Liandra Yasmin Hiroiaque de Abreu¹ Douglas Silva Ataide² Letícia de Souza Cardoso² Andressa Barreto Hiroiaque² Elizane Correa Garcia² Marilanny Chaves Costa².
1 Liandra Yasmin Hiroiaque de Abreu – Acadêmica de Fisioterapia do centro universitário – FAMETRO.
2 Douglas da Silva Ataíde – Mestre em saúde, sociedade e endemias da Amazônia. Pro orientador do curso de fisioterapia da CEUNI – FAMETRO.
RESUMO
Introdução: A Incontinência urinária de esforço é a perda de urina quando a pessoa tosse ou se exercita. Objetivo: verificar a eficácia do método Pilates em mulheres portadoras de IUE. Metodologia: O estudo tratou-se de uma revisão literária, foram selecionados 8 estudos que se propuseram a executar protocolos de exercícios do método Pilates, encontrados nas bases de pesquisa Scielo, PEDro, Lilac’s, Pubmed e Revistas, dos anos 2010 a 2020; publicados na língua portuguesa, inglesa e espanhola. Resultados: Os 8 estudos analisados foram realizados através de avaliação inicial de força e resistência dos músculos do assoalho pélvico, seguidos da aplicação dos protocolos de exercícios do método Pilates, sendo realizada reavaliação dos parâmetros ao termino. Conclusão:O método Pilates voltado para mulhres com incontinência urinária de esforço mostrou eficácia e befeficiou as mesmas, na qual fortaleceu a musculatura pélvica, diminuição na perda de urina ao se esforçar, consequentemente levando a melhor qualidade de vida.
Palavras-Chave: Método Pilates, Incontinência Urinária de Esforço, Fisioterapia.
ABSTRACT
Introduction: Stress urinary incontinence is the loss of urine when a person coughs or exercises.Objective: to verify the effectiveness of the Pilates method in women with SUI. Methodology: The study was a literary review, 8 studies were selected that proposed to execute protocols of exercises of the Pilates method, found in the research bases Scielo, PEDro, Lilac’s, Pubmed and Magazines, from the years 2010 to 2020; published in Portuguese, English and Spanish. Results: The 8 studies analyzed were carried out through initial assessment of strength and resistance of the pelvic floor muscles, followed by the application of the Pilates method exercise protocols, with a reassessment of the parameters at the end. Conclusion: The Pilates method aimed at women with stress urinary incontinence showed efficacy and benefited them, in which it strengthened the pelvic musculature, decreased urine loss on exertion, consequently leading to a better quality of life.
Keywords: Pilates Method, Stress Urinary Incontinence, Physiotherapy.
INTRODUÇÃO
O assoalho pélvico (AP) representa o conjunto de partes moles que fecham a pelve suportando o peso das vísceras em ortostase é formado por todas as estruturas que estão entre o peritônio e a pele da vulva. A região constituída por músculos, fáscias e ligamentos que garantem o suporte dos órgãos abdominais pélvicos, auxiliam-no controle da continência urinaria e fecal, contrabalançam os efeitos da pressão intra-abdominal, e ainda participam da função sexual e na passagem do feto no parto. (BERTOLDI; MELDEIROS 2015)
De acordo com Barracho et al (2009), a incontinência urinaria pode ser classificada como incontinência urinaria de esforço (IUE), é a perda involuntária da urina em situações que ocorrem o aumento da pressão abdominal na ausência de contração do detrusor, pode acontecer durante o exercício físico, tosse ou espirro.
Para Feldner & Bezerra (2009), a incontinência urinaria de esforço (IUE) é a perda involuntária mais comum na mulher podendo ocorrer pela hipermobilidade da uretra ou por uma deficiência esfincteriana. Sendo assim a hipermobilidade é a causa mais frequente devido a fraqueza das musculaturas que envolvem o assoalho pélvico.
Higa et al (2009), afirma que a incontinência urinaria (IU) é um problema de saúde pública, e sua prevalência aumento com o avanço da idade podendo acontecer em qualquer fase da vida. Embora a IU não coloque diretamente a vida das pessoas acometidas em risco, existe um consenso quanto ao fato de que ela pode afetar negativamente a qualidade de vida (QV) em muitos aspectos, tanto psicológica e social, quanto física, pessoal e sexualmente.
Para melhorar a função e fortalecer a musculatura do assoalho pélvico, a fisioterapia tem disposto de vários métodos de tratamento, entre eles está o Método Pilates, que tem vários benefícios neste âmbito, pois envolve a estimulação dos músculos do assoalho pélvico em quase todos seus exercícios. Seu principal objetivo é fortalecer os músculos do powerhouse (centro de força), composto pelos músculos abdominais, glúteos, paravertebrais, lombares e músculos do assoalho pélvico, diminuindo as perdas de urina, além de estimular a percepção corporal e ajuste postural, resultando em uma melhor qualidade de vida (INHOT, 2016).
