“USO DO CANABIDIOL PARA ALÍVIO DA ESPASTICIDADE NA ESCLEROSE MÚLTIPLA”

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202510310022


Gisele Mesquita Bruce
Thais Marinho dos Santos
Renata Leite dos Reis
Giovana Gomes Feijão
Coorientadora: Profª Msc. Márcia Costa Rebelo
Orientadora: Profª Msc. Amanda Bezerra Carvalho


RESUMO 

A esclerose múltipla (EM) é uma doença autoimune crônica que afeta o sistema nervoso central, caracterizada por processos inflamatórios e desmielinizantes que comprometem a função motora e sensorial. A espasticidade é um dos sintomas mais incapacitantes da doença, sendo os medicamentos de primeira linha o baclofeno e a tizanidina. Nesse contexto, o canabidiol (CBD), composto derivado da Cannabis sativa, tem se destacado como uma alternativa terapêutica promissora devido às suas propriedades neuroprotetoras, anti-inflamatórias e relaxantes musculares. Este trabalho tem como objetivo analisar a eficácia e a segurança do uso de canabidiol no alívio da espasticidade em pacientes com esclerose múltipla, por meio de uma revisão sistemática da literatura realizada nas bases PubMed e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), seguindo as diretrizes do método PRISMA. Foram selecionados 21 estudos publicados entre 2015 e 2025, os resultados demonstraram que o CBD, principalmente quando associado ao tetrahidrocanabidiol (THC) em formulações oromucosas, como o medicamento Nabiximols, promove reduções significativas da espasticidade, melhora na marcha, equilíbrio e qualidade de vida. Quando utilizado como tratamento adjuvante mostrou uma boa complementaridade nos mecanismos, demonstrando efeitos positivos na espasticidade, dor, sono, hiperatividade entre outros. Os efeitos adversos observados foram leves e temporários, confirmando o bom perfil de segurança do composto. Conclui-se que o canabidiol representa uma alternativa eficaz e segura para o manejo da espasticidade na esclerose múltipla, podendo atuar como adjuvante aos tratamentos convencionais. Contudo, ainda se faz necessária a realização de estudos adicionais, multicêntricos e de longo prazo para determinar as doses ideais e efeitos sustentados dessa terapia.

Palavras-chave: Canabidiol. Esclerose múltipla. Espasticidade. Terapia adjuvante. Eficácia.

ABSTRACT 

Multiple sclerosis (MS) is a chronic autoimmune disease that affects the central nervous system, characterized by inflammatory and demyelinating processes that impair motor and sensory functions. Spasticity is one of the most disabling symptoms of the disease with baclofen and tizanidine being the first-line drugs. In this context, cannabidiol (CBD), a compound derived from Cannabis sativa, has emerged as a promising therapeutic alternative due to its neuroprotective, anti-inflammatory, and muscle relaxant properties. This study aims to analyze the efficacy and safety of cannabidiol use in relieving spasticity in patients with multiple sclerosis through a systematic literature review conducted in the PubMed and BVS (Virtual Health Library) databases, following PRISMA guidelines. Twenty-one studies published between 2015 and 2025 were selected. The results demonstrated that CBD, especially when combined with tetrahydrocannabinol (THC) in oromucosal formulations such as Nabiximols, significantly reduces spasticity and improves gait, balance, and quality of life. When used as an adjuvant treatment, it showed good complementarity in therapeutic mechanisms, with positive effects on spasticity, pain, sleep, hyperactivity, among others. The observed adverse effects were mild and transient, confirming the compound’s favorable safety profile. It is concluded that cannabidiol represents an effective and safe alternative for managing spasticity in multiple sclerosis and may act as an adjuvant to conventional therapies. However, further multicenter and long-term studies are needed to determine the optimal doses and sustained effects of this therapy.

Keywords: Cannabidiol. Multiple sclerosis. Spasticity. Adjuvant therapy. Efficacy.

