiais e Souza (2017) discutem a sustentabilidade na construção civil, destacando o tijolo ecológico como uma alternativa viável. Da mesma forma, Portela e Amaral (2019) analisam as vantagens e desvantagens do uso desses tijolos, ressaltando sua viabilidade econômica, apesar das limitações quanto ao conhecimento dos profissionais da área.

Santos, Junior Chaves e Barbosa (2020) realizaram uma comparação entre os impactos ambientais dos tijolos ecológicos e cerâmicos, concluindo que os primeiros apresentam menor impacto ambiental, reforçando sua sustentabilidade. Além disso, Silva et al. (2014) e Queiroz e Morais (2021) abordam a produção e caracterização de materiais para tijolos ecológicos, destacando sua aplicação em diferentes contextos, como no semiárido brasileiro e em indústrias cerâmicas.

Santos, Lima e Lago (2017), abordam a reutilização de resíduos da construção civil na fabricação de tijolos ecológicos, ressaltando a prática sustentável que isso representa. Jordan e Freitas (2018) destacam as vantagens econômicas e ambientais do uso do tijolo ecológico na construção civil, apesar de algumas limitações em determinados contextos.

Por fim, Pereira e Pezzuto (2010) estudam o solo-cimento como material para a fabricação desses tijolos, evidenciando sua viabilidade e benefícios, como o conforto térmico e acústico. Esses estudos corroboram a importância e potencial dos tijolos ecológicos em pequenas construções, oferecendo alternativas sustentáveis e econômicas para o setor.

A Tabela 2 tem como objetivo apresentar os estudos nos principais trabalhos encontrados, destacando os objetivos e informações que são foco deste estudo. Ao definir este estudo como qualitativo, é importante reduzir o número de artigos analisados ​​para que estes estudos contribuam para uma análise específica condizente com os objetivos da pesquisa.

Tabela 2 – Caracterização das principais conclusões e objetivos dos estudos incluídos na revisão.

AutorObjetivoConclusão
FIAIS, Bruna Barbosa; DE SOUZA, Daniel SartoDiscutir a sustentabilidade na construção civil e apresentar o tijolo ecológico como uma alternativa viável.O tijolo ecológico é uma opção sustentável que se alinha com as normas da ABNT, reduzindo o impacto ambiental da construção civil.
PORTELA, Naaman Ferreira; AMARAL, Diego Roger BorbaAnalisar as vantagens e desvantagens do uso de tijolos ecológicos em construções e sua viabilidade econômica.O tijolo ecológico é uma técnica construtiva viável e sustentável, mas sua adoção é limitada pela falta de conhecimento dos profissionais da área.
SANTOS, Elaine Cristina Oliveira Batista; JÚNIOR, Juliano Moura Chaves; BARBOSA, Isa Lorena SilvaComparar os impactos ambientais do uso de tijolos ecológicos com tijolos cerâmicos.Tijolos ecológicos apresentam menor impacto ambiental e são uma alternativa mais sustentável em comparação aos tijolos cerâmicos.
SILVA, Viviane F. et al.Investigar a produção de tijolos ecológicos utilizando materiais reciclados e sua aplicação em construções no semiárido.Tijolos ecológicos produzidos com materiais reciclados são uma solução eficaz e econômica para construções sustentáveis no semiárido.
QUEIROZ, Abílio José Procópio; MORAIS, Crislene Rodrigues da SilvaCaracterizar solos de depósitos sedimentares usados em indústrias cerâmicas e analisar a viabilidade de seu uso em tijolos ecológicos.Os solos estudados atendem aos requisitos das normas brasileiras para a produção de tijolos de vedação e solo-cimento, sendo adequados para a indústria cerâmica e para a produção de tijolos ecológicos.
SANTOS, Jocileila Lima; DE OLIVEIRA, Dean Gomes; DA SILVA LAGO, Pamela IstéfaniDiscutir a sustentabilidade na construção civil e apresentar materiais alternativos como solução, focando no cimento e tijolo ecológicos.A reutilização de resíduos da construção civil na fabricação de concreto e tijolo ecológico é uma prática sustentável que contribui para o equilíbrio entre sociedade, economia e meio ambiente.
DE CASTRO JORDAN, Anelise; FREITAS, Vitor AbbadeApresentar o tijolo ecológico como um método de construção sustentável e econômico.O tijolo ecológico é eficiente e viável, oferecendo vantagens como baixo custo, facilidade de manuseio e rápida execução, apesar de algumas limitações em climas úmidos e necessidade de mão de obra qualificada.
PEREIRA, Dayane Baloni; PEZZUTO, Claudia CotrimEstudar o solo-cimento como material para a fabricação de tijolos ecológicos e abordar a evolução histórica das construções com terra.O solo-cimento é uma alternativa viável para construções sustentáveis, oferecendo conforto térmico e acústico, além de ser ecologicamente benéfico.
Fonte: Próprio autor, 2024.

Com a finalidade discutir os dados encontrados, os resultados foram sistematizados e discutidos me duas categorias:

4.1 Benefícios ambientais dos tijolos ecológicos

Os estudos analisados apresentam uma variedade de perspectivas sobre os benefícios ambientais associados ao uso de tijolos ecológicos em comparação com os tijolos tradicionais na construção civil. Esses benefícios incluem a redução da pegada de carbono, o uso de materiais sustentáveis e a melhoria da eficiência energética das edificações.