Perante a superioridade de mulheres portadoras de IUE, surgiu a importância de pesquisar e demosntrar a utlização do método Pilates como protocolo de tratamento fisioterapêutico, tendo como objetivo verificar a eficácia da aplicabilidade da técnica.
METODOLOGIA
Para elaboração desta pesquisa obteve-se como construção dos seguintes critérios de inclusão: artigos publicados a partir de 2010 a 2020; publicados na língua portuguesa e inglesa; indexados em revistas especializadas; e como critérios de exclusão: artigos que não retratassem sobre o tratamento fisioterapêutico em mulhres com IUE; artigos que estivessem que não estivessem disponíveis integralmente, artigos estrangeiros que não fossem na língua inglesa. Assim a construção geral da pesquisa ocorreu de agosto a dezembro de 2019.
O presente estudo foi realizado por meio de uma revisão de literatura com busca de dados disponíveis nas bases dispostas na internet como: Scielo, Lilac’s, Pubmed e ScienceDirect, revistas especializadas, livros publicados a partir de 2010. Os arquivos utilizados estavam em PDF ou no World e os artigos foram pesquisados, salvos e separados de acordo os descritores citados, para garantir assim que todos os artigos encontrados estivessem de acordo com o assunto da pesquisa.
Na busca foram encontrados 380 artigos científicos referente a assoalho pélvico, método pilates, tramaneto fisioterapêutico . 382 foram excluídos por serem artigos de revisão e por não utilizarem método Pillates. Os descritores em Ciência e saúde (DeCS) utilizados foram: Método Pilates, Incontinência Urinária de Esforço, Fisioterapia, para efetivação da busca por artigos, dissertações e teses que enfatizem a temática estudada e publicadas a partir de 2010.
RESULTADOS
Após o processo de seleção das informações citadas, foram identificados 8 estudos científicos que atendiam aos critérios de seleção estipulados, sendo os principais achados apresentados no Quadro 1.
Tabela 1: Resultado encontrado pelos autores acerca do principal risco sofrido por indivíduos portadores de AO.
ANO/AUTOR | METODOLOGIA | RESULTADO |
2014 Diniz et al., | Estudo observacional. Participaram 6 mulheres entre 30 e 65 anos, praticaram método mat Pilates duante 1 mês 2 vezes por semana com duração de 60 minutos. | Aumento da força da musculatura do assoalho pélvico (MAP) e das fibras tendo ênfase no tipo de fibra 2. |
2015 Bertoldi et al., | Estudo de caso. Protocolo de exercícios: 10 sessões de 50 minutos, 03 vezes por semana, compostas por exercícios selecionados do método Pilates. | Melhora da contração isolada da MAP. |
2016 Pereira et al., | Estudo de caso. Foram realizadas 14 sessões com a aplicação de 20 exercícios de Pilates solo. | Fortalecimento MAP. |
2017 Santos et al., | Estudo de caso. Protocolo de exercícios: 10 sessões de 50 minutos, 02 vezes por semana na qual cada exercício foi realizado com 10 repetições do método Pilates. | Diminuição da perda da urina. |
2017 Scharader et al., | Estudo descritivo, quantitativo. Protocolo de exercícios: 32 sessões e foram avaliados antes e após os tratamentos considerados curto (22sessões), médio(32 sessões) e longo prazo (2 meses sem intervenções). | Eficaz contra perdas urinárias; Aumento da força da MAP. |
2017 Souza et al., | Estudo de amostra. 10 mulheres com pouca ou nenhuma disfunção do assoalho pélvico foram submetidas a 24 sessões de exercícios do método Pilates com duração de 1 hora, por 12 semanas. | Aumento da sustentação das contrações da MAP. |
2019 Amorim etal., | Estudo descritivo e exploratório. 60 mulheres com idade entre 20 e 50 anos praticantes de musculação ou pilates. Foi aplicado o questionário ICIQ-SF. | Incidência de incontinência urinária (IU) maior nas praticantes de musculação. |
2020 Magazoni et al., | Estudo descritivo e qualitativo. Investigação através de questionário aplicado em 37 participaram do questionário, porém somente 9 constataram incontinência urinária (IU) . Protocolo utilizado: método Pilates. | Método Pilates não teve influência. |
DISCUSSÃO
Santos et al., (2017) teve como propósito salientar as influências positivas que o método pilates solo gera ao assoalho pélvico de mulheres portadoras de IUE, obtendo resultados quanto ao fortalecimento do mesmo, resultando na redução da frequência e quantidade da perda urinária , resultando na melhoria da qualidade de vida, podendo assim ser utilizado em afecções previamente instaladas do mesmo que pode auxiliar na prevenção de inúmeras disfunções que acomete a MAP. 1 mulher de 54 anos foi avaliada atráves do biofeedback, constatando fraqueza dos músculos perineais, o tratamento consistiu em 10 sessões de 50 minutos, que alternavam entre ponte, agachamento com bola, hundred, adução e abdução com elástico e prancha, utlizando um dos princípos do Pilates, respiração.Obteve orientção para que na inspiração enchesse o abdome e na expiração prendesse a urina e apertasse o ânus. Finalizado o tratamento foi realizada novamente a avaliação com bioofeedback que apresentou valor inicial de 10,1 mmHg e após a intervenção mostrou resultado significativo de 15,46 mmHg da consciência perineal.