RESUMEN

La esclerosis múltiple (EM) es una enfermedad autoinmune crónica que afecta al sistema nervioso central, caracterizada por procesos inflamatorios y desmielinizantes que comprometen las funciones motoras y sensoriales. La espasticidad es uno de los síntomas más incapacitantes de la enfermedad y, con frecuencia, resulta resistente a los tratamientos convencionales, siendo el baclofeno y la tizanidina los fármacos de primera línea. En este contexto, el cannabidiol (CBD), compuesto derivado de Cannabis sativa, se ha destacado como una alternativa terapéutica prometedora debido a sus propiedades neuroprotectoras, antiinflamatorias y relajantes musculares. Este estudio tiene como objetivo analizar la eficacia y la seguridad del uso del cannabidiol en el alivio de la espasticidad en pacientes con esclerosis múltiple, mediante una revisión sistemática de la literatura realizada en las bases de datos PubMed y BVS (Biblioteca Virtual en Salud), siguiendo las directrices del método PRISMA. Se seleccionaron 21 estudios publicados entre 2015 y 2025. Los resultados demostraron que el CBD, especialmente cuando se asocia con tetrahidrocannabinol (THC) en formulaciones oromucosas, como el medicamento Nabiximols, produce reducciones significativas de la espasticidad, además de mejorar la marcha, el equilibrio y la calidad de vida. Cuando se utiliza como tratamiento adyuvante, mostró una buena complementariedad en los mecanismos terapéuticos, con efectos positivos sobre la espasticidad, el dolor, el sueño y la hiperactividad, entre otros. Los efectos adversos observados fueron leves y transitorios, lo que confirma el buen perfil de seguridad del compuesto. Se constata que el cannabidiol representa una alternativa eficaz y segura para el manejo de la espasticidad en la esclerosis múltiple, pudiendo actuar como adyuvante a los tratamientos convencionales. Sin embargo, aún son necesarios estudios adicionales, multicéntricos y a largo plazo para determinar las dosis óptimas y los efectos sostenidos de esta terapia.

Palabras clave: Cannabidiol. Esclerosis múltiple. Espasticidad. Terapia adyuvante. Eficacia.

1. INTRODUÇÃO

A esclerose múltipla (EM) é uma doença autoimune desmielinizante crônica do sistema nervoso central (SNC), caracterizada por processos inflamatórios e neurodegenerativos (Lopes, 2006). Afetando cerca de 40 mil pessoas no Brasil (Brasil, 2025), a esclerose múltipla tem exigido abordagens terapêuticas inovadoras, visto que os tratamentos convencionais, como imunossupressores, nem sempre são suficientes para controlar seus sintomas (Goodin et al., 2002). 

Os sintomas da EM se apresentam de diversas formas: sensoriais, motoras e cerebelares. Os sensoriais são a primeira manifestação clínica em até 43% dos pacientes, incluem parestesia (descrita como dormência, formigamento), os motores são caracterizados por sinais piramidais (como sinal de Babinski, reflexos mais pronunciados e clônus), paresia e espasticidade (Filippi et al., 2018). Sintomas do tronco encefálico e cerebelares estão presentes em até 70% dos pacientes, que incluem comprometimento dos movimentos oculares (como nistagmo, movimento involuntário dos olhos), oscilopsia (os itens no campo visual parecem se mover) e diplopia (visão dupla), ataxia e desequilíbrio da marcha, entre outros (Filippi et al., 2018).

 A espasticidade é o sintoma mais comum e grave em pessoas com esclerose múltipla (EM), se manifesta clinicamente por aumento no tônus muscular, que se torna mais aparente com movimentos de alongamento mais rápidos. Em uma das definições mais recentes, a espasticidade foi descrita como hiperatividade muscular involuntária na presença de paresia central (Dressler, 2018). Esse sintoma aumenta com a progressão da doença e levam ao agravamento da incapacidade, ao comprometimento das atividades da vida diária e da qualidade de vida. Medicamentos antiespásticos apresentam benefício limitado ou são mal tolerados. O avanço do uso de canabinoides tem sido amplamente estudado na redução da espasticidade (Filippini et al., 2022).