Um dos aspectos mais destacados pelos pesquisadores é a redução da pegada de carbono proporcionada pelos tijolos ecológicos. Fiais e Souza (2017) observam que esses tijolos geralmente requerem menos energia durante o processo de fabricação em comparação com os tijolos convencionais, resultando em menores emissões de carbono. Da mesma forma, Santos, Junior Chaves e Barbosa (2020) concluem que os tijolos ecológicos apresentam menor impacto ambiental em comparação com os tijolos cerâmicos, devido à sua produção com materiais de origem renovável ou reciclados.

Além disso, vários estudos ressaltam o uso de materiais sustentáveis na produção de tijolos ecológicos como um benefício ambiental significativo. Silva et al. (2014) destacam a utilização de materiais reciclados na produção de tijolos ecológicos como uma solução eficaz para reduzir resíduos e promover a economia circular. Queiroz e Morais (2021) também enfatizam a viabilidade do uso de solos de depósitos sedimentares em tijolos ecológicos, contribuindo para a valorização de recursos locais e a redução da extração de materiais virgens.

Além disso, a melhoria da eficiência energética das edificações é um benefício ambiental importante associado aos tijolos ecológicos. Santos, Lima e Lago (2017) destacam que a utilização de tijolos ecológicos pode contribuir para a redução do consumo de energia nos edifícios, devido ao seu melhor isolamento térmico e acústico. Isso não apenas reduz os custos operacionais das construções, mas também diminui a demanda por recursos naturais não renováveis.

De forma geral, os estudos analisados convergem para a conclusão de que os tijolos ecológicos oferecem diversos benefícios ambientais em comparação com os tijolos tradicionais. Esses benefícios incluem a redução da pegada de carbono, o uso de materiais sustentáveis e a melhoria da eficiência energética das edificações. Essas descobertas sustentam a importância do uso de tijolos ecológicos como uma estratégia eficaz para promover a sustentabilidade na construção civil.

4.2 Desafios e limitações associados à aplicação prática dos tijolos ecológicos:

Embora os tijolos ecológicos apresentem uma série de benefícios ambientais, sua aplicação prática na construção civil também enfrenta desafios e limitações que precisam ser considerados. Os estudos revisados abordam esses desafios de diferentes perspectivas, destacando questões como custo, disponibilidade de materiais e resistência estrutural.

Um dos principais desafios apontados pelos pesquisadores é o custo inicial mais elevado dos tijolos ecológicos em comparação com os tijolos tradicionais. Portela e Amaral (2019) observam que, apesar das vantagens ambientais dos tijolos ecológicos, seu custo inicial pode ser um obstáculo para sua adoção em larga escala, especialmente em países em desenvolvimento. Jordan e Freitas (2018) também destacam que o custo dos tijolos ecológicos pode variar dependendo da região e da disponibilidade de materiais, o que pode limitar sua viabilidade econômica em determinados contextos.

Além disso, a disponibilidade de materiais e tecnologias adequadas para a produção de tijolos ecológicos também é uma preocupação. Santos, Lima e Lago (2017) apontam que a infraestrutura necessária para a produção de tijolos ecológicos pode não estar amplamente disponível em algumas regiões, o que pode dificultar sua adoção em larga escala. Da mesma forma, Pereira e Pezzuto (2010) observam que a falta de conhecimento e treinamento sobre técnicas de produção de tijolos ecológicos pode representar um obstáculo para os construtores e profissionais da área.

Outro desafio significativo associado aos tijolos ecológicos é a sua resistência estrutural e durabilidade. Silva et al. (2014) destacam que, embora os tijolos ecológicos ofereçam benefícios ambientais, sua resistência estrutural pode ser menor em comparação com os tijolos tradicionais, o que pode afetar sua durabilidade e vida útil. Isso pode ser especialmente relevante em áreas sujeitas a condições climáticas extremas ou desastres naturais, onde a resistência estrutural dos materiais de construção é crucial.

Dessa maneira, os tijolos ecológicos enfrentam desafios significativos em termos de custo, disponibilidade de materiais e resistência estrutural, que podem limitar sua aplicação prática na construção civil. No entanto, abordar esses desafios é fundamental para promover a adoção generalizada de tijolos ecológicos e alcançar os benefícios ambientais associados a essa prática construtiva sustentável.

5. CONCLUSÕES

Após uma análise abrangente dos estudos selecionados sobre os benefícios ambientais e os desafios associados à aplicação prática dos tijolos ecológicos na construção civil, várias conclusões podem ser destacadas. Em relação aos benefícios ambientais dos tijolos ecológicos, os estudos revisados fornecem evidências sólidas de que esses materiais representam uma alternativa sustentável e eficaz para reduzir a pegada de carbono da construção civil. A utilização de materiais sustentáveis na produção de tijolos ecológicos, juntamente com a melhoria da eficiência energética das edificações, contribui para a preservação dos recursos naturais e a mitigação dos impactos ambientais associados à construção.

Por outro lado, os estudos também destacam uma série de desafios e limitações que podem afetar a aplicação prática dos tijolos ecológicos. O custo inicial mais elevado, a disponibilidade limitada de materiais e tecnologias adequadas, bem como preocupações relacionadas à resistência estrutural e durabilidade desses materiais, são questões importantes que precisam ser abordadas para promover a adoção generalizada de tijolos ecológicos na construção civil.

Em conclusão, os tijolos ecológicos oferecem uma série de benefícios ambientais significativos, mas também enfrentam desafios importantes em termos de viabilidade econômica e prática na construção civil. Abordar esses desafios requer uma abordagem holística que envolva o desenvolvimento de políticas públicas favoráveis, investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, bem como a capacitação de profissionais da área.

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