Nesse sentido Pereira et al., utiliza o mesmo método de Santos et al., (2017) somente acrescentando acessórios especiais como bozu, bolas, faixas elásticas, bolas suíças, halteres e caneleiras, adaptados para a participante. 1 mulher foi avaliada a partir do Stop Test, que consiste num método de avaliação da força da musculatura do assoalho pélvico onde é solicitado a interrupção do jato urinário por 1 a 2 vezes, após 5 segundos do início da micção indicando grau 1 na escala. Foram realizadas 14 sessões, com duração de 60 minutos, que consistiam na utilização de acessórios e contração do assoalho pélvico durante a expiração. Após o terminio das sessões foi feita a reavaliação indicando grau 3, atestando fortaleciemento significante do assoalho pélvico.
Nesta concepção Scharader et al., realizou um estudo com 14 mulheres dividas em 2 grupos, grupo 1(G1) submetido ao tratamento com o biofeedback e o grupo 2(G2) com o Método Pilates. Ambos realizaram 32 sessões e foram avaliados antes e após os tratamentos considerados curto, médio e longo prazo, as 1°sessões residiram em avaliação por meio do Questionário de Incontinência Urinária (ICIQ_SF ) e de uma Ficha de Coleta de Dados, as seguintes sessões foram dividas por grupo, G1 dividido em 3 fases: 10 minutos de contrações dos MAP, 5 minutos de descanso para relaxamento da musculatura e 10 minutos de exercícios novamente com contração da MAP, associado a cinesioterapia. G2 utilizou exercícios do Pilates solo, para fortalecer o centro de força, durante a sessão, 8 exercícios eram executados associados a respiração. O estudo foi de grande relevância pois ambos os grupos mostraram resultados eficazes, tal a melhora da perda urinária acarretando uma melhor qualidade de vida, porém houve uma relevância nas contracões mantidas, apenas o grupo que utilizou o biofeedback.
A respiração é um dos princípios fundamentais do método Pilates e atrelada à correta ativação do Powerhouse, exige a contração de diversos músculos, incluindo a MAP. Esta contração ocorre durante todas as expirações realizadas na execução dos exercícios e isto é capaz de promover um ganho de força expressivo . (BERTOLDI et al., 2015).
Do mesmo modo que os autores supracitados, Magazoni et al., (2020) utlizou o método Pilates solo, no entanto incluiu aparelhos visto que, a incontinência urinária é causada pela flacidez da MAP, podendo acometer todas as faixas etárias e sexo, gerando uma baixa qualidade de vida.37 mulheres foram avaliadas pelo questionário ( ICIQ-SF), na qual somente 9 mulheres constatam incontinência urinária, após a aplicabilidade do Pilates não houve melhoras significativas dos casos.
Já Diniz et al., (2014) diz que o Pilates, é um programa de treino físico e mental, que trabalha o corpo como um todo, e dedicando-se a explorar o potencial de mudança do mesmo, assim como Santos et al.,(2017) sustenta que o método Pilates pode previnir o aparecimento ou tratamento das disfunções da musculatura do assoalho pélvico, atesta que não somente o método Pilates assim como o mat Pilates tem bastante influência na força de contração das fibras musculares, da musculatura do assoalho pélvico. 6 mulheres participaram, meses março a maio de 2011,com idade entre 35 e 65 anos, realizaram aulas de Mat Pilates, 2 vezes por semana. Para avaliação de força do assoalho pélvico, utilizaram perineômetro de pressão Perina, antes e após a realização de 8 aulas. Descobrindo que tiveram aumento de força muscular nos tipos 1 e 2 de fribas musculares com ênfase no tipo.