 O tratamento para indivíduos com EM inclui o manejo de episódios agudos por meio do uso de agentes modificadores da doença, para diminuir a função biológica da mesma e o alívio dos sintomas. O tratamento da espasticidade requer fisioterapia, o uso de medicamentos iniciais, como baclofeno ou gabapentina, opções de medicamentos secundários, como tizanidina ou dantroleno, e tratamento de terceira linha, como benzodiazepínicos (Haki et al., 2024).

Neste contexto, o CBD e o THC têm se destacado por suas propriedades neuroprotetoras, anti-inflamatórias e analgésicas, apresentando resultados promissores no alívio da espasticidade e da dor em pacientes com esclerose múltipla (Bonini, 2018). Formulações como o Mevatyl®, aprovado pela ANVISA, combinam CBD e THC em proporções específicas, minimizando efeitos psicoativos e maximizando benefícios clínicos (Anvisa, 2017). 

A cannabis pertence à pequena família das Cannabaceae, nativa da Ásia Central, sua composição química é complexa, contendo mais de 545 compostos, incluindo canabinóides como o Δ-9-tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), que possuem propriedades psicoativas e terapêuticas (Sommano et al., 2020).

No Brasil, a regulamentação da Cannabis sativa para fins medicinais foi estabelecida pela Lei nº 11.343/2006, que prevê a possibilidade de cultivo controlado para pesquisa e tratamento, embora ainda haja desafios na sua implementação (Brasil, 2006). A RDC Nº 327, de 9 de dezembro de 2019 (RDC 327/2019) dispõe sobre os procedimentos para a concessão da Autorização Sanitária para a fabricação e a importação, bem como estabelece requisitos para a comercialização, prescrição, a dispensação, o monitoramento e a fiscalização de produtos de Cannabis para fins medicinais (Brasil, 2019).

Diante desse cenário, este trabalho tem como objetivo analisar o uso do canabidiol para alívio da espasticidade na esclerose múltipla, com enfoque na sua eficácia no controle da espasticidade, identificar possíveis efeitos colaterais que o canabidiol possa causar e comparar a eficácia do uso do Canabidiol como adjuvante com os tratamentos convencionais (baclofeno e tizanidina).

2. METODOLOGIA

Este estudo aplicou uma revisão sistemática, conforme as recomendações da metodologia Prisma – “Preferred Reporting Items for Systematic reviews and MetaAnalyses”. A escolha dos artigos ocorreu por meio de busca nos bancos de dados PubMed e BVS, onde foram utilizados descritores específicos e suas combinações através de operadores booleanos (“AND” e “OR”) que favoreceram a busca por estudos relevantes. Os descritores em ciências da saúde (DeCS) usados foram: “canabidiol”, “esclerose múltipla”, “espasticidade”, “eficácia”, “reações adversas”,“tratamentos convencionais”, “baclofeno”, “cannabidiol”, “spasticity”, “multiple sclerosis”, “efficacy”, “adverse reactions”, “conventional treatments” , e “baclofen”. 

Como critérios de inclusão foram selecionados artigos disponíveis online, publicados entre 2015 e 2025, nos idiomas português e inglês. A seleção priorizou estudos que abordassem o uso do canabidiol para o alívio da espasticidade em pacientes com esclerose múltipla, além de publicações que investigassem a eficácia do canabidiol no controle da espasticidade, que apresentassem dados referentes a eventuais efeitos adversos e que comparassem a eficácia do canabidiol como terapia adjuvante em relação aos tratamentos convencionais.

Quanto aos critérios de exclusão, foram excluídos artigos publicados fora do período estabelecido, redigidos em idiomas distintos do português e do inglês, bem como artigos de revisão e opiniões. Também foram eliminados estudos que não abordassem especificamente o uso do canabidiol para o alívio da espasticidade ou que não o relacionassem ao tratamento da esclerose múltipla.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A busca inicial nas bases de dados resultou em um total de 225 artigos considerados relevantes. Após a exclusão de 17 artigos duplicados, restaram 208 publicações para avaliação. Estes foram submetidos à análise de relevância e potencial para extração de dados úteis para o estudo. Nessa fase, 74 artigos foram eliminados por não abordarem o foco do nosso estudo de forma específica, 98 por serem artigos de revisão, 10 por serem artigos de opinião e 05 por estarem fora do idioma desejado. Obtivemos então como resultado, após a filtragem, 21 artigos selecionados. O fluxograma abaixo mostra o processo de seleção dos estudos (figura 1). 

Figura 1: Esquema de seleção de estudos

Fonte: elaborado pelos autores.

Foi construído um quadro com o resumo dos principais estudos, objetivos e conclusões dos 21 estudos selecionados. Essas informações encontram-se na Tabela 1.

Tabela 1 – Síntese de dados dos artigos rastreados

Fonte: elaborado pelos autores.

3.1 Eficácia do Canabidiol no Controle da Espasticidade

De acordo com os estudos incluídos, é possível confirmar de forma consistente sobre a eficácia do canabidiol (CBD), principalmente quando combinado com tetraidrocanabidiol (THC) em formulações como Nabiximols (Sativex), para controlar a espasticidade em pacientes com esclerose múltipla (EM). Esse conjunto de evidências clínicas indica uma melhora considerável na espasticidade, marcha, equilíbrio e atividades diárias, sugerindo um papel terapêutico importante do CBD na modulação dos sintomas motores dessa condição.

A formulação padrão do Nabiximols (Sativex) contém 2,7 mg de THC e 2,5 mg de CBD por jato (100 μL), onde as doses variam de 6 a 12 jatos por dia, podendo chegar a 24 jatos diários em estudos de fase II e III (Bethoux et al., 2024; Nicholas et al., 2023; Marková et al., 2018). Gustavsen et al., 2021, utilizou estudos com óleos medicinais de cannabis, na qual as doses foram consideravelmente menores, cerca de 5 a 15 mg/dia de CBD, e administradas por via oral sublingual, com boa disponibilidade.

Bethoux et al. (2024) conduziram um ensaio clínico randomizado e duplo-cego com 191 pacientes, selecionando qualquer forma de EM com espasticidade persistente, desde que tivessem escala modificada de Ashworth ≥2 em ≥2 grupos musculares, no qual observaram uma redução clinicamente significativa nas medidas de espasticidade após a aplicação do spray oromucosal de Nabiximols em 40% dos participantes após 12 semanas de tratamento. Nicholas et al. (2023) observaram resultados semelhantes, em dois ensaios controlados totalizando 339 indivíduos, incluindo EM moderada a severa com espasticidade constatando uma melhora de 2,3 pontos na NRS na espasticidade, além de uma redução de 25% na contagem de espasmos musculares. Esses resultados indicam que a modulação do sistema endocanabinoide pode diminuir a excitabilidade neuronal e aprimorar o controle motor voluntário.

De Blasiis et al. (2021) aplicaram o spray em 27 pacientes e confirmou que o uso do Nabiximols está relacionado à melhora do equilíbrio e da marcha, conforme demonstrado por uma análise de movimento tridimensional, nas quais os benefícios foram observados após 45 minutos e mantidos por um período de quatro semanas. Essa melhora funcional sustenta a ideia de que o canabidiol tem um efeito neuromodulador positivo nos circuitos sensório-motores, o que ajuda a melhorar o controle da espasticidade e a coordenação motora.

Patti et al. apresentou um estudo com 1.615 pessoas, acima de 18, pacientes com espasticidade moderada a severa, alcançando uma redução média do NRS = −2.5 (p < .0001) e  após 1 mês 70.5% alcançaram ≥20% de melhora da NRS de 28.2%  ≥30%. O Nabiximols foi utilizado com doses de 6 sprays ao dia, ajustadas pelos próprios pacientes, respeitando a dose máxima de 12 sprays por dia. Demonstrando a eficácia do tratamento em uma amostra ampla e variada.  