Nesta perspectiva, Amorim et al., (2019) dita que a IU vem sendo erroneamente interpretada, autores ratificam que a IU se da por um processo natural do envelhecimento humano, onde o mesmo nega esta afirmação,podendo afetar mulheres obesas, tabagismo, que praticam exercício físico rigoroso e de alto impacto, dentre outros, o próprio autor descreve que a condição que a patologia impõe à acometida constrange socialmente. Para alegar sua concepção de que mesmo mulheres praticante de alguma atividade fisíca poderia ser acometida pela IU, devido ao esforço ou falta de acompanhamento. Realizou um estudo na qual participaram 60 mulheres divididas em 2 grupos entre 20 e 50 anos praticantes de musculção ou Pilates, na qual se teve mais incidência de IU nas mulheres praticantes de musculção por conta do esforço excessivo sem supervisão do profissional, mostrando assim que o Pilates por se ter acompanhamento durante as sessoes se torna mais eficaz.
O treinamento com os exercícios idealizados por Joseph Pilates aumentaram a pressão, a resistência e o número de contrações rápidas dos músculos do assoalho pélvico. Os resultados do presente estudo são encorajadores e podem eventualmente levar a ampliação do uso terapêutico do Pilates para tratar ou prevenir as disfunções do assoalho pélvico.(SOUZA et al.,2017)
CONCLUSÃO
Por intermédio deste estudo, conclui-se a eficácia do método Pilates como protocolo de tratamento fisioterapêutico, promovendo benefícios que melhoraram a qualidade de vida das mulheres portadoras de IUE, fortalecimento da MAP, controle da bexiga.
REFERÊNCIAS
Amorim, L. F., Saraiva, D. S. D., Cirqueira R. P. Prevalência de Incontinência Urinária em Mulheres Praticantes de Pilates e de Musculação.Rev. Mult. Psic. V.13, N. 48 p. 311-322, Dezembro/2019 – ISSN 1981-1179 Edição eletrônica em http://idonline.emnuvens.com.br/id.
BARACHO E, Fisioterapia Aplicada à Obstetrícia, Uroginecologia e Aspectos de Mastologia, 4º edição, Editora Guanabara Koogan, 2009.
Bertoldi, J. T., Medeiros, A. M., & Goulart, S. O. A influência do método pilates na musculatura do assoalho pélvico em mulheres no climatério: estudo de caso. Cinergis, 2015; 16(4).
Diniz. M. F., Vasconcelos. T. B., Pires. L. V. R., Nogueira. M. M., Arcanjo. G. N. Avaliação da força muscular do assoalho pélvico em mulheres praticantes de Mat Pilates. MTP&RehabJournal 2014; 12:406-420.
FEL DNER Jr PC; BEZERRA LRPS, Girão MJBC, Castro RA, Sartori MGF, BARACAT EC, et al. Correlação entre a pressão de perda à manobra de valsalva e a pressão máxima de fechamento uretral com a história clínica em mulheres com incontinência urinária de esforço. Rev Bras Ginecol Obstet. 2009; 24(2):8791.
HIGA R, Lopes MHBM, Reis MJ. Factores de riesgo para incontinencia urinaria en la mujer. Rev Esc Enferm. 2009; 42(1):187-192.
INHOTI, Priscila Almeida, Incontinência urinária em mulheres idosas de um município do noroeste do paraná: prevalência e efeito de um programa de exercícios físicos, 2016. Edição eletrônica em http://unicesumar.edu.br>sites.
Magazoni, V. S., SILVA, S. T., & SANTOS, S. M. Influência do Método Pilates sobre a Incontinência Urinaria. e-RAC, 2020; 9(1).
Pereira, A. J. S. R., Spiller, M. G., Garcia, E. P., & Correa, R. G.
INFLUÊNCIA DO MÉTODO PILATES SOLO NA INCONTINÊNCIA DE URGÊNCIA DUPLA. HÓRUS, 2017; 11(1), 68-80.
Santos, A. C. C. C., Dias, S. F. L., Barbosa, A. P. B., Silva, C. M. L., & Rocha, V. L. S. Performance of the Pilates method in the strengthening of the pelvic floor muscles in the urinary incontinence of effort. ReOnFacema, 2017; 3(3), 617-23.
Souza, L. M., Pegorare, A. B. G. S., Christofoletti, G., Barbosa. S. R. M. Influência de um protocolo de exercícios do método Pilates na contratilidade da musculatura do assoalho pélvico de idosas não institucionalizadas. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 2017; 20(4): 485-493.
Schrader, E. P., Frare, J. C., Comparin, K. A., Diamante, C., de Araújo, B. G., Danielli, C., & Murbach, L. D. Eficácia do método Pilates e do biofeedback manométrico em mulheres na menopausa com incontinência urinária. Sêmina: Ciências Biológicas e da Saúde, 2017; 38(1), 61-78.
.