Os estudos observacionais de Trojano e Vila (2015), selecionaram pacientes com EM resistente (moderada a grave) observaram que após 3 meses do uso do nabixmols, houve uma diminuição média de 19,1% na escala NRS de espasticidade, tendo redução na escore de Ashworth modificada de 2,6 para 2,3 (p<0,0001). Cerca de 24,6% foram “respondedores clínicos” (melhora ≥30% no NRS). Vermersch e Trojano (2016) confirmam essa eficácia, onde relataram uma melhora considerável na espasticidade e nos sintomas relacionados, como dor e rigidez muscular. Essas observações foram confirmadas em diversos contextos clínicos, evidenciando a eficácia terapêutica do canabidiol. 

No contexto neurofisiológico, Leocani et al. (2015) evidenciaram benefícios relevantes do Sativex em um grupo de 30 pacientes com EM progressiva (primária ou secundária), com resultados de eficácia de ≥20% mais frequente com Sativex que com o uso do placebo (50% vs 23.5%, p=0.041), indicando que o canabidiol atua principalmente na espasticidade por meio de vias periféricas e espinais, modulando os reflexos de estiramento e diminuindo a hiperatividade muscular involuntária. Marinelli et al. (2016) sustentaram essa hipótese ao identificarem que os canabinoides exercem um efeito modulador sobre o reflexo de estiramento, o qual indica uma influência direta na excitabilidade dos motoneurônios alfa.

Observações clínicas em contextos de vida real, sustentam que a eficácia do canabidiol persiste além do ambiente experimental. Paolicelli et al. (2015) observaram uma redução significativa na espasticidade, em uma amostra de 102 pacientes,  fazendo uso de uma dose média de  6-8 sprays/dia com uma redução média de NRS = −2.5, obtendo um resultado de ≥20% na 4º semana. Por outro lado, Murphy et al. (2024), em um estudo baseado em registros nacionais britânicos, relataram uma melhora considerável na espasticidade e na qualidade de vida com o uso de cannabis medicinal, que apresentou boa tolerabilidade.

Flachenecker et al. (2018), estudo feito com 6 pacientes, sendo 2 homens e 4 mulheres, idade entre 33 e 65 anos com EM refratária, também notaram variação individual na resposta ao tratamento, porém em todos os casos houve uma melhora significativa dos sintomas em pacientes responsivos. Todos 6 apresentaram ≥20% melhora em NRS (initial responders), M.A.S (Modified Ashworth Scale) melhorou em 5/6.

No estudo de Gustavsen et al. (2021) a espasticidade diminuiu de uma pontuação NRS mediana de 6 para 2,5 (p = 0,01) e os distúrbios do sono diminuíram de uma pontuação NRS mediana de 7 para 3 (p < 0,001).

3.2 Efeitos Colaterais do Canabidiol em Pacientes com Esclerose Múltipla

Em todos os estudos analisados, o canabidiol apresentou um perfil de segurança amplamente positivo. Os efeitos colaterais foram leves e temporários, predominando tontura, sonolência, fadiga e boca seca, sem sinais de toxicidade grave.

Paolicelli et al. (2015) observaram a segurança e a tolerabilidade do spray oromucosal a longo prazo, constatando que 40,2% dos pacientes relataram efeitos adversos leves entre 102 pacientes, destacando tontura (21%), fadiga (15%), boca seca (10%) e distúrbios do sono (8%), sem casos graves, que foram mais comuns nas primeiras semanas de tratamento, sem que na maioria dos casos fosse necessário interromper o uso do medicamento. Esse perfil foi semelhante ao apresentado por Patti et al. (2016), que também observaram que 47% dos pacientes apresentaram algum evento adverso, sendo tontura (22%) e fadiga (18%) os mais prevalentes, seguidos por sonolência (9%) e boca seca (6%). Apenas 18,7% dos participantes descontinuaram o tratamento devido a efeitos indesejáveis, principalmente por tontura persistente.

Haupts et al. (2016) confirmaram esses resultados ao notar que, mesmo em pacientes que haviam falhado em terapias antiespásticas convencionais, o tratamento com THC:CBD manteve uma tolerabilidade positiva, onde a maioria dos eventos adversos foi leve e transitória, como tontura (9%), fadiga (6%) e sonolência (5%), sem necessitar de uma alteração significativa na dosagem. A pesquisa de Haupts et al. (2024) reforça essa evidência ao mostrar que, na visão dos próprios pacientes, os benefícios superaram consideravelmente os desconfortos iniciais causados por efeitos colaterais menores, destacando tontura e fadiga transitórias em menos de 10% dos casos.

Bethoux et al. (2024) realizaram um ensaio clínico randomizado e duplo-cego, no qual relataram uma incidência moderada de eventos adversos semelhantes, sendo os mais comuns tontura (18%), fadiga (12%) e náusea (8%). No entanto, não foram observados casos graves diretamente relacionados à administração do canabidiol. Por outro lado, Nicholas et al. (2023) avaliando 339 pacientes em dois ensaios randomizados, observaram tontura em 14%, sonolência em 9%, fadiga em 7%, boca seca em 6% e náusea em 5%. Com isso, destacaram que o uso prolongado do spray oromucosal não resultou em toxicidade acumulada nem em comprometimento cognitivo. 

Murphy et al. (2024), em registro nacional britânico, analisaram 1.275 pacientes e documentaram 146 eventos adversos, com tontura (22%), fadiga (18%), boca seca (12%), náusea (9%) e sonolência (8%), além de ressaltar a falta de comprometimento significativo do fígado ou dos rins.

O estudo observacional de Vermersch e Trojano (2016), que acompanhou 300 pacientes em uso diário do spray oromucosal, 10,4% relataram reações adversas leves, sendo tontura (5%), fadiga (3%) e sonolência (2%), confirmando a segurança do uso diário do spray oromucosal THC:CBD na prática clínica, onde a maioria dos sintomas regrediu com redução da dose. De forma semelhante, Trojano (2016) relatou que os efeitos colaterais foram, em sua maioria, leves e facilmente controláveis com ajustes na dosagem, em que foi observado apenas tontura em 12% e fadiga em 10%. Esses resultados estão alinhados com as observações de Mallada Frechín (2018), que, em um estudo retrospectivo, também registrou uma baixa incidência de efeitos colaterais e a continuidade da adesão ao tratamento ao longo de um extenso período.

Grimaldi et al. (2019) relataram casos raros de mudanças no apetite e náusea leve entre os efeitos colaterais menos comuns em 4% dos 80 pacientes, sem afetar a continuidade do tratamento. De Blasiis et al. (2021) avaliaram os efeitos do Nabiximols a curto e longo prazo e observaram que os sintomas adversos foram raros e de rápida reversão, com os pacientes mantendo estabilidade clínica durante o seguimento. De Gustavsen et al. (2021) relataram boca seca (10%), sonolência (8%), tontura (6%), náusea (4%) e distúrbios do sono (3%), com dois casos de suspensão do tratamento devido a sonhos vívidos e sedação excessiva.

Nos estudos de análise funcional e neurofisiológica, Leocani et al. (2015) relataram tontura em 7 pacientes, fraqueza em membros inferiores em 2, vertigem em 1, hipotensão em 2 e hipertensão em 1, mas nenhum evento grave ocorreu durante o uso do Sativex. Já Marinelli et al. (2016) descreveram apenas leve sonolência em 2 pacientes, sem repercussão clínica.

Marková et al. (2018), apontou que a presença do THC nas formulações pode estar associada aos efeitos psicoativos sutis, como euforia leve e mudanças na percepção. Outros efeitos leves e moderados como tontura observada em 10,1% dos pacientes, fadiga 9,4%, náusea 7,3%, sonolência 6,6%, alterações no apetite 5,9% e diarreia 5,2%. No entanto, esses efeitos não têm relevância clínica significativa quando administrado em proporções equilibradas com o canabidiol, enfatizando a importância de doses padronizadas e titulação gradual para minimizar desconfortos temporários.

Segundo Gajofatto et al. os eventos adversos mais comuns foram tontura, relatada por 22% dos participantes, seguida de fadiga (17%) e confusão ou desorientação (17%). Outros efeitos incluíram sonolência e disgeusia ou dor oral, ambos com incidência de 9,8%. Ansiedade, diminuição da atenção e/ou concentração, diarreia e alterações no esmalte dental ocorreram em 5,9% dos casos cada. Já a falta de apetite e crises convulsivas foram menos frequentes, afetando 2,9% dos pacientes. De modo geral, o tratamento foi considerado seguro e bem tolerado, com a maioria dos efeitos adversos sendo leves e transitórios.

3.3 Eficácia do Uso Canabidiol como Adjuvante aos Tratamentos Convencionais

A literatura aponta que o canabidiol tem um efeito sinérgico quando combinado com tratamentos tradicionais, como baclofeno, tizanidina e fisioterapia. Marková et al. (2018) e Meuth et al. (2020), integrantes do estudo SAVANT, mostraram que Nabiximols é superior aos antiespásticos otimizados. O estudo demonstrou que nos grupos que receberam o canabinoide como complemento, observou-se redução de 30% a 40% na pontuação da Escala Numérica de Espasticidade (NRS), enquanto os pacientes que permaneceram apenas com as medicações convencionais apresentaram melhora inferior a 20%. Os autores destacaram a melhora do tônus muscular, evidenciando efeito sinérgico entre o canabidiol e os relaxantes musculares tradicionais. 

Haupts et al. (2016) confirmaram que sua adição após falha terapêutica resultou em uma melhora significativa da espasticidade, constatando que a introdução do Nabiximols promoveu redução média de 2,5 pontos na NRS e melhora da funcionalidade motora, mesmo em indivíduos refratários a outras opções terapêuticas.

Em estudo posterior, Haupts et al. (2024) destacaram que a percepção dos pacientes em relação aos benefícios dos Nabiximols ultrapassou as métricas clínicas tradicionais, indicando que o CBD oferece valor terapêutico além dos resultados objetivos.

Grimaldi et al. (2019) constataram que a combinação de Nabiximols com fisioterapia trouxe melhorias significativas na função motora, com destaque para a redução da espasticidade e melhoria da coordenação. Além disso, a pesquisa mostrou que a combinação de intervenções farmacológicas e não farmacológicas é especialmente eficaz para espasticidade resistente. De Blasiis et al. (2021) também observou benefícios significativos quando o Nabiximols foi associado a fisioterapia, onde evidenciaram melhora da marcha, equilíbrio e redução de sintomas associados, após quatro semanas de uso combinado.

Em contextos de tratamentos farmacológicos combinados, Paolicelli et al. (2015) e Patti et al. (2022) verificaram que o uso de Nabiximols associado a baclofeno e tizanidina proporcionou melhora global dos sintomas de espasticidade, além de benefícios secundários, como redução da dor e melhora do sono. Patti et al. (2022) analisou que foi reduzido a espasticidade em 24,6% na semana 4 e 33,9% aos 18 meses.

Os estudos Patti et al. (2016) e Vermersch e Trojano (2016), realizados em contexto de prática clínica, reforçam que a adição do canabidiol aos esquemas convencionais de tratamento promove melhor controle dos espasmos musculares e da dor neuropática. Nessas análises, o Nabiximols foi utilizado em conjunto com baclofeno, gabapentina, fisioterapia e manejo ocupacional, apresentando alta adesão terapêutica e satisfação dos pacientes. De forma semelhante, Mallada Frechín (2018) constatou que a combinação de THC:CBD com tratamentos já existentes melhorou as atividades diárias e diminuiu a dependência funcional, mantendo a segurança terapêutica.

No estudo de Trojano (2016), a introdução do Nabiximols como adjuvante às terapias convencionais resultou em redução significativa de espasticidade e melhora da mobilidade funcional, especialmente em pacientes com formas progressivas da doença. De modo semelhante, Bethoux et al. (2024) e Nicholas et al. (2023) comprovaram que o Nabiximols é eficaz na redução da espasticidade, mesmo quando usado juntamente com medicamentos antiespásticos convencionais, sem prejudicar seus mecanismos de ação, com melhora subjetiva relatada por mais de 60% dos pacientes e redução objetiva da rigidez muscular e da frequência de espasmos.

Nas análises de Meuth et al. (2020) mostraram que os resultados são consistentes em diversos subgrupos de pacientes, independentemente do estágio da doença. Isso evidencia a versatilidade clínica do canabidiol quando utilizado em conjunto com tratamentos convencionais.

Marinelli et al. (2016) notaram que, do ponto de vista fisiológico, o canabidiol influenciou o reflexo de estiramento muscular ao diminuir a hiperatividade dos motoneurônios e intensificar o efeito relaxante dos medicamentos tradicionais. Leocani et al. (2015) corroboraram essa modulação sinérgica, observando uma melhora significativa nas medidas clínicas de espasticidade sem afetar a excitabilidade corticospinal. Essa interação reforça uma complementaridade nos mecanismos entre o CBD e os medicamentos de primeira linha.

Segundo Gajofatto et al. (2023) indicam que o tratamento combinado com Nabiximols melhora a conectividade funcional em regiões sensório-motoras. A associação do uso de Nabiximols e fisioterapia (Grimaldi et al., 2019) foi especialmente eficaz em adultos jovens (30–45 anos), promovendo melhora do equilíbrio, marcha e controle postural. Assim, o CBD consolida-se como estratégia terapêutica complementar eficaz e segura no manejo multidimensional da espasticidade na EM.  

4 CONCLUSÃO

De maneira geral, os resultados sugerem que o canabidiol possui um excelente perfil de segurança e tolerabilidade em pacientes com esclerose múltipla. A frequência média de eventos adversos variou de 10% a 47%, com predomínio de tontura, fadiga, sonolência, boca seca e náusea. A rara frequência de eventos adversos graves, a inexistência de toxicidade acumulativa e a elevada adesão ao tratamento destacam seu potencial como uma alternativa segura para o controle da espasticidade. O perfil de segurança observado foi bastante positivo, com efeitos colaterais leves e temporários. Além disso, o CBD demonstrou um efeito adjuvante e complementar significativo quando usado em conjunto com terapias farmacológicas e fisioterapêuticas, melhorando os resultados. 

Esses resultados apoiam a viabilidade do CBD como um agente terapêutico de uso prolongado, particularmente em grupos com histórico de falha ou intolerância a tratamentos antiespásticos tradicionais. Os resultados apontam que o maior benefício clínico foi observado em pacientes com espasticidade resistente e naqueles com esclerose múltipla progressiva. Essa eficácia é demonstrada por meio de parâmetros subjetivos (autoavaliação de progresso) e objetivos (escalas clínicas e análises biomecânicas). Grupos com espasticidade de longa duração (>5 anos) e uso prévio de antiespásticos ineficazes mostraram reduções médias de 30 a 40% nos escores clínicos. 

Dessa forma, comprovando o canabidiol como uma opção terapêutica promissora, particularmente em situações onde os pacientes não respondem aos medicamentos tradicionais, demonstrando eficácia de relevância no cenário atual. 

REFERÊNCIAS

ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC n.º 66/2016. Permite a prescrição médica e a importação, por pessoa física, de produtos que contenham as substâncias canabidiol e tetrahidrocannabinol (THC) em sua formulação, exclusivamente para uso próprio e para tratamento de saúde. Brasília, DF, 2017.